sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sábado, dia 29, ato político-cultural em Brasília homenageará José Martí e a luta do povo cubano

Representantes de movimentos sociais, populares, sindicais, estudantis, partidos políticos e entidades de solidariedade à Cuba promovem ato político-cultural em homenagem ao 158° aniversário de nascimento de José Martí, herói nacional cubano, e à luta do povo cubano.

O evento, que contará com a participação da Embaixada de Cuba no Brasil, será realizado no sábado, dia 29, no Panteão dos Heróis (em frente ao Palácio do Buriti, em Brasília), a partir das 10 horas.

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Escola de samba de Floripa homenageará CubaA escola de samba União da Ilha da Magia, de Florianópolis (SC), homenageará Cuba em seu desfile de Carnaval 2011.

O samba-enredo, “Cuba sim! Em nome da verdade”, é dedicado a todos aqueles que defendem a autodeterminação de Cuba e aos amantes da cultura e da liberdade.

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Miguel Baia BargasBlog Limpinho & Cheirosohttp://limpinhocheiroso.blogspot.com/

As matérias abaixo refletem a essência dos princípios humanitários que norteiam a Revolução Cubana.

Amigas e amigos,

Por outro lado, seria bom que o relato e o artigo chegassem ao conhecimento das autoridades médicas do Conselho Federal e dos Conselhos Estaduais de Medicina.

Quanta utilidade teria um médico formado pela Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) nos muitos grotões desse imenso Brasil, onde não chegam e nem vão os médicos formados nas faculdades de medicina das capitais e das grandes cidades.

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Crônica de um dos homens do ano

extraído de Cubadebate

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O Dr. Marcus Dutra em Nabasanuka.

O dr. Marcus Dutra, médico brasileiro, graduado na Escola Latinoamericana de Medicina (ELAM), escreveu à jornalista Arleen Rodríguez um comentário, a propósito do artigo 'O Homem do Ano' (leia abaixo), que não queríamos deixar de compartilhar com nossos leitores. Marcus se encontra prestando serviços em uma comunidade indígena chamada Nabasanuka, no Estado de Delta Amacuro, Venezuela.

Arleen querida,

Não havia visto o texto que escreveste para o Cubadebate, obrigado pelas palavras que me dedicas. É certo que se não fosse pela Revolução cubana e pela Revolução bolivariana jamais sería possível nada disso.

E que casualidade que me tenhas enviado hoje o correio eletrônico com o teu artigo. Ontem à noite, às 04h00 da madrugada em ponto, realizei um parto de uma mulher com eclampsia (afecção grave que ocorre geralmente no final da gravidez, caracterizada por convulsões associadas à hipertensão arterial). Convulsionou, apliquei-lhe todo o tratamento e as medidas dentro do possível, pois não contava e não conto aqui com todos os recursos de um hospital nem tinha tempo para trasladá-la a outro centro porque era de madrugada.

A lancha do ambulatório não tinha uma só gota de gasolina e ela já começava a dar à luz. O fato é que depois de todo o estresse da situação, em que era bastante possível que não sobrevivesse, bom, afinal nasceu bem o bebê, homem, gordinho. A mãe começou a melhorar, passei a noite toda a seu lado, atento a qualquer ocorrência. Ela melhorou, não convulsionou mais, a pressão se normalizou, já não tinha dor, estava tranquila, o medicamento continuava baixando lentamente junto com o soro ... Tudo se acalmou.

Quando ela adormeceu, pude sair afora e respirar ar fresco. Era, como disse, 4 da madrugada. Caminhei pelo pequeno cais que há defronte o ambulatório, feito de tábuas semiapodrecidas. Um silência tomava conta da comunidade, algumas casinhas com as luzes acesas brilhando apenas o suficiente que as velas permitem, um cachorro deitado sobre as tábuas e o silêncio profundo de todo esse povo. Não podia deixar de me sentir feliz por ter ajudade a mãe e a seu filho. Um orgulho sadio tomou conta de minha alma e ao sentir tudo isso não podia deixar de me perguntar:

Caramba, saberia Fidel a exata dimensão do bem que fez à humanidade? Acaso imaginaria que em uma pequeníssima comunidade do estado mais pobre da Venezuela frente ao rio Orinoco, às 4 da madrugada, existe um médico filho da ELAM (Escola Latino-americana de Medicina) salvando gente que havia sido esquecida por todos? Poderia ele comprender o quanto dele se necessita, quanto se necessitam de homens como ele para trazer conforto aos seres humanos? Entenderia que não há palavras suficientes para qualificá-lo? E por caso, saberia a criança algum dia que se não fosse por Fidel Castro ela mesma não estaria viva?

|Ou seja, sem Revolução não haveria ELAM, sem ELAM eu não teria sido médico, e se eu não estivesse aqui, no momento em que a mãe começou a ter convulsões e não tivesse agido a tempo, a criança provavelmente iria morrer e talvez também a mãe. Foi então, Arleen, que senti mais que nunca o orgulho de todos os internacionalistas cubanos, os que partiram para a Argélia nos anos 1960, os que foram ao Congo, os que estiveram com Che na Bolivia, os que lutaram em Angola, e senti um frio na barriga, Arleen, quando me inteirei de que agora sou um internacionalista cubano também… um soldado, um revolucionário, às ordens da Revolução cubana, e desse incrível gigante, Fidel Castro

Se algo não se entender disto que estou escrevendo de maneira apressada, é que o desejo de compartilhar tudo com você é muito forte e não posso deixar para depois. Além do mais, já estão batendo à porta, chamando pelo médico, parece que trazem um menino com desidratação. Tenho de atender. Cuide-se muito por aí, obrigado pelas palavras tão belas. Sim, é claro que pode divulgar o meu correio eletrônico, não há qualquer problema. um beijo grande.

Marcus

Os homens do ano

por Arleen Rodriguez

3 janeiro 2011 .

Desde uma comunidade indígena chamada Nabasanuka, no estado Delta Amacuro, Venezuela, me escreve amiúde Marcus Dutra, jovem médico brasileiro formado na ELAM. Está  feliz de servir em um desses povoados de cuja existência nada sabíamos - na verdade nem saberíamos - a não ser pelas circunstâncias que o levaram, e antes outros como ele, até o delta do majestoso rio Orinoco: a Revolução Bolivariana e o horizonte infinito dos sonhos cumpridos de Fidel.

Os correios eletrônicos de Marcus  têm um certo parentesco com os de um grupo de jovens italianos aos quais conheci no ano passado durante uma conferência solidária. O que haviam lido sobre a Brigada Henry Reeve no Paquistão e outras regiões devastadas por fenômenos naturais, os inspirou a fomentar uma aproximação fraterna. Queriam aprender dos nossos a arte de desenvolver energias e esperanças, porque é o que teriam desejado para as vítimas e os danificados do terremoto de L'Aquila, que em abril de 2009 deixou centenas de mortos nesta zona do centro de seu país.

Liurka Rodríguez, colega e diplomata no Haiti também enche minha caixa de relatos sobre a desafiadora realidade dessa nação, onde Cuba, médicos e ELAM constituem-se em sinais envaidecedores de distinção humana para com um povo a quem outros só lhes reservam armas, desprezo e, às vezes, piedade e esmolas.

Conheço bem os rostos que Gladys Rubio e El Loquillo nos trouxeram em casa em seu comovedor documentário sobre a proeza mais recente no Haiti. Vi-os antes em outras reportagens de meus colegas nos cinco continentes. Tive-os por perto nos morros de Caracas e nos áridos vales bolivianos.  Comoveram-me até as lágrimas, ao ver os pais olhar uma e outra vez as fotos e as cartas de seus filhos, penduradas nas paredes dos quartos improvisados a milhares de quilômetros de suas casas, onde estão fazendo história sem que eles mesmos saibam e sem que o resto do mundo o saiba.

Como escreveu Fidel, é valente e ousada a jornalista que os chama de herois. Em nossa aldeia global, onde o heroismo parecia ter ficado apenas nos livros e nas lendas e onde a publicidade persistente e maçante entretem e estupidifica a milhões, convidando-os a ser e parecer com as estrelas de cinema ou eventualmente as do esporte, meter-se até na lama, arriscar a própria vida para salvar outras, parece coisa de missionários loucos que os 'mass midia' não estão interessados em mostrar porque não cumprem com seus padrões de beleza.

Porque não há que se falar ou pensar sobre o silêncio ou a subestimação do verdadeiro heroismo. Os poderosos seguirão escondendo essa verdade enquanto puderem, porque ela guia o mundo no sentido inverso ao que eles estão encaminhando, aqueles que fizeram da medicina e dos medicamentos negócios florescentes e artigos de luxo, uma enorme vergonha para esta que se supõe civilizada época.

Muitos que escrevem seus comentários a respeito das Reflexões de Fidel, se perguntam como é que seu autor não ganhou ainda um Prêmio Nobel por essa ideia maravilhosa que, viajando no sentido contrário das tendências egoistas e predatórias que o mercado impôs ao planeta, melhora e cura, enobrece e salva, não a centenas e sim a milhões de pessoas, sem distinção de etnia, classe social, idade, ideias.

Teremos de esperar outro século, talvez, para que premie o justo, o humano e o verdadeiro? Por ora, seria bom que anotemos em nossas crônicas, como fazem os contadores que apontam em seus livros de deve e haver, o que amanhã a Humanidade irá reconhecer.

Deixemos assentado que, como há meio século, Fidel foi o Homem do Ano 2010. Porque regressou como a ave Fênix, renascido e vital, sacudindo o mundo com premonições que só não se cumpriram por sua oportuna advertência. E que entrou no Novo Ano fazendo-nos ver o que se faz e o que se está ainda por fazer em materia de sensibilidade e compromisso com as vidas que outros consideram desprezíveis porque ninguém paga por elas.

Sim, Fidel foi o Homem do Ano no mundo, como Raúl foi o Homem do Ano em Cuba, com a sacudidela que nos vem dando a todos para que se salve o nosso projeto de sociedade mais humana, essa que outros Homens e Mulheres do Ano -médicos e médicas, enfermeiros e enfermeiras, terapeutas físicos e da alma- em qualquer rincão do planeta expandem com seu esforço, como prova de que é possível salvar-se e salvar o mundo do egoismo, essa epidemia que leva séculos expandindo-se e seguramente custará outros séculos para ser vencida.

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Un niño del Delta Amacuro. Foto: Marcus Dutra

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Niños. Foto: Marcus Dutra

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Lo que se ve desde mi ventana. Foto: Marcus Dutra

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El caserío al pie del Orinoco.

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El nombre del río es de origen tamanaco, quienes lo llamaban Orinucu.. Foto: Marcus Dutra

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El día a día. Foto: Marcus Dutra.

Integração da América do Sul: antecedentes e perspectivas

 

 

22.01.2011

A integração sulamericana - que se converteu num objetivo fundamental da atual política externa brasileira - é mais que uma questão econômica, ela é um fenômeno de longa duração, expressão de um destino histórico. A crescente incorporação do Brasil nesta frente sulamericana, tão desprezada historicamente pela nossa oligarquia, é um fator decisivo para viabilizar este projeto histórico. Toda a região espera do Brasil que ele assuma uma liderança histórica a favor da integração regional. O artigo é de Theotonio dos Santos.

Por  Theotonio dos Santos (*)

Data: 19/01/2011

Nos últimos anos vem se enraizando no país uma enorme procura de cursos de relações internacionais que têm condições de realizar uma rigorosa seleção de seus alunos, em geral de boa qualidade intelectual, conhecimento de línguas e bons conhecimentos gerais. O interesse demonstrado por estes estudantes pela atual política exterior do Brasil vem motivando a criação de disciplinas sobre a integração da América do Sul. No semestre passado tive a oportunidade de realizar um curso sobre a integração regional no cursode relações internacionais da UFF, com o apoio do doutorando Sérgio Sant´Ánna.

Nesta disciplina, procuramos demonstrar uma tese central: a integração sul americana - que se converteu num objetivo fundamental da atual política externa brasileira - é mais que uma questão econômica, ela é um fenômeno de longa duração, expressão de um destino histórico. O continente americano, antes da chegada truculenta de Cristóvão Colombo, abrigava uma população de cinqüenta a setenta milhões de habitantes que estavam relativamente integrados, sobretudo através das conquistas Astecas no sul da América do Norte e do avanço do império Inca na região Andina. Sabemos hoje também que a região amazônica integrava cerca de cinco milhões de habitantes e havia uma alta comunicação destes impérios no seu interior, entre eles e entre os povos que não estavam incorporados a eles.

A violenta colonização espanhola e portuguesa ( além das incursões de outros centros imperiais europeus) buscou administrar esta vastíssima região articulada demográfica, econômica, social e culturalmente sob uma direção única, ao mesmo tempo que buscou reorientar suas economias para o mercado mundial em expansão no séculos XV ao XVIII sob a égide do capitalismo comercial-manufatureiro. Nas regiões de menor densidade das populações naturais assistimos o fenômeno do comercio de escravos, trazidos da África em condições infra-humanas.

A luta pela libertação das Americas rompeu esta dimensão continental. As colônias inglesas conseguiram sua libertação já no século XVIII, inspiradas numa ideologia liberal e republicana que vai revolucionar o mundo no final do século, através da Revolução Francesa e sua expansão por toda Europa e pelas suas colônias, particularmente no Caribe. A onda democrática por ela deflagrada chegou à América espanhola e portuguesa sob a forma da invasão napoleônica que defagrou a gesta impendentista que cumpre agora 200 anos. A pesar de iniciar-se nos cabildos das colônias espanholas, ela percorreu toda a região numa concepção unitária da qual Bolívar foi o intérprete máximo. No Brasil com a vinda da corte Portuguesa em 1808 foi mantida a unidade em torno do príncipe português que declarou a independência,

Não devemos esquecer contudo as várias rebeliões indígenas como a tentativa de Tupac Amaru de reconstruir o império Inca ou as revoltas afro-americanas sob a forma de quilombos cujo mais representativo foi o de Zumbi dos Palmares. Não faltaram também brotos rebeldes contra a colonização ou mesmo propostas independentistas lideradas por uma já poderosa oligarquia local (insurgência de Minas Gerais -Tiradentes).

A América Hispánica surgiu unida, mas deixou-se dividir pelos interesses das oligarquias exportadoras locais, da expansão britânica sobre o comercio da região e em função dos interesses dos Estados Unidos recém formados. O conjunto dessas forças vai fortalecer as articulações regionais voltadas para o comércio e apoiadas no liberalismo econômico.

A região se dividiu assim entre duas grandes doutrinas. De um lado, o bolivarianismo buscou preservar a unidade continental na busca da formação de uma grande nação, pelo menos sul americana. Do outro lado, a doutrina Monroe buscou afastar a presença britânica e européia em geral sob a consigna de "a América para os americanos".

De um lado, Bolívar foi derrotado, mas o bolivarianismo continuou a desenvolver-se como expressão desta historia secular e multidimensional ( hoje em dia as descobertas arqueológicas do Caral, no norte do Peru, nos remetem a uma civilização altamente desenvolvida há cinco mil anos, cuja continuidade é realmente impressionante ao ser cultivada até hoje, ainda que secretamente, pelos seus descendentes indígenas). Do outro lado, os Estados Unidos não pode ser fiél à sua pretensão pan-americana.

Cumprindo a previsão de Bolívar, segundo a qual os Estados Unidos estava destinado a confrontar a América Latina, invadiu o México e se apropriou de metade de seu território, realizou várias intervenções militares na América Central e no Caribe (a participação dos Estados Unidos na guerra de independência de Porto Rico e Cuba deu origem à incorporação de Porto Rico como uma colônia e, ao fracassar a ocupação de Cuba, ao estabelecimento da base militar de Guantánamo, a maior de suas milhares de bases militares espalhadas pelo mundo). O mesmo papel desempenhou a construção do canal de Panamá que separou esta região da Colômbia e tantas outras intervenções brutais que foram se deslocando inclusive para a América do Sul na medida em que as ambições imperialistas dos Estados Unidos foram se ampliando.

Foi assim como os Estados Unidos tiveram que renunciar na prática à sua doutrina panamericana incorporando diretamente ou sob a misteriosa condição de Estado Associado aos americanos do norte (América Francesa) e do Sul (México, Porto Rico) e tornando-se aquele monstro que Marti e Hostos, Mella e Sandino e tanto outros pensadores e lutadores latinoamericanos identificaram. Para manter esta dominação, os Estados Unidos tiveram que realizar em torno de 150 intervenções militares assim como apoiar golpes de Estado locais e ditadores a seu serviço.

Nossas oligarquias exportadoras ou aquelas ligadas ao capital internacional percebem os Estados Unidos como um aliado quase incondicional mas os povos da região se sentem muito mais identificados com a visão bolivariana. Assim também se sentiram os novos empresários, sobretudo industriais, voltados para o mercado interno da região. Eles sempre viram como importante a unificação dos mercados regionais. Muitos intelectuais vêem a uniade regional como um fenômeno cultural indiscutível. Apesar da imposição do Panamericanismo pelos Estados Unidos, continuam atuando forças regionais que aspiram uma maior integração da mesma.

Depois de várias ofensivas os aos 20 e 30, inspiradas em geral na Revolução Mexicana, foram estas forças sociais que, em 1947, se uniram em torno da idéia de formar nas Nações Unidas uma Comissão Econômica da América Latina (CEPAL), contra a qual se colocou infrutuosamente o governo norte-americano. A CEPAL não somente serviu de base para mobilizações diplomáticas mas converteu-se também e sobretudo no centro de um pensamento alternativo que se diferenciava teórica e doutrinariamente da Organização dos Estados Americanos (OEA), do FMI e do Banco Mundial. Foi sob sua inspiração que se criou a ALALC em 1960. Iniciativa que os Estados Unidos responderam com a criação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com a Aliança para o Progresso, a USAID e outras iniciativas diplomáticas e de segurança de inspiração Panamericana.

As duras limitações destas experiências na região foram abrindo caminho para uma concepção mais radical e mais profunda do processo socioeconômico e político regional. A teoria da dependência permitiu questionar os limites da pretensão de nossas burguesias de reproduzir em seus países as experiências de crescimento econômico e desenvolvimento sócio-economico ocorrido no centro do sistema econômico mundial. A nossa história mostrou que não éramos povos atrasados que não conseguiram modernizar-se e sim havíamos participado deste processo de acumulação primitiva capitalista numa posição subordinada a serviço dos interesses do grande capital internacional cujo centro estava nos paises que comandavam a acumulação primitiva de capitais.

A partir deste momento podemos contar uma história muito interessante da resistência mais ou menos radical latino americana. Vários estudos nos contam boa parte desta história ao levantar de maneira mais ou menos didática os antecedentes e as perspectivas de um esforço integracionista regional que avança a passos largos, apesar da tentativa sistemática de um pensamento dependente e subordinado insistir em ignorar todos estes passos que formam uma interessantíssima acumulação de experiências que ganhou uma intensidade extremamente rica nestes últimos anos, conseqüência em parte da diminuição da hegemonia dos Estados Unidos sobre a economia mundial. É assim que assistimos inclusive uma presença crescente de outras regiões antes totalmente ausentes de nossa história como a China que vem se convertendo no principal parceiro comercial e mesmo líderes de investimentos de vários paises da região.

A crescente incorporação do Brasil nesta frente latino americana, tão desprezada historicamente pela nossa oligarquia, é um fator decisivo para viabilizar este projeto histórico. Toda a região espera do Brasil que ele assuma uma liderança histórica a favor da integração regional. Uma parte significativa da população brasileira já aderiu a esta idéia e o governo Lula conseguiu substanciar esta meta histórica ao criar a Unasul, ao apoiar o Banco do Sul e ao tomar posições políticas sempre favoráveis aos interesses regionais.

O governo Dilma deve dar continuidade a estas mudanças buscando dar-lhe maior eficiência e eficácia. A Constituição brasileira já havia consagrado a nossa definição estratégica por uma relação privilegiada com a América Latina, seguida da África. Caminhamos assim para uma política de Estado a favor da integração regional assim como fortalecemos nossa decisão histórica de exercer um papel unificador das duas bandas do Atlântico Sul. Só falta agora que as nossas Universides e nosso ensino em geral tomem consciência do seu papel na criação de uma consciência regional. Da grande imprensa podemos esperar pouco. Ela é propriedade das mais retrógradas oligarquias regionais que se opõem radicalmente à integração regional e a um papel protagônico do Brasil em qualquer campo. Não está na hora das forças progressistas da região se unirem para criar e articular uma imprensa escrita, falada e virtual que cuide dos interesses da região e dos seus povos?

(*) Professor emérito da UFF. Professor visitante nacional sênior da UFRJ. Presidente da cátedra UNESCO/ UNU sobre economia global e desenvolvimento sustentável (www.reggen.org.com.br). / theotoniodossantos.blogspot.com/

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

50 anos da morte de Patrice Lumumba

Estimados,

há 50 anos o dirigente congolês Patrice Lumumba foi assassinado por agentes do colonialismo belga e do imperialismo estadunidense.
Lumumba é certamente um herói africano, mas também um exemplo para a luta pela libertação de todos os povos subjugados e espalhados pelo mundo.
Viva Lumumba! Viva a luta contra todas as formas de opressão!
Remeto um trecho da carta que escreve para a esposa, desde o cárcere e pouco antes de morrer

«(...) Não estamos sós. A África, a Ásia e os povos livres e libertados de todos os cantos do mundo estarão sempre ao lado dos milhões de congoleses que não abandonarão a luta senão no dia em que não houver mais colonizadores e seus mercenários no nosso país. Aos meus filhos, a quem talvez não verei mais, quero dizer-lhes que o futuro do Congo é belo e que o país espera deles, como eu espero de cada congolês, que cumpram o objectivo sagrado da reconstrução da nossa independência e da nossa soberania, porque sem justiça não há dignidade e sem independência não há homens livres.
«Nem as brutalidades, nem as sevícias, nem as torturas me obrigaram alguma vez a pedir clemência, porque prefiro morrer de cabeça erguida, com fé inquebrantável e confiança profunda no destino do meu país, do que viver na submissão e no desprezo pelos princípios sagrados. A História dirá um dia a sua palavra; não a história que é ensinada nas Nações Unidas, em Washington, Paris ou Bruxelas, mas a que será ensinada nos países libertados do colonialismo e dos seus fantoches. A África escreverá a sua própria história e ela será, no «Norte e no Sul do Sahara, uma história de glória e dignidade.
«Não chores por mim, minha companheira, eu sei que o meu país, que sofre tanto, saberá defender a sua independência e a sua

Não existem fronteiras na luta contra a opressão!