quinta-feira, 31 de março de 2011

CARTA ABERTA AO POVO BRASILEIRO - II Encontro Nacional dos Estudantes Brasileiros de Medicina em Cuba

EM DEFESA DO SUS, ESTUDANTES DE MEDICINA EM CUBA

REALIZAM II ENCONTRO NACIONAL

Durante os dias 25, 26 e 27, realizou-se o II Encontro Nacional dos

Estudantes Brasileiros de Medicina em Cuba, no Acampamento Internacional

“Julio Antonio Mella” (CIJAM), Município Caimito, Província Artemisa.

O evento contou com a participação de 130 delegados eleitos entre

os quase 600 estudantes brasileiros. Com o objetivo de debater assuntos

internos da organização, a solidariedade a Cuba e a inserção dos egressos da

ELAM ao Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.

A abertura do evento

contou com a presença do Reitor da

ELAM, Dr. Juan Carrizo Estevez, do

primeiro secretário da Embaixada do

Brasil em Cuba, Túlio Amaral Kafuri,

do professor Dr. Marco Aurélio da

Ros (UFSC), da professora Maria

Auxiliadora Cesar, coordenadora do

Núcleo de Estudos Cubanos da UnB,

do presidente da OCLAE, Yeovani

Chachaval, dos Diretores de atenção

ao Brasil e Atenção a Estudantes

Estrangeiros do Instituto Cubano de

Amizade com os Povos (ICAP), Fabio

Simeón e Bárbara Diaz,

respectivamente e da representação

do CIJAM.

Durante a abertura os estudantes apresentaram uma Moção de

Solidariedade a Cuba, exigindo a libertação imediata de Ramón, Gerardo,

René, Fernando e Antonio, os cinco lutadores anti-terroristas cubanos presos

nos EUA, o fim do bloqueio a Cuba, o fechamento da Base de Guantánamo e o

cesse da Agressão Imperialista a Líbia.

No sábado 26, o Professor Dr. Marco Aurélio da Ros, participou de

um frutífero encontro com os estudantes, no qual se debateu o tema “Reforma

Sanitária no Brasil, passado, presente e perspectivas”. Os trabalhos seguiram

pela tarde em Grupos Temáticos sobre: Solidariedade a Cuba, Reforma

Sanitária, sobre Extensão Universitária (o papel das Brigadas Estudantis de

Saúde), a inserção na Associação Medica Nacional – Maria Fachini e sobre a

revalidação dos diplomas no Brasil.

No domingo, os estudantes debateram com a professora Maria

Auxiliadora (NESCUBA) e com o companheiro Fabio do ICAP sobre a história

do movimento de solidariedade a Cuba no Brasil.

Os trabalhos se encerraram com a aprovação do novo estatuto da

ABEMEC e com a aprovação de uma “Carta aberta ao povo brasileiro”.

Nésio Fernandes de Medeiros Junior.

Secretário de Comunicação da ABEMEC – Pólo Havana.

Carta aberta ao povo brasileiro.

Segue moção aprovada.



Cidade de Havana, 28 de março de 2011.



Presidente ABEMEC – Pólo Havana, Thiago Ponciano,

Reitor da ELAM, presidente da OCLAE, Yeovani

Chachaval, Dr. Juan Carrizo Estevez, do primeiro

secretário da Embaixada do Brasil em Cuba, Túlio

Amaral Kafuri.



No ano de 1998, quando os

furacões George e Mitch provocaram

grandes destruições em centro-américa,

suplantando a capacidade de resposta civil

e governamental aos desastres naturais, o

governo cubano decidiu fundar uma

Escola Internacional para a formação de

médicos, 100% pública, 100% gratuita, aos

jovens dos países periféricos, com o

objetivo de atender aos excluídos dos

sistemas de saúde precarizados e

privatizados. Um ano depois se cria a Escola Latino-americana de Medicina

(ELAM).



A partir da próxima graduação seremos mais de 10.000 médicos,

oriundos de 116 países de Ásia, África, Oceania e América, formados por esse

projeto. Até o momento os médicos formados pela ELAM estão participando de

importantes projetos sociais em inúmeros países de América.

No Haiti existe uma cooperação tripartite entre os governos de

Cuba-Brasil-Haití, onde mais de 680 médicos formados em Cuba, trabalham

atendendo gratuitamente ao povo haitiano, atingido pelo terremoto mais forte

conhecido pela história contemporânea do continente e que agora sofre uma

importante epidemia de cólera.



No Equador, jovens formados em Cuba participam de uma Missão

governamental chamada “Manuela Espejo”, estão fazendo o levantamento em

todos os rincões desse país das pessoas com deficiência física e mental,

levando assistência médica integral a todo o interior equatoriano.



Na Venezuela, jovens formados pela ELAM participam de um projeto

Governamental chamado “Batalhão 51”, em homenagem aos primeiros 51

venezuelanos formados pela ELAM, que atende a populações ao longo da

Amazônia venezuelana e outras regiões afastadas desse país.

Poderíamos citar exemplos do trabalho dos médicos latinos

formados em Cuba, em Nicarágua, México, Honduras, Guatemala, Peru,

Bolívia e em muitos outros países de América.



E no Brasil, país mais rico da América Latina, que possui mais de

568 municípios sem nenhum médico e mais de 1500 sem médico fixo, onde

crianças morrem por enfermidades infecciosas, desidratação, e outras

enfermidades previníveis, facilmente tratáveis se atendidas prontamente, no

qual a mortalidade infantil está em torno de 20 por mil nascidos vivos, sendo

que no nordeste, por exemplo, chega a 34,4 por mil nascidos vivos, muito

diferente de Cuba com 4,5 por mil. Além disso, são milhares os pacientes da

terceira idade, portadores de doenças crônicas não transmissíveis, como a

Hipertensão Arterial e a Diabetes, sem atenção médica devida. A inserção dos

estudantes formados em Cuba e em outros países no Brasil tem sido

dificultada por barreiras corporativas de setores reacionários e mentirosos, que

até hoje não assumiram a responsabilidade de levar o direito à saúde a todo o

povo brasileiro.



A medicina no Brasil hoje é controlada pelo Complexo Médico-

Industrial: “empresários da saúde”, corporações farmacêuticas e de tecnologia

médica que influenciam a formação médica, de forma que nossos médicos são

educados a interpretar “exames complementares”, sem tocar nem olhar o

paciente, sem entrevista-lo, nem menos dedicar-lhe atenção psico-social. A

medicina brasileira esta mercantilizada e desumanizada.



Nós, estudantes da Escola Latino-Americana de Medicina, vimos a

público colocar-nos a disposição da sociedade e dos poderes públicos de todos

os níveis da federação para a realização de um Plano Integral de Inserção ao

Sistema Único de Saúde (SUS), que permita a inserção de médicos formados

no Brasil e no exterior, dispostos a levar o acesso à saúde e qualidade de vida

às famílias hoje excluídas da assistência médica.



O Sistema Único de Saúde é a bandeira mais ousada que o

movimento popular brasileiro construiu com muita luta e articulação no século

passado. Desde a sua aprovação na constituição cidadã e da incompleta

regulamentação posterior, tem sofrido ataques constantes que ameaçam

destruir e descaracterizar o maior sistema de cobertura médica do mundo. Por

conta do reconhecimento das patentes internacionais sobre os medicamentos,

a demora para aprovação da Emenda Constitucional 29, a derrubada da

CPMF, a legalização das Fundações e a entrega do serviço de saúde às

Operadoras de Serviço, o SUS necessita cada vez más ser defendido e tornarse

uma realidade.



O Brasil, que possuí um desenho formal do sistema de saúde mais

completo que outros países da região, gasta menos per capita que países

vizinhos como Argentina e Chile.



Nós, estudantes de medicina da Escola Latino-americana de

Medicina, reunidos em nosso II Encontro Nacional em Cuba, vimos a público

manifestar nosso compromisso de tornar o Sistema Único de Saúde uma

realidade para o povo brasileiro. Convidamos a sociedade para juntar-se a nós

na defesa de um SUS verdadeiramente para todos.

27 de março de 2011. Caimito, Província Artemisa, Cuba.











MOCIÓN DE APOYO A CUBA



Desde el año de 1999, cuando nuestro Comandante en Jefe Fidel anunció la creación

de un proyecto de formación de médicos para los pueblos de América, la juventud brasileña ha

tenido la oportunidad de ser partícipe de la formación de un médico de nuevo tipo para construir

una sociedad de nuevo tipo.



Nuestra generación creció en un periodo de ofensiva neoliberal e imperialista contra

los pueblos del mundo. Sin embargo, Cuba, ha sido en todos estos años una guía, ejemplo y

aliento para todos los que luchan y sueñan con un mundo nuevo y justo. Mientras en el pasado

compañeros de la antigua Unión Soviética capitulaban, se alejaban del pueblo y abandonaban el

internacionalismo socialista, la pequeña y valiente Cuba, permanecía profundamente involucrada

con la lucha por la liberación de los pueblos del 3er mundo. Hoy, Cuba está presente a través de la

cooperación médica, en más de 60 países subdesarrollados. La Escuela Latinoamericana de

Medicina ha formado y continúa formando miles de jóvenes para atender a los excluidos de

nuestros sistemas de salud mercantilizados. Por todo eso, el Imperialismo norteamericano y

europeo no perdona a Cuba. Carecen de motivos reales para atacarla, se los inventan.



A partir del 11 de septiembre del 2001, han estructurado una nueva ofensiva contra

todo lo que huela cambio, soberanía, democracia. Usan las viejas y podridas estructuras de los

Organismos Internacionales para agredir a los pueblos: a la ONU para hacer su juego político

sucio; a la OTAN y al Consejo de Seguridad, para agredir militarmente; al FMI y al Banco Mundial,

para imponer políticas económicas neoliberales; a la OMC, para transformar todo en mercancía: la

salud, la educación, el conocimiento.



Hoy presenciamos como las verdades históricas son irrefutables. Como dijo él Che,

“en el Imperialismo no se puede confiar ni un tantico así”. Barack Obama es la mayor estafa del

siglo que empieza. El complejo militar-industrial, el capital financiero y el complejo médico-industrial

mandan en la política norteamericana. En estos momentos los civiles que supuestamente eran

víctimas del Presidente Kadafi, son masacrados por una agresión militar imperialista, legitimada

por la ONU.



El mantenimiento del Bloqueo norteamericano y la Ocupación de la Base Militar de

Guantánamo, representan la continuidad de una política de agresión a Cuba que no ha sido capaz

de doblegar a este pueblo. La no excarcelación de Ramón, Gerardo, René, Fernando y Antonio;

luchadores anti-terroristas que dedicaron su vida para proteger su pueblo de las agresiones de la

mafia terrorista anti-cubana, y la protección a terroristas confesos, como Posada Carriles y Orlando

Bosh, demuestra la inmoralidad de quien pretende hacer una supuesta “cruzada anti-terrorista por

el mundo”.



Por todo eso, nosotros estudiantes brasileños de medicina en Cuba reunidos en

nuestro II Encuentro Nacional, EXIGIMOS:



1 – El levantamiento del Bloqueo Norteamericano a Cuba.

2 – La liberación inmediata de los 5 héroes cubanos.

3 – La retirada inmediata de la Base Militar de Guantánamo, así como el cese del uso

de la tortura a sus prisioneros.

4 – El cese inmediato de los bombardeos al pueblo de Libia.



¡Viva la Revolución Cubana!

¡Viva la Escuela Latinoamericana de Medicina!

¡Vivan Fidel y Raúl!

¡Viva el valiente pueblo de Cuba!



25 de marzo del 2011. Caimito, Provincia de Artemiza - Cuba.

ONU: Traição e hipocrisia contra a Líbia

29/3/2011, Felicity Arbuthnot, Palestine Chronicle

http://www.palestinechronicle.com/view_article_details.php?id=16730



“Se você quer uma imagem de como será o futuro,

imagine um coturno militar esmagando a cabeça de um homem – para sempre.”

-- George Orwell.



A Líbia começará [começou] a ser atacada no dia, ou quase no dia, que marca o 8º aniversário do início da destruição do Iraque, 20 de março, pelo calendário europeu. E, como o Iraque, a Líbia também será destruída – escolas, sistema educacional, sistema de água, a infraestrutura, os hospitais, os prédios públicos. Haverá quantidade enorme de “trágicos erros”, “danos colaterais”, pais, mães, crianças, filhos, irmãos, bebês, avós, avôs perdidos, e serão inauguradas escolas para mutilados, para cegos, para surdos e o rol completo das ações humanitárias, que sempre vêm depois que os países são destruídos, arrasados. E, com o tempo, a história da Líbia, como aconteceu no Iraque e no Afeganistão, será apagada da memória humana.



A infraestrutura nacional destruída e com as sanções e embargo vigentes, nenhuma reconstrução será possível sem a participação dos “libertadores” ocidentais. EUA, Grã-Bretanha e França se reunirão e decidirão que o país tem de ser “estabilizado” antes de ser “reconstruído”: a destruição da Líbia, como a destruição do Iraque não tem história; é como se não tivesse acontecido. Em seguida, os mesmos EUA-França-Grã-Bretanha se (re)instalarão na Líbia, neossenhores dos campos de petróleo, das refinarias, da água. O povo líbio será apenas uma inconveniência, um incômodo; bem rapidamente, com a ajuda dos jornais e televisões, o povo líbio passará a ser chamado de “o inimigo”. Então haverá “insurgentes”, “terroristas”, e o povo líbio será morto a tiros, ou em antros de tortura – e EUA-França-Grã-Bretanha instalarão na Síria um governo-fantoche seu aliado.



Os invasores e ocupantes invadem e ocupam com exércitos, mas também com suas empresas, e algumas daquelas empresas serão premiadas com contratos “de reconstrução”. O dinheiro – como o dinheiro líbio que já foi confiscado e está congelado em bancos também invasores e ocupantes – como que desaparecerá sem deixar rastros. E a ação humanitária de EUA-França-Grã-Bretanha na Líbia deixará sobre a terra exclusivamente seu rastro de ruínas, roubos e mortes.



E as televisões e rádios em toda a Europa e nos EUA festejarão a “ação humanitária do ocidente” e da “coalizão internacional”, como aconteceu no Iraque. Europeus e norte-americanos voltarão para casa, certos de que não lhes choverão bombas sobre o telhado, que os bebês não terão surtos de tremores incontroláveis, que não acordarão no meio da noite, aos gritos, em pânico, ao mais remoto sinal de som de algum avião que cruze o céu.



Estamos assistindo à operação “Choque e pavor” versão Líbia. Vergonha. Só vergonha cobre hoje os EUA, a França, a Grã-Bretanha e a ONU. É mentira que tenham sequer tentado “salvar do horror da guerra sucessivas gerações”.



Cada viúva, cada criança morta ou mutilada para sempre, na Líbia, como no Iraque, terão esses nomes – EUA, França, Grã-Bretanha, ONU – gravados a fogo na própria carne, para sempre. Para toda uma geração de árabes, de fato, em todo o mundo, EUA, França, Grã-Bretanha e ONU já são sinônimos de morte.



E a imprensa divulgará os ataques que o ocidente move contra povos soberanos, ataques de guerra, gestos assassinos – como se fossem gestos de amizade, para levar democracia, para libertar a Líbia do “novo Hitler”, do “açougueiro de Bengazi”.



Os mesmos países que se associaram em gangue, dessa vez, para derrubar o governo soberano da Líbia, pode-se dizer, repetem os crimes que já foram julgados e condenados em Nuremberg: “Supremo crime internacional, que só difere de outros crimes de guerra porque carrega em si o mal acumulado de todos os crimes contra todos os povos”. De diferente que, dessa vez, embora os criminosos sejam os mesmos de sempre, a vítima é outra. O governo da Líbia é governo soberano. Nenhuma falsa “legalidade” que esconde o próprio crime por trás de uma ‘resolução’ arrancada à ONU por chantagem enganará todos, por muito tempo. O mundo já viu o que agora apenas se repete.



No que tenha a ver com os salvadores ocidentais de povos árabes e portadores de ‘democracia’ à ponta de sabres, muito cuidado com o que se pede a Deus. Em seis meses, a maioria dos líbios, e por pior que tenha sido a história dos últimos 40 anos, estarão maldizendo o dia em que entregaram seu país aos invasores, ocupantes, assaltantes de sempre.

quarta-feira, 30 de março de 2011

A guerra fascista da OTAN

29/03/2011 -

Fidel Castro Ruz
Havana


Não era necessário ser adivinho para saber o que previ com rigorosa precisão em três Reflexões que publiquei no site do CubaDebate, entre 21 de fevereiro e 3 de março: “O plano da OTAN é ocupar a Libia”, “Dança macabra de cinismo”, e “A guerra inevitável da OTAN”.



Nem sequer os líderes fascistas da Alemanha e Itália foram tão sumamente descarados na sequência da Guerra Civil Espanhola desencadeada em 1936, um episódio que muitos talvez tenham recordado nestes dias.



Desde então, transcorreram quase exatamente 75 anos; mas nada que possa parecer com as mudanças que aconteceram em 75 séculos, ou se quiserem, em 75 milênios da vida humana em nosso planeta.



Às vezes parece que quem opina serenamente sobre estes temas, é exagerado. Eu me atreveria a dizer que, ao contrário, somos ingênuos quando supomos que todos deveríamos estar conscientes do engano ou da colossal ignorância para a qual a humanidade tem sido arrastada.



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Existia em 1936 um intenso enfrentamento entre dois sistemas e duas ideologias aproximadamente equiparadas em seu poder militar.



As armas então pareciam de brinquedo comparadas com as atuais. A humanidade tinha garantida a sobrevivência, apesar do poder destrutivo e localmente mortífero das mesmas. Cidades inteiras, e inclusive nações, podiam ser virtualmente arrasadas. Mas jamais os seres humanos, em sua totalidade, podiam ser várias vezes exterminados pelo estúpido e suicida poder desenvolvido pelas ciências e as tecnologias atuais.



Partindo destas realidades, são vergonhosas as notícias que se transmitem continuamente sobre o emprego de potentes foguetes dirigidos por laser, de total precisão; caças-bombardeiros que duplicam a velocidade do som; potentes explosivos que fazem explodir metais endurecidos com urânio, cujo efeito sobre as populações e seus descendentes perdura por tempo indefinido.



Cuba expôs na reunião de Genebra sua posição a respeito do problema interno da Líbia. Defendeu sem vacilar a ideia de uma solução política ao conflito nesse país, e se opôs categoricamente a qualquer intervenção militar estrangeira.



Em um mundo onde a aliança dos Estados Unidos e das potências capitalistas desenvolvidas da Europa se apropria cada vez mais dos recursos e do fruto do trabalho dos povos, qualquer cidadão honesto, seja qual for sua posição diante do governo, se oporia à intervenção militar estrangeira em sua pátria.



O mais absurdo da situação atual é que antes de começar a brutal guerra no norte da África, em outra região do mundo, a quase 10 mil quilômetros de distância, tinha ocorrido um acidente nuclear em um dos pontos mais densamente povoados do planeta depois de um tsunami provocado por um terremoto de magnitude 9, que já custou a um país laborioso como o Japão quase 30 mil vítimas fatais. Tal acidente não teria podido ocorrer 75 anos antes.



No Haiti, um país pobre e subdesenvolvido, um terremoto de apenas 7 graus na escala Richter ocasionou mais de 300 mil mortos, incontáveis feridos e centenas de milhares de lesionados.



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Contudo, o terrivelmente trágico no Japão foi o acidente na usina eletronuclear de Fukushima, cujas consequências ainda estão por determinar.



Citarei apenas alguns títulos das agências noticiosas:



“Ansa - A central nuclear de Fukushima-1 está difundindo 'radiações extremamente fortes, potencialmente letais', disse Gregory Jaczko, chefe da Nuclear Regulatory Commission (NRC), a entidade nuclear estadunidense.”



“EFE - A ameaça nuclear pela crítica situação de uma central no Japão depois do terremoto desencadeou as revisões da segurança das usinas atômicas no mundo e levou alguns países a paralisar seus planos.”



“Reuters - O devastador terremoto do Japão e o aprofundamento da crise nuclear poderia gerar perdas de até US$ 200 bilhões em sua economia, mas o impacto global é difícil de avaliar no momento.”



“EFE - A deterioração de um reator depois do outro na central de Fukushima continuou alimentando hoje o temor de um desastre nuclear no Japão, sem que os desesperados intentos para controlar uma fuga radiativa abrissem um resquício de esperança.”



“AFP - O imperador Akihito expressa preocupação pelo caráter imprevisível da crise nuclear que golpeia o Japão depois do terremoto e o tsunami que mataram milhares de pessoas e deixaram mais de 500 mil sem lar. Informam sobre novo terremoto na região de Tóquio.”



Há despachos que falam de temas ainda mais preocupantes. Alguns mencionam a presença de iodo radiativo tóxico na água de Tóquio, que duplica a quantidade tolerável que as crianças em idade mais tenra podem consumir na capital japonesa. Um dos despachos fala que as reservas de água engarrafada estão se esgotando em Tóquio, cidade situada a mais de 200 quilômetros de Fukushima.



Este conjunto de circunstâncias determinam uma situação dramática para nosso mundo.



Posso expressar meus pontos de vista sobre a guerra na Líbia com inteira liberdade.



Não comparto com o líder desse país concepções políticas ou de caráter religioso. Sou marxista-leninista e martiano, como já me manifestei.



Vejo a Líbia como um membro do Movimento de Países Não-Alinhados e um Estado soberano dentre os quase 200 da Organização das Nações Unidas.



Jamais um país grande ou pequeno, neste caso de apenas 5 milhões de habitantes, foi vítima de um ataque tão brutal pela força aérea de uma organização belicista que conta com milhares de caças-bombardeiros, mais de 100 submarinos, porta-aviões nucleares, e suficiente arsenal para destruir numerosas vezes o planeta. Nossa espécie jamais conheceu tal situação e não existia nada parecido há 75 anos, quando os bombardeiros nazistas atacaram objetivos na Espanha.



Agora, entretanto, a desprestigiada e criminosa OTAN escreverá uma “bela” historieta sobre seu “humanitário” bombardeio.



Se Kadafi faz honra às tradições de seu povo e decide combater, como prometeu, até o último suspiro, junto aos líbios que estão enfrentando os piores bombardeios que um país jamais sofreu, afundará a OTAN e seus criminosos projetos no pântano da ignomínia.



Os povos respeitam e creem nos homens que sabem cumprir o dever.



Há mais de 50 anos, quando os Estados Unidos assassinaram mais de 100 cubanos com a explosão do navio mercante “La Coubre”, nosso povo proclamou “Pátria ou Morte”. Cumpriu, sempre esteve disposto a cumprir sua palavra.



“Quem tente apoderar-se de Cuba – exclamou o mais glorioso combatente de nossa história – só recolherá o pó de seu solo encharcado de sangue”.



Rogo que me desculpem a franqueza com que abordo o tema.

*Artigo originalmente publicado no site Cuba Debate e traduzido pelo portal Vermelho.