sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Comite Internacional por la Libertad de los 5 Cubanos

Atualização da Campanha de Atores e Artistas pela Liberdade dos 5 Cubanos
Em 12 de setembro, no décimo segundo aniversário da prisão dos 5 Cubanos, 23 atores e artistas estadunidenses enviaram uma carta ao presidente Obama pedindo-lhe que liberte os 5 Cubanos. Entre os firmantes se encontram Edward Asner, Danny Glover, Jackson Browne, Ry Cooder, James Cromwell, Mike Farrell, Elliott Gould, Bruria Finkel, Richard Foos, Chrissie Hynde, Greg Landau, Francisco Letelier, Esai Morales, Graham Nash, Bonnie Raitt, Susan Sarandon, Pete Seeger, Martin Sheen, Betty y Stanley K Sheinbaum, Andy Spahn, Oliver Stone y Haskell Wexler.

À lista original de atores e artistas dos Estados Unidos se somaram conhecidos atores estadunidenes, Sean Penn, Michael Moore e o portorriquenho Benicio del Toro. Personalidades do mundo artístico e intelectuais somam suas vozes a esta exigência universal: Calle 13, Juanes, Olga Tuñon , Miguel Bossé, Chico Buarque, Danny Rivera, Victor Heredia, Manu Chao, Tristan Bauer, Norman Brisky , Ettore Scola, Silvio Rodriguez, Alicia Alonso, Frank Fernandez, Miguel Barnet, Kcho, Roberto Fernández Retamar, Jorge Perugorria, Vladimir Cruz, Eduardo Pavlowsky, Paolo Virzi, Leo Gullotta, Gianni Miná, o Padre Miguel D´Escoto, os Prêmios Nobel Adolfo Pérez Esquivel e Mairead Corrigan-Maguire entre muitos outros.

Se você é amigo de artista ou intelectual de prestígio que queira ver seu nome incluído nesta lista, basta informar-me pelo mesmo e-mail.







Comitê Internacional pela Liberdade dos 5 Cubanos

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Equador: voltar na história para entender o presente

Por Elaine Tavares - jornalista

03.10.2010 - Rebeliões no Equador não são coisas difíceis de acontecer. Lá, a população, historicamente se levanta quando as coisas não andam conforme quer. Desde antes das guerras de independência, sublevações e lutas populares eram bem comuns e mesmo depois, já república, o país seguiu vivendo ondas tumultuosas. Passou por ditaduras e alternou entre golpes, contragolpes, governos conservadores e liberais, e o povo volta e meia assoma em rebelião.


Pouco depois da independência muitas foram as guerra travadas por conta dos limites do país. Houve conflitos com o Peru, Colômbia e Brasil e em todos eles o Equador perdeu parte das suas terras, firmando tratados que a população rechaçou, também realizando grandes protestos. Estas instabilidades fizeram com que os governos fossem curtos, tumultuados e proporcionassem a uma elite dominante o controle da vida econômica. Durante mais de uma década pós-independência prevaleceu a hegemonia conservadora e um Estado que quase se poderia chamar teocrático, tal a imbricação com a igreja católica. Os liberais só conseguiram chegar ao poder em 1895 depois de inúmeras lutas e rebeliões. E, apesar de terem se libertado do jugo católico e modernizado o país, os liberais também se fizeram ricos e saquearam o país. Ao povo, indignado, só cabiam as revoltas.


Os anos 20 do século XX foram tempos de ascensão da luta dos trabalhadores e estudantes. Com a participação de comunistas e socialistas se organizaram sindicatos e as lutas recrudesceram. Conforme conta o historiador James Cockcroft, em 1922, nos conflitos de rua, os estudantes chegavam a desarmar os soldados nos conflitos que se faziam diários. Essas rebeliões levaram a matanças e assassinatos que foram deixando marcas na lembrança popular. Em 1925, houve um golpe de estado, de corte socialista, que ficou conhecido como a “reforma Juliana”, levado a cabo por jovens oficiais do exército atraídos pelas idéias progressistas. A crise dos anos 30 desencadeou novos protestos de rua e voltaram os liberais a governar o país, trazendo com eles a oligarquia predadora, a igreja e o fascismo. Em 1933 o povo elege José María Velasco Ibarra que fazia um discurso popular, prometendo acabar com a pobreza.


Velasco tem uma história única no Equador. Nacionalista e determinado a mudar o destino do país que até então era uma grande fazenda, ele foi eleito cinco vezes, em 33, 44, 52, 60 e 68. Apenas no mandato de 52 conseguiu terminar seu governo. Todos os demais foram marcados por golpes e, consequentemente, por massivas lutas populares, rebeliões e insurreições, ora de apoio, ora contra. As revoltas populares são elementos recorrentes na história do Equador. É uma característica do povo equatoriano, que acredita piamente nas promessas dos governantes, mas quando não as vê cumpridas, não hesita em partir para a luta, derrubando os mesmos que ajudou a colocar no poder.


Nos anos 60, sob a presidência de Velasco, o mesmo decidiu aproximar-se da experiência revolucionária que nascia em Cuba, assim como também de Moscou. É aí que a Central de Inteligência Americana (CIA) entra em campo para cortar de vez as tendências esquerdistas de Velasco. Os Estados Unidos iniciavam com mais força as intervenções na América Latina. E, como em 1961 houve uma grande crise no ramo bananeiro, afetando bastante o Equador, Velasco teve de tomar medidas impopulares como o aumento de impostos. Por conta disso vieram grandes greves de trabalhadores e os EUA viram aí uma boa oportunidade de envolver o exército num novo golpe de estado, retirando a ameaça “comunista”. Os milicos atacaram e Velasco mais uma vez fugiu do país. Foi um tempo de novos massacres, prisões de dirigentes, torturas e todo o “kit básico” que os demais países da América Latina iriam conhecer com os golpes que se sucederam.


Foram as greves, as lutas e as rebeliões populares que, em 1968 trouxeram Velasco de volta. E, de novo, foi seu corte progressista que selou novo golpe de estado. Por conta de ter recebido Fidel Castro e ter prendido pescadores estadunidenses que faziam pesca ilegal dentro das águas equatorianas, Velasco ficou na mira do império. Também, por aqueles dias, os EUA já sabiam que as terras do Equador eram um celeiro de petróleo e havia que tirar essa riqueza das mãos de um nacionalista com tendências a fazer “maus amigos”. Assim, o mandato de Velasco não acaba. Vem um novo golpe militar.


O general Rodríguez Lara assume o comando do governo e passa a desenvolver uma série de ações nacionalistas prometendo ao povo usar o dinheiro do petróleo para desenvolver o país. Isso aconteceu por um tempo, até 1973, quando houve o boicote ao petróleo árabe e a quebra da OPEP. Como o governo de Lara tinha uma inclinação progressista e nacionalista, a direita equatoriana começou a planejar novo golpe e, com a ajuda dos Estados Unidos, isso acontece em 1976, sempre com fortes levantamentos populares de protesto. A partir daí quem passou a comandar a política econômica equatoriana foi o Fundo Monetário Internacional. Todo esse processo foi marcado por greves e movimentações populares. Abriu caminho também para a organização mais sistemática dos camponeses que realizaram congressos nacionais e, em 1980, criaram a Federação Nacional de Organizações Camponesas (FENOC). O tempo era de efervescência nas lutas populares e também os povos originários encontram os caminhos da organização através da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador, a CONAIE.


Estas organizações e outras agrupações trabalhistas lograram realizar uma frente ampla e em 1979 saíram das trevas dos governos militares para um governo civil outra vez. Foi a primeira nação latino-americana a fazer isso no período em que as ditaduras militares foram hegemônicas na região. O eleito foi Roldós Aguilera, então com 38 anos, o presidente mais jovem que a América Latina já tivera. Mas, também seu governo não conseguiu avançar. Aguilera morre em 1981 num acidente e o seu vice Osvaldo Hurtado segue uma política conservadora que faz com que os trabalhadores, camponeses e indígenas se levantem em novas rebeliões que colocaram o país em estado de emergência até que chegassem as eleições de 1984, que colocou no poder um ultraconservador, León Febres Cordero. A sina do povo equatoriano parecia não ter mais fim. Ao longo de toda a sua história, as mobilizações e lutas populares sempre foram gigantescas, mas raramente estas forças conseguiram construir um projeto de país de forma conjunta. Mesmo a criação de uma frente armada revolucionária chamada de “Alfaro Vive, Carajo!” (uma homenagem ao ex-presidente liberal Eloy Alfaro), que perdurou por toda a década de 80, não logrou aglutinar a população numa proposta concreta de poder.


Com Febres Cordero o FMI nadou de braçada, os latifundiários ganharam rios de dinheiro e a igreja voltou ao poder. Por conta disso aconteceram massivas greves gerais em 86 e 87, com a sempre renovada violência militar contra os manifestantes, gerando saldos enormes de mortos, feridos, presos e desaparecidos.


Em 1989 o povo elege novo presidente, Rodrigo Borja, de centro esquerda. Ele reformou as leis trabalhistas gerando novas ondas de protestos entre os trabalhadores. Também são importantíssimos os levantamentos indígenas que começam em 1990, quando a CONAIE chegou a fazer reféns militares. Depois, em 1991 os indígenas ocuparam o Congresso Nacional em luta por terra e autonomia. Foram batalhas gigantescas e envolveram boa parte da população. Apesar disso, as políticas neoliberais faziam galope pela América Latina e o Equador não ficou imune. Em 1992, com a ascensão de Duran Ballén à presidência, a direita retorna com força apostando em idéias “modernizantes”, que nada mais eram do que as mesmas velhas receitas do FMI e Banco Mundial, arruinando as empresas estatais e apostando na especulação financeira. Também neste governo houve grandes lutas indígenas por conta da Lei Agrária.


O ano de 1996 chega e que vence as eleições presidenciais é Abdalá Bucaram, com o também mesmo velho discursos de dar poder aos “descamisados” dando vazão ao que o economista René Báez chama de “democracia obscena”. Carente de um projeto nacional, democrático e popular, Abdalá se transforma num espetáculo grotesco, cheio de medidas moralistas, como por exemplo prender roqueiros e lutadores de Box. Ele chegou a receber no país a estadunidense Lorena Bobbit (a que castrou o marido) e com ela foi padrinho de batismo do filho de uma popular cantora do Equador. Suas extravagâncias eram tantas que foi apelidado de El Loco. A política econômica ortodoxa seguia o diapasão do ajustes do FMI e mais uma vez as massas saíram às ruas, com protestos, rebeliões e as sempre tradicionais prisões. Indígenas, funcionários públicos, professores universitários sofreram na pele as violência do Estado. E foi Bucaram quem teve a idéia de chamar para o Equador o mesmo tecnocrata que já havia destruído a Argentina: Domingos Cavallo, para igualmente criar um plano que viria arrochar ainda mais a população. Vem daí a idéia de dolarização da economia, a transformar o Equador num grande bazar sem riqueza própria.


Durante o governo de Bucaram não foram poucas as intifadas estudantis e muitos os protestos dos movimentos sociais, a ponto de novamente tentarem uma unidade na Frente Patriótica de Defesa do Povo, chamando uma greve geral para fevereiro de 1997, coisa que acabou se transformando numa nova rebelião. O movimento foi tão forte que provocou a derrubada de Abdalá Bucaram. O Congresso empossa o seu presidente, Fabian Alarcón, como presidente do Equador. De novo, o povo derruba um presidente, mas não encontra forças e articulação suficiente para assumir o mando. Novamente as gentes caem no conto daqueles que fazem promessas e não as cumprem. Tanto que o novo presidente logo foi render homenagens aos patriarcas da direita e seguiu governando dentro das linhas do neoliberalismo, tal e qual o que havia sido deposto. A roda política seguiu sua gira sem fim, com o povo voltando às ruas em novas jornadas cívicas. Durante esse governo é escrita uma nova Constituição que, com maioria direitista, não avança no rumo das lutas sociais reivindicadas nas ruas.


Em 1998 as novas eleições no Equador acontecem num clima de completo descrédito. O país está esgotado. As greves são freqüentes, a pobreza é gigante e ainda há uma parte do país alagada pelas enchentes. A campanha foi baseada na mesma política paternalista de sempre, prometendo acabar com a miséria das gentes. O vencedor foi um jovem graduado em Harward, Jamil Mahuad. Nenhuma novidade sob o sol. Ajustes neoliberais, privatizações, novos acordos com o FMI e a cessão da base de Manta aos Estados Unidos. Em 1999 o país viveu um crack financeiro, que quebrou empresas, bancos e jogou os movimentos sociais nas ruas outra vez. O governo congelou as contas bancárias e aumentou os preços de quase tudo. Por todo o país as gentes se manifestavam paralisando as estradas, realizando greves gerais, enquanto as forças públicas protagonizavam a “balaceira”. Por meses os trabalhadores seguiram lutando exigindo que o governo tomasse uma decisão pelo povo equatoriano, o que acabou por garantir a moratória da dívida externa. No ano 2000, ainda acossado por massivos movimentos, com os indígenas praticamente tomando a capital, Mahuad anuncia a dolarização da economia e o fim do sucre (moeda nacional). É o que basta para que nova rebelião popular aconteça, com a parceria de parte das forças armadas que interveio e depôs o presidente neoliberal na chamada “revolução do arco-íris”. A frágil aliança entre os movimentos populares e as forças armadas, configuradas na Junta de Salvação Nacional, não consegue se sustentar por muito tempo. A oligarquia, temendo que a “chusma indígena” chegasse ao poder, espalhou os seus tentáculos e tomou as rédeas da política.


E foi essa reação da velha direita, articulada com os Estados Unidos (chegou a ameaçar de embargo caso a junta administrasse o país) que fez com que a transição fosse encabeçada por Gustavo Noboa Bejarano, uma espécie de católico fundamentalista que tão logo assumiu o cargo, respaldou as medidas tomadas pelo presidente deposto e seguiu com a política neoliberal, buscando mais empréstimos junto ao FMI. Assim, no ano de 2001 novos protestos começaram a ganhar vulto e os indígenas, que haviam alavancado a deposição de Mahuad, anunciavam novas tomas de cidades, inclusive a capital. A eles se juntaram os estudantes, camponeses e trabalhadores em dezenas de pequenos motins que culminaram na “rebelião dos comuneros", que durou 10 dias, com brutal repressão e acabou com o governo capitulando e negociando. E, assim, mais uma vez, a gente rebelada voltou para suas casas acreditando nas promessas dos governantes. Ainda assim, as intenções estadunidenses de implementar a Área de Livre Comércio, fizeram com que os movimentos sociais voltassem às ruas no ano de 2002, com manifestações massivas.


Desde a aliança com os oficiais do exército no ano 2000, a figura de um jovem coronel, de origem indígena, assomou com bastante força. Era Lúcio Gutiérrez. Ele participou da queda de Mahuad e teve atuação contundente na rebelião dos comuneros assim como nas lutas anti-Alca. Assim, foi quase natural que a sua candidatura, com forte conteúdo nacionalista, tivesse o apoio do movimento indígena e da esquerda em geral. Gutierrez representava tudo aquilo que a direta equatoriana vinha evitando pelos anos a fio. Um mestiço, comunista, lulista, chavista, populista, nacionalista e todos os adjetivos “assustadores” que tornaram a campanha quase que uma guerra do bem contra o mal. A vitória de Lúcio Gutiérrez em 2002 foi um genuíno sucesso popular.

Mas, dias depois lá estava ele aceitando as políticas do FMI, do Banco Mundial, levando gente ligada aos monopólios bancários para seu grupo dirigente e a esperança começou a afundar. “A Frente Popular e Anti-imperialista articulada antes das eleições nem chegou a nascer”, observa René Báez no seu livro A Anti-história equatoriana. Gutiérrez recebeu missões estadunidenses e foi beijar a mão do líder direitista Febres Cordero em Guayaquil. Foi o que bastou para que os movimentos que o haviam apoiado passarem ao outro lado. Cinco meses depois de assumir, já havia luta nas ruas. A CONAIE chamou uma conferência das nacionalidades e apontava caminhos para novas rebeliões, caso Gutiérrez não voltasse ao plano traçado antes de ser eleito. Os gritos de “traidor” já se faziam ouvir entre petroleiros, estudantes, professores, que promoviam greves. Logo em seguida veio a greve de fome dos aposentados que acabou com mais de 10 mortos e, por fim a “rebelião dos foragidos”, que se fez ouvir em todo o planeta com o seu grito de “fora todos”. Em abril de 2005 a revolta popular foi tão grande que Lúcio teve de fugir, refugiando-se na embaixada brasileira. Era o fim de mais um governo e, mais uma vez, as forças rebeldes não lograram sustentar um projeto de país e de poder. Assim, quem assume é o vice-presidente Alfredo Palácio e nada acaba mudando de verdade.


É nesse contexto que aparece Rafael Correa. Crítico da dolarização e das reformas neoliberais ele é escolhido para ministro da economia desenhando o que ficou conhecido como o Plano Correa. De matiz keynesiana e cepalina, o plano aponta para a defesa da riqueza petroleira, incentivos ao aparato produtivo e a busca de um Estado social. Todas estas medidas são eco das tremendas lutas travadas nas ruas pela população rebelada e, por isso mesmo, o ministro não esquenta por muito tempo o cargo. Por outro lado, as ruas também começam a se manifestar, na medida em que o regime de Palacios volta a tender para direita. Da mesma forma, o movimento indígena, comandado pela CONAIE retoma com mais força a luta pelo Estado Plurinacional.


As eleições de 2006 foram absolutamente dicotômicas. Monroísmo/neoliberal com o magnata Álvaro Noboa, versus o nacionalismo/bolivariano, com Rafael Correa. E não restaram dúvidas. Desde o abril de 2005 que as forças populares vinham impulsionando uma série de avanços, mesmo com um governo entreguista. Agora, o jovem economista que havia esboçado o Plano Correa tinha chances de fazer acontecer as suas propostas de revolução cidadã. Mais uma vez as gentes equatorianas acreditaram na possibilidade da mudança e Rafael teve uma vitória estrondosa. Aliado a Chávez e Evo Morales, Correa deu início às mudanças, com a chamada de uma constituinte. Tudo parecia seguir seu rumo de transformação.


Os caminhos de Correa


Mas, com o passar do tempo as coisas voltaram a ficar tensas entre o poder e as ruas. Terminada a nova Constituição, que, de fato, trouxe propostas revolucionárias – como os direitos da natureza – a construção das leis regulamentadoras passaram a provocar novos conflitos. A política petroleira se equilibra entre as idéias de nacionalismo e a subserviência aos interesses das transnacionais, como por exemplo, a Petrobras. De igual maneira a política para a área mineira já levantou os povos originários em várias manifestações, algumas delas bastante expressivas. Os indígenas são radicalmente contra a lei que, concretamente abre as portas para a mineração sem levar em conta os estragos profundos no meio ambiente e nas terras comunais. Neste momento em que o governo viveu o drama da rebelião dos policias, os indígenas estão realizando uma série de protestos no país discutindo as leis das águas, da mineração e da reforma agrária. E esta é uma parcela da população que não pode ser desprezada, visto que já protagonizou rebeliões célebres e vitoriosas.


A nova lei do serviço público, aprovada recentemente, é um calo na vida dos trabalhadores. Ela mexe na aposentadoria, nos salários e já provocou inúmeros protestos ao longo dos últimos anos, enquanto estava em discussão no Congresso. Parte da esquerda insiste que o governo está arrochando os trabalhadores, que tira direitos e aplica a velha receita neoliberal de “ajuste”. Já outros grupos, também nominados de esquerda, insistem que o Equador precisa se rever, atuar sobre novas bases e que estas mudanças são necessárias. Outra lei que tem provocado manifestações gigantescas dos professores e estudantes é a lei da educação, igualmente apontada como neoliberal.


Mas, no meio de toda esta batalha de idéias e propostas travadas com os movimentos sociais e a esquerda também está aninhada a velha direita, a oligarquia, a mesma elite promotora de golpes e contragolpes ao longo destes anos. Esta gente não está parada esperando os acontecimentos. Está agindo e muito bem orientada pelos seus velhos “patrões”. São conhecidos os passos dados pelo ex-presidente Lúcio Gutiérrez, assim como as tramóias dos embaixadores estadunidenses. É por isso que os acontecimentos de 30 de setembro precisam ser analisados com todos os elementos na mesa. É fato que os movimentos estão em luta, é fato que a lei do serviço público traz prejuízos aos trabalhadores, é fato que o levantamento dos policiais estava dentro deste contexto. Mas não dá para ser ingênuo a ponto de não reconhecer que as forças reacionárias seguem agindo, se infiltrando e minando as forças armadas. Porque, afinal, como lembra Heinz Dieterich, são elas, em última instância que determinam o rumo da prosa.


O governo de Rafael Correa passou por uma prova de fogo. Nada que seja desconhecido no Equador. Quando um governante não cumpre o que promete, o povo trata de arrancá-lo do poder. Nestes anos todos, os movimentos, apesar das gigantescas lutas, sempre acabaram se rendendo a institucionalidade capitaneada pelas forças oligárquicas. Agora, com Correa, o povo está de novo na batalha. Ainda não falam em derrubar o presidente. Ele tem bastante aceitação popular. As gentes têm consciência dos avanços e os movimentos estão mais maduros, mas isso não significa que não brigarão para garantir suas demandas. Por isso vão às ruas e protestam. Talvez, os acontecimentos deste 30 de setembro levem o presidente a rever sua postura diante das reivindicações. Mesmo entre os aliados de Correa é corrente a constatação da falta de tato do presidente ao lidar com os movimentos. Por vezes ele é arrogante, intransigente e explosivo. Isso pode ser visto na reação com os policiais quando arrancou a gravata e sugeriu que o matassem ali mesmo. Estas são coisas que os movimentos sociais não aprovam e provocam faíscas durante as negociações.


O fato é que a peleia com trabalhadores armados é muito mais delicada e isso pode ser visto durante o episódio deste 30 de setembro. Parece bastante claro que os trabalhadores iniciaram o movimento como uma legítima defesa dos seus direitos, mas no avançar dos acontecimentos a ocasião se apresentou propícia para aqueles que confabulam contra o governo. E daí para uma tentativa de golpe foi um pulo. Até porque não é de hoje que a inteligência equatoriana denuncia o pagamento de informantes dentro da polícia por diplomatas estadunidenses. Eva Golinder também já denunciou que a USAID derramou no Equador só em 2010 mais de 30 milhões de dólares. O que precisa ficar explícito ao se analisar os fatos no Equador é que o inimigo nunca dorme. Ele aí está, vivo, tramando, infiltrando, ganhando pessoas, e sempre pronto para o bote. Por isso é que esta caminhada de mudanças dentro da ordem sempre é uma grande incógnita. Há que vigiar e cuidar... Vale sempre lembrar o exemplo do golpe em Honduras, o crescimento da direita na Venezuela, o ataque a senadora Piedad Córdoba. O inimigo está desperto e é perigoso!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Medios de comunicación ecuatorianos colaboraron en intentona golpista contra Correa

Zambrano sostuvo que medios de comunicación privados participaron en golpe de Estado en Ecuador. (Foto: teleSUR)

Salas advirtió que la oposición preparará nuevo plan desestabilizador. (Foto: teleSUR) El asambleísta por el partido ecuatoriano Alianza País, Eduardo Zambrano, sostuvo que los medios de comunicación privados del país formaron parte de la conspiración para intentar derrocar y matar al presidente Rafael Correa el pasado jueves, algo que la oposición ha estado planificando hace más de un mes. Por su parte, el periodista de teleSUR, Christian Salas, advirtió que ante el fallido golpe de Estado, la oposición ecuatoriana va a preparar otra estrategia.

Intento de Golpe de Estado en Ecuador

El asambleísta ecuatoriano, Eduardo Zambrano afirmó este martes que los medios de comunicación privados de su país formaron parte de la conspiración detrás de la intentona golpista del pasado jueves que buscó derrocar y matar al presidente, Rafael Correa.

En el golpe de Estado del jueves ''los medios comerciales y privados jugaron un papel importante en este tema; desde los días anteriores ya estaban dando espacio a los factores de oposición para calentar el terreno'', expresó el asambleísta por el partido ecuatoriano Alianza País en una entrevista para teleSUR.

El diputado comentó que hace más o menos un mes un grupo de siete asambleístas de oposición, viajaron a Estados Unidos, a la ciudad de Nueva York (noreste) para reunirse con instituciones internacionales, entre ellas la Sociedad Interamericana de Prensa (SIP), que agrupa a unos 250 dueños de medios de comunicación privados, para preparar la conspiración.

''Hace aproximadamente un mes hubo un grupo de siete asambleístas de oposición y entre ellos dos del (partido) de la Sociedad Patriótica que se trasladaron a Nueva York y tuvieron reuniones con representantes de la SIP y otras instituciones (...) estaban justamente en esta conspiración'', señaló.

Por su parte, el corresponsal de teleSUR que cubrió la intentona golpista de Ecuador, Christian Salas, opinó que los medios de comunicación conspiraron contra la nación desde mucho antes haciendo críticas a los proyectos llevados a cabo por el Gobierno en vez de una análisis de éstos.

''No solamente un día antes, se fue preparando el terreno (...) yo creo que fue con mucha más anterioridad (...) el enfoque fue mas bien de una crítica directa al Gobierno (...) en vez de hacer un análisis de todos los vetos que se hicieron en el país'', consideró en una entrevista realizada a teleSUR.

Explicó también que ante el fracaso de la conspiración, la oposición aplicó la estrategia del ataque mediático afirmando que los hechos del jueves fueron un montaje, sin embargo las pruebas que se tienen muestran lo contrario.

''Estaban seguros con toda su planificación que el golpe se iba a dar'', pero debido al fracaso ''aplican un plan que no estaba preparado que es ahora un ataque mediático (...) indicando que esto es un montaje (...) todo se derrumba cuando uno mira las pruebas'', expresó.

Entre tanto, Zambrano agregó que un aspecto a considerar en el papel de los medios de comunicación privados en el golpe pude ser el hecho de que el canal privado Ecuavisa fue uno de los primeros que estuvieron en el lugar de los hechos instando a la población a saquear.

''Ecuavisa fue uno de los primeros canales de televisión que estuvieron narrando los hechos desde muy temprano, ellos se enfocaban en el tema sobre el saqueo (...) esto iba haciendo un bumerán para que estos criminales, delincuentes (...) salgan a tomarse parte de las propiedades privadas'', acotó.

En cuanto a la forma cómo fue afectado el Parlamento en los sucesos, Zambrano indicó que los asambleístas fueron agredidos en el recinto, razón por la cual el Ejecutivo decidió extender el estado de excepción es positiva.

''Se agredió a asambleísta (...) asambleístas mujeres fueron prácticamente vejadas, golpeadas, maltratadas (...) ante estos hechos la actitud que ha tomado el Gobierno es positiva porque no hay garantías dentro''.

Añadió que con esta extensión del estado de excepción podemos ir ''logrando llevar a su terreno, tanto a los desmanes que ocurrieron en territorio nacional, como a una reactivación de una policía que pueda darnos la custodia en la Asamblea Nacional''.

Por último, Salas advirtió que ''la oposición y la derecha ecuatoriana de aquí en adelante van a preparar otra estrategia''.

El pasado jueves un grupo de policías tomó a la fuerza el regimiento número 1 de la ciudad de Quito en protesta contra la negación al veto de la Ley de Servicio Público que contempla eliminación de bonificaciones y ascensos. El presidente de Ecuador, Rafael Correa se encontraba en el lugar para intentar dialogar y se vio obligado a abandonarlo por los hechos violentos que se desataron en la zona.

Ante esto, el presidente Correa denunció que estas violentas protestas policiales formaban parte de un intento de golpe de Estado que se ha estado preparando durante meses por parte de la oposición y llamó a las fuerzas policiales que sirven a la patria a subordinarse a sus cuarteles.





teleSUR /jl - MM

O trabalho de solidariedade a Cuba não pode parar.

Devido à campanha eleitoral em Santa Catarina ficamos quase ausentes, apoiando para a Assembléia Legislativa deste estado o camarada Amauri Soares que foi vitoriosamente eleito, sendo um apoio imprescindível na luta contra o criminoso bloqueio a Cuba e pela libertação dos cinco heróis injustamente presos em cárceres Note Americanas.


Assumimos varias tarefas de suma importância que conjuntamente teríamos que concretizarmos:

1) Brigada de Luta Contra o Terrorismo Midiático
 (http://acjmsc.blogspot.com/2010/06/brigada-de-luta-contra-o-terrorismo_24.html)
Que acontece de 15 a 28 de Novembro deste ano.



2) Programação da XVIII Brigada Sul-Americana de Trabalho Voluntário http://edisonpuente.blogspot.com/2010/08/sintese-programacao-da-xviii-brigada.html
De 24-01-2011 a 06-02-2011

Sendo que o ultimo prazo de entrega dos nomes dos candidatos, passaporte e numero de vôo (ficha padrão) será 15 de novembro, do contrario as vagas serão redistribuídas a estados que precisem.

Ficaremos sem telefone fixo por alguns dias, para qualquer informação 48 99469441.


Abraços fraternos

Edison Puente

Associação Cultural José Martí de SC.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Piedad Córdoba e sua luta pela paz

Reflexões do companheiro Fidel


Há três dias, foi divulgada a notícia que o Procurador Geral da Colômbia, Alejandro Ordóñez Maldonado, havia destituído e desabilitado por 18 anos para o exercício de cargos políticos a prestigiosa senadora colombiana Piedad Córdoba, por suposta promoção e colaboração com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Perante uma medida tão inusual e drástica contra a titular de um cargo eletivo da maior instituição legislativa do Estado, ela não tem outra alternativa senão recorrer ante o próprio Procurador Geral que engendrou a medida.

Era lógico que tal arbitrariedade provocasse um forte rechaço, expressado pelas mais diversas personalidades políticas, entre elas, ex-prisioneiros das FARC e familiares dos que foram liberados através dos esforços da senadora, ex-candidatos à presidência, pessoas que desempenharam este alto cargo, outros que foram, ou são, senadores ou membros do poder legislativo.

Piedad Córdoba é uma pessoa inteligente e valente, expositora brilhante, de pensamento bem articulado. Há poucas semanas, nos visitou, acompanhada de outras figuras proeminentes, incluindo um sacerdote jesuíta de notável honestidade. Vinham animados por um profundo desejo de buscar a paz para seu país e pediam a colaboração de Cuba, lembrando que durante anos, e, a pedido do próprio governo da Colômbia, prestamos nosso território e a nossa colaboração para as reuniões realizadas na capital de nosso país, entre representantes do Governo da Colômbia e o ELN.

Não me surpreende, contudo, a decisão tomada pelo Procurador Geral, que obedece à política oficial do país praticamente ocupado pelas tropas ianques.

Não gosto de falar com meias palavras e direi o que penso. Há apenas uma semana, estava prestes a se iniciar o debate geral do 65º Período de Sessões da Assembléia Geral da ONU. Durante três dias, foram discutidas as penosas metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, e na quinta-feira, 23 de setembro, era iniciada a Assembléia Geral, com a participação dos Chefes de Estado ou de altos representantes de cada país. O primeiro orador seria, como de costume, o Secretário Geral da ONU e, logo depois, o Presidente dos Estados Unidos, país sede da Organização e suposto dono do mundo. A sessão começava às 9 horas. Como é lógico, eu estava interessado em saber o que diria o ilustre Barack Obama, Prêmio Nobel da Paz, assim que concluísse Ban Ki-Moon. Imaginei ingenuamente que a CNN em espanhol ou em inglês transmitiria o discurso, geralmente breve, de Obama. Por essa via, ouvi os debates entre os candidatos a esse cargo na cidade de Las Vegas, dois anos antes.

Chegou a hora, os minutos passavam e a CNN oferecia notícias aparentemente espetaculares sobre a morte de um líder guerrilheiro colombiano. Estas eram importantes, mas não de especial transcendência. Eu continuava interessado em saber o que Obama dizia dos gravíssimos problemas que afligem o mundo.

Será que a situação do planeta está para que ambos os dois estejam bobeando e fazendo esperar a Assembléia? Pedi para ligar outra televisão com a CNN em Inglês e tampouco havia uma palavra sobre a Assembléia. Então, de que falava a CNN? Dava notícias, e eu esperava que concluísse as que emitia sobre a Colômbia. Mas passaram 10, 20, 30 minutos e permanecia o mesmo. Narrava detalhes de uma colossal batalha que estava sendo travada, ou tinha sido travada, na Colômbia, os destinos do continente iam depender disso, segundo se deduzia a partir das palavras e do estilo da narração do locutor. Fotos e filmes da morte de Victor Julio Suárez Rojas, conhecido como Jorge Briceño Suárez, ou "Mono Jojoy", foram exibidos em todas as cores. É o mais forte golpe recebido pelas FARC, dizia o locutor, ultrapassa a queda de Manuel Marulanda e Raúl Reyes juntos. Ação demolidora, afirmava. Segundo era deduzido, tinha acontecido um espetacular combate com a participação de 30 aviões de bombardeio, 27 helicópteros, batalhões completos de tropas de elite engajados em feroz ação bélica.

Na verdade, algo mais do que as batalhas de Carabobo, Pichincha e Ayacucho juntas. Com a velha experiência nestas contendas, não imaginava semelhante batalha em uma região florestada e longínqua da Colômbia. A descomunal ação estava temperada com imagens de todos os tipos, velhas e novas, do comandante rebelde. Para o redator de notícias da CNN, Alfonso Cano, quem substituiu Marulanda, era um intelectual universitário que não gozava de apoio entre os combatentes; o verdadeiro chefe estava morto. As FARC teriam que se render.

Falemos direitinho. A notícia sobre a famosa batalha que morreu o comandante das FARC — um movimento revolucionário colombiano que surgiu há mais de 50 anos, após a morte de Jorge Eliécer Gaitán, assassinado pela oligarquia — e a destituição de Piedad Córdoba, estão muito longe de levar a paz para a Colômbia; tudo o contrário, poderiam acelerar as mudanças revolucionárias nesse país.

Imagino que não poucos militares colombianos estejam envergonhados com as grotescas versões da suposta batalha na qual morreu o comandante Jorge Briceño Suárez. Primeiramente, não houve combate nenhum. Foi um assassinato grosseiro e vexatório. O almirante Edgar Cely, talvez embaraçado com o parte de guerra com que a autoridade oficial divulgou a notícia e outras versões escuras, declarou que: "Jorge Briceño, conhecido como Mono Jojoy, morreu por “esmagamento”,quando [...] a construção na qual estava escondido na floresta veio em cima dele." "'O que sabemos é que ele morreu por esmagamento, seu bunker desabou sobre ele', [...] 'não é verdade que tinha um tiro na cabeça'". Assim expressou à Rádio Caracol, segundo a agência de notícias norte-americana AP.

À operação deram um nome bíblico, "Sodoma", uma das duas cidades castigadas por seus pecados, e onde caiu uma chuva de fogo e enxofre.

O mais grave é o que ainda não foi contado, que já até o gato o sabe, porque os próprios ianques o publicaram.

O governo dos Estados Unidos forneceu ao seu aliado mais de 30 bombas inteligentes. Nas botas que foram entregues ao líder guerrilheiro, instalaram um GPS. Guiadas por esse instrumento, as bombas programadas explodiram no acampamento onde estava Jorge Briceño.

Por que não explicar ao mundo a verdade? Por que sugerem uma batalha que jamais aconteceu?

Assisti na televisão outros fatos vergonhosos. O presidente dos Estados Unidos recebeu efusivamente Uribe em Washington, e o apoiou para ministrar aulas sobre "democracia" em uma universidade estadunidense.

Uribe foi um dos principais criadores do paramilitarismo, sobre cujos membros cai a responsabilidade pelo auge do narcotráfico e pelas mortes de dezenas de milhares de pessoas. Foi com Barack Obama que Uribe assinou a entrega de sete bases militares e, virtualmente, de qualquer parte do território da Colômbia, para a instalação de homens e equipamentos das forças armadas ianques. O país está cheio de cemitérios clandestinos. Obama, por intermédio de Ban Ki-moon, concedeu a Uribe a imunidade, outorgando-lhe nada menos que a vice-presidência da comissão que investiga o ataque à flotilha que levava ajuda para os palestinos sitiados em Gaza.

Nos últimos dias de sua presidência, Uribe já tinha organizada a operação utilizando o GPS nas botas novas das quais precisava o guerrilheiro colombiano.

Quando o novo presidente da Colômbia viajou aos Estados Unidos para falar na Assembléia Geral, sabia que a operação estava em andamento, e quando Obama soube do assassinato do guerrilheiro, abraçou Santos efusivamente.

Pergunto-me se nessa ocasião, se falou alguma coisa sobre o acatamento da decisão emitida pelo Senado da Colômbia, declarando ilegal a autorização de Uribe para estabelecer as bases militares ianques. Nelas se apoiou o grosseiro assassinato.

Critiquei as FARC.Em uma Reflexão expressei publicamente o meu desacordo com a retenção de prisioneiros de guerra e os sacrifícios que para eles implicavam as duras condições de vida na selva. Expliquei as razões e a experiência adquirida em nossa luta.

Fui crítico das concepções estratégicas do movimento guerrilheiro colombiano. Porém jamais neguei caráter revolucionário das FARC.

Considerei e considero que Marulanda foi um dos mais destacados guerrilheiros colombianos e latino-americanos. Quando muitos nomes de políticos medíocres sejam esquecidos, o de Marulanda será reconhecido como um dos mais dignos e firmes lutadores pelo bem-estar dos camponeses, dos trabalhadores e dos pobres na América Latina.

O prestígio e a autoridade moral de Piedad Córdoba multiplicaram-se.



Fidel Castro Ruz

30 de Septiembre de 2010

11h36

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dell do Brasil é processada por negar compra a quem quer ir a Cuba

GRAZIELLE SCHNEIDER

NÁDIA GUERLENDA CABRAL

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Ministério Público do Rio de Janeiro entrou com processo contra a Dell do Brasil porque a empresa se recusa a conceder crédito e a vender produtos para clientes que demonstrem interesse em viajar para Cuba.

A bibliotecária Vânia Maria Parreiras conta que, em 2008, quando tentava obter um produto da empresa, foi questionada se iria para Cuba caso ganhasse uma passagem. Ela afirma que nem titubeou: "Lógico! Do que é dado não vou reclamar".

Após a declaração, foi informada que não poderia concluir a compra. Ela insistiu até que, quase quatro meses depois, recebeu o laptop. Mesmo assim, Vânia fez uma reclamação no jornal "O Globo", que foi enviada anonimamente à promotoria e deu origem ao inquérito.


De acordo com Rodrigo Terra, promotor de Justiça e autor da ação, a companhia alega que, como é subsidiária de uma empresa norte-americana, deve seguir o embargo econômico a Cuba.

À Folha a Dell afirmou que segue a política da matriz, mas que não comenta processos em andamento.

"O consumidor brasileiro não está obrigado a contribuir para o embargo. Isso é uma violação a vários artigos do Código Brasileiro do Consumidor", afirma Terra.

Segundo o professor de direito civil da Universidade de São Paulo José Fernando Simão, apenas as leis brasileiras são aplicáveis ao caso. Para ele, ao limitar a venda, a Dell exerce "ingerência indevida" na liberdade de ir e vir do consumidor, o que caracteriza abuso de direito.

O promotor Rodrigo Terra diz que a empresa pode ser condenada a pagar multa de R$ 500 mil para indenização de dano moral coletivo.

Em 2007, um grupo de físicos brasileiros pediu boicote à Dell depois que a empresa exigiu que o físico nuclear Paulo Gomes, da Universidade Federal Fluminense, que havia comprado dois computadores, assinasse um termo.

No documento, ele se comprometeria a não usar os equipamentos "na produção de armas de destruição em massa" e a não transferi-los a cidadãos de Cuba, Irã, Coreia do Norte, Sudão e Síria.