sábado, 13 de fevereiro de 2010

Morre outra língua

Por Pedro Pablo Rodríguez (*)

Hanvana, (Prensa Latina)


Ao falecer aos 85 anos de idade, Boa Sr foi a última pessoa capaz de falar a língua indígena bo nas ilhas de Andamán, situadas no golfo de Bengala, no Oceano Índico.

Em declarações à imprensa, a professora da Universidade Jawaharlal Nehru de Nova Delhi, Anvita Abbi, disse que Boa era, depois da morte de seus pais há 30 ou 40 anos, a última pessoa que podia falar essa língua, razão pela qual teve que aprender uma versão do hindi utilizado nas ilhas para poder se comunicar.

A prestigiosa lingüista afirma que se estima que os dialetos falados em Andamán possam ser os últimos representantes das línguas empregadas em tempos pre-neolíticos.

Este é o segundo dos dialetos dessas ilhas que tem morrido nos últimos três meses.

Terminam aí as perdas?

Parece que não, pois os quatro grandes grupos em que se classificam aos andamaneses mal são umas centenas ou dezenas de pessoas.

Os integrantes do grupo dos grande andamaneses são por volta de 50, a maioria meninos, e vivem na ilha Strait, perto da capital das ilhas Port Blair.

A senhora Boa fazia parte desta comunidade, com várias subtribos, onde se falam ao menos quatro línguas, uma delas é o extinto bo.

Os jarawa contam com ao redor de 250 membros, e vivem na selva, no centro de Andamán.

Estima-se que a comunidade dos onge não tem mais que algumas centenas.

Nunca se estabeleceu contato humano com o quarto grupo, o dos sentineleses, ainda que se suspeita também que seu número seja exiguo.

Os três primeiros estão em sério perigo de extinção por doenças adquiridas mediante o contato com o continente e por efeitos do alcoolismo. E questiona-se se necessariamente teve que desaparecer a língua bo, quando há tantos anos já se via uma redução dramática de seus falantes.

Como se chegou à situação de que ficasse uma só pessoa que a empregava?

De fato, pois, estava já morta faz tempo, desde que a senhora Boa Sr não pôde se comunicar com outra pessoa nessa língua e teve que recorrer ao hindi.

Obviamente, não houve interesse em salvar essa língua.

Mas o agravante é que não são só línguas senão pessoas que formam comunidades com culturas próprias que estão desaparecendo, fenômeno que nem sequer é específico das Ilhas Andamán.

O genocídio de que tanto se falou com respeito aos povos originarios da América não ficou limitado ao século XVI, nem sequer as geófagas campanhas protagonizadas pelas repúblicas criollas desde as independências, que arrebataram, por exemplo, a Pampa e a Araucária de seus habitantes ancestrais, ou que confinaram cada vez mais, nos días atuais, os habitantes autóctonos da Amazônia.

O desaparecimento de línguas e de culturas é um escandaloso desastre para a humanidade que, como vemos, segue ocorrendo em pleno século XXI e que parece, tristemente, não ter fim.

No entanto, não é tema corrente nos meios de difusão, muito menos de um amplo programa internacional para salvar essas línguas que acabarão em curto prazo, enquanto morrem seus cada vez menos falantes.

De muitas dessas línguas nem sequer dispomos de estudos lingüísticos e gramaticais, ou de gravações para conhecer suas tonalidades.

Parece que por serem tão poucos seus portadores, como sucede com os grupos das Ilhas Andamán, o resto da humanidade já as condenasse à irremediável extinção.

E mal há consciência de que tais perdas nos afetam a todos: é um pedacinho da humanidade que se evapora sem deixar impressões ou, quando existem, são tão débeis que se torna extremamente difícil reproduzi-las.

A cada língua que se nos vai é uma forma de cultura, de pensamento, que deixa de existir.

Saberes variados sempre úteis; expressões espirituais que poderíamos desfrutar de outras línguas e culturas; formas de existência, hábitos e costumes que deixam de existir: todo isso, e bem mais, implica o desaparecimento de uma língua.

No fundo dessa ignorância, desse deixar passar despreocupadamente, subjaz um critério racista e hegemonista, ainda que às vezes não tenha consciência disso ou não se queira admitir.

Essas comunidades cujas línguas se perdem, com freqüência junto com as mesmas pessoas que as integram, não só costumam estar formadas por relativamente poucos membros, senão que também, com freqüência, estão à margem dos circuitos globalizados do capitalismo contemporâneo.

Para alguns são sociedades tão "atrasadas", tão fora das formas civilizatórias atuais, tão marginais, que seu melhor destino é justamente desaparecer, quando menos em suas atuais formas de existência para incorporar ao mundo moderno, e assim deixarem de ser culturas originais e autóctonas, das quais suas línguas são manifestação decisiva.

E se essas comunidades, para sua desgraça, estão assentadas em lugares de significação estratégica para as políticas imperiais ou cujos territórios possuem recursos naturais valiosos, então serão diretamente agredidas, até mesmo com armas.

Basta o exemplo da colza, esse mineral tão importante nas tecnologias contemporâneas, cuja extração no Congo se impõe pelas companhias ocidentais a um ritmo disparado, responsável pelo exterminio de comunidades completas e suas culturas.

É imprescindível saber quantas e quais culturas, e suas línguas, se acham em vias de desaparecimento; é imprescindível organizar e executar ações para preservá-las.

Tudo isso corresponde aos governos nacionais, às sociedades onde se encontram e à comunidade internacional em suas diversas maneiras de se organizar e de atuar de conjunto.

Cada língua que se salva, que se continue falando, que se comece a escrever, é uma vitória da espécie em sua afã de sobrevivência.

(*) O autor é historiador, pesquisador, Prêmio Nacional de Ciências Sociais 2009 e colaborador da Prensa Latina.

rr/ppr/cc

China: como fazer crescer a todos?

Por Luis Melian (*)

Beijing, (Prensa Latina)


Os avanços econômicos da China quase deixam de ser noticia por serem freqüentes e espantosos, mas ainda estão por eliminar a pobreza, situação que justifica sua condição de país em desenvolvimento, entre outros fatores.

Dos resultados recentes pode-se citar o crescimento do Produto Interno Bruto no ano passado, de 8.7 por cento -superior à meta de oito-, apesar da crise internacional, que também afetou esta nação, sobretudo seu setor exportador.

As estatísticas indicam que em valores, os bens e serviços produzidos nesse período somaram 4,91 bilhões de dólares.

É difícil imaginar tão enorme quantidade de dinheiro e até pode-se considerar como balanço de uma economia altamente desenvolvida e suficiente para viver bem como poucos, mas por se tratar de uma nação com mais de um bilhão e 300 milhões de habitantes e onde a pobreza tem sido um problema histórico em muitas regiões, sua distribuição se faz mais complexa.

Cabe recordar que o mencionado flagelo não tem um só rosto, há vezes em que está reduzido a indicadores de rendimento per capita ou ao mínimo, em valores, que consome uma pessoa diariamente.

Estima-se que neste país 30 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, contam com menos de 1.25 dólares diários.

Viver livre de pobreza equivale a ter acesso a serviços de saúde, educação, emprego, moradia e outros direitos básicos.

Garanti-los na China resulta numa grande dificuldade por fatores como sua enorme população, incluídas 56 etnias, vasto território e diferenças sócio-econômicas herdadas ao longo de sua história.

Apesar disso, os recentes lucros econômicos tornam possíveis balanços como o seguinte: o número de pobres nas regiões habitadas por minorias étnicas reduziu-se de 40 milhões em 1985 a oito milhões no final de 2008.

Mas como a criação de riquezas deve estar acompanhada de sua distribuição, no caso dessa última o desafio encontra-se em como fazer crescer aos de menos recursos, mais ainda quando se observa uma crescente brecha nos rendimentos, sobretudo entre a população rural e urbana e entre a das zonas do Leste e as do Oeste, as mais atrasadas.

O premiê Wen Jiabao assinalou recentemente a necessidade de avançar nesse sentido e advertiu que a distribuição das receitas do país deve aperfeiçoar-se para que todos possam desfrutar do processo de reformas e abertura. Com o anúncio das estatísticas correspondentes a 2009, o tema também animou novos comentários ao se comprovar uma maior diferença no indicador mencionado.

O rendimento per capita disponível à população urbana estimou-se em pouco mais de dois mil e 500 dólares no ano passado, com uma alta de 8.8 por cento. No caso da rural, este se situou em 754 dólares, com um aumento inferior em 0.6 em relação ao outro grupo.

Números mais reais indicam que a proporção foi de 3.33:1, equivalente a dizer que o rendimento média dos que vivem em cidades foi 3.33 vezes superior ao dos camponeses. Em 2008 a taxa fixou-se em 3.31:1.

Ainda que se reconheçam avanços neste sentido, uma análise histórica confirma uma tendência crescente na diferença.

Em 1978 a referida proporção era de 2.56:1. Na época, o rendimento per capita somava 342 yuanes (50 dólares em comparação a hoje) e 134 yuanes, respectivamente.

Depois do início de seu processo de reformas e abertura ao exterior nesse ano, que começou no campo, os rendimentos da população rural cresceram mais rápido e portanto a diferença se reduziu até chegar a 1.82:1 em 1983, ou seja, 564 yuanes frente a 254.

Esta situação registrou um novo capítulo a partir de 1985, quando o crescimento do grupo de menos recursos diminuiu seu ritmo porque o centro do processo de reformas passou às cidades.

Como se trata de um fenômeno cumulativo, uma das tarefas mais urgentes para o governo é adotar políticas que favoreçam um aumento dos rendimentos do setor mais afetado, incluídos os pobres.

Diante do empenho em construir uma sociedade harmoniosa e moderadamente próspera, este problema constitui uma ameaça para a estabilidade, conforme reconhecem os especialistas.

Não só isso, pode estimular também mais migração para as cidades com todo o custo sócio-econômico que isso pode implicar quando o excesso de população é uma realidade comum em boa parte da China.

Calcula-se que 55 por cento dos habitantes deste país residem em zonas rurais, no entanto, lhes corresponde 11.3 por cento da riqueza.

Os trabalhadores migrantes constituem desde faz em uns anos uma avançada desse prognóstico.

Desta situação está consciente o governo e os planos e medidas para reduzir a brecha nos rendimentos, leia-se para reduzir a pobreza e melhorar a vida daqueles atingidos por esse flagelo, existem.

Um deles presta atenção especial às regiões ocidentais, desde 2000, com um programa dirigido a fomentar o desenvolvimento sócio-econômico de 12 territórios, incluídas várias províncias e regiões autônomas, e nos quais se concentram as minorias étnicas do país.

As iniciativas com esse fim incluem políticas preferenciais para os investimentos.

Os efeitos desses planos podem ser vistos nas estatísticas que revelam que nos primeiros nove meses de 2009 essas regiões registraram um crescimento econômico de 12.5 por cento em comparação ao mesmo período precedente, superior em 4.8 à média nacional.

Uma prova recente de quanto se faz para esse fim é o compromisso do governo em realizar maiores esforços com objetivo de promover o desenvolvimento agrícola e elevar os rendimentos dos camponeses e a demanda nas zonas rurais, parte de uma política dirigida a reduzir as diferenças entre o campo e a cidade, incluída a qualidade de vida.

Também no período até 2012 serão destinados um bilhão e 760 milhões de dólares à proteção ambiental no campo, do qual se beneficiarão 100 milhões de pessoas, segundo cifras oficiais.

Estes são só alguns passos no longo caminho que se deve percorrer para fazer crescer aos que mais precisam e assim conseguir a sempre desejada meta da estabilidade social, condição sine qua non para atingir o desenvolvimento em todos os setores.

(*) O autor é corresponsável chefe da Prensa Latina na China.

rr/lam/cc

Yanukovich distante de ingresso ucraniano à OTAN

Moscou, 13 fev (Prensa Latina)


O vencedor das eleições presidenciais ucranianas, Viktor Yanukovich, negou a possibilidade de analisar hoje o possível ingresso de seu país à Organização do Tratado de Atlântico Norte (OTAN).

Em uma entrevista difundida pelo canal russo Primeiro, Yanukovich assinala que Kiev está interessada num sistema de segurança coletiva na Europa.

"Apoiamos a iniciativa do mandatário russo, Dmitri Medvedev, em sua proposta de assinar um acordo para conciliar um sistema de segurança europeu", declarou Yanukovich, quem recorda que a proposta também foi respaldada pelo chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy.

Depois de ser anunciado o resultado extra-oficial das eleições de domingo, nas quais conseguiu 48,95 por cento dos votos, o também líder do Partido das Regiões (PR) se pronunciou pela promoção da cooperação com a aliança atlântica.

No entanto, esclareceu que o assunto da entrada da Ucrânia ao pacto do Atlântico Norte deverá ser decidido em um referendo, diferentemente da mais categórica rejeição a essa possibilidade esboçada na campanha eleitoral, durante a qual se pronunciou por um país fora de blocos militares.

Ontem, o secretário geral da OTAN, Anders Foghs Rasmusssen, felicitou ao dirigente do PR por sua vitória nas eleições presidenciais, às quais qualificou de transparentes e democráticas, bem como de exemplares para a região.

O apoio expressado por Rasmussen é visto aqui como um respaldo ao dirigente do PR diante das intenções da primeira ministra Yulia Timoshenko, sua rival no segundo turno presidencial, de pôr em dúvida a legitimidade das eleições e levar o caso aos tribunais.

Mas Timoshenko, com 45,47 pontos nas eleições, evitou nos últimos dias contatos diretos com a imprensa, sobretudo, depois que a missão de observadores internacionais europeus deu um bom parecer ao processo eleitoral.

lgo/to/cc

Vítimas de bombas atômicas serão visitantes ilustres de Montevidéu

Montevidéu, 13 fev (Prensa Latina)


O prefeito da capital, Ricardo Ehrlich, declarará hoje "Visitantes ilustres de Montevideo" a dois sobreviventes das bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.

A cerimônia terá como sede o Teatro Solís e a distinção será entregue a Morita Takashi e Junko Watanabe, sobreviventes dos ataques atômicos estadounidenses contra essas localidades a 6 e 9 de agosto de 1945.

Takashi tinha 21 anos a 6 de agosto do citado ano quando às 8h15 da manhã caiu o artefato nuclear em Hiroshima. Watanabe, por sua vez, contava só com dois anos quando foi destruída Nagazaki três dias depois.

Em 2008, junto a outros três sobrevivientes, pronunciaram um discurso ante a Assembléia Geral da ONU, por um mundo sem armas atômicas.

Ambos chegaram ao porto montevideano a bordo do Barco da Paz (Peace Boat) Organização não Governamental do Japão, que promove a paz, os direitos humanos, o desenvolvimento justo e sustentável e o respeito pelo meio ambiente.

A principal atividade desta ONG gira em torno do grande barco de passageiros, que navega pelo mundo em viagens educativas pela paz e nesta ocasião zarpou a 28 de dezembro em sua viagem 68 em um périplo por 17 cidades em três meses e meio de viagem.

lgo/wap/cc

Venezuela: Socialistas organizam agenda para eleições legislativas

Por Waldo Mendiluza

Caracas, 13 fev (Prensa Latina)


O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) organiza sua agenda eleitoral para as eleições legislativas de 26 de setembro, depois que o presidente Hugo Chávez anunciou primárias de base nesta semana para escolha dos candidatos.

Na mira da principal força política do país, com mais de sete milhões de inscritos, está conseguir ao menos dois terços dos 165 deputados da Assembléia nacional.

De acordo com o chefe de Estado e máximo líder do PSUV, aqueles que forem selecionados como candidatos às cadeiras devem sair de um processo transparente, afastado dos ataques pessoais e do individualismo.

Também expressou confiança no método de eleição dos candidatos.

"Jogo-a com o povo, com as bases, com a consciência, com um Partido que tem dado demonstração de maturidade e força interna", apontou na última quinta-feira no Teatro Municipal de Caracas, durante uma sessão do I Congresso extraordinário dos socialistas.

Chávez anunciou a realização das primárias e propôs um cronograma que deve submeter à consideração dos 772 delegados da disputa.

Segundo o mandatário, a agenda inclui a auto-postulação dos militantes pelos 87 circuitos, de 4 a 7 de março, seguida da campanha interna em abril.

A seguir faríamos as primárias em 16 de maio, no máximo cinco dias depois anunciaríamos nossos candidatos, os quais em junho devem se inscrever no Conselho Nacional Eleitoral, acrescentou.

Para Chávez, a vitória nas eleições legislativas passa por questões como a unidade dos seguidores da Revolução Bolivariana e a participação popular nas urnas.

Peço à Pátria para Todos, aos comunistas e a outras forças que não se deixem levar pelo partidismo. Ponhamos a frente os interesses da pátria e da Revolução, assinalou ontem durante uma multitudinaria marcha para celebrar no Dia do Estudante.

O dirigente insistiu ainda na importância de garantir a inscrição das pessoas.

"Todos os jovens com 18 anos devem se registrar, e temos que chegar aos mais longínquos lugares para que não fique um revolucionário sem se inscrever antes de 30 de abril", disse.

Com respeito aos resultados das eleições parlamentares, Chávez considerou-os fundamentais para a consolidação da revolução iniciada em fevereiro de 1999.

"Nós estamos obrigados a ganhar a Assembléia com não menos de dois terços. Não podemos permitir que os burgueses e os fascistas se apoderem dela, porque seria um golpe mortal para a Revolução", advertiu.

Para o político, um triunfo opositor nas eleições parlamentares significaria uma cruzada contra seu governo.

"Eles tentariam derrubar-me e desconhecer os direitos do povo", adiantou. Enquanto as eleições internas para definir os aspirantes a deputados pelo PSUV começam a tomar forma, esta variante também valorizada pela oposição parece nesse setor cada vez mais remota.

Alguns inimigos do executivo têm anunciado suas candidaturas à margem da mesa de unidade, iniciativa nascida para tratar de criar um bloco monolítico contra Chávez.

As rupturas provocam crescentes preocupações nas filas antigovernamentais, critério expressado já por vários de seus dirigentes.

rc/wmr/cc

Carnavais e embates climáticos disputam atenção de bolivianos

La Paz, 13 fev (Prensa Latina)


O mais longo feriado do ano devido aos tradicionais carnavais coincidiu na semana que terminou, na Bolívia, com desastres naturais de grande envergadura, associados ao fenômeno climatológico El Niño.

De Oruro, onde esses festejos pagãos têm sido catalogados pela UNESCO como Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade, até outras regiões como La Paz, Cochabamba, Beni, Santa Cruz, Pando e Potosí, os habitantes celebraram o Anata Andino com oferendas à Mãe Terra e com votos de paz e unidade em 2010.

As celebrações também se viram comprometidas sobretudo no oriente do país sul-americano, a região mais afetada por intensas precipitações, inundações, deslizamentos, e geadas, que têm afetado a mais de 36 mil famílias e trouxeram como saldo 14 mortos.

Os embates climáticos afetam na Bolívia 92 municípios e as inundações mantêm alagadas 11 mil e 451 hectares cultivadas.

Por sua vez, o Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia prognosticou uma nova escalada de chuvas de ao menos 10 dias, e o vice-ministro da Defesa Civil alertou a possíveis inundações em Chapare (Cochabamba), norte de La Paz e Santa Cruz, e as terras ribeirinhas ao rio Mamoré e Ibare, em Beni.

Diante deste palco, o Governo decretou emergência nacional e destinou cerca de mil toneladas de ajuda que foi distribuída, especialmente, nos territórios mais impactados pelo temporal.

Na semana, os bolivianos assistiram ainda a intensos debates da Assembléia Legislativa Plurinacional, na qual deputados e senadores avaliaram exaustivamente uma lei transitória para a designação temporária de autoridades do poder judicial e outra para combater a corrupção.

Ambas medidas se viram barradas pela oposição, que tentou colocar seus interesses acima da vontade de organizações sociais e do Executivo que procurava acelerar por volta de 10 mil processos judiciais pendentes e combater a corrupção nas suas raízes.

A última norma, apresentada pelo governamental Movimento al Socialismo (MAS), estabelece os procedimentos destinados a prevenir, pesquisar, processar, sancionar e recuperar o patrimônio do Estado através dos órgãos jurisdicionais competentes, bem como os atos de corrupção cometidos pelos servidores públicos.

Também assinala o princípio de imprescriptibilidade, isto é, a não extinção dos direitos e ações que têm o Estado, pelo transcurso do tempo, nos delitos de corrupção e enriquecimento ilícito.

Por outra parte soube-se que a partir da próxima quarta-feira, o Ministério Público começará a pesquisa nos arquivos das ditaduras militares em busca de informação sobre o assassinato do líder socialista Marcelo Quiroga Santa Cruz, entre outras vítimas.

De acordo com o promotor Milton Mendoza, essa investigação ajudará também a conhecer o paradeiro de lutadores sociais como Juan Carlos Bedregal e Renato Ticona, entre outros políticos desaparecidos na ditadura de Luis García Meza (1980-1981).

O flamante ministro da Defesa, Rubén Saavedra, assinalou que existe uma resolução para abrir arquivos militares e descobrir o paradeiro de 170 mortos e desaparecidos em quase 20 anos de revoltas.

Também a promotoria revelou nesta semana que o militar húngaro Istvan Belovai, encarregado de elaborar documentos para uma célula terrorista neutralizada na Bolívia em 2009, dava informação à estadunidense Agência Central de Inteligência (CIA).

Segundo a investigação do promotor Marcelo Soza, a documentação era utilizada pelo chamado conselho supremo que financiava as ações do grupo irregular abatido em um operativo em abril.

Em 16 de abril de 2009, um grupo da Unidade Tática de Resolução de Crise da Polícia boliviana entrou no hotel Las Américas, de Santa Cruz, e surpreendeu um comando paramilitar.

Na operação pereceram os mercenários europeus Eduardo Rózsa Flores (croata) -lider do grupo- , Michael Dwyer (irlandês) e Árpád Magyarosi (rumano-húngaro).

Também foram detidos Mario Francisco Tadic Astorga (boliviano com passaporte croata) e Elod Tóásó (húngaro), os quais estão em prisão preventiva na cidade de La Paz.

rc/ga/cc

Haiti, sem chocolates, mas com amor

Por Enrique Torres, enviado especial

Porto Príncipe, 13 fev (Prensa Latina)

Para a maioria dos namorados no Haiti neste dia do amor não terá chocolates, a tradição ficou para eles silenciada depois da tragédia e terão que aguardar por tempos melhores.

O feriado, considerado em várias partes do globo também o dia da amizade, não ficou isento de celebrações aqui, apesar de ter por palco o país mais pobre do continente americano, e um dos mais atrasados do mundo.

No meio das penúrias habituais, o haitiano comum inventava para dar-lhe um toque de festividade ao 14 de fevereiro, seja em casal ou em família, e a caixa de bombons não faltava.

No entanto, o terremoto de 12 de janeiro, em aproximadamente um minuto, sepultou vidas, sonhos, anseios, edifícios e casas, incluídos os lugares íntimos em que os casais consumavam o seu amor.

Agora, quando multidões vivem nos parques, em muitos casos apenas protegidas por armações de madeira e nylon, alguns recordando os que morreram, e outros pensando no que dar de comer aos filhos, não existem espaços para festividades.

Assim pensam muitos, entre eles Abraham Bazelais, quem junto a sua família trata de subsistir em uma improvisada palhoça na praça Champs de Mars depois de perder praticamente todos seus bens por causa do terremoto.

Bazelais trabalhava como estivador na linha aérea Tortug´air, e residia na zona de Centre Ville, Porto Príncipe, em condições materiais decorosas.

Graças ao trabalho, podia dispor de uma casa, na qual vivia com sua esposa Carte Sherley e quatro filhos, duas meninas e dois meninos.

Por sorte, no dia do terremoto nenhum estava embaixo daquele teto, que desabou em segundos.

"As condições em que vivemos não podem ser comparadas com as de antes, agora são muito críticas, muito duras, porque tínhamos uma casa bem bonita, e agora não temos nem uma cama para nos deitar", comentou Bazelais à Prensa Latina.

O carismático haitiano disse-nos que para piorar, sua esposa está convalecente de febre, vômitos e diarréias, e dormindo sobre o cimento.

"Agora estou sem trabalho, não temos nada, só tem chegado como doação água, somente uma vez nos deram tickets para comida, agora vivemos da caridade, do que se compartilha aqui entre as pessoas", assinalou.

Seus bens ficaram reduzidos a um banquinho, uma bacia, duas tigelas, umas poucas mantas, poucas mudas de roupa e alguns utensílios de cozinha, todos ordenados no lugar que agora é sua nova casa, um esqueleto de madeira revestido com velhos cobertores e cortinas.

Entre paredes de teia, em um espaço que não ultrapassa os dois metros quadrados e sobre a Champs de Mars dorme Bazelais com seus quatro filhos e sua esposa, para os quais neste ano não haverá chocolates no dia do amor.

A uns centímetros, só separados por uma parede de cobertor, vivem mais três famílias que se conheceram no dia da tragédia, e que se protegem do sol e da chuva graças a um nylon que ataram de seu enxoval.

"Antes não nos conhecíamos, e temos formado uma grande família, compartilhamos tudo, alguns às vezes até dormem por um momento aí dentro", disse apontando para seu diminuto abrigo.

Em outra zona da capital, na Boule, na altura de Kenkoff, a história do casal de Pierre Yuekner e Guerline Joseph também lhes impede fazer de 14 de fevereiro um dia de festividade.

Sua casa ficou totalmente interditada, com risco de desabamento, razão pela qual ambos pernoitam embaixo de um nylon, igual a outros vizinhos da localidade.

Nos dias dos namorados ela preferia sair para passear a algum lugar onde pudesse dançar Kompa, um gênero musical original daqui, que apareceu nos anos 50.

Desfrutar desse ritmo, que utiliza o folklore haitiano como base, misturado com elementos do merengue dominicano, o jazz, inclusive o som cubano, alguns ritmos africanos, o hip-hop e o reggae, é para Joseph um dos melhores presentes, e "com bombons o melhor", expressou.

Mas neste dia dos namorados não tem idéia do que farão, não podem dedicar dinheiro à festividade, o pouco existente, graças a que o jovem Yuekner conserva seu trabalho como guarda de segurança, devem dedicar a outra prioridades, entre estas os quatro filhos a manter.

14 de fevereiro coincide com o terceiro dia de vigília no Haiti pelas vítimas do terremoto, dia em que se ora também por um melhor porvir para os sobrevivientes, e para que prevaleça o amor.

rc/et/cc

Camilo y Manuel: profetas de nuestros tiempos

Por Milton Hernández


El próximo 15 de Febrero se cumplen 44 años de la caída en combate de nuestro Comandante en Jefe Camilo Torres Restrepo. Igualmente, el 14 de Febrero recordamos con inmenso dolor y fuerza, la desaparición física, doce años atrás, del sacerdote camilista y entrañable Comandante en Jefe del ELN de Colombia, Manuel Pérez Martínez. Es inevitable que en estas históricas fechas nos atropellen los recuerdos y la memoria nos evoque con más fuerza que nunca las emblemáticas figuras de Camilo y Manuel, entrañables combatientes y dirigentes irremplazables de la revolución colombiana y latinoamericana.


Con el más profundo respeto por sus obras, nos dirigimos desde este artículo a presentar una breve mirada de sus vidas, no sólo para explicarlas desde el compromiso de liberación o muerte que ambos desarrollaron con la razón y el corazón; sino para tratar de explicar las coordenadas históricas del pasado, con la comprensión del proceso revolucionario actual que se desarrolla en Colombia y en nuestra América.


A los elenos nos viene una cercana herencia con el camilismo y la teoría y acción de nuestro Manuel. Para rescatar la totalidad del significado que para nosotros representa la dimensión humanista, cristiana, científica, ética, política y social de Camilo y Manuel, es preciso estudiarlos y entenderlos como un todo dentro del contexto histórico en que actuaron.


La coherencia de sus vidas se iluminan y sostienen mutuamente. Camilo como símbolo y líder que abrió el camino teológico y revolucionario para una nueva generación de luchadores latinoamericanos, a pesar de su prematura muerte, y Manuel como jefe indiscutible de un período político, a consideración propia, el más rico y profundo en toda la historia del ELN. Camilo y Manuel fueron testigos de su tiempo, dirigentes nacionales y universales, de esos que superan los impactos del coyunturalismo y se erigen en visionarios de la historia y del futuro.


Ellos en su peregrinación revolucionaria nos llenaron de fuerza y razones para entender el camino revolucionario y hacerlo posible. Ambos aprendieron de la realidad, idearon y construyeron proyectos, acertaron en muchos y se equivocaron en otros, lucharon con tenacidad impresionante contra los eternos poseedores de la verdad, supieron analizar situaciones con gran lucidez, resistieron a numerosos ataques desde todos los flancos, desde la derecha recalcitrante, hasta la izquierda perfumada que nunca comprendió el camino armado que les tocó emprender para defender su propuesta política y teológica, lograron muchos de sus objetivos, evolucionaron con el tiempo en sus pensamientos y en muchas ocasiones se adelantaron a él, por la claridad y lo acertado de sus mensajes. En su obra, tanto en Camilo como en Manuel encontramos una continua interacción entre reflexión y compromiso histórico, entre teoría y práctica.


El camilismo es un pensamiento que no solo se refiere a la práctica sino que es elaborado por alguien inserto en ella. Los mensajes camilistas iluminan una práctica política que sabe penetrar la conciencia social de los sectores a los que va dirigidos.


En estos tiempos de revolución bien vale la pena releerlos para entender su enorme vigencia y la combinación dialéctica de la historia con la realidad concreta del momento político de aquellos años 65. Aún hoy hay muchas interpretaciones y discusiones sobre lo que representa el pensamiento camilista, esto mismo revela su significado histórico y su importancia política. Lo que nada ni nadie pueden negar es su clara postura humanista, unitaria, visionaria, su profunda fe, devoción por los pobres, su condena al imperialismo, su dimensión teológica que se hace cercana y constante como ejemplo en la construcción de la Iglesia de los pobres, desafiando y cuestionando las altas jerarquías, a fin de contribuir desde el evangelio liberador con el testimonio revolucionario. Las primeras vertientes liberadoras desde la teología de la liberación fueron sembradas en Colombia y en nuestra América por Camilo Torres Restrepo, y con ellas ya jamás la Iglesia y el evangelio de Jesús podrán ser reducidas a la arrogancia, al poder y al desprecio de las jerarquías eclesiales. Camilo se adelantó a su época y con sus proféticas demandas de justicia social sembró para siempre un mensaje bíblico que se hace vivo hoy en la presencia de las comunidades eclesiales en apoyo y defensa de la Revolución Bolivariana en Venezuela, con la participación masiva de la Iglesia Brasilera a través de la pastoral social y la pastoral de tierras en apoyo al MST y a algunas medidas de carácter popular emprendidas por el gobierno de Lula. El evangelio de Jesús Liberador está activo en la resistencia indígena en Chiapas (México), en el levantamiento soberano del pueblo Boliviano, en las prédicas sociales de un sector de la Iglesia colombiana que se expresa con mayor fuerza en las diócesis de Barranca y Quibdo.


Camilo expresa la necesidad y la posibilidad histórica del "diálogo y la colaboración entre marxistas y cristianos", pensamiento que en su desarrollo práctico crearía situaciones nuevas en el terreno de la Iglesia y el cristianismo en los ámbitos nacional y mundial.


Su compromiso político realza una obligada síntesis entre el investigador, el científico, el sacerdote, el revolucionario, no como una dicotomía, sino como el resultado de una visión múltiple y plural de la sociedad colombiana y de su dimensión profundamente humana y social.

Podríamos afirmar que después de Camilo, el mensaje liberador ha sido imposible domesticarlo a pesar de los esfuerzos y las mentiras de los poderosos burócratas de la Iglesia.


Su vinculación al ELN


Estaba decidido. Asumió el compromiso revolucionario en las filas de las guerrillas del ELN y con su participación directa no sólo daba el primer paso a la larga incorporación de sacerdotes a la lucha armada, específicamente dentro del ELN.


Para muchos analistas la vinculación de Camilo al ELN obedeció a unas particularidades históricas concretas sin comparación en otros tiempos; para otros era el camino inexorable de la intelectualidad revolucionaria en América Latina en aquellos días de efervescencia y calor insurreccional; para muchos, particularmente de vertientes ajenas a la lucha armada, aquella decisión era el producto de la concepción foquista del ELN que alejaba a los dirigentes de masas de todo tipo de acción legal, para, a decir de ellos, rendirles culto al mesianismo y al guerrillerismo foquista. Para no pocos, Camilo se vinculó a la lucha armada por hechos casuísticos como las caídas de cartas y caletas que lo comprometían ante los militares de manera directa con el ELN.


Para nosotros, las viejas y nuevas generaciones elenas, esta polémica es clara y cerrada con contundencia por la historia:

Camilo se hizo guerrillero como sociólogo, porque como científico comprendió que no bastaba diagnosticar sobre los males que aquejan a las sociedades capitalistas en sus siempre presentes síntomas de insalubridad, hambre, miserias, injusticias, exclusión; sino que era necesario soluciones radicales y violentas que extirparan de raíz y para siempre todas estas ausencias juntas. Camilo concluyó que sin un cambio profundo de estructuras de Estado, resultaría imposible la verdadera justicia social.


Como sacerdote y cristiano, Camilo se hizo guerrillero por serle fiel a sus convicciones y creencias en cuanto a que "el deber de todo cristiano es hacer la revolución". Se comprometió hasta las últimas consecuencias, renunciando a las posibilidades sociales y económicas que su extracción de clase le permitía. Fue seguidor de Cristo y precursor de cientos de hombres y mujeres que al igual que él y en unión del evangelio se alzaron en armas contra los tiranos en la patria americana.


Como colombiano porque en su dimensión humana, de pueblo, de patria, y por sus conocimientos de la historia nacional, ve atónito cómo la alternancia en el poder de las nuevas y viejas momias oligárquicas, se suceden en cadena como en los tronos imperiales o en las llamadas monarquías constitucionales, y todo en nombre de la democracia, de la libertad, de la justicia, de la constitución y de la ley. ¡¿Cómo violentar este ciclo monótono, infame e injusto?!


Como hombre patriótico, puro, generoso, acepta el reto de toparse con la realidad concreta en su recorrido por los libros, la geografía nacional y el calor de las pobrecías. Se decide por el mundo desconocido pero enaltecedor de una guerrilla a la cual no era ajeno ni en sus convicciones ni en sus amores, ni en sus búsquedas. Los mejores dan su testimonio de cara a ese pedazo infinito de tierra, mares y soles que llamamos Colombia.


Como dirigente de masas, porque en sus afanes recorrió todos los espacios posibles rescatando los valores óptimos del pueblo; sudó con él, peleó con él, y se alzó y se unió a aquellas masas llenas de desamparo y de hambre física e intelectual. Luchó de cara al país, como suele decirse hoy, contra las oligarquías, los altos mandos militares, las jerarquías eclesiales, los partidos petrificados que ya sabemos, y esa izquierda caótica y criticista que encerrada en sus propios altares, hacía apología a sus propias desdichas. Cerrados todos los caminos para la acción de masas, ¿cuál era el camino para un hombre como Camilo?, ¿El exilio?, Descartado para alguien de su temple. ¿La renuncia? No, porque éste es el camino de los cobardes, de los timoratos, de los amigos de las corbatas y las buenas chequeras; jamás será considerada siquiera como una opción para la gente digna, y dignidad le sobraba a Camilo.


Su ejemplo era sólo la lógica de su obra y la prolongación de su vida, asumiéndola y entendiéndola de manera integral, sin dicotomías ni falsos dilemas, y sin pretender separar de manera absurda al hombre, al científico, al colombiano, al dirigente popular, y menos separarlo de los momentos históricos en los que actuó y desarrolló su compromiso político, revolucionario y militante. Su desenlace ni fue dramático, ni fue el final. Es el camino elegido para quienes deciden luchar con la pluma, con el verbo, y con el valor de su ejemplo.


POR LOS CAMINOS DE CAMILO:


Manuel, inspirado por Camilo asumió el reto desde adentro del ELN de continuar su obra en los momentos más difíciles de la Organización. En sus casi 30 años de militancia elena, luchó como nadie por unir un amplio conjunto de voluntades de aquí y allá, recorrió el país, se metió de lleno en las complejidades ideológicas, políticas y organizativas del todo nacional, supo entender nuestra realidad y viabilizó una forma de expresión político que estableció un matiz histórico que une los principios y la estrategia revolucionaria con el quehacer diario, coyuntural, táctico. Manuel convoca a la unidad y al combate, al estudio y al trabajo, a la teoría y a la práctica; nos enseña a pensar con cabeza propia y bajo su dirección florece la democracia interna, el antidogmatismo, el antiautoritarismo, la independencia de criterios y el anticaudillismo.


Actuando en democracia y bajo su liderazgo, el ELN comienza a proponerle al país una nueva forma de acción política que en 1986 llamamos "convocatoria a la Asamblea Nacional Popular" (ANP), en el 89 se expresa como una propuesta de diálogo nacional para la humanización de la guerra y la defensa de los recursos naturales, y desde el 96 hasta hoy se materializa en la convocatoria a la "Convención Nacional". En todas ellas están expresadas la aceptación del desafío histórico del pasado y el futuro, por convocarnos a la creación e impulso de un gran movimiento político independiente, de carácter popular y soberano, pluralista, libre del tutelaje del bipartidismo; movimiento participativo, sin hegemonismos, solidario, por la unidad amplia y sin exclusiones, contra la burocracia, los autoritarismos, los dogmáticos y los criticistas de siempre.


Como internacionalista consumado, amó la plenitud la causa popular colombiana y latinoamericana, la cual hizo suya, sintiéndose colombiano como el que más, sin dejar de amar y reconocer su origen aragonés, español, y sentirse ligado con especial cariño a su Alfamen del alma, sus gentes, sus costumbres, su familia. Nuestro padre y jefe recorrió Colombia, la estudió, la comprendió, se sentía uno más entre sus gentes. Este enraizamiento en el colombianismo y en el ser nacional lo portaba con orgullo y lo defendía con vehemencia. De ahí que cuando el presidente Ernesto Samper propuso en diciembre de 1997 "nacionalizarlo" como requisito para una posible aparición en el Congreso de la República, exclamó, indignado: "Quien debe nacionalizarse es él que toda su vida ha estado dedicado a defender los intereses extranjeros y a las grandes multinacionales, en contra de las necesidades nacionales y populares".


Manuel siempre estuvo varios peldaños por encima del ELN, no sólo por que supo interpretar la realidad histórica de la Organización, tomarle el pulso a diario, sino por que su vida se volvió un apostolado permanente en defensa de nuestra propuesta histórica y política. El testimonio de Manuel, honrado y puro como ningún otro sigue presente en cada uno de nuestros actos, en la vida cotidiana de mandos y combatientes, en los combates diarios, tanto los ideológicos, los políticos como los militares; en el trabajo político organizativo con las comunidades, en los espacios unitarios donde participamos, ya sea con otras fuerzas insurgentes, o bien en el aliento que vienen tomando las propuestas políticas y sociales, antineoliberales y democráticos que se expresan en amplios frentes de lucha como el Polo Democrático, los movimientos cívicos, el Frente Social y Político, la alternativa democrática, los movimientos culturales, sociales, étnicos, religiosos y las propuestas regionales por el diálogo y la paz con justicia social.


Defensor a ultranza del valor de la palabra, la honradez, la dignidad, el trabajo, el estilo de vida austero y sin privilegios. Fue un hombre puro e íntegro, que entregó todo por la lucha popular a cambio de la felicidad inmensa de tener algún día una Colombia justa, democrática, soberana. Siempre nos repetía: "Nada material traje, nada material me llevo". Con el padre y jefe ausente, sentimos que con él se quedó parte de la historia viva del ELN, y por qué no decirlo, con su muerte morimos un poco algunos de nosotros.


Su nombre es símbolo de energía revitalizadora, de felicidad en la entrega y no tenemos porqué ensombrecer su memoria amortiguando el ritmo de nuestro compromiso.


Los mandos, combatientes y cuerpo médico que lo atendimos y estuvimos presentes en sus últimos días, fuimos testigos que cuando nuestro padre y jefe fue consciente del desenlace, con el valor que siempre lo caracterizó, afirmó: "Siento que mi muerte no es igual de heroica a la de cientos de compañeros caídos en combate, pero la enfermedad que me aqueja fue contraída por el compromiso hasta las últimas consecuencias que adquirí en la defensa de los intereses populares".


Comandante en jefe Manuel Pérez Martínez, usted dedicó como nadie toda su vida y su amor a la lucha por conseguir la completa libertad, independencia y soberanía del pueblo colombiano. La muerte lo encontró en el mejor momento de su vida revolucionaria sin haber agotado aún sus capacidades físicas y en pleno goce de sus brillantes facultades mentales dedicadas a darle claridad a la causa por la que entregó su último aliento. Su imagen, su ejemplo, su legado, su historia, su obra, tan infinitamente cercana a nosotros, resplandecerá con el paso de los tiempos y se agigantará como modelo de valor, de firmeza, sabiduría, ecuanimidad y talento. Su vida brillará en el firmamento de esta patria y su ejemplo guiará a todos sus hijos y subalternos. Nuestra bandera roja y negra ondea a media asta como símbolo de duelo, en este Sexto Aniversario de su dolorosa partida física. Nuestros corazones, el de los elenos, camilistas, guevaristas y bolivarianos están enlutados con crespones negros.


Por todo esto nos resulta tan significativo el compromiso, la palabra y el testimonio del Comandante en Jefe Manuel Pérez Martínez, con él vivimos un tiempo nuevo, no parecido a ningún otro.

Passado um mês, luto, sonhos e desafios no Haiti

Por Enrique Torres, enviado especial

Porto Príncipe, 12 fev (Prensa Latina)


O Haiti vive hoje um dia de luto nacional, um mês após o

implacável terremoto que arrasou com esta capital e outras cidades do país, onde o maior desafio

cidadão é manter vivos os sonhos, em permanente luta pela vida.

Quem sentiu vibrar a terra sob seus pés no último dia 12 de janeiro conta que o tremor se propagou

por quase um minuto, como uma espécie de castigo interminável, a que não poucos habitantes lhe

atribuem uma origem sobrenatural.

Parecia que o subsolo não terminaria nunca de estremecer. Aqueles que conseguiram se esquivar da

queda dos tetos, e os que saíram ilesos graças a que suas moradias resistiram, se concentraram

horrorizados em pátios e ruas, em muitos casos dando-se as mãos.

Depoimentos de alguns sobreviventes concordam em afirmar que a terra adquiriu movimentos de

serpente em várias direções, e que muitas pessoas assustadas, de um povo muito religioso como o

haitiano, permaneceram minutos e minutos com os braços estendidos para o céu, suplicando o fim

das sucessivas réplicas.

Um mês após o terremoto, não são poucos os homens e mulheres que no Haiti voltam a levantar

seus braços buscando sinais de alento e que não se repita essa passagem dantesca, em que uma

nuvem de pó cobriu esta capital depois do simultâneo desmoronamento de milhares de edificações.

Ainda que parecesse que em Porto Príncipe o tempo se deteve na tarde do terremoto, a verdade é

que há sinais de que as autoridades e a ajuda internacional têm tentado mitigar algumas das

calamidades acentuadas pelo terremoto, entre elas a falta de moradias, alimentos e água.

A cidade continua cheia de contrastes. Em algumas praças e parques, Organizações Não

Governamentais (ONGs) entregam confortáveis barracas de campanha, enquanto na maioria dos

improvisados assentamentos os desabrigados seguem vivendo embaixo de tendas de nylon e lençóis

rasgados, que muito pouco servirão para proteger contra a temporada de chuvas que está chegando.

A ajuda internacional, embora tenha sido um alívio para quem possa beneficiar-se dela, representou

uma forte dor de cabeça para o governo de René Preval, que não tem conseguido direcioná-la de

maneira ordenada para os mais necessitados, já que é repartida na maioria dos casos segundo a

vontade das ONGs.

De acordo com as estimativas das autoridades, 1,11 milhão de pessoas perderam suas moradias

como consequência do abalo sísmico, sobretudo na capital, onde apesar da revitalização de alguns

serviços, a vida segue infernal para muitos.

Milhares de cidadãos ficaram desempregados ao ver os lugares onde trabalhavam convertidos em

escombros. As portas que se abrem à mão de obra são muito poucas ainda, em comparação com o

grande exército de desocupados que perambula pelas ruas.

Nos assentamentos estabelecidos em praças e parques têm sido colocados serviços sanitários e a

distribuição de água funciona com altas e baixas, o mesmo ocorre com os alimentos.

A insalubridade prolifera, ainda que haja certa regularidade na coleta de lixo em algumas zonas.

A cada dia, desde as primeiras horas da madrugada, podem ver-se longas filas de pessoas em

diferentes pontos da cidade, à espera de que empregados de várias ONGs, em geral cercados por

soldados da Força de Estabilização da ONU no Haiti (MINUSTAH) e outros efetivos, repartam à

ponta de fuzil sacos de arroz, feijão ou leite, mas não de maneira equitativa.

A anarquia reinante nestas espécies de celebrações resulta em que muitos indivíduos, inclusive

bairros completos, fiquem à margem da distribuição.

Em Tétard, zona alta da capital, Bellevue, Madotan, Nan Ginam e Nan Nwél a tragédia parece não

ter fim, sem água nem comida.

Porém, nem tudo é cinza no devastado Haiti, país em que cifras controversas falam de mais de 200

mil vítimas fatais do terremoto.

A ajuda da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA) faz-se sentir de diferentes

maneiras, entre elas nas comunidades criadas em Leoganne, a cerca de 22 quilômetros ao sudoeste

de Porto Príncipe.

Ali já foram levantados dois dos oito acampamentos que a Força de Tarefas Conjunta Haiti, por

ordem do presidente venezuelano, Hugo Chávez, planeja levantar.

Estes assentamentos, com capacidade para duas mil pessoas, contam com serviços de saúde,

educação, alimentação, recreação e alojamento, em barracas de campanha resistentes, cada uma

com capacidade para quatro famílias.

Em uma destas comunidades, a Simón Bolívar, já começou a campanha de alfabetização, trabalho

que desenvolvem profissionais cubanos, como parte do apoio conjunto da ALBA.

A ajuda de Cuba ao Haiti faz sentir-se com força na saúde, com a presença de uma brigada médica

integrada por mais de mil colaboradores, mais de 400 deles médicos e estudantes haitianos

formados nessa ilha.

Nesta sexta-feira, depois de um mês do terremoto, o país está em vigília, e as cores negro e branco

predominam no vestuário de muitos sobreviventes, para quem a batalha pela vida continua a cada

amanhecer.

tgj/et/es

Feira do Livro Cuba 2010, uma marcha ascendente

Havana, 12 fev (Prensa Latina)


A Feira Internacional do Livro Cuba 2010 iniciou hoje seu itinerário

havaneiro com uma multidão de propostas que exigiriam desdobramentos constantes de uma pessoa

em várias para poder seguir seu ritmo.

Há programas artísticos, literários, mesas redondas e seminários com os temas de atualidade

candente, conversas, oficinas para o brilho das ciências sociais e uma infinidade de apresentações

de livros, centro e protagonista de todas os olhares.

Uma feira com as pratilheiras repletas: mais de mil títulos, entre eles 30 volumes da e sobre a

Rússia, país convidado de honra este ano, e sete milhões de exemplares que começaram a circular

em 48 livrarias havaneiras uma semana antes da abertura de sua sede principal, o Parque Morro-

Cabaña.

Inaugurada ontem nesse espaço quase infinito, ao ar livre -onde anos atrás teve seu refúgio o

Comando do guerrilheiro argentino-cubano Ernesto Che Guevara-, a sessão inaugural foi assistida

pelo presidente cubano, Raúl Castro, e pelo chanceler da nação homenageada, Serguei Victorovich

Lavrov, que destacou os vínculos entre as duas nações.

Rússia e Cuba têm profundos laços comuns, ideias apegadas à solidariedade e à justiça social,

afirmou em seu discurso de agradecimento.

Uma vez concluída a cerimônia oficial, Lavrov e Raúl Castro percorreram o Pavilhão desse país

europeu, cuja cultura é uma fonte nutritiva da literatura e do pensamento universais, despregada em

450 metros quadrados.

Neles ocupam lugar destacado as imagens que ilustram as cinco décadas decorridas desde o

restabelecimento das relações entre Moscou e Havana.

Que rápido passaram estes últimos 50 anos, comentou o presidente cubano, com uma frase

evocadora de entranháveis lembranças.

Interessou-se, também, por outras peculiaridades do pavilhão expositivo, pelas edições em russo do

pensamento do líder revolucionário Fidel Castro e recordou quanto influiu a literatura épica russa

nos combatentes que, nos primeiros anos da Revolução, tiveram que defender a ilha do assédio

cruel dos Estados Unidos.

Tem sido um bom começo, disse já na despedida o presidente cubano, e prognosticou um sucesso

de público à feira que hoje começa a se concretizar com o desfile de uma massa humana fiel em sua

devoção ao Parque Morro-Cabaña, um lugar permanente de culto dos havaneiros, ainda que o

volume dos livros flua como uma corrente de calor, viva, por toda a capital cubana.

Com duas personalidades do intelecto da ilha homenageadas, o escritor Reynaldo González e a

socióloga e historiadora María do Carmen Barcia, o encontro editorial colocou em movimento seu

séquito gigantesco, numa marcha ascendente.

Em suas palavras de saudação e gratidão, Reynaldo Gozález assinalou: "O jubileu do livro sairá

desta praça, das bancas e chegará aos lares. Tido como nosso acontecimento mais importante, o é

porque atinge uma continuidade imprevisível, não imediata mas que se clocada no horizonte de

gerações".

lma/ag/es

China

Senado boliviano deverá sancionar lei sobre poder judicial

La Paz, 12 fev (Prensa Latina)

O senador boliviano, David Sánchez, do governamental Movimento

ao Socialismo (MAS), afirmou hoje que a câmara alta está obrigada a sancionar uma lei transitória

para designar autoridades judiciais.

Sánchez explicou que a norma, antes aprovada na pelos Deputados (câmara alta), tem por objetivo

implantar em 2011 um novo sistema judicial na Bolívia.

"Devemos dar um sinal ao país de que a retardação da justiça é corrupção", remarcou.

A também denominada Lei Curta, disse, busca evitar um colapso no Poder Judicial, sufocado por

mais de 10 mil processos pendentes, com a designação de autoridades interinas para cobrir as

acefalias existentes na Corte Supremo de Justiça (6), Tribunal Constitucional (10) e do Conselho do

Judiciário (4).

Segundo o projeto, o presidente Evo Morales terá, transitoriamente, a prerrogativa de designar a

essas novas autoridades.

Para o oficialismo, essa medida legislativa garantirá a competência, o profissionalismo e a

consciência social dos futuros magistrados.

Além disso, a norma facilitará o tempo necessário para construir a base legal do Órgão Judicial,

segundo o Executivo.

De acordo com a nova Constituição, os novos futuros magistrados devem ser eleitos por sufrágio

universal e segundo esse projeto prevê-se que as mesmas se celebrem no dia 5 de dezembro deste

ano.

No entanto, a oposição considera que a Lei Curta servirá para que o oficialismo controle a

administração de justiça.

Nesta sexta-feira, o pleno da câmara de senadores receberá o relatório das comissões de

Constituição e Justiça dessa instância legislativa, sobre a revisão desse projeto de lei, antes de entrar

em debate.

Em caso do Senado expedir a lei, esta correrá trâmite de promulgação e publicação antes de entrar

em vigor.

lgo/ga/es

Salão de Pesca em Paris com espaço privilegiado de Cuba

Por Fausto Triana

Paris, 12 fev (Prensa Latina)

O Salão Internacional da Pesca Esportiva da França abriu hoje suas

portas com um espaço privilegiado para Cuba, a partir da iniciativa dos triplos ganhadores do

torneio Hemingway de Havana.

Gérard Aprile, acompanhado por Christian Muñoz, integrantes da equipe francesa Big Game

Fishing Clube (BGFCF), decidiram exibir na feira a Copa Hemingway, a qual puderam sacar pela

primeira vez na história da ilha caribenha.

Os campeões da tradicional justa esportiva da pesca de agulha, ao triunfar três vezes em 2005, 2006

e 2009 conseguiram o direito a ter o troféu por um ano. "Não podíamos perder a oportunidade de

mostrar no salão da pesca", afirmaram.

Mais de uma vintena de países participam no encontro no Paris Expo Porte de Versailles, onde o

stand do BGFCF apresenta ademais uma réplica do Pilar, o barco de Hemingway batizado assim em

honra à virgem de Zaragoza, Espanha.

Igualmente sobressaem cartazes do Escritório de Turismo de Cuba na França, o reputado rum

Havana Clube e a linha aérea bandeira da Ilha, Cubana de Aviação.

Uma ação promocional que se acrescenta à intensa campanha dos executivos da indústria sem

chaminé na Maior das Antilhas, que já arrancaram no ano neste território europeu com uma

destacada assistência à Feira de Dijon.

Dijon esteve dedicada a Cuba, como o fará Ornexpo-2010 na cidade de Alencon, Baixa Normandia,

do 24 de fevereiro ao 1° de março, comentou a Prensa Latina o embaixador de Havana em Paris,

Orlando Requeijo.

Em um espaço de 500 metros quadrados ambientado à imagem do país convidado de honra, os

visitantes desfrutarão de uma exposição sobre sua história e geografia, degustarão bebidas e pratos

típicos, e conhecerão detalhes da associação Camaha Cuba.

Também, profissionais do turismo da Ilha tomarão parte em março na tradicional cita MAP (O

Mundo em Paris) e depois se somarão à Rodada Viva Cuba, que percorrerá as cidades de Burdeos,

Toulouse, Marselha, Niza e Lyon.

lgo/ft/dcp

Copyright(

Bloqueio dos EUA impede a surfista francês viajar a Cuba

Paris, 12 fev (Prensa Latina)


O surfista francês Martin Gaverieux foi impedido de realizar um

trajeto desde Estados Unidos a Cuba em windsurf por restrições do bloqueio econômico, financeiro

e comercial contra a Ilha.

Em seu blog pessoal, o jovem engenheiro galo, que pretendia realizar um percurso desde Cayo

Hueso, Flórida, até Havana, explicou que obteve as permissões correspondentes das autoridades

cubanas.

Esperava fazer nove horas de navegação, acompanhado por um barco que ia filmar sua façanha.

Inclusive consigo o visto bom da embaixada de Washington em Paris, mas depois o Departamento

do tesouro negou-lhe a possibilidade.

"É uma prova tangível da extra-territorialidade do cerco reforçado dos Estados Unidos contra nosso

país, sem a menor flexibilidade ainda tratando do caso de um cidadão de um país aliado da Casa

Branca", declarou um diplomata cubano.

Orlando Requeijo, embaixador de Cuba na França, disse a Prensa Latina que se trata do primeiro

exemplo do ano recém iniciado de que o bloqueio estadunidense se mantém intacto, sem a menor

concessão.

Gaverieux ressaltou que a responsabilidade do fracasso de seu projeto é totalmente dos Estados

Unidos, pelo qual teve que mudar o percurso e o fazer dentro das águas territoriais desse pais.

"Sento-me muito decepcionado por isto. Agora deverei esperar quatro meses para realizar meu

sonho por culpa do embargo (bloqueio). Pudesse tentar por minha conta, mas é muito perigoso pela

vigilância que existe", comentou.

Voltarei sem dúvidas a tentá-lo, com a esperança de conseguir a autorização, depois de efetuar um

treinamento que me faz me sentir melhor preparado, acrescentou.

lgo/ft/dcp

Qualificam de anacrônico bloqueio econômico dos EUA contra Cuba

Por Joel Michel Varona

Havana, 12 fev (Prensa Latina)

O bloqueio econômico, financeiro e comercial imposto a Cuba

ppelos Estados Unidos há quase meio século é anacrônico, afirmou hoje nesta capital o presidente

do parlamento de Cabo Verde, Arístides Raimundo Lima.

Em um encontro com o vice-presidente do Conselho de Ministros de Cuba Ricardo Cabrisas, Lima

destacou que essa política deve ser repudiada por todos os povos progressistas do mundo.

Expressamos nossa solidariedade com Cuba, um país que enfrenta os obstáculos em um contexto

enfatizado pela crise mundial, disse.

O líder parlamentar cabo-verdiano agradeceu ao governo cubano seu apoio desde a década de 70 do

século passado, que contribuiu para seu povo atingir a independência.

Esse respaldo -agregou- continuou com a estruturação de nosso sistema de saúde e educação.

Mais de 500 médicos cubanos têm oferecido seus serviços em diferentes especialidades no

arquipélago africano, e recentemente um grupo de médicos apoiaram-nos em uma epidemia de

dengue, apontou Lima.

Para nós foi um consolo e, ao mesmo tempo, reconfortante porque com este respaldo e o esforço

das autoridades sanitárias nacionais conseguimos ultrapassar a difícil etapa.

Cabo Verde deixou de ser umas das nações mais pobre do mundo e passou a ser um país de

desenvolvimento médio, disse Lima.

Nesta grande conquista, forjada em um caminho longo e complexo, contamos com a permanente

ajuda cubana, pontualizou o visitante.

Cabrisas destacou os laços bilaterais de amizade e colaboração, os quais devem ser mais

fortalecidos nestes momentos de crise, disse.

Devemos ver esta conjuntura não como uma dificuldade, senão uma oportunidade preparatória com

vista a uma futura recuperação da economia internacional, assinalou o dirigente cubano.

mgt/joe/es

Conclui congresso universitário em Cuba

Havana, 12 fev (Prensa Latina)


Os mais de 2.500 delegados de 67 países participantes no Congresso

Universidade 2010 finalizam hoje uma maratona de cinco dias de debates e encontros, com a

vontade de aprofundar os intercâmbios em encontros futuros.

As sessões no Palácio de Convenções em Havana foram também assistidas por 12 ministros e mais

de 200 reitores com o propósito de incrementar os vínculos entre os centros de ensino superior e

colaborar na solução de problemas globais.

Como parte da agenda do último dia, os participantes analisarão as estratégias pedagógicas e

didáticas para aprender a aprender, dada a avalanche de informações existente, elemento que para

muitos não é suficiente para resolver os problemas mundiais.

Igualmente os delegados poderão familiarizam-se com as experiências de programas universitários

com idosos.

Durante o penúltimo dia, diretores e cientistas cubanos destacaram os vínculos existentes entre as

universidades e os centros de investigação biotecnológica na criação de medicamentos.

Para o criador da vacina sintética contra o Haemophilus Influenzae tipo B, Vicente Verez, a

biotecnologia da ilha tem sido o sistema científico que conseguiu a maior conexão entre ciência,

economia e sociedade.

Para o pesquisador do Centro de Química Biomolecular, a constante diminuição da mortalidade

infantil na nação caribenha (4,7 por cada mil nascidos vivos em 2009) é um lucro do sistema de

saúde apoiado pela investigação científica.

Também se debateu sobre a influência dos centros de altos estudos na busca de soluções aos

problemas da mudança climática, especialmente depois do fracasso da Cúpula de Copenhague em

dezembro de 2009.

tgj/ro/es

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Davos: mudar para permanecer igual

por Admin última modificação 02/02/2010 11:25 Fórum Econômico Mundial defende medidas de controle financeiro para manter sistema econômico
02/02/2010
Renato Godoy de Toledo

da Redação (Brasil de Fato)

Cerca de 2.500 representantes de empresas e chefes de Estado participam da 40ª edição do Fórum Econômico Mundial (FEM) em Davos, na Suíça. O Fórum Social Mundial (FSM), o principal contraponto ao evento suíço, chegou à 10ª edição. Em 2009, algumas bandeiras historicamente ligadas à esquerda entusiasta do FSM começaram a aparecer no fórum mais poderoso.
Com a crise financeira internacional, os próprios agentes do mercado passaram a enxergar que a desregulamentação excessiva poderia comprometer a continuidade do modelo. Para tanto, o controle da atuação dos bancos e do fluxo de capitais tornaram-se fundamentais para a sobrevivência do capitalismo. Para alguns, estava decretado o fim do neoliberalismo. Mas o modelo ainda sobrevive, mesmo que sua supremacia tenha sido golpeada.

Davos deve ratificar que a saída da crise econômica passa pela regulação do mercado e por um maior controle sobre as atividades financeiras. Essas medidas já estavam presentes no primeiro FSM, em Porto Alegre, sobretudo com a bandeira da Taxa Tobin, que incindiria sobre transações internacionais e seria destinada a um fundo de combate à pobreza. O mega especulador George Soros, voz ativa em Davos, já se declarou favorável à medida.

Para legitimar o FEM, diante da perda de credibilidade do neoliberalismo, os organizadores optaram por uma homenagem ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que receberá o título de Estadista Global. Lula tem sido o chefe-de-Estado que transita com mais habilidade entre os dois fóruns.

G20, G7 e G2
Com a criação do G20, a chamada multipolaridade também chegou a Davos, dando mais voz aos países emergentes. Para o jornalista português e ex-deputado pelo Partido Comunista, Miguel Urbano Rodrigues, o papel mais destacado desses países não deve influir nos rumos apontados pelo Fórum Econômico. “A estratégia do Fórum de Davos não mudou. Davos se abriu. A presença de líderes dos chamados 'países emergentes' e as mesas redondas não alteraram minimamente a estratégia do grande capital. O discurso sobre o controle do mercado e das transações financeiras é tático”, salienta.

Rodrigues aponta a necessidade de o Fórum Social tomar posições anti-capitalistas para se distanciar ainda mais do evento de Davos. “Não vejo aproximação entre Davos e o FSM. Mas este ou muda ou perde a razão de existir. A participação crescente no FSM de governantes e ex- governantes de países capitalistas e de parlamentares e intelectuais identificados com politicas neoliberais mascaradas de social-democratas tende a tornar o FSM uma caixa de ressonância inofensiva, apesar da participação de líderes revolucionários como Hugo Chávez, Evo Morales e dirigentes cubanos”, alerta.

Além da tese sustentada por Rodrigues, de que os países emergentes não têm poder decisório, há quem enxergue um “G2” dentro do G20, composto por China e Estados Unidos. Para José Reinaldo Carvalho, secretário de Relações Internacionais do PCdoB, ainda é cedo para decretar uma nova multipolaridade, mas há o poder político, econômico e militar do país asiático é crescente.

A longo prazo essa é uma rivalidade que pode ser estabelecida. Na minha opinião, a emergência da China objetivamente não tem caráter inter-imperialista. Isso é um fator que joga a favor da luta anti-imperialista, é um fator positivo. A emergência de outros países como o Brasil também é importante, pois eles apresentam políticas progressistas”, explica.

S.O.S. capitalismo

Para especialistas, a inflexão do Fórum de Davos – que parece atender antigas reivindicações do FSM – é na verdade uma medida para salvar o capitalismo. Assim, Davos admite trocar o modelo (neoliberal) para preservar o sistema.

O secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, endossa essa tese: “Frente a crise, os capitalistas apelam para o Estado e impõem certos limites às forças do 'livre mercado'. Sempre foi assim. A questão é saber o que as forças de esquerda têm a propor, muito além disto. E, mais do que propor, se saberemos contribuir alternativas políticas para fazer prevalecer nossas propostas”, afirma.
Já para José Reinaldo, há uma mudança de discurso. “Eles que tiveram apenas que alterar a retórica e o discurso. A crise colocou abaixo os dogmas que vinham sendo adotados. Eles foram obrigados a se reciclar para salvar o sistema. Davos não vai fazer uma agenda de reformas estruturais. Não vai mudar sua essência imperialista, capitalista e neoliberal”, pontua o dirigente do PCdoB.

ENVIAMOS MÉDICOS E NÃO SOLDADOS

Na reflexão do 14 de Janeiro, dois dias depois da catástrofe de Haiti que destruiu esse irmão e vizinho país, escrevi: “Cuba, apesar de ser um país pobre e bloqueado, desde há anos está cooperando com o povo haitiano. Por volta de 400 médicos e especialistas da saúde prestam cooperação gratuita ao povo haitiano. Em 127 das 137 comunas do país trabalham todos os dias os nossos médicos. Por outro lado, não menos de 400 jovens haitianos foram formados como médicos na nossa Pátria. Trabalharão agora com o esforço dos nossos médicos que viajaram ontem para salvarem vidas nesta crítica situação. Podem mobilizar-se, portanto, sem especial esforço, até mil médicos e especialistas da saúde que já estão quase todos ali e dispostos a cooperar com qualquer outro Estado que desejar salvar vidas haitianas e reabilitar feridos”.



“A situação é difícil ― comunicou-nos a Chefa da Brigada Médica Cubana― porém temos começado já a salvar vidas.”



A cada hora, de dia e de noite, nas poucas instalações que não foram destruídas, em casas de campanha ou em parques e lugares abertos, por medo da população a novos tremores, os profissionais cubanos da saúde começaram a trabalhar sem descanso.



A situação era mais grave que o imaginado inicialmente. Dezenas de milhares de feridos imploravam por ajuda nas ruas de Porto Príncipe, e um número incalculável de pessoas jaziam, vivas ou mortas, sob as ruínas de argila ou adobe com que tinham sido construídas as moradias da imensa maioria da população. Prédios, inclusive mais sólidos, derrubaram-se. Foi necessário além disso localizar, nos bairros destruídos os médicos haitianos formados na Escola Latino-americana de Medicina (ELAM), muitos dos quais foram afectados directa ou indirectamente pela tragédia.



Funcionários das Nações Unidas ficaram apresados em várias hospedagens e se perderam dezenas de vidas, incluídos vários chefes da MINUSTAH, uma força das Nações Unidas, e se desconhecia o destino de centenas de outros membros do seu pessoal.



O Palácio Presidencial de Haiti derrubou-se. Muitas instalações públicas, inclusive várias de carácter hospitalar, ficaram em ruínas.



A catástrofe comoveu o mundo, que pôde presenciar o que estava acontecendo através das imagens dos principais canais internacionais de televisão. De todas as partes, os governos anunciaram o envio de peritos em resgate, alimentos, medicamentos, equipamentos e outros recursos.



De conformidade com a posição pública formulada por Cuba, o pessoal médico de outras nacionalidades, nomeadamente, espanhóis, mexicanos, colombianos e de outros países, trabalhou arduamente junto dos nossos médicos em instalações que tínhamos improvisado. Organizações como a OPS e países amigos como a Venezuela e de outras nações forneceram medicamentos e variados recursos. Uma ausência total de protagonismo e chauvinismo caracterizou a conduta impecável dos profissionais cubanos e os seus dirigentes.



Cuba, do mesmo jeito que já o fez em situações semelhantes, como quando o Furacao Katrina causou grandes estragos na cidade de Nova Orleans e pôs em perigo a vida de milhares de norte-americanos, ofereceu o envio de uma brigada médica completa para cooperar com o provo dos Estados Unidos da América, um país que, como se conhece, possui imensos recursos, mas o que se precisava nesse instante eram médicos adestrados e equipados para salvarem as vidas. Por sua localização geográfica, mais de mil médicos da Brigada “Henry Reeve” estavam organizados e prontos com os medicamentos e equipamentos pertinentes para partirem a qualquer hora do dia ou da noite para essa cidade norte-americana. Pela nossa mente nem sequer passou a idéia de que o Presidente dessa nação rejeitasse a oferta e permitisse que um número de norte-americanos que podiam salvar-se perdessem a vida. O erro desse Governo se calhar consistiu na sua incapacidade para compreender que o povo de Cuba não vê no povo norte-americano um inimigo, nem como culpado das agressões que tem sofrido a nossa Pátria.



Aquele Governo também não foi capaz de compreender que o nosso país não precisava mendigar favores ou perdoes daqueles que durante meio século tem tentado inutilmente de nos pôr de joelhos.



O nosso país, igualmente no caso de Haiti, aceitou imediatamente o pedido de sobrevoo na região oriental de Cuba e outras facilidades que precisavam as autoridades norte-americanas para prestarem assistência o mais rapidamente possível aos cidadãos norte-americanos e haitianos afetados pelo terremoto.



Estas normas têm caracterizado a conduta ética do nosso povo que, unido a sua equanimidade e firmeza, têm sido as características permanentes da nossa política externa. Isso é bem conhecido por todos aqueles adversários nossos no contexto internacional.



Cuba defenderá firmemente o critério de que a tragédia que teve lugar em Haiti, a nação mais pobre do hemisfério ocidental, constitui um desafio aos países mais ricos e poderosos da comunidade internacional.



Haiti é um produto absoluto do sistema colonial, capitalista imperialista imposto ao mundo. Tanto a escravidão em Haiti quanto a sua ulterior pobreza foram impostas desde o exterior. O terrível sismo se produz depois da Cimeira de Copenhague, onde foram pisoteados os direitos mais elementares de 192 Estados que fazem parte da Organização das Nações Unidas.



Após a tragedia, se desatou em Haiti uma concorrência pela adopção imediata e ilegal de crianças, o que obrigou a que a UNICEF tomasse medidas preventivas contra o desarraigo de muitas crianças, que tiraria a familiares próximos deles tais direitos.



O número de vítimas mortais ultrapassa já as cem mil pessoas. Uma elevada cifra de cidadãos perdeu braços e pernas, ou sofreu fraturas que precisam de reabilitação para o trabalho ou o desenvolvimento das suas vidas.



O 80% do país deve ser reconstruído e criar uma economia suficientemente desenvolvida para satisfazer as necessidades na medida das suas capacidades produtivas. A reconstrução da Europa e o Japão, a partir da capacidade produtiva e o nível técnico da população, era uma tarefa relativamente simples em comparação com o esforço a fazer em Haiti. Ali, como em grande parte da África e em outras áreas do Terceiro Mundo, é indispensável criar as condições para um desenvolvimento sustentável. Em apenas 40 anos a humanidade terá mais de 9 bilhões de habitantes, e encara o desafio de uma mudança climática que os cientistas aceitam como uma realidade inevitável.



Em meio da tragedia haitiana, sem que ninguém saiba como e por quê, milhares de soldados das unidades de infantaria da marinha dos Estados Unidos, tropas aerotransportadas da 82 Divisão e outras forças militares tem ocupado o território de Haiti. Pior ainda, nem a Organização das Nações Unidas, nem o Governo dos Estados Unidos da América tem oferecido uma explicação à opinião pública mundial destes movimentos de forças.



Vários os Governos se queixam de que os seus meios aéreos não puderam aterrar e transportar os recursos humanos e técnicos enviados a Haiti.



Diversos países anunciam, por sua vez, o envio adicional de soldados e equipamentos militares. Tais factos, ao meu ver, contribuiriam para criar o caos e complicar a cooperação internacional, já de por si complexa. É preciso discutir seriamente sobre o tema e designar à Organização das Nações Unidas o papel reitor que lhe corresponde neste delicado assunto.



O nosso país cumpre uma tarefa estritamente humanitária. Na medida das suas possibilidades contribuirá com os recursos humanos e materiais que estejam ao seu alcance. A vontade do nosso povo, orgulhoso dos seus médicos e cooperantes em actividades vitais é grande e estará à altura das circunstâncias.



Qualquer cooperação importante que se ofereça ao nosso país não será rejeitada, mas o sua aceitação estará subordinada totalmente à importância e transcendência da ajuda que se precisar dos recursos humanos da nossa Pátria.



É justo consignar que, até este instante, os nossos modestos meios aéreos e os importantes recursos humanos que Cuba tem colocado à disposição do povo haitiano não têm tido dificuldade nenhuma para chegarem ao seu destino.



Enviamos médicos e não soldados!





Fidel Castro Ruz

23 de Janeiro 2010

5h30

CIA envolvida em caso de terrorismo na Bolívia

La Paz, 11 fev (Prensa Latina)


O militar húngaro Istvan Belovai, encarregado de elaborar

documentos para uma célula terrorista neutralizada na Bolívia em 2009, dava informações à

estadunidense Agência Central de Inteligência (CIA).

Segundo novos detalhes da investigação, oferecidos hoje pelo promotor Marcelo Soza, a cargo do

caso, a documentação era utilizada pelo chamado Conselho Supremo que financiava as ações do

grupo irregular abatido em um operativo em abril de 2009.

No dia 16 de abril do 2009, a Unidade Tática de Resolução de Crise da Polícia boliviana invadiu o

hotel As Américas, em Santa Cruz, e surpreendeu um comando paramilitar.

Na operação pereceram os mercenários europeus Eduardo Rózsa Flores (croata), líder do grupo,

Michael Dwyer (irlandês) e Árpád Magyarosi (romano-húngaro).

Também foram detidos Mario Francisco Tadic Astorga (boliviano com passaporte croata) e Elod

Tóásó (húngaro), que estão em prisão preventiva na cidade de La Paz.

Os extremistas tinham planos separatistas e preparavam um atentado para assassinar o presidente

boliviano, Evo Morales.

De acordo com os novos elementos da investigação, Belovai era um agente que tinha o pseudônimo

de Escorpião-B.

As habilidades que adquiriu durante a Guerra Fria lhe permitiram ser um assessor de estratégia

militar e se presume que manteve relação com Rózsa Flores por meio de atividades na Europa,

especificamente nos Balcanes.

A afinidade que chegaram a ter ambos permitiu inclusive que se oferecesse apoio de satélite para

ações específicas e financiamento para o grupo terrorista.

A investigação preliminar de seus vínculos determinou, também, que estava preparando um plano

denominado TH (Tree house ou casa da árvore).

Os dados foram obtidos da revisão de um dos computadores portáteis de Rózsa Flores, que tinha a

pasta de arquivos Bel-Norte com vários correios eletrônicos que trocou com o agente Belovai.

Na semana passada, a promotoria boliviana acusou o endinheirado empresário de Santa Cruz,

Branko Marinkovic, que fugiu para os Estados Unidos, por financiar o bando de Rosza Flores.

De acordo com essa instituição, o também ex-presidente do Comitê Cívico pró Santa Cruz, integrou

o Conselho Supremo que organizou o separatismo na nação sul-americana.

Na acusação também são relacionados outros nomes como os também prófugos Alejandro Melgar e

Hugo Achá.

rc/ga/es

União Europeia busca reformas econômicas 2010-2020

Bruxelas, 11 fev (Prensa Latina)


A cúpula extraordinária que inicia hoje a União Europeia (UE)

buscará reformas econômicas para a década 2010-2020, diante de situações convulsas dos últimos

dias no bloco comunitário.

Qualificada pelos observadores como uma reunião de crise pela pressão dos mercados, o encontro

se efetua quando crescem as dúvidas sobre a capacidade da Grécia para lançar adiante um apertado

ajuste orçamental.

As finanças públicas gregas atravessam um conflito nunca visto em 30 anos, e se estima que em

2009 a dívida atingiu 113 por cento do PIB e o déficit 12,7 por cento.

Tal situação estende-se a outros membros da zona euro com economias debilitadas pela recessão

mundial, como Portugal e Espanha.

O encontro dos líderes europeus também se realizará em a meio de dificuldades crescentes de

financiamento para alguns estados e um retrocesso do euro, circunstâncias que modificaram a

agenda inicial.

A cúpula desta quinta-feira foi convocada pelo presidente do Conselho Europeu, o belga Herman

Van Rompuy, com o propósito de suscitar um debate livre, sem decisões, sobre o esboço de uma

nova estratégia de reformas econômicas para a presente década.

Em tal sentido, se enfocará em aspectos políticos do apoio à Grécia e seus problemas de dívida, por

isso a UE aproveitará para reafirmar a solidez e solidariedade monetária do bloco e impulsionar

reformas e ajustes necessários, ainda que sejam socialmente dolorosos.

Sobre essa base apenas participarão os chefes de Estado ou de Governo, não haverá ministros nem

assessores, também não se aprovarão conclusões formais e a imprensa estará afastada.

Durante a década passada a UE propôs-se metas que ao término desse período aparecem

incumpridas, entre elas atingir em 2010 uma taxa de emprego de 70 por cento e subir a despesa em

pesquisa e desenvolvimento até três por cento do Produto Interno Bruto.

rc/crc/es

Ex

Inicia hoje Feira Internacional do Livro Cuba 2010

Havana, 11 fev (Prensa Latina)


A Feira Internacional do Livro Cuba 2010 será inaugurada hoje aqui

com a participação de mais de 100 expositores de 40 países e a Rússia como convidada de honra.

À abertura, no Parque Morro-Cabaña, assistirá o ministro de Assuntos Exteriores da Federação

Russa, Serguei Lavrov, que encabeça a delegação desse país.

Esperada a cada mês de fevereiro pelos cubanos, nesta ocasião renderá homenagem aos escritores

Reinaldo González e María del Carmen Barcia, Prêmio Nacional de Literatura e Ciências Sociais

2003, respectivamente.

A cultura russa estará presente com um grupo de seus autores mais relevantes, entre eles o poeta

Evgueni Evtushenko.

Junto a ele darão realce ao encontro personalidades internacionais como a sul-africana Nadine

Gordimer, Nobel de Literatura 1991, e a canadense Margaret Atwood, Prêmio Príncipe das Astúrias

2008.

O pavilhão do país convidado de honra constará de 450 metros quadrados, onde serão expostos

3.500 títulos de autores clássicos e contemporâneos e 63 de suas casas editoras mais prestigiosas.

Quase 150 casas impressoras estrangeiras e nacionais estarão representadas, algumas participam

pela primeira vez e outras repetem a experiência como Edições Urano, do México, O mundo dos

minilivros e Os menores livros do mundo, do Peru, e Oceano, da Espanha.

Embora a feira inicie hoje, desde o dia 4 de fevereiro o público teve a seu alcance umas 250

novidades que circulam em 46 livrarias da capital. Segundo dados oficiais, em apenas cinco dias

foram vendidos 105 mil exemplares.

Sob o lema Ler é crescer, o encontro começa sua etapa havaneira para depois estender-se por todo o

país até o dia 7 de março.

Paralelamente se desenvolverá um programa artístico com as atuações de primeiras figuras do

Ballet Bolshoi, concertos e um ciclo de cinema com filmes russos de ontem e de hoje.

rc/may/ag/es

União

Batalha pela vida em terras haitianas

Por Enrique Torres, enviado especial

Porto Príncipe, 11 fev (Prensa Latina) A batalha pela sobrevivência continua hoje nas praças e

parques desta capital e outras cidades haitianas, onde destacam-se a fome e a insalubridade há quase

um mês do devastador terremoto.

Estima-se que 1 milhão 110 mil pessoas perderam suas moradias como consequência do abalo

sísmico, a imensa maioria em Porto Príncipe, onde apesar da revitalização de alguns serviços, o

grande desafio segue sendo viver sempre um dia mais.

Ainda que centenas de milhares de atingidos abandonaram a cidade, tanto para o exterior como para

outros estados do país, o grosso permanece refugiado em áreas públicas, em condições de

amontoamento, entre eles um dominicano que chegou ao Haiti esperançado em recobrar a visão.

François Pedro, de 64 anos, viajou para esta capital três meses antes do movimento telúrico, afetado

por uma severa catarata.

Pedro, procedente da província dominicana de Romana, tinha notícias de que aqui havia um

programa chamado Operação Milagre, impulsionado por Cuba e Venezuela, que de forma gratuita

atendia os pacientes e curava essa doença.

Por isso cruzou a fronteira e, sem dinheiro, de carona em carona, chegou a Porto Príncipe, bem

longe de imaginar que depois de ser atendido por médicos cubanos e voltar a ver, seus olhos iam ser

testemunhas de uma das maiores catástrofes do mundo.

"Tenho chegado a pensar que era preferível não ver para não ser testemunha disso", comentou à

Prensa Latina, depois de reiterar que não pôde regressar à República Dominicana porque não tinha

um centavo para a viagem.

Após a operação, Pedro foi acolhido por um haitiano que lhe estendeu a mão ao sair do hospital e

conhecer sua situação de desamparo.

Residia em uma pequena casa nas imediações da central praça Champs de Mars, moradia que ficou

destruída nos primeiros segundos do terremoto.

Pedro estava essa tarde a uns metros da casa com o amigo, mas a aguda audição que tinha

desenvolvido durante sua prolongada catarata lhe permitiu sentir que a suas costas tudo vinha

abaixo.

Agora vive em um dos parques de Champs de Mars, dormindo no chão, sem comida, só protegido

por um pedaço de nylon atado a quatro paus e com muito menos esperanças de poder retornar a seu

país, onde o aguardam a esposa e cinco filhos.

Na mesma praça vive Jacqués Levrank, de 33 anos, que trabalhava em um posto de gasolina,

destruído totalmente pelo terremoto.

O tremor provocou um giro em sua vida de quase 180 graus. Perdeu o trabalho e também a casa,

convertida em escombros.

Levrank vive no parque com sua esposa e dois filhos, cuja subsistência depende dos refrescos de

banana e frascos de água que consegue comercializar, em um improvisado posto de venda na rua,

pois a ajuda alimentar segue em suspense.

Diariamente não consegue ganhar mais de 100 "gourdes" (2,50 dólares), já que "as pessoas não têm

dinheiro", mas fazem questão de sobreviver, pois já venceram ao terremoto.

rc/et/es

Inicia

Começa visita a Cuba de chanceler da Rússia

Havana, 11 fev (Prensa Latina)


O ministro de Assuntos Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, começa hoje uma visita a Cuba durante a qual conversará de maneira oficial com seu homólogo e anfitrião desta ilha caribenha, Bruno Rodríguez.

Em sua estadia aqui, a segunda desde que desempenha-se no cargo atual, Lavrov presidirá pela parte russa na Reunião de Consultas Políticas Interchancelarias.

Também encabeçará a delegação de seu país à XIX Feira Internacional do Livro de Havana que, nesta edição, tem a Rússia como país convidado de honra.

Segundo a agenda prevista, o chanceler visitante renderá também tributo ao Herói Nacional cubano, José Martí, na Praça central da Revolução. Neste ano, os dois países celebram o 50 aniversário do restabelecimento de suas relações diplomáticas, e os laços políticos bilaterais desenvolvem-se agora ao máximo nível.

Ambas nações têm laços importantes na esfera econômico-comercial e se impulsionam investimentos russos em Cuba, especialmente no campo energético.

Segundo fontes oficiais, outros projetos de colaboração abarcam a indústria do níquel, o transporte, a informática, o turismo e a pesca.

rc/dsa/bj

Bolívia participa da Feira Internacional do Livro Cuba 2010

La Paz, 11 fev (Prensa Latina)


O Ministério de Culturas de Bolívia confirmou a participação do país andino à XIX Feira Internacional do Livro Cuba 2010, que se inaugura hoje em Havana.

De acordo com Mónica Villarroel, do vice-ministério de Interculturalidade, adjunta a essa pasta, o país sul-americano levará umas mil 500 obras em temática indígena e social, além de mostrar o processo de descolonização e a revolução cultural.

Informou que entre as entidades representadas sobressaem a fundação cultural do Banco Central de Bolívia, o Centro de Promoção da Mulher Gregoria Apaza, a Sociedade de Escritores da cidade do Alto e as editoriais A Fogueira e Santillana-Alfaguara, entre outras.

Villarroel explicou que viajarão à ilha escritores como Feliciano Félix Muruchi e Manuel Vargas.

O encontro literário da nação caribenha participam mais de 100 expositores de 40 países e Rússia é país convidado de honra.

Sob o lema Ler é crescer, a feira começa na cidade capital para depois estender-se por todo o país até 7 de março próximo.

rc/ga/bj

Desativam no Vietnã bomba lançada por EUA durante guerra

Hanói, 11 fev (Prensa Latina)


Uma unidade de sapadores vietnamitas desativou hoje uma bomba de 350 quilos lançada por Estados Unidos há três décadas, e que permanecia sem explodir em uma vila rural.

A exitosa desativação evitou uma tragédia como a ocorrida há três semanas em Dong Tien, quando outra bomba da guerra explodiu em um pátio escolar e feriu a dezenas de crianças pouco antes do recreio.

Os especialista em bombas da província de Quang Ngai vigiaram a bomba descoberta em 30 de janeiro na vila Kim Giao, e depois de 10 dias de trabalho conseguiram anular o perigo.

Estados Unidos lançou 97 milhões de toneladas de explosivos neste país entre 1965 e 1975, e de lá até agora morreram ou foram feridas aproximadamente 104 mil pessoas por artefatos sem detonar.

O governo vietnamita destina a cada anos milhões de dólares à limpeza de campos minados e a busca de projéteis ainda letais.

Os especialistas estimam que levará pelo menos 440 anos e 10 bilhões de dólares remover as bombas que ainda permanecem sem explodir em uma quinta parte do país, a maioria enterradas próximo a meio metro.

Tão somente a província de Quang Tri infectaram 80 por cento de seu território, um problema que atinge a muitos camponeses e desperdiça terreno fértil.

rc/cmv/bj

Brasil e Suécia avaliarão aplicação de aliança estratégica

Brasília, 11 fev (Prensa Latina)


Os chanceleres do Brasil, Celso Amorim, e da Suécia, Carl Bildt, avaliarão hoje aqui a aplicação do Plano de Ação da Aliança Estratégica entre os dois países.

Esse instrumento bilateral foi assinado durante a visita realizada pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro de 2009.

Amorim e Bildt deverão analisar em particular a cooperação nas áreas econômico-comercial, cientista-tecnológica e de bioenergia, bem como vistoriarão aos temas regionais e mundiais de interesse comum, informa uma nota da imprensa do Ministério de Relações Exteriores.

Os dois chanceleres falarão também sobre os preparativos da visita a Brasil do Casal Real da Suécia, prevista para finais de março próximo.

Bildt, que iniciou sua visita nesta quarta-feira em São Paulo, onde visitou a Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. e ditou uma conferência na Câmera de Comércio sueco-brasileira sobre as possibilidades de ampliação e diversificação dos fluxos de comércio e investimentos bilaterais.

A empresa sueca SAAB, com seu avião Grippen, é uma das três concursantes para vender-lhe 36 caças de combate ao Brasil. As outras duas empresas são a francesa Dassault, com o Raphael, e a norte-americana Boeing, com o F-18 Super Hornet.

O chanceler sueco, que viaja acompanhado de sua esposa, a deputada Anna Maria Corazza, integrante do Parlamento Europeu, e pelo vice-ministro Gunnar Wieslander, estará manhã no Rio de Janeiro.

A nota da chancelaria brasileira aponta que o comércio bilateral aumentou 144 por cento entre 2003 e 2008, ao passar de 928 milhões de dólares no primeiro ano mencionado para dois bilhões 280 milhões no segundo.

Assim destaca que Suécia é um dos mais importantes investidores no Brasil, e que umas 200 empresas dessa nação europeia estão instaladas neste país sul-americano e geram uns 50 mil empregos.

rc/ale/bj

Venezuela: multimilionária investimento estrangeira na Faixa Petroleira

Waldo Mendiluza

Caracas, 11 fev (Prensa Latina) Apesar das qualificações de risco e da vontade de inimigos internos e externos do governo venezuelano, mais de uma dezena de empresas estrangeiras investirão 80 bilhões de dólares na Faixa Petroleira do Orinoco.

O interesse internacional pela maior reserva mundial de petróleo e a enorme cifra comprometida para os próximos cinco anos em mal uma parte do rico território resultariam contraditórios se se dessem por válidos os critérios daqueles qualificam a Venezuela do pior país para investir.

Ontem, oito companhias estrangeiras foram anunciadas como as vencedoras da licitação para explorar os blocos Carabobo 1 e 3 da Faixa, onde segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos jazem 513 bilhões de barris recuperáveis.

Repsol (Espanha), Petronas (Malásia) e as indianas ONGC, Oil Índia e Indian Oil integram o consórcio que operará no Carabobo 1.

Por sua vez, Chevron (Estados Unidos), Mitsubishi e Impex (Japão), junto à venezuelana Suelopetrol, trabalharão no Carabobo 3.

Ambas porções da faixa contribuirão por separado em 2016 não menos de 400 mil barris diários de petróleo.

Para então, os consórcios destinarão aproximadamente 30 bilhões de dólares a projetos nos quais são sócios minoritários dos estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA).

De acordo com o presidente Hugo Chávez, a confiança dessas entidades joga por terra a campanha midiática para desacreditar a Venezuela.

Há quem diga que os investidores se vão de aqui porque perderam a confiança, mas isto é a ratificação do contrário, afirmou pouco depois de encabeçar no Palácio de Miraflores a cerimônia sobre as licitações.

Segundo o mandatário, além dos recursos naturais, as petroleiras sentem-se atraídas pela responsabilidade e a transparência do governo.

Todas estas empresas sabem que na Venezuela há um governo sério, apontou.

Se grandes resultam os investimentos projetados para os blocos Carabobo, maior ainda o são as dos Junín, onde o ministro de Energia e Petróleo, Rafael Ramírez, adiantou 50 bilhões de dólares comprometidos por companhias estrangeiras.

Mais da metade dos recursos sairão de um consórcio russo (operará no Junín 6) e da petroleira italiana ENI (Junín 5).

Ramírez estimou em três milhões de barris de ouro negro adicionais a produção da Faixa dentro de seis anos.

Isso significaria que a capacidade de Venezuela em 2016 rondaria ao todo os seis milhões de barris, afirmou.

À margem dos montantes anunciados e do derrubamento do mito da desbandada inversionista, o estatus das entidades estrangeiras é bem diferente ao de antigamente.

As empresas que investem agora o fazem conscientes da condição de acolher a nossa Constituição, ressaltou o titular de Energia e Petróleos.

Portanto, estamos diante de sócios para os próximos 25-40 anos, porque assumem as leis, disse.

Ramírez destacou o pagamento de impostos petroleiros, bônus e incentivos, o financiamento para impulsionar a PDVSA e o compromisso de apoiar o desenvolvimento social das áreas da Faixa do Orinoco, aceito pelos inversionistas.

Venezuela recebeu ofertas por cinco mil 730 milhões de dólares, entre bônus e financiamentos, das companhias que explodirão os blocos Junín e Carabobo, significou.

De acordo com o dirigente, a abertura petroleira de anteriores governos não representava nada disso.

Então, a República não recebia nem um bônus, afirmou.

Chávez resume a citada etapa como a entrega dos recursos naturais a multinacionais e a Estados Unidos.

Nós recuperamos o país para exercer soberania e tomar as decisões estratégicas sobre seus recursos, sentenciou.

rc/wmr/bj

Saramaka: guardiães afrodescendentes da Amazônia

Sinay Gramas Moreno (*)



Havana (Prensa Latina). Do territ?rio que ocupam na Amaz?nia surinamesa, o povo Saramaka combate ao tempo e ao esquecimento, se al?ando imov?is em defesa de sua cultura e a floresta.

Estabelecidos na margem do rio Suriname desde o século XVIII, suas aldeias integram-na cerca de 30 mil membros (segundo cifras não confirmadas por falta de censo), e vivem em clãs matrilineares em uns nove mil quilômetros quadrados.

Descendentes das originarias tribos maroons africanas, ocupam o território amazônico desde que seus ancestrais, escravos, escaparam das plantações e internaram-se no bosque.

Pesquisas demográficas revelam que hoje a comunidade Saramaka constitui a maior população derivada de autênticos maroons em todo o planeta.

O modo de vida contempla a poligamia. Até o fim de sua vida, uma mulher pode ter tido até quatro cônjuges, enquanto o homem pode chegar a sete esposas.

Os filhos são criados em seus primeiros anos de vida com a mãe e quando já se consideram aptos para assumir trabalhos de adultos as mulheres ficam, geralmente, sob custódia das mulheres, e os varões são atendidos pelos pais.

Muitas esposas têm suas casas próprias, outra no campo hortícola e uma terça na vila de seus esposos, e dividem o tempo entre três ou quatro lares.

De acordo com seus costumes, vivem em uma habitação de poucas dimensões, construída com paredes de madeira, tetos de palha e carecem de janelas.

Segundo suas normas, a idade estabelecida para os casamentos é de 15 anos nas mulheres e a partir de 20 nos homens.

Distribuídos em cerca de 70 povoados, as principais atividades que desenvolvem se dividem em caça, pesca, cultivo e coleta de produtos do bosque.

A agricultura está baseada em um sistema de rotação em longo prazo devido a que os solos pobres do bosque pluvial somente podem suportar colheitas por dois ou três anos consecutivos.

Quimbombó, milho, arroz, mandioca, banana, cana de açúcar, calabaça e árvores frutíferas como laranja, coco e mamão são seus principais cultivos e importam alguns produtos comestíveis como o sal.

O trabalho distribui-se da seguinte forma: na agricultura, os homens preparam os campos e depois dão passagem às mulheres, que se encarregam das semeias e coletas. A pesca e a caça são também trabalhos masculinos, bem como o emprego por salário.

Os Saramaka são reconhecidos por seus produtos artesanais. Enquanto as mulheres destacam em olaria, cabaças, costura e bordados, a representação masculina é especialistas em construção de canoas e objetos de madeira, principalmente para uso doméstico.

Socialmente mantêm um regime de igualdade, não há distinção de classes. Os idosos são muito respeitados e têm sessões diárias de adivinhação. Politicamente têm um chefe maior, alguns regentes e um assistente, encarregados de atender e solucionar os problemas internos, que analisam com todos os habitantes da vila. Os principais castigos são golpes ou imposição de multas.

A religião acompanha quase todos os passos dos Saramaka. Abundam rituais para nascimentos, mortes, períodos de caça e colheita. Seus deuses e espíritos são honrados com frequência com bebidas, danças, festas e rezas.

Fiéis ao legado dos ancestrais, esses afrodescendentes elegem viver em harmonia com a natureza. Para isso a protegem de agentes externos e da modernidade, potencial destruidora da existência humana.

Por anos opuseram-se a devasta-a indiscriminada de seus bosques, à mineração e à entrega de terras em concessão a empresas estrangeiras para o desenvolvimento energético.

Sua luta está respaldada por fortes argumentos. Na selva amazônica, que ao todo abarca mais de sete milhões de quilômetros quadrados, coexiste a maior diversidade de flora e fauna do planeta.

Ali identificaram-se mais do 10 por cento das espécies de plantas e animais do mundo, muitas delas em perigo de extinção, bem como 15 por cento da água doce da terra.

Em toda sua extensão, Amazônia oferece cobiça a mais de 30 milhões de pessoas, incluindo quase 300 comunidades indígenas, que praticam a tese de viver em concórdia com o ecossistema.

E do ponto de vista ambiental, um bosque intacto será beneficioso para estabilizar os patrões climáticos, cujos danos poderiam resultar completamente irreversíveis.

Baseados nessas premissas, os Saramaka não esmorecem em seus planos de conservação ambiental, modelo que tem dado força a outras comunidades amazônicas a unir à luta pela sobrevivência da terra.



(*) Especialista caribenha da Prensa Latina.

arb/sc/bj