O atleta cubano Dayron Robles, medalha de ouro olímpica em Pequim (2008) e recordista mundial (12s87) ganhou a prova dos 110 metros com barreira do Campeonato Mundial de Atletismo de Daegu, Coreia do Sul. Chegou à frente com 13s12, seguido de Jason Richardson (EUA) com 13s16 e Xiang Liu (China) com 13s27. Finda a prova, os atletas se abraçaram e Robles foi abraçado por seus competidores.
A delegação da China recorreu, dizendo que  seu atleta fora tocado e prejudicado por Robles. Duas horas depois vem a  notícia: Dayron Robles desclassificado. Cuba recorreu, mas o recurso foi  indeferido.
Quem vê a prova em câmara lenta - pode ser  vista no You Tube - percebe que de fato Liu é tocado por Robles na passagem da  9ª barreira - são 10 barreiras ao todo. Ocorre que na prova dos 110 metros  com barreiras, o braço contrário à perna que ataca a barreira é sempre estirada  para o lado de modo a manter o equilíbrio. Robles ataca com a perna esquerda,  portanto seu braço direito é estirado para o lado. Liu corria logo à direita de  Robles. Robles estava 2 talvez 3 décimos de segundo à frente do adversário. Seu  pé batia na pista fração de segundo antes. Estavam nos metros finais. A atenção  de Robles estava totalmente fixada na linha de chegada. A de Liu e de outros  também. Robles tem uma chegada muito forte.
O Comitê de Arbitragem julgou que Robles fez  contacto e obstruiu Liu. Considerou que Liu foi prejudicado. Desclassificou  Robles. Mas favoreceu Richardson que vinha nitidamente em terceiro. O atleta  norte-americano ficou com a medalha de ouro e Liu com a de prata. Parece-nos que  foi uma decisão totalmente injusta.
Entrevistado, Dayron Robles afirmou "Numa  prova como os 110 com barreiras sempre se pode chocar, a gente corre muito  junto, a gente abre os braços, sempre há contacto. Já tive corridas que toquei  David Oliver, o mesmo com o chinês Liu e já fui tocado por eles. Isto é normal e  todos os atletas sabem."
Nas provas de meio fundo em que não há  balizamento - 800 metros (a partir dos 100 metros) e 1500 metros é muito comum  haver cotoveladas, 'chega prá lá", esbarrões, empurrões, atletas levados fora da  pista, pisões no calcanhar, atletas caindo, e não se vê  desclassificações.
David Oliver dos Estados Unidos, 5º colocado  na prova, o mais duro adversário de Robles e o melhor tempo da temporada com  12s99, afirmou categoricamente: "Aqueles que pensam que Robles agiu  propositadamente estão loucos e não entendem de atletismo. O contacto é  comum".
Disso tudo, é lícito depreender que se  Dayron Robles fosse de outro país, se não fosse atleta de um país pequeno como  Cuba, ele não teria sido desclassificado.
comentário de Max  Altman
 
 
