sexta-feira, 30 de abril de 2010

Primeiro de maio: mais uma vez os cubanos às praças

OS cubanos se preparam para retornar mais uma vez às praças de todo o país para comemorar o Dia Internacional dos Trabalhadores, desta vez com um entusiasmo renovado.



Como aconteceu durante cinco décadas depois de janeiro de 1959, os homens e mulheres que trabalham participam nessa data em desfiles em massa, levando como consigna principal a defesa dum processo político e social garante de suas conquistas.



Para eles, como expõem seus dirigentes sindicais, ficou atrás os tempos em que marchas e atos públicos eram interrompidos ou impedidos com o uso da força pública por orientação de governos alérgicos às exigências e reclamos da massa operária.



Tratava-se então de conseguir melhores condições de trabalho, fim da exploração por parte de grandes empresários nacionais e estrangeiros e possibilidades de acesso a serviços na época inatingíveis como a saúde e a educação, citando apenas alguns exemplos.



Essas petições foram desaparecendo na medida em que eram ditadas as medidas revolucionárias e registrou-se a metamorfose da data bandeira dos proletários tornada então expressão de respaldo à ação oficial de acordo com os interesses dos trabalhadores.



Desta vez, a Praça da Revolução, na capital, e as restantes praças de toda a nação, estão destinadas a receber novamente inúmeras ondas de cubanas e cubanos com o lema fundamental de respaldar o país perante a campanha da mídia lançada contra ele.



Será, de acordo com os grupos operários, a segunda grande manifestação desse tipo em menos de uma semana, se levarmos em conta o acontecido com mais de 8,2 milhões de votantes nas eleições municipais do passado 25 de abril.



Mas também está chamada a demonstrar com a participação popular multitudinária em todas as províncias a convicção majoritária existente em Cuba do tipo de democracia e direitos que o povo quer e defende.

A guerra contra Cuba: Novos pressupostos e a mesma premissa

28 Abril 2010
José pré-candidatPertierra

Cubadebate

Os presidentes em Washington vêm e vão, mas o propósito das relações exteriores dos Estados Unidos é o mesmo: descarrilar os governos que ousam defender a sua soberania nacional e destruir qualquer revolução que se aventure em um mundo diferente do que está programado por eles. As armas da ofensiva que os Estados Unidos usam contra Cuba têm evoluído ao longo dos últimos 50 anos, porém a guerra é a mesma.



Os cubanólogos de Washington e Miami querem construir como artefato de subversão na ilha um suposto movimento social político: cultivado, irrigado e colhido desde os Estados Unidos. Porém, um genuíno movimento nacional político não se fabrica na capital inimiga. Os partidos e os movimentos não se exportam como mercadoria, porque um partido político não pode ser comprado e vendido como uma lata de spam.

Desde que George W. Bush assumiu a presidência dos Estados Unidos em 2001, o orçamento para criar em Cuba uma oposição social, aliada aos interesses de Miami e da Casa Branca, aumentou astronomicamente: de 3,5 milhões de dólares em 2000 para 45 milhões sob a presidência de Bush em 2008. Bush criou uma comissão em 2003 para "a assistência de uma Cuba democrática". Esta comissão emitiu um documento de mais de 400 páginas em que se propõe a "identificar os meios de acabar rapidamente com o regime cubano e organizar a transição." A política do presidente Barack Obama segue o padrão dessa comissão, e o orçamento criado por recomendação da Comissão: "tomar medidas destinadas a formação, treinamento, desenvolvimento e fortalecimento da oposição e da sociedade civil em Cuba".

Como a guerra contra Cuba é uma indústria em Miami, os principais beneficiários deste projeto foram os que administravam os fundos da Flórida. Uma auditoria do Government Accountability Office (GAO) em 2006 concluiu que toda a fortuna tinha sido desperdiçada por grupos em Miami. Por exemplo, utilizaram as verbas milionárias para comprar chocolates Godiva, carne de caranguejo enlatada e Nintendo Game Boys. Em 2008, o diretor de um dos grupos admitiu ter roubado cerca de 600.000 dólares, antes de renunciar para assumir um cargo político na Casa Branca do presidente Bush.



Indignados com desfalque do patrimônio milionário, o senador Kerry (D-Massachusets), presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, pediu no ano passado uma revisão do projeto que tem agora um orçamento de 20 milhões ao ano. Consequentemente, o Departamento de Estado temporariamente congelou o opulento desembolso até concluir uma investigação.

Este mês, o Departamento de Estado concluiu sua pesquisa e anunciou planos para liberar 20 milhões de dólares do patrimônio anti-cubano, alegando que teria reestruturado o programa de modo que os fundos viriam secretamente para alguns cubanos na ilha e não a alguns outros em Miami. No entanto, o senador Kerry não está muito convencido, e paralizou temporariamente o projeto a fim de estudá-lo. O congelamento imposto por Kerry é pragmático e não filosófico. Ou seja, não está preocupado com a subversão. Quer estudar a sua eficácia. A prisão em Cuba de um empreiteiro estadounidense chamado Alan P. Gross, enviado por Washington, ilustra que o projeto do Departamento de Estado ameaça os agentes que foram contratados para fazer o trabalho clandestinamente em Cuba.

Procuradoria cubana estuda as denúncias que apresentará contra o empreiteiro. Para defender-se da milionária subversão originada em Washington, Cuba promulgou uma lei que pune com pena de até 20 anos a colaboração com o programa da USAID, que foi criado pela lei Helms-Burton de 1996. O crime é grave.

Talvez por isso, o Departamento de Estado e a USAID estão relutantes em identificar os destinatários do dinheiro de Washington em Cuba, e distribuem os fundos de forma clandestina.

O programa contra Cuba inclui, em dólares:

• 750.000 dólares para promover os direitos humanos e a democracia em Cuba.

• 250.000 para ajudar as famílias dos supostos presos políticos (por exemplo, as chamadas damas de branco e as recentemente criadas damas de apoio).

• 500.000 para aqueles que lutam para libertar os supostos presos políticos.

• 16 milhões para fornecer alta tecnologia relacionada com certos grupos de interesse comum com Washington que o relatório caracteriza como oposição.

• 900.000 para a Freedom House. Uma organização que há 10 anos foi dirigido por Frank Calzon. O dinheiro seria para reforçar supostos líderes da oposição: artistas, músicos e blogueiros. Com uma ênfase cínica sobre os afro-cubanos.

• 400.000 para o Instituto de Comunidades Sustentáveis. Para tentar "identificar os novos dirigentes da comunidade cubana e ajudar em sua campanha e propaganda política”. Em outras palavras, quase meio milhão de dólares para que Washington identifique os novos líderes que repartirão o dinheiro.

• 200.000 para fortalecer supostamente as redes de apoio que Washington criou em Cuba. Fornecer equipamentos e treinamento para eles.

• 2.600.000 para o Desenvolvimento Associados Inc. A fim de expandir a rede de apoio cubana que Washington criou e promover a mensagem de Miami até Cuba.

• 2.000.000 para apoiar grupos relacionados com Washington em Cuba, especialmente algumas mulheres e afrocubanos, para promover a iniciativa econômica individual (ou seja, o capitalismo).

• 2.500.000 para Creative Associates. Uma organização que opera clandestinamente ampliando a rede de apoio social para a mudança política na ilha, utilizando, em particular, o desenvolvimento da "iniciativa econômica individual das mulheres e dos afro-cubanos".

• 2.900.000 para promover, sob a égide do Departamento de Estado, a liberdade de expressão na ilha, principalmente entre alguns artistas, músicos, escritores, jornalistas e blogueiros.

• 500.000 para que indivíduos ligados a grupos religiosos ou espirituais defendam seu direito à liberdade de religião.

• 500.000 para promover uma determinada política de emprego na ilha e criar uma "pressão internacional contra o governo cubano para reformar suas leis trabalhistas."

• 350.000 para exercer influência sobre certos grupos da sociedade civil cubana, “especialmente as mulheres que muitas vezes são exploradas sexualmente."

• 500.000 para ONGs e outras organizações ligadas a Washington.

• 1.150.000 para treinar algumas organizações, incluindo jornalistas e blogueiros em Cuba para utilizar as novas tecnologias de comunicação.

• 2.500.000 para administrar os programas deste orçamento.

Tudo isso sob a supervisão de Washington que tem se destacado nas últimas décadas por seus esforços para desestabilizar, invadir reprimir em todos os continentes do planeta: o golpe de Estado no Chile contra Salvador Allende, o golpe militar na Guatemala que deixou mais de 200 000 mortos e desaparecidos durante quatro décadas de repressão, a tentativa de golpe contra o presidente Hugo Chávez, em 2002, o apoio aos esquadrões da morte na América Central, Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil. A invasão do Iraque em 2003. A tortura e detenção indefinida de prisioneiros em Guantánamo, o envio de prisioneiros a outros países para serem torturados e interrogados, a exploração e deportações em massa de imigrantes ilegais. Girón, a Operação Mangosta, JM Wave (o enclave terrorista mais poderoso que já existiu em solo estadunidense) e a campanha de terror contra Cuba durante os últimos 50 anos através do uso de assassinos como Luis Posada Carriles e Orlando Bosch. Uma guerra terrorista e imoral contra Cuba que se multiplicou como um vírus em todo o mundo para encontrar a sua expressão moderna no atentado das torres gêmeas em Nova Iorque no dia 11 de setembro de 2001.

Cuba é um país bloqueado, sitiado e atacado pelos Estados Unidos. É assim porque Washington não tolera que a ilha seja governada fora do âmbito da tutela dos EUA. Tem sido assim há mais de 50 anos.

Os supostos presos políticos estão condenados, depois de serem processado por estarem a serviço de um país inimigo, que tem como objetivo a destruição da Revolução Cubana. Assim como o empreiteiro Alan P. Gross, trabalham em Cuba sob a direção e o controle de Washington. A melhor maneira de obter a sua libertação é que os Estados Unidos renunciem à guerra contra Cuba, levantem o bloqueio, estabeleçam relações, extraditem Posada Carriles e libertem os cinco presos que permanecem nos Estados Unidos há quase 12 anos.

O presidente Obama pode estar muito ocupado com a economia, as guerras no Iraque e no Afeganistão e a reforma de saúde para prestar muita atenção a Cuba. Talvez tenha deixado este pequeno problema para os burocratas do Departamento de Estado e do Conselho de Segurança Nacional, e por isso nós estamos como estamos.

Tudo é devido a uma premissa falsa. Mais de 100 anos de agressão dos EUA contra Cuba são baseadas na ideia equivocada de que Cuba pertence a Washington. Ainda assumem a avaliação arrogante do então secretário de Estado John Quincy Adams, em 1823:

"Existem leis políticas, assim como da física gravitacional. Se uma maçã separada pela tempestade da sua árvore, de sua sua origem, não pode escolher senão cair no chão, Cuba, forçosamente separada de sua conexão artificial com a Espanha, e incapaz de sustentar-se por si própria, só pode gravitar em direcção à união americana, que, pela mesma lei da natureza, não pode rejeitar-lhe o peito. "



A partir dessa premissa errada, corre o conceito de que os EUA podem fabricar dissidentes, blogueiros e twiteros, sob a orientação de Washington e Miami: como se houvesse uma lei natural para que isso aconteça. Que essa produção estrangeira pode ter alguma legitimidade em Cuba é um mito que somente acreditam os que não conhecem a ilha e não vivem lá. Com os milhões de dólares por ano que investem no negócio, Washington ainda não criou uma oposição, muito menos um partido político. Ele criou uma indústria de pessoas em Cuba, felizes em receber um saldo de caixa significativo para a dissidência, blogs e twiters.



Em Cuba, há uma legítima diversidade de pontos de vista sobre o futuro do país. Qualquer pessoa que tenha feito fila no bar, ou participa de chats organizados na ilha sabe disso. Esses debates estão presentes nos locais de trabalho, assim como em reuniões do Partido. Mas uma coisa é unânime: Cuba pertence aos cubanos, não aos norte-americanos. Por esse princípio filosófico de Marti, os cubanos estão dispostos a cerrar fileiras e morrer.

Se Washington entendesse isso, acabaria o bloqueio e todas as suas consequências. No entanto, é um conceito que parece ser contra a natureza de uma Washington imperial, que vê em Cuba seu quintal político.

José Pertierra é advogado. Representa o governo da Venezuela no caso da extradiçã de Luis Posada Carriles.

Download do documento (PDF, 1Mb, Inglês) Notificação do Departamento de Estado dos Estados Unidos com o orçamento de 2010 de 20 milhões para a guerra contra Cuba.





Fonte: http://www.cubadebate.cu/opinion/2010/04/02/guerra-eeuu-contra-cuba-nuevos-presupuestos-misma-premisa/




quinta-feira, 29 de abril de 2010

Las locuras de nuestra época

25 Abril 2010

No queda más remedio que llamar las cosas por su nombre. Los que conservan un mínimo de sentido común pueden observar sin gran esfuerzo cuán poco va quedando de realismo en el mundo actual.



Cuando el Presidente de Estados Unidos Barack Obama fue nominado Premio Nobel de la Paz, Michael Moore declaró: “ahora gáneselo”. El ingenioso comentario gustó a muchas personas por la agudeza de esa frase, aunque muchos no vieron otra cosa en la decisión del Comité noruego más que demagogia y la exaltación a la aparentemente inofensiva politiquería del nuevo Presidente de Estados Unidos, un ciudadano afronorteamericano, buen orador, e inteligente político al frente de un imperio poderoso envuelto en profunda crisis económica.



La reunión mundial de Copenhague estaba a punto de celebrarse y Obama despertó las esperanzas de un acuerdo vinculante en el que Estados Unidos se sumaría a un consenso mundial para evitar la catástrofe ecológica que amenaza a la especie humana. Lo ocurrido allí fue decepcionante, la opinión pública internacional había sido víctima de un doloroso engaño.



En la reciente Conferencia Mundial de los Pueblos sobre el Cambio Climático y los Derechos de la Madre Tierra, que tuvo lugar en Bolivia, se esgrimieron respuestas llenas de sabiduría de las antiguas nacionalidades indígenas, invadidas y virtualmente destruidas por los conquistadores europeos que, en busca de oro y riquezas fáciles, impusieron durante siglos sus culturas egoístas e incompatibles con los intereses más sagrados de la humanidad.



Dos noticias llegadas ayer expresan la filosofía del imperio pretendiendo hacernos creer en su carácter “democrático”, “pacífico”, “desinteresado” y “honesto”. Basta leer el texto de dichos despachos procedentes de la capital de Estados Unidos.



“WASHINGTON, 23 abr 2010 - El presidente de Estados Unidos, Barack Obama, está evaluando la posibilidad de desplegar un arsenal de misiles de cabezas convencionales, no nucleares pero capaces de alcanzar blancos en cualquier lugar del mundo en alrededor de una hora y con una capacidad explosiva potentísima.



“Si bien la nueva super bomba, montada sobre misiles del tipo Minuteman, no tendrá cabezas atómicas, su capacidad destructiva será equivalente, tal como lo confirma el hecho de que su despliegue está previsto en el recientemente firmado acuerdo START 2 con Rusia.



“Las autoridades de Moscú reclamaron, y lograron hacer figurar en el acuerdo, que por cada uno de estos misiles, Estados Unidos elimine uno de sus cohetes con cabezas nucleares.



“Según los reportes del New York Times y de la cadena televisiva CBS, la nueva bomba, bautizada PGS (Prompt Global Strike), deberá ser capaz de matar al líder de Al Qaeda, Osama Bin Laden, en una cueva en Afganistán, destruir un misil norcoreano en plena preparación o atacar un sitio nuclear iraní, ‘todo ello sin traspasar el umbral atómico’.



“La ventaja de disponer como opción militar de un arma no nuclear que tenga los mismos efectos de impacto localizado de una bomba atómica es juzgada interesante por el gobierno de Obama.



“El proyecto había sido inicialmente lanzado por el predecesor de Obama, el republicano George W. Bush, pero fue bloqueado por las protestas de Moscú. Teniendo en cuenta que los Minuteman también transportan cabezas nucleares, dijeron las autoridades de Moscú, era imposible establecer que el lanzamiento de un PGS no fuera el inicio de un ataque atómico.



“Pero el gobierno de Obama considera que puede dar a Rusia o a China las garantías necesarias para evitar malentendidos. Los silos de los misiles de la nueva arma serán montados en sitios alejados de los depósitos de cabezas nucleares y podrán ser inspeccionados periódicamente por expertos de Moscú o Pekín.



“La super bomba podría ser lanzada con un misil Minuteman capaz de volar a través de la atmósfera a la velocidad del sonido y cargando mil libras de explosivos. Equipos ultra sofisticados le permitirán al misil desenganchar la bomba y hacerla caer con extremada precisión sobre los blancos elegidos.



“La responsabilidad del proyecto PGS -que se estima costará 250 millones de dólares solamente en su primer año, de experimentación- fue encargada al general Kevin Chilton, al mando del arsenal nuclear norteamericano. Chilton explicó que el PGS cubrirá un hueco en la gama de opciones con las que actualmente cuenta el Pentágono.



“‘En estos momentos podemos golpear con armas no nucleares cualquier lugar del mundo, pero en un arco de tiempo de no menos de cuatro horas’, dijo el general. ‘Para una acción más rápida -reconoció- solamente contamos con opciones nucleares’.



“En el futuro, con la nueva bomba, Estados Unidos podría actuar rápidamente y con recursos convencionales, tanto contra un grupo terrorista como contra un país enemigo, en un período mucho más corto y sin despertar la ira internacional por el uso de armas nucleares.



“Se prevé que los primeros tests comenzarán en el 2014, y que para el 2017 estaría disponible en el arsenal estadounidense. Obama ya no estará en el poder, pero la super bomba puede ser la herencia no nuclear de este presidente, que ya ganó el premio Nobel de la Paz.”



“WASHINGTON, 22 Abr 2010 - Una nave espacial no tripulada de la Fuerza Aérea de Estados Unidos despegó este jueves de Florida, en medio de un velo de secreto sobre su misión militar.



“La nave espacial robotizada, o X-37B, fue lanzada desde Cabo Cañaveral en un cohete Atlas V a las 19H52 horas locales (23H52 GMT), según un video distribuido por el ejército.



“‘El lanzamiento es inminente’, dijo a AFP el mayor de la Fuerza Aérea Angie Blair.



“Parecido a un transbordador espacial en miniatura, el avión tiene 8,9 metros de largo y 4,5 metros de envergadura.



“La fabricación del vehículo espacial reutilizable ha tomado años y el ejército ha ofrecido explicaciones vagas sobre su objetivo o su papel en el arsenal militar.



“El vehículo está diseñado para ‘proporcionar el medio ambiente de un ‘laboratorio en órbita’ a fin de probar nuevas tecnologías y componentes antes de que estas tecnologías sean asignadas a programas de satélites en funcionamiento’, dijo la Fuerza Aérea en un comunicado reciente.



“Funcionarios han informado que el X-37B aterrizaría en la base de la Fuerza Aérea Vandenberg en California, pero no dijeron cuánto durará la misión inaugural.



“‘Para ser honestos, no sabemos cuándo va a volver’, dijo esta semana a periodistas Gary Payton, segundo subsecretario de programas espaciales de la Fuerza Aérea.



“Payton señaló que la nave podría permanecer en el espacio hasta nueve meses.



“El avión, fabricado por Boeing, comenzó como un proyecto de la agencia espacial estadounidense (NASA) en 1999 y luego fue transferido a la Fuerza Aérea, que planea lanzar un segundo X-37B en 2011.”



¿Hace falta acaso algo más?



Hoy se encuentran con un colosal obstáculo: el cambio climático ya incontenible. Se menciona el inevitable aumento de calor en más de dos grados centígrados. Sus consecuencias serán catastróficas. La población mundial en solo 40 años se incrementará en dos mil millones de habitantes, y alcanzará la cifra de nueve mil millones de personas, en ese breve tiempo: muelles, hoteles, balnearios, vías de comunicación, industrias e instalaciones cercanas a los puertos, quedarán bajo las aguas en menos tiempo que el que requiere para disfrutar la mitad de su existencia la generación de un país desarrollado y rico, que hoy egoístamente se niega al menor sacrificio para preservar la supervivencia de la especie humana. Las tierras agrícolas y el agua potable disminuirán considerablemente. Los mares se contaminarán; muchas especies marinas dejarán de ser consumibles y otras desaparecerán. No lo afirma la lógica sino las investigaciones científicas.



El ser humano había logrado incrementar, a través de la genética natural y el traslado de variedades de especies de un continente a otro, la producción por hectárea de alimentos y otros productos útiles al hombre, que aliviaron durante un tiempo la escasez de alimentos como el maíz, la papa, el trigo, las fibras y otros productos necesarios. Más tarde, la manipulación genética y el uso de fertilizantes químicos contribuyeron igualmente a la solución de necesidades vitales, pero están llegando ya al límite de sus posibilidades para producir alimentos sanos y aptos para el consumo. En apenas dos siglos se están agotando, por otra parte, los recursos de hidrocarburos que la naturaleza tardó 400 millones de años en formar. Del mismo modo, recursos minerales vitales no renovables que la economía mundial requiere, se están agotando. A su vez, la ciencia creó la capacidad de autodestruir el planeta varias veces en cuestión de horas. La mayor contradicción en nuestra época es, precisamente, la capacidad de la especie para autodestruirse y su incapacidad para gobernarse.



El ser humano logró elevar sus posibilidades de vida hasta límites que rebasan su propia capacidad de sobrevivir. En esa batalla está consumiendo aceleradamente las materias primas al alcance de sus manos. La ciencia hizo factible convertir la materia en energía, como ocurrió con la reacción nuclear, al costo de enormes inversiones, pero no se vislumbra siquiera la viabilidad de convertir la energía en materia. El infinito coste de las inversiones en las investigaciones pertinentes, está demostrando la imposibilidad de lograr en unas pocas decenas de años lo que el universo tardó decenas de miles de millones de años en crear. ¿Será necesario que el niño prodigio Barack Obama nos lo explique? La ciencia ha crecido extraordinariamente, pero la ignorancia y la pobreza también crecen. ¿Puede alguien acaso demostrar lo contrario?







Fidel Castro Ruz

Abril 25 de 2010

6 y 30 p.m.

CREEME

Créeme. Un grupo de intelectuales escribió un mensaje paternalista a los artistas cubanos. Ellos pretenden enseñarles las terribles condiciones políticas en que viven y como salir de ellas.


Créeme. Ellos creen que el pueblo cubano no tiene una Constitución Política que fue redactada en un proceso de discusión democrática en el cual participó todo el pueblo cubano. Quieren que ellos prefieran las Constituciones que congresos restringidos les impusieron en sus países, pues creen que les pueden dar lecciones de democracia al pueblo cubano.


Ellos creen también que los cubanos viven sin leyes y son gobernados por 2 o 3 personas a las cuales se someten como ovejas. Otra vez se ilusionan por lo que pasa en sus países donde sí los pueblos se someten a una minoría oligárquica que les impone las más terribles condiciones de vida sin que las grandes mayorías logren apearlos del poder.


Ellos creen aún que los intelectuales cubanos, sus artistas, sus pensadores están sometidos a poderes extraordinarios del Estado, gobernado autoritariamente desde arriba. Por esto se atreven a explicarles lo que deben hacer para dejar de someterse a esta dictadura feroz que los oprime.


A quienes se dirigen realmente? Con quienes quieren armar este “diálogo” entre los sabios “libres” y los intelectuales “oprimidos” e ignorantes?


Créeme que estos oprimidos derrumbaron una dictadura contra la cual lucharon en grandes olas de masas revolucionarias y crearon un Ejército Rebelde que impuso la reforma agraria y botó a los que intentaron apropiarse del movimiento revolucionario. Este mismo pueblo luchó contra la invasión de Bahía Cochinos armada y apoyada por la mayor potencia militar del mundo y los derrotó en algunas horas. Este mismo pueblo logró estacionar poderosos misiles en su territorio que obligaron a la mayor potencia militar del mundo a un acuerdo para preservar a Cuba de una nueva invasión.

Créeme. Por si no bastara esto, este pueblo enfrentó años y años de acciones guerrilleras y terroristas financiadas y apoyadas por los Estados Unidos, habiendo derrotado las mismas con enormes costos de vidas humanas. Si no lo bastara, tuvieron que enfrentar el cerco de TODOS los gobiernos latinoamericanos que (excepto México) rompieron relaciones con Cuba bajo el comando estadounidense durante toda la década del 60 y buena parte de los 80s.


Créeme. Resistieron al bloqueo económico que impide hasta hoy que Cuba negocie con empresas estadounidenses y que pretende incluso impedir que cualquier empresa del mundo que negocie con EE. UU. lo haga también con Cuba.


Pero créeme. A pesar de este cerco colosal, este pueblo estableció el más avanzado sistema educacional de las Américas, un sistema de salud modelo para el mundo, una distribución del ingreso única en el mundo, una producción cultural admirada en todo el mundo, una performance deportiva de las más altas del planeta, un sistema de prevención de desastres naturales muy superior de los existentes en toda América.


Pero, como si no bastara todo esto, este pueblo ha creado un programa de ayuda internacional de una generosidad excepcional. Pero lo más increíble ha sido su lucha al lado del pueblo angolano para garantizar con sus vidas y su revolución anticolonial. En seguida ayudó decisivamente a ese pueblo a derrotar el ejército de los racistas sudafricanos derrumbando así el Apartheid. Y ningún manifiesto de “ intelectuales libres” retirará el sentimiento de orgullo que esta victoria representó para miles soldados y millones de cubanos.


Créeme. Al pueblo que condujo esta gesta colosal, esta epopeya que llenó de orgullo los pueblos de América Latina y del Sur del planeta en general, les quieren asignar la condición de sumisos a una dictadura sin leyes, sin respecto a los derechos humanos, sin libertad cultural, sin derechos constitucionales, sin leyes y sin soberanía. Señores “intelectuales libres”, miren hacia dentro de sus países, hacia la miseria de sus pueblos, hacia su total falta de libertad, hacia los asesinatos en masa de campesinos, indígenas, negros y otros sectores excluidos de sus sociedades, miren hacia sus dirigentes, miren hacia Ustedes mismos, enajenados de sus pueblos. Miren hacia las potencias democráticas que tanto admiran, con su terror colonial, sus guerras brutales, su represión sistemática, sus “poogrons”, sus genocidios. Ocúpense de detener a los que arrojaron las bombas atómicas sobre Hiroshima y Nagasaki, a los asesinos nazi-fascistas que aún están libres y admirados. No les parece una cobardía cruel volcarse en contra de este pueblo heroico y pretender enseñarles el significado de democracia y derechos humanos? Créeme. Nos encorajamos con Silvio Rodríguez que declaró en una entrevista reciente:


“ - digo lo mismo, ahora, al cabo de todos estos años -no son 50 pero son ya cuarenta y tantos, 43 ó 44-: me parece muy bien; y para mí país es lo mismo, estoy viendo un poco amplificado últimamente situaciones hacia Cuba y contra Cuba que durante todos estos 50 años las he visto, idénticas. Y en este momento, quizás producto de las características de la tecnología, parece, pareciera, que hay como un consenso superior contra Cuba.


Pero yo, que llevo 50 años viviendo en Cuba, y que conozco todo eso que ha pasado, sigo teniendo muchas más razones para creer en la revolución que para creer en sus detractores”


Cuba hizo muchas revoluciones dentro de la Revolución. Empezó una nueva historia. Rompió con las cadenas coloniales como ningún otro país del mundo lo hizo. Vive hoy su propia historia.


Estamos y estaremos siempre apoyando al pueblo que tuvo coraje de escribir su propia historia, de pie y con la frente en alto.

Mas si alguien se atreve a arrebatarme* tanto tesoro ahorrado en estos años, tanta niñez feliz, tanto cariño, tanto descubrimiento, tantos sueños,

juro desenfundar mi fantasía y a golpe de canción dar la batalla; juro que haré volar mi maravilla en nombre de este tiempo y su poesía.**

Cuba: Dissidentes ou traidores?

por Atilio A. Boron [*]

A "imprensa livre" da Europa e das Américas – essa que mentiu descaradamente ao dizer que existiam armas de destruição em massa no Iraque ou que qualificou de "interinato" o regime golpista de Micheletti em Honduras – redobrou sua feroz campanha contra Cuba. Impõe-se, portanto, distinguir entre a razão de fundo e o pretexto. A primeira, e que estabelece o marco global dessa campanha, é a contra-ofensiva imperial desencadeada desde fins da administração Bush, cujo exemplo mais eloqüente foi a reativação e mobilização da IV Frota Naval.



Contra os prognósticos de alguns iludidos, essa política ditada pelo complexo militar-industrial não só continuou, como se aprofundou, por conta do recente tratado firmado por Obama e Uribe, mediante o qual se concede aos EUA o uso de pelo menos sete bases militares em território colombiano, imunidade diplomática para o pessoal estadunidense envolvido em suas operações, licença para introduzir ou tirar do país qualquer tipo de carregamento sem que as autoridades do país anfitrião possam sequer tomar nota do que entra ou sai e ainda o direito dos viajantes norte-americanos de entrar ou sair da Colômbia com qualquer documento que comprove sua identidade.



Como se o anterior fosse pouco, a política de Washington, reconhecendo a "legalidade e legitimidade" do golpe de Estado em Honduras e as fraudulentas eleições subseqüentes, é uma mostra a mais da perversa continuidade que liga as políticas implementadas pela Casa Branca, com independência da cor da pele de seu principal ocupante. E nessa contra-ofensiva geral do império, o ataque e a desestabilização de Cuba desempenham papéis de grande importância.



Essas são as razões de fundo. Mas o pretexto para esse relançamento foi o fatal desenlace da greve de fome de Orlando Zapata Tamayo, potencializado agora pela idêntica ação iniciada por outro "dissidente", Guillermo Fariñas Hernández, e que será seguida, sem dúvidas, pelas de outros partícipes e cúmplices dessa agressão. Como é bem sabido, Zapata Tamayo foi (e continua sendo) apresentando pelos "meios de desinformação de massas" – como adequadamente qualificara Noam Chomsky – como "um dissidente político", quando na realidade era um preso comum que foi recrutado pelos inimigos da revolução e utilizado inescrupulosamente como mero instrumento de seus projetos subversivos. O caso de Fariñas não é igual, mas ainda assim guarda semelhanças e aprofunda uma discussão que é imprescindível conduzir com toda a seriedade.



É preciso lembrar que tais ataques têm larga história. Começam no próprio triunfo da revolução, mas, como política oficial e formal do governo dos EUA, se iniciam em 17 de março de 1960, quando o Conselho de Segurança Nacional aprovou o "Programa de Ação Encoberta" contra Cuba proposto pelo então diretor da CIA, Allen Dulles. Parcialmente desqualificado em 1991, esse programa identificava quatro cursos principais de ação, sendo os dois primeiros "a criação da oposição" e o lançamento de uma "poderosa ofensiva de propaganda" para fortalecê-la e torná-la crível. Mais claro impossível.



Após o estrondoso fracasso desses planos, George W. Bush cria, dentro do próprio Departamento de Estado, uma comissão especial para promover o "cambio de regimen" em Cuba, eufemismo utilizado para evitar dizer "promover a contra-revolução". Cuba tem o duvidoso privilégio de ser o único país do mundo para o qual o Departamento de Estado elaborou um projeto de tal tipo, ratificando desse modo a vigência da doentia obsessão ianque em anexar a ilha e, por outro lado, o quão acertado estava Jose Marti quando alertou nossos povos sobre os perigos do expansionismo estadunidense.



O primeiro informe dessa comissão, publicado em 2004, tinha 458 páginas e ali se explicitava com grande minúcia tudo o que se deveria fazer para introduzir a democracia liberal, respeitar os direitos humanos e estabelecer uma economia de mercado em Cuba. Para viabilizar esse plano, forneciam 59 milhões de dólares por ano (fora o que se destinava por vias obscuras), dos quais 36 milhões estariam destinados, segundo a proposta, a fomentar e financiar as atividades de dissidentes. Para resumir, o que a imprensa apresenta como uma nobre e patriótica dissidência interna pareceria mais a metódica aplicação do projeto imperial desenhado para cumprir o velho sonho da direita norte-americana de dominar Cuba definitivamente.



Esclarecimento conceitual



Dito o anterior, impõe-se uma precisão conceitual. Não é casual que a imprensa do sistema fale com extraordinária ligeireza sobre os "dissidentes políticos" encarcerados em Cuba. Mas, são "dissidentes políticos" ou são outra coisa? Seria difícil dizer todos, mas, com toda segurança, a maioria dos que estão na prisão não se encontra ali por dissidência política, mas sim por uma caracterização muito mais grave: "traidores da pátria". Vejamos em detalhes.



No célebre Dicionário de Política de Norberto Bobbio, o cientista político Leonardo Morlino define o dissenso como "qualquer forma de desacordo sem organização estável e, portanto, não institucionalizada, que não pretende substituir o governo em suas funções por um novo, muito menos derrubar o sistema político vigente. O dissenso se expressa só no exortar, persuadir, criticar, pressionar, sempre por meios não violentos a fim de induzir os 'tomadores de decisões' a preferirem certas opções em lugar de outras ou a modificar decisões anteriores ou direcionamentos políticos. O dissenso nunca põe em discussão a legitimidade ou as regras fundamentais que fundam a comunidade política, mas apenas normas ou decisões bastante específicas" (p. 567-568).



Mais adiante assinala que existe um limiar que, uma vez ultrapassado, transforma o dissenso, e os dissidentes, em outra coisa. "O limiar é cruzado quando se colocam em dúvida a legitimidade do sistema e suas regras de jogo, fazendo-se uso da violência; ou quando se incorre em desobediência intencional a uma norma; ou, por fim, quando o desacordo se institucionaliza na oposição, que pode ter entre seus objetivos também o de derrubar o sistema" (p. 569).



Na extinta União Soviética, dois dos mais notáveis dissidentes políticos, cujo agir se ajusta à definição supracitada, foram o físico Andrei Sakharov e o escritor Alexander Isayevich Solzhenitsyn; Rudolf Bahro foi o mesmo na República Democrática Alemã; Karel Kosik, na antiga Tchecoslováquia; nos EUA destacou-se, avaliando o século passado, Martin Luther King; e em Israel de nossos dias, Mordekai Wanunu, cientista nuclear que revelou a existência do arsenal atômico deste país, o que o fez ser condenado a 18 anos de prisão sem que a "imprensa livre" tomasse nota do assunto.



A dissidência cubana, diferentemente do ocorrido com Sakharov, Solzhenitsyn, Bahro, Kosik, King e Wanunu, se enquadra em outra figura jurídica, pois seu propósito é subverter a ordem constitucional e derrubar o sistema. Além do mais, e esse é o dado essencial, pretende fazê-lo colocando-se a serviço de uma potência inimiga, os Estados Unidos, que há 50 anos agridem Cuba por todos os meios imagináveis com um bloqueio integral (econômico, financeiro, tecnológico, comercial e informático), com permanentes ataques de diversos tipos e com uma legislação migratória exclusivamente desenvolvida para a ilha (a Lei de Ajuste Cubano) e que estimula a migração ilegal para os EUA, colocando em risco a vida de quem quer acorrer para seus braços em busca de benefícios.



Enquanto Washington levanta um novo muro da vergonha em sua fronteira com o México para deter a entrada de imigrantes tanto astecas como da América Central, concede todos os benefícios imagináveis a quem, vindo de Cuba, ponha o pé em seu território.



Quem recebe dinheiro, assessoria, conselhos, orientações de um país objetivamente inimigo de sua pátria, e atua em congruência com sua aspiração de precipitar uma "cambio de regimen" que ponha fim à revolução, pode ser considerado "dissidentes políticos"?



O que eles fariam?



Para responder, esqueçamos por um momento das leis cubanas e vejamos o que estabelece a legislação em outros países. A constituição dos EUA fixa em seu artigo 3 que "o delito de traição contra os Estados Unidos consistirá apenas na tomada de armas contra a nação ou em se unir aos inimigos, dando-lhes ajuda e facilidades"; a sanção que merece tal delito fica a cargo do Congresso. Em 1953, Julius e Ethel Rosenberg foram executados na cadeira elétrica acusados de traição à pátria por terem supostamente se "unido aos inimigos", revelando segredos da fabricação da bomba atômica para a União Soviética.



No caso do Chile, o Código Penal deste país estabelece em seu artigo 106 que "todo aquele que dentro do território da República conspirar contra sua segurança exterior para induzir uma potência estrangeira a guerrear contra o Chile será castigado com penas maiores, em seu grau máximo de prisão perpétua. Se são seguidas de hostilidades bélicas a pena poderá ser elevada até a própria morte".



No México, país vítima de uma larga história de intervencionismo norte-americano em seus assuntos internos, o Código Penal qualifica em seu artigo 123 como delitos de traição à pátria uma ampla gama de situações, como "realizar atos contra a independência, soberania ou integridade da nação mexicana com a finalidade de submetê-la a pessoa, grupo ou governo estrangeiro; tomar parte em atos de hostilidade contra a nação, mediante ações bárbaras que possam prejudicar o México; receber qualquer benefício, ou aceitar promessa de recebê-lo; aceitar do invasor um emprego, cargo ou comissão e ditar, acordar ou votar providências encaminhadas a afirmar o governo intruso e debilitar o nacional". A penalidade prevista pela comissão desses delitos é, segundo as circunstâncias, de cinco a quarenta anos de prisão.



A legislação argentina estabelece no artigo 214 de seu Código Penal que "será reprimido com reclusão ou prisão de dez a vinte e cinco anos, ou reclusão ou prisão perpétua, e tanto em um caso como em outro, inabilitação absoluta perpétua, sempre que o fato não se encontre compreendido em outra disposição deste código, todo argentino, ou pessoa que deva obediência à nação por razão de seu emprego ou função pública, que pegue em armas contra esta, se una a seus inimigos ou lhes preste qualquer ajuda ou socorro".



Não é necessário prosseguir com essa simples revisão da legislação comparada para compreender que o que "imprensa livre" denomina dissidência é o que em qualquer país do mundo – começando pelos EUA, o grande promotor, organizador e financista da campanha anticubana – seria caracterizado pura e simplesmente como traição à pátria, e nenhum dos acusados jamais seria considerado "dissidente político".



No caso dos cubanos, à grande maioria dos chamados dissidentes (se não todos) está imputado este delito, ao se unirem à potência estrangeira que está em aberta hostilidade contra a nação cubana e receberem seus representantes (diplomáticos ou não), dinheiro e toda sorte de apoios logísticos para, como diz a legislação mexicana, "afirmar o governo intruso e debilitar o nacional". Dito em outras palavras, para destruir a nova ordem social, econômica e política criada pela revolução.



Não seria outra a caracterização que adotaria Washington para julgar um grupo de seus cidadãos que estivesse recebendo recursos de uma potência estrangeira que durante meio século tivesse acossado os EUA com o mandato de subverter a ordem constitucional.



Nenhum dos genuínos dissidentes acima mencionados incorreu em seus países em tamanha infâmia. Foram implacáveis críticos de seus governos, mas jamais se puseram a serviço de um Estado estrangeiro que ambicionava oprimir sua pátria. Eram dissidentes, não traidores.





26/Março/2010

Mais de um milhão de cubanos imunizados contra vírus A H1N1

HAVANA, Cuba, 27 abr (ACN) Mais de um milhão de cidadãos cubanos, foram imunizados contra o vírus da influenza A H1N1 durante uma campanha de vacinação em curso em todo o país, que começou em 01 de abril.

Em declarações ao jornal Granma, o chefe do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério cubano da Saúde Pública, Otto Peláez Sánchez, disse que 90,5% (1.015.557) dos que foram incluídos na campanha de vacinação, já receberam as doses.

A vacina Pandemrix (injetável), doada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), deve ser administrada a 10 por cento da população cubana (grupos vulneráveis). O organismo da ONU também contribuiu com medicamentos, reagentes e outros produtos para conter a pandemia.

Numa primeira fase da campanha, que terminou em 20 de abril, foram protegidas cerca de 80,000 mulheres grávidas e no período puerperal.

A segunda fase do programa de vacinação será realizada de 03-15 maio para crianças de seis meses a nove anos de idade.

Advogado denuncia nova farsa no processo de Posada Carriles

HAVANA, Cuba, 27 abr (ACN) José Pertierra, advogado que representa a Venezuela no pedido de extradição do terrorista Luis Posada Carriles, acolhido nos Estados Unidos (onde ele se manteve ao longo dos últimos cinco anos), denunciou nesta segunda-feira a nova farsa no caso em apreço.


Em declarações telefônicas, de Washington, o jurista disse aos jornalistas da Mesa Redonda, que a juíza Kathleen Cardone, tinha adiado a audiência, programada anteriormente por ela mesma, a pedido do gabinete do procurador-geral, que alegou não ter percebido que tinha outros compromissos para 20 de maio, a data estabelecida pela magistrada.

Pertierra enfatizou que o objetivo da audiência era apenas informar a Cardone sobre a situação do caso, aí então ela decidiria a data do julgamento em si.

Ele recordou que a maioria dos documentos relacionados com o processo permanecem fechados e não são acessíveis ao público, que as razões para o adiamento inicialmente anunciado pela juíza de El Paso, Texas, não são conhecidos, e que apenas os advogados e o procurador-geral, provavelmente, participariam do encontro.

O especialista assinalou que Posada vai realmente ser julgado por perjúrio e não por seus crimes como terrorista, como o ato de sabotagem contra um avião cubano que explodiu no ar em 1976, matando todas as 73 pessoas a bordo ou o assassinato do turista italiano Fabio di Celmo, por causa de uma bomba, colocada no Hotel Copacabana, em 1997, por ordens expressas deste agente da CIA.

Central dos Trabalhadores de Cuba chama a participação massiva em desfile pelo 1º de maio

HAVANA, Cuba, 26 abr (ACN) A Central de Trabalhadores de Cuba (CTC) lançou uma convocatória, em que chama ao povo cubano a participar de forma massiva nas celebrações pelo 1º de maio em resposta à recente campanha midiática contra Cuba orquestrada pelos Estados Unidos e seus aliados europeus .


“Em face dessa campanha difamatória, todos os trabalhadores cubanos, que nunca se renderam e nunca vão aceitar chantagens, ratificarão seu apoio à Revolução, com a mesma força dos cinco compatriotas que permanecem presos injustamente em cárceres dos E.U. e cuja liberdade se procura de novo”, diz o texto.

“Nós não só marcharemos para comemorarmos o Dia Internacional dos Trabalhadores, mas também em apoio e para ratificar o nosso compromisso de participar ativamente nas atuais transformações do nosso modelo econômico”, acrescenta o documento.

“Em maio, vamos tomar as ruas e praças para mostrarmos o nosso apoio firme à Revolução, Fidel (Castro) e [o presidente] Raúl (Castro)”, conclui o comunicado.

Cuba condena nas Nações Unidas transmissões ilegais dos EUA

Havana. 28 de Abril, de 2010







Nações Unidas, 27 de abril.— Cuba reiterou na ONU sua condenação às agressões da rádio e da televisão dos EUA como uma violação das normas internacionais sobre o espectro radioelétrico, informou a PL.



A denúncia foi exposta pelo seu representante permanente nas Nações Unidas, Pedro Núñez Mosquera, na sua intervenção durante o debate no Comitê de Informação da Assembléia Geral.



Segundo o diplomata, as transmissões ilegais da rádio e da televisão contra Cuba falsificam e tergiversam a informação. Lembrou que há um mês, a Junta do Regulamento de Radiocomunicações da União Internacional das Telecomunicações reiterou que essas transmissões provocam interferência às estações cubanas. "Em fevereiro passado as emissoras dos EUA emitiram 2. 185 horas de transmissões ilegais cada semana", afirmou.



Advertiu que várias dessas estações pertencem ou prestam serviços a organizações vinculadas com elementos terroristas que residem e atuam contra Cuba em território norte-americano com a anuência das autoridades da administração federal.



"O Congresso estadunidense aprova todos os anos um orçamento de mais de US$ 30 milhões de fundos federais para este tipo de ações", salientou, e acrescentou que "a decisão do tipo de informação que deseja receber o povo de Cuba corresponde de maneira soberana a nosso país e não a quem esbanjam o dinheiro dos contribuintes e conspiram com elementos terroristas nos seus planos contra a Revolução Cubana", afirmou.

Tres mentiras y tres verdades sobre Cuba

Con el tema eléctrico, la oposición venezolana ha vuelto a demostrar cuán lejos puede llegar en su síndrome de “negacionitis”. Bastaron 24 horas de visita en Venezuela del Ministro de Informática y Comunicaciones cubano Ramiro Valdés, para que se inflamara el coro periodístico de los medios privados contra la Isla y su Revolución. Han dicho de todo: desde que Valdés vino a dirigir el sistema eléctrico (un absurdo que debió provocar carcajadas en el mismísimo Alí Rodríguez Araque), hasta que fue convocado por Venezuela para censurar Internet (argumento todavía más risible, en un país repleto de infocentros, con 77 de cada 100 personas conectadas a la red).


Una vez m

ás, quienes practican como deporte el oficio de negarlo todo asumen a Cuba como blanco, pero en el fondo apuntan más allá. A la oposición le revuelve el estómago que Venezuela haya cambiado la orientación de su brújula. En lugar de implorarle soluciones al Norte (algunos tiburones trasnacionales habrían hecho las delicias con la actual situación del Guri), la Revolución bolivariana ha encontrado en sus propios técnicos, junto a brasileños, argentinos y cubanos, una vía para enfrentar de conjunto uno de sus principales desafíos.

En el caso específico de los cubanos, se trata de especialistas que visitaron, sin alarde ni rimbombancia mediática, algunos estados del país, a fin de identificar acciones de colaboración allí donde Cuba acumula una mayor experiencia: la instalación de grupos electrógenos para descentralizar la generación y distribución de electricidad, y las políticas para el ahorro y uso eficiente de la energía.

Pero para los enfermos de “negacionitis” no vale ninguna explicación. Se les hace la boca agua con cualquier pretexto útil para saborear una de sus tesis más apetecidas: la supuesta cubanización de Venezuela. Así lo confirma la prensa privada de los últimos días, con argumentos que, aunque sea brevemente, valdría la pena detenerse a desmontar:

1. El sistema eléctrico de la Isla, siendo supuestamente uno de los más atrasados de la región, es la causa de apagones interminables y, por ende, no sirve como referente de soluciones a Venezuela.

Desde mayo de 2006, Cuba está exenta de apagones, como resultado de la aplicación de una Revolución energética que logró compensar los desequilibrios entre demanda y oferta de electricidad.

Ciertamente, los años más duros del llamado Periodo Especial trajeron consigo drásticos cortes eléctricos en la Isla, pero la crisis de generación logró solventarse progresivamente con la sustitución de equipos electrodomésticos ineficientes, el cambio de bombillos incandescentes por ahorradores, la instalación de grupos electrógenos capaces de generar más de 2000 MegaWatts y la exploración cada vez más sistemática de fuentes alternativas de energía, entre otras medidas.

Otro logro de la Revolución energética tiene que ver con la reducción de pérdidas en la trasmisión y distribución de electricidad. A través del cambio de medidores, la solución a problemas de bajo voltaje y la rehabilitación de las redes eléctricas, la Isla rebajó las pérdidas de distribución hasta menos de un 15%, muy por debajo de lo conseguido por muchos países de América Latina, incluido Venezuela.

2. Cualquier ayuda procedente de Cuba se inscribe dentro de un presunto modelo “neocolonizador”, que encubriría sus propósitos de tutelaje tras una fachada de solidaridad.

Uno de los argumentos más ridículos al respecto fue esgrimido nada menos que por Antonio Pasquali, quien llegó a denunciar en un programa de televisión un “chip controlador”, supuestamente colocado por cubanos en tarjetas electrónicas.

La lógica de Pasquali, tal vez influida por una fase aguda de “negacionitis”, es la misma que ve detrás de cada médico cubano a un espía, en los instructores de arte de la Isla a torturadores disfrazados, en las medicinas suministradas por Barrio Adentro instrumentos para practicar auténticos lavados de cerebro.

Nada de lo anterior extraña. Que un país como Cuba haya llegado tan lejos en las propias narices de los Estados Unidos, aún en medio de los daños multimillonarios provocados por el bloqueo, solo puede explicarse validando las potencialidades de su proyecto socialista.

Y sería mucho pedirle a quienes padecen “negacionitis”. Para ellos, no tienen ningún significado los miles de médicos cubanos que prestan sus servicios en acto de solidaridad por el mundo. Ni la calidad del sistema educativo de la Isla, que garantiza, por ejemplo, un puesto laboral seguro a la totalidad de los egresados universitarios. Ni quienes, desde el ámbito deportivo, ubican a la nación caribeña en la vanguardia de certámenes olímpicos y mundiales. Como si pudieran formarse deportistas, artistas, educadores, intelectuales y médicos por arte de magia, y no como resultado de políticas proporcionalmente mucho más ambiciosas que los recursos disponibles para la pequeña Isla.

En realidad, las relaciones entre Venezuela y Cuba han saltado al siglo XXI como referente de eso que llaman “otro mundo posible”. Nada tienen que ver con tratados caducos de libre comercio, ni con el rígido pragmatismo impuesto por el Dios mercado. Es solidaridad equitativa entre hermanos, que se unen incluso para ayudar a terceros. Si no que lo diga, por citar un ejemplo reciente, el pueblo de Haití.

¿Que Venezuela vende a Cuba petróleo a precios preferenciales? Es cierto. Pero la Isla le reciproca con servicios antaño inasequibles para los más necesitados. Solo un dato: hasta el 5 de febrero de 2010, habían recibido atención médica en Cuba -incluidas costosas operaciones quirúrgicas– 22 mil 962 pacientes venezolanos, quienes, en su mayoría, viajaron a la Isla junto a un familiar acompañante. En todos los casos, la transportación, el hospedaje, la alimentación y, por supuesto, el tratamiento de salud, fueron gratis.

3. El modelo cubano es hijo de una filosofía de pensamiento único, cuyas recetas se pretenderían traspasar a Venezuela.

Este es uno de los argumentos más trillados, y por eso mismo, uno de los más sintomáticos de estupidez. Tanto adjetivo demonizador se ha pronunciado contra Cuba, que algunos, lastimosamente, terminan privándose de la posibilidad de entenderla como un país normal.

Cierto que el bloqueo ha dejado su impronta negativa en la Isla, pero los cubanos son expertos en buscar soluciones ingeniosas y se las arreglan para exhibir indicadores de salud, educación y cultura todavía soñados en América Latina.

Al desandar sus calles, uno siente cómo va deshaciéndose la maleta de prejuicios que carga encima. Las principales avenidas, como regla desiertas de policías, contradicen frontalmente el supuesto del Estado represor. Hay orden, pero no a costa de balas de caucho, gases lacrimógenos o chorros de agua. Los tiroteos y muertos de antaño sobreviven en el recuerdo de los más viejos, pero contrastan con el sosiego de jóvenes que, aún después de medianoche, se aferran al aire de mar permanentemente provisto por el Malecón de La Habana.

La invocada vigilancia del Estado totalitario, presuntamente omnipresente, se estrella contra el hecho de que los cubanos comentan y se cuestionan todo con absoluta libertad. Cada habitante de la Isla se cree con las claves para arreglar el mundo y perfeccionar su socialismo, porque la política en Cuba se concibe como espacio para la argumentación y no para la sumisión ideológica.

Ese es el espíritu que prevalece también en las universidades, convertidas con la Revolución en verdaderos hervideros de ideas. El ingenuo visitante esperará encontrar alumnos disciplinados en las doctrinas de Marx, Engels y Lenin, pero tropezará asombrado con una especie de sancocho filosófico dentro de los planes de estudio: desde las creativas interpretaciones del marxismo de Antonio Gramsci, pasando por las teorías sobre el poder de Michel Foucault, hasta los escritos sociológicos más recientes de Pierre Bourdieu. Es hasta posible que en las facultades cubanas de Ciencias Políticas se dedique menos tiempo a estudiar el pensamiento socialista, que a hurgar en los clásicos del liberalismo burgués.

¿Cómo analizarían tales hechos los enfermos de negacionitis? Seguramente como hasta ahora: pasándoles por encima con sus aplanadoras mediáticas. Para ellos, demonizar a Cuba es un negocio rentable en tanto permite demonizar también a Venezuela y, por extensión, al Presidente Chávez.

Pero no alcanzan a calcular que, más tarde o más temprano, la realidad se impone. Aún con 50 años de bloqueo, Cuba saca fuerzas para sobreponerse a sus problemas y andar por el mundo crecientemente acompañada.

Venezuela, por su parte, apuesta a un socialismo del siglo XXI cuyo solo nombramiento sugiere diferencias respecto a la praxis que le antecedió. La Revolución bolivariana -cada vez más revolucionaria y menos vulnerable a tentaciones reformistas- va fundando a su paso lo que debe ser fundado: por aquí las misiones, por allá las comunas, por todas partes un nuevo sentido de la vida, aunque los enfermos de negacionitis sigan negándolo todo, sin darse cuenta de que, por ese camino, terminarán negándose a sí mismos.


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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Esteban Lazo Hernández, no encerramento da Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe

A luta pela defesa da vida passa hoje, incontestavelmente, pela necessidade de abolir o sistema capitalista

● Discurso proferido pelo vice-presidente do Conselho de Estado, Esteban Lazo Hernández, no encerramento da Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra, no estádio "Félix Capriles", Cochabamba, Bolívia, em 22 de abril de 2010. "Ano 52 da Revolução"

(Tradução das Versões Estenográficas do Conselho de Estado)

Viva a luta dos povos da América Latina e de todo o mundo! (Exclamações de: "Viva!")

Viva a luta pela Mãe Terra! (Exclamações de: "Viva!")

CARO irmão Evo Morales, presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, e hoje, perante este grandioso ato, devemos dizer de todo coração, líder incontestável deste nobre e heróico povo da Bolívia (Aplausos);

Caro presidente Hugo Chávez;

Companheiros do governo boliviano;

Outras autoridades presentes neste histórico ato;

Participantes da Conferência que conclui no dia de hoje;

Irmãos e irmãs defensores da Mãe Terra, da Pachamama, e comprometidos com a sobrevivência da espécie humana:

A iniciativa do presidente Evo de convocar a esta Conferência para iniciar um diálogo direto, franco e construtivo com os movimentos e organizações sociais, indígenas, científicas e os povos do mundo, a fim de analisar as verdadeiras causas que provocam a mudança climática, é um fato de importância extraordinária e de excepcional sentido humano.

Escutamos há uns minutos a leitura do excelente e profundo documento elaborado como resultado desta primeira cúpula, e posso assegurar-lhes a todos vocês nosso firme e decidido apoio a esse documento que foi lido na tarde de hoje (Aplausos e exclamações).

Gostaria também de transmitir uma fraternal saudação do presidente Raúl Castro e do líder da Revolução Cubana, nosso comandante-em-chefe Fidel Castro (Aplausos), que acompanharam de muito perto o desenvolvimento deste histórico encontro, onde se demonstrou a consciência de nossos povos em torno à mudança climática e a determinação de contribuir à busca de soluções verdadeiras a este crucial fenômeno que ameaça a sobrevivência da humanidade.

Companheiras e companheiros:

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992, o comandante-em-chefe Fidel sentenciou, e repito isto pela atualidade que tem:

"Se quisermos salvar a humanidade dessa autodestruição, há que distribuir melhor as riquezas e tecnologias disponíveis no planeta. Menos luxo e menos esbanjamento nalguns poucos países para que haja menos pobreza e menos fome em grande parte da Terra" (Aplausos).

A luta pela defesa da vida passa hoje, indiscutivelmente, pela necessidade de abolir o sistema capitalista com seu estilo de vida e padrões de produção e consumo que arruínam o meio ambiente e conduzem ao homem a uma carreira desenfreada rumo a sua autodestruição.

É intolerável que a renda total dos 500 indivíduos mais ricos do mundo seja superior à renda dos 416 milhões de pessoas mais pobres.

Como explicar que um terço da população mundial careça de atendimento médico e de medicamentos essenciais para garantir a saúde — situação que se agravará na medida em que a mudança climática, a escassez de água e de alimentos sejam maiores —, num mundo globalizado onde a população cresce, as florestas desaparecem, a terra agrícola diminui, o ar se faz irrespirável e a espécie humana corre o risco real de desaparecer.

Como é possível que se dediquem US$12 trilhões para resgatar bancos na falência e para entregar recompensas aos especuladores, quando os recursos do planeta se requerem para salvar à Mãe Terra e à humanidade, à qual todos nós pertencemos (Aplausos).

Isso demonstra quais são as prioridades dos países industrializados, que não são, precisamente, combater com toda a força de seus recursos à mudança climática e sua consequência irreparável para os seres humanos.

O fracasso da 15ª Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações sobre Mudança Climática, realizada em dezembro passado em Copenhague, é motivo de profunda preocupação para todos. Fracassou devido à falta de decisão política das nações mais desenvolvidas para atingir compromissos ambiciosos de redução de emissões e à prática fraudulenta e excludente que primaram ali.

O chamado Acordo de Copenhague foi resultado de negociações excludentes e da manipulação política do principal responsável histórico e atual da mudança climática; não reflete os requerimentos fundamentados pela ciência nem responde ao imperativo político de frear o avanço deste fenômeno global.

É necessário que os movimentos e organizações sociais, indígenas, científicas e os povos do mundo se unam tal qual se discutiu na manhã de hoje. Há que exigir dos países desenvolvidos que reconheçam e saldem sua dívida climática com a humanidade.

A ampla participação neste evento é uma expressão de que se está adquirindo consciência sobre a necessidade dos povos de lutar por esse objetivo, no qual vai a vida de todos.

É preciso impulsionar um verdadeiro processo de participação cidadã e consulta com a sociedade, e um diálogo aberto com e entre os povos, a fim de levar adiante ações urgentes para evitar maiores danos e sofrimentos à humanidade e à Mãe Terra, tal qual se projetou a Conferência que concluiu na manhã de hoje.

Precisamente hoje, 22 de abril, nas Nações Unidas é comemorado o dia da Mãe Terra, proclamado no passado ano por iniciativa do presidente Evo Morales (Aplausos).

Devemos aproveitar esta comemoração e toda oportunidade que se nos presente para trabalhar por restabelecer a harmonia com a natureza e fazer valer os princípios de solidariedade, justiça e respeito pela vida.

Os países desenvolvidos levam nas suas costas o peso de 76% das emissões acumuladas na atmosfera e, portanto, devem assumir a plena responsabilidade pelo impacto histórico e atual que suas economias e estilos de vida lhe causaram ao equilíbrio climático global.

As últimas estatísticas demonstram que as emissões de gases de efeito estufa dos países altamente desenvolvidos se incrementaram em 12,8% entre os anos 1990 e 2007.

Os Estados Unidos, nesse mesmo período, experimentou um aumento de suas emissões de 15,8% e concentrou 55% do crescimento total das emissões de todos os países desenvolvidos.

Os Estados Unidos não podem continuar mantendo a comunidade internacional como refém de sua política doméstica e devem submeter-se às mesmas regras que o resto dos países desenvolvidos (Aplausos).

É injusto e inaceitável para os povos, movimentos e organizações sociais do Sul, que os países desenvolvidos pretendam transferir o custo de seus compromissos de redução de gases de efeito estufa, resultante da responsabilidade histórica que lhes corresponde com a mudança climática, às empobrecidas economias dos países subdesenvolvidos.

Reclamamos que se respeite o direito ao desenvolvimento dos países do Sul, e que este desenvolvimento tenha lugar num ambiente sadio e ecologicamente equilibrado.

Os países desenvolvidos devem comprometer-se a contribuir com recursos novos e adicionais necessários para a execução e fomento dos programas nacionais de adaptação e mitigação à mudança climática nos países em desenvolvimento.

Não basta com promessas insuficientes, que quase nunca se materializam ou que quando concretizadas ficam em níveis inferiores aos inicialmente prometidos.

O vergonhoso cenário de Copenhague, marcado pela repressão brutal contra as pacíficas manifestações e demandas dos movimentos sociais e da sociedade civil em geral, não pode repetir-se novamente (Aplausos).

Caras companheiras e companheiros:

O companheiro Evo Morales pode sentir orgulho de que seus contundentes triunfos nas eleições do passado dezembro e do recente 4 de abril, adere-se hoje o rotundo sucesso desta Conferência e sua liderança mundial nesta importante batalha (Aplausos).

A revolução democrática e cultural boliviana constitui um exemplo para muitos países do mundo, que veem neste processo uma esperança para a construção duma sociedade com novos princípios e valores, encaminhados a gerar bem-estar social e proteger a natureza e os recursos que generosamente ela nos oferece.

Há apenas três dias, na Venezuela, no âmbito da comemoração do Bicentenário, culminou em Caracas a 9ª Cúpula extraordinária da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América, evento que deu continuidade ao desenvolvimento dum novo tipo de relações de cooperação e solidariedade entre os países que façamos parte deste mecanismo e que concluiu num prelúdio importante para esta cúpula que hoje celebramos.

Estar nesta irmã terra boliviana, necessariamente nos faz lembrar um dos homens mais importantes da América Latina, ao comandante Ernesto Che Guevara (Aplausos e exclamações), que deu sua vida por uma América Latina independente, dona de sua riqueza e de seu destino; como ontem o fez o Che, hoje médicos e professores cubanos percorrem as paragens mais intrincadas lutando pela vida e por um futuro melhor para o povo boliviano e para outros povos de Nossa América (Aplausos).

Hoje os inimigos da humanidade comparecem à mentira à infâmia e redobram suas ameaças contra nossos povos, contra todos aqueles que lutam pela soberania e pela independência, pela vida e pela Mãe Terra.

Gostaria de reiterar neste histórico lugar e nesta histórica conferência, a nome do povo e do governo, que Cuba não cederá face à chantagem e às pressões do imperialismo norte-americano (Aplausos e exclamações) e de seus aliados europeus, que não se resignam a aceitar que Cuba tem direito a existir livre e soberana. Cuba não permitirá jamais imposições nem ingerências externas! Cuba não voltará jamais a ser uma colônia ianque! (Exclamações de: "Não!" e aplausos.)

Agradeço, a nome do povo cubano, a permanente solidariedade da Bolívia e de seu povo e dos povos da América Latina a nosso povo.

Companheiras e companheiros:

Vivemos em Cochabamba jornadas inesquecíveis. Aqui se renovou nosso compromisso com a Mãe Terra, com nosso planeta. Nesta luta ainda devemos percorrer um longo caminho, com rapidez e firmeza, por árduo que for, pois como disse também Fidel na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992: "Amanhã será tarde demais para fazer o que devemos ter feito há muito tempo".

Muito obrigado.

Pátria ou Morte!

Venceremos! (Aplausos.)

ENTREVISTA DE YOANI SÁNCHEZ

Ferrenha opositora do regime cubano, a blogueira Yoani Sánchez concedeu uma entrevista ao jornalista francês Salim Lamranium, na qual cai em contradição diversas vezes. Especialista em assuntos relacionados à ilha, ele conseguiu colocá-la contra a parede e expor a fragilidade dos argumentos da cubana. Veja abaixo.

Yoani Sánchez é a nova personalidade da oposição cubana. Desde a criação de seu blog, Generación Y, em 2007, obteve inúmeros prêmios internacionais: o prêmio de Jornalismo Ortega y Gasset (2008), o prêmio Bitacoras.com (2008), o prêmio The Bob's (2008), o prêmio Maria Moors Cabot (2008) da prestigiada universidade norte-americana de Colúmbia. Do mesmo modo, a blogueira foi escolhida como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo pela revista Time(2008), em companhia de George W. Bush, Hu Jintao e Dalai Lama.



Seu blog foi incluído na lista dos 25 melhores do mundo do canal CNN e da Time(2008). Em 30 de novembro de 2008, o diário espanhol El País a incluiu na lista das 100 personalidades hispano-americanas mais influentes do ano (lista na qual não apareciam nem Fidel Castro, nem Raúl Castro). A revista Foreign Policy, por sua vez, a considerou um dos 10 intelectuais mais importantes do ano, enquanto a revista mexicana Gato Pardofez o mesmo para 2008.



Esta impressionante avalanche de distinções simultâneas suscitou numerosas interrogações, ainda mais considerando que Yoani Sánchez, segundo suas próprias confissões, é uma total desconhecida em seu próprio país. Como uma pessoa desconhecida por seus vizinhos - segundo a própria blogueira - pode integrar a lista das 100 personalidades mais influentes do ano?



Um diplomata ocidental próximo desta atípica opositora do governo de Havana havia lido uma série de artigos que escrevi sobre Yoani Sánchez e que eram relativamente críticos. Ele os mostrou à blogueira cubana, que quis reunir-se comigo para esclarecer alguns pontos abordados.



O encontro com a jovem dissidente de fama controvertida não ocorreu em algum apartamento escuro, com as janelas fechadas, ou em um lugar isolado e recluso para escapar aos ouvidos indiscretos da "polícia política". Ao contrário, aconteceu no saguão do Hotel Plaza, no centro de Havana Velha, em uma tarde inundada de sol. O local estava bem movimentado, com numerosos turistas estrangeiros que perambulavam pelo imenso salão do edifício majestoso que abriu suas portas no início do século XX.



Yoani Sánchez vive perto das embaixadas ocidentais. De fato, uma simples chamada de meu contato ao meio-dia permitiu que combinássemos o encontro para três horas depois. Às 15h, a blogueira apareceu sorridente, vestida com uma saia longa e uma camiseta azul. Também usava uma jaqueta esportiva, para amenizar o relativo frescor do inverno havanês.



Foram cerca de duas horas de conversa ao redor de uma mesa do bar do hotel, com a presença de seu marido, Reinaldo Escobar, que a acompanhou durante uns vinte minutos antes de sair para outro encontro. Yoani Sánchez mostrou-se extremamente cordial e afável e exibiu grande tranquilidade. Seu tom de voz era seguro e em nenhum momento ela pareceu incomodada. Acostumada aos meios ocidentais, domina relativamente bem a arte da comunicação.



Esta blogueira, personagem de aparência frágil, inteligente e sagaz, tem consciência de que, embora lhe seja difícil admitir, sua midiatização no Ocidente não é uma causalidade, mas se deve ao fato de ela preconizar a instauração de um "capitalismo sui generis" em Cuba.



O incidente de 6 de novembro de 2009



Salim Lamrani - Comecemos pelo incidente ocorrido em 6 de novembro de 2009 em Havana. Em seu blog, a senhora explicou que foi presa com três amigos por "três robustos desconhecidos" durante uma "tarde carregada de pancadas, gritos e insultos". A senhora denunciou as violências de que foi vítima por parte das forças da ordem cubanas. Confirma sua versão dos fatos?



Yoani Sánchez - Efetivamente, confirmo que sofri violência. Mantiveram-me sequestrada por 25 minutos. Levei pancadas. Consegui pegar um papel que um deles levava no bolso e o coloquei em minha boca. Um deles pôs o joelho sobre meu peito e o outro, no assento dianteiro, me batia na região dos rins e golpeava minha cabeça para que eu abrisse a boca e soltasse o papel. Por um momento, achei que nunca sairia daquele carro.



SL - O relato, em seu blog, é verdadeiramente terrorífico. Cito textualmente: a senhora falou de "golpes e empurrões", de "golpes nos nós dos dedos", de "enxurrada de golpes", do "joelho sobre o [seu] peito", dos golpes nos "rins e [...] na cabeça", do "cabelo puxado", de seu "rosto avermelhado pela pressão e o corpo dolorido", dos "golpes [que] continuavam vindo" e "todas essas marcas roxas". No entanto, quando a senhora recebeu a imprensa internacional em 9 de novembro, todas as marcas haviam desaparecido. Como explica isso?



YS - São profissionais do espancamento.



SL - Certo, mas por que a senhora não tirou fotos das marcas?



YS - Tenho as fotos. Tenho provas fotográficas.



SL - Tem provas fotográficas?



YS - Tenho as provas fotográficas.



SL - Mas por que não as publicou para desmentir todos os rumores segundo os quais a senhora havia inventado uma agressão para que a imprensa falasse de seu caso?



YS - Por enquanto prefiro guardá-las e não publicá-las. Quero apresentá-las um dia perante um tribunal, para que esses três homens sejam julgados. Lembro-me perfeitamente de seus rostos e tenho fotos de pelo menos dois deles. Quanto ao terceiro, ainda não está identificado, mas, como se tratava do chefe, será fácil de encontrar. Tenho também o papel que tirei de um deles e que tem minha saliva, pois o coloquei na boca. Neste papel estava escrito o nome de uma mulher.



SL - Certo. A senhora publica muitas fotos em seu blog. Para nós é difícil entender por que prefere não mostrar as marcas desta vez.



YS - Como já lhe disse, prefiro guardá-las para a Justiça.



SL - A senhora entende que, com essa atitude, está dando crédito aos que pensam que a agressão foi uma invenção.



YS - É minha escolha.



SL - No entanto, até mesmo os meios ocidentais que lhe são mais favoráveis tomaram precauções oratórias pouco habituais para divulgar seu relato. O correspondente da BBC em Havana, Fernando Ravsberg, por exemplo, escreve que a senhora "não tem hematomas, marcas ou cicatrizes". A agência France Presseconta a história esclarecendo com muito cuidado que se trata de sua versão, sob o título "Cuba: a blogueira Yoani Sánchez diz ter sido agredida e detida brevemente". O jornalista afirma, por outro lado, que a senhora "não ficou ferida".



YS - Não quero avaliar o trabalho deles. Não sou eu quem deve julgá-lo. São profissionais que passam por situações muito complicadas, que não posso avaliar. O certo é que a existência ou não de marcas físicas não é a prova do fato.



SL - Mas a presença de marcas demonstraria que foram cometidas violências. Daí a importância da publicação das fotos.



YS - O senhor deve entender que tratamos de profissionais da intimidação. O fato de três desconhecidos terem me levado até um carro sem me apresentar nenhum documento me dá o direito de me queixar como se tivessem fraturado todos os ossos do corpo. As fotos não são importantes porque a ilegalidade está consumada. A precisão de que "me doeu aqui ou me doeu ali" é minha dor interior.



SL - Sim, mas o problema é que a senhora apresentou isso como uma agressão muito violenta. A senhora falou de "sequestro no pior estilo da Camorra siciliana".



YS - Sim, é verdade, mas sei que é minha palavra contra a deles. Entrar nesse tipo de detalhes, para saber se tenho marcas ou não, nos afasta do tema verdadeiro, que é o fato de terem me sequestrado durante 25 minutos de maneira ilegal.



SL - Perdoe-me a insistência, mas creio que é importante. Há uma diferença entre um controle de identidade que dura 25 minutos e violências policiais. Minha pergunta é simples. A senhora disse, textualmente: "Durante todo o fim de semana fiquei com a maçã do rosto e o supercílio inflamados." Como tem as fotos, pode agora mostrar as marcas.



YS - Já lhe disse que prefiro guardá-las para o tribunal.



SL - A senhora entende que, para algumas pessoas, será difícil acreditar em sua versão se a senhora não publicar as fotos.



YS - Penso que, entrando nesse tipo de detalhes, perde-se a essência. A essência é que três bloggers acompanhados por uma amiga dirigiam-se a um ponto da cidade que era a Rua 23, esquina G. Tínhamos ouvido falar que um grupo de jovens convocara uma passeata contra a violência. Pessoas alternativas, cantores de hip hop, de rap, artistas. Eu compareceria como blogueira para tirar fotos e publicá-las em meu blog e fazer entrevistas. No caminho, fomos interceptados por um carro da marca Geely.



SL - Para impedi-los de participar do evento?



YS - A razão, evidentemente, era esta. Eles nunca me disseram formalmente, mas era o objetivo. Disseram-me que entrasse no carro. Perguntei quem eles eram. Um deles me pegou pelo pulso e comecei a ir para trás. Isso aconteceu em uma zona bastante central de Havana, em um ponto de ônibus.



SL - Então havia outras pessoas. Havia testemunhas.



YS - Há testemunhas, mas não querem falar. Têm medo.



SL - Nem mesmo de modo anônimo? Por que a imprensa ocidental não as entrevistou preservando seu anonimato, como faz muitas vezes quando publica reportagens críticas sobre Cuba?



YS - Não posso lhe explicar a reação da imprensa. Posso lhe contar o que aconteceu. Um deles era um homem de uns cinquenta anos, musculoso como se tivesse praticado luta livre em algum momento da vida. Digo-lhe isso porque meu pai praticou esse esporte e tem as mesmas características. Tenho os pulsos muito finos e consegui escapar, e lhe perguntei quem era. Havia três homens além do motorista.



SL - Então havia quatro homens no total, e não três.



YS - Sim, mas não vi o rosto do motorista. Disseram-me: "Yoani, entre no carro, você sabe quem somos." Respondi: "Não sei quem são os senhores." O mais baixo me disse: "Escute-me, voce sabe quem sou, você me conhece." Retruquei: "Não, não sei quem é você. Não o conheço. Quem é você? Mostre-me suas credenciais ou algum documento." O outro me disse: "Entre, não torne as coisas mais difíceis." Então comecei a gritar: "Socorro! Sequestradores!"



SL - A senhora sabia que se tratava de policiais à paisana?



YS - Imaginava, mas eles não me mostraram seus documentos.



SL - Qual era seu objetivo, então?



YS - Queria que as coisas fossem feitas dentro da legalidade, ou seja, que me mostrassem seus documentos e me levassem depois, embora eu suspeitasse que eles representavam a autoridade. Ninguém pode obrigar um cidadão a entrar em um carro particular sem apresentar suas credenciais. Isso é uma ilegalidade e um sequestro.



SL - Como as pessoas no ponto de ônibus reagiram?



YS - As pessoas no ponto ficaram atônitas, pois "sequestro" não é uma palavra que se usa em Cuba, não existe esse fenômeno. Então se perguntaram o que estava acontecendo. Não tínhamos jeito de delinquentes. Alguns se aproximaram, mas um dos policiais lhes gritou: "Não se metam, que são contrarrevolucionários!"



Esta foi a confirmação de que se tratava de membros da polícia política, embora eu já imaginasse por causa do carro Geely, que é chinês, de fabricação atual, e não é vendido em nenhuma loja em Cuba. Esses carros pertencem exclusivamente a membros do Ministério das Forças Armadas e do Ministério do Interior.



SL - Então a senhora sabia desde o início, pelo carro, que se tratava de policiais à paisana.



YS - Intuía. Por outro lado, tive a confirmação quando um deles chamou um policial uniformizado. Uma patrulha formada por um homem e uma mulher chegou e levou dois de nós. Deixou-nos nas mãos desses dois desconhecidos.



SL - Mas a senhora já não tinha a menor dúvida sobre quem eles eram.



YS - Não, mas não nos mostraram nenhum documento. Os policiais não nos disseram que representavam a autoridade. Não nos disseram nada.



SL - É difícil entender o interesse das autoridades cubanas em agredi-la fisicamente, sob o risco de provocar um escândalo internacional. A senhora é famosa. Por que teriam feito isso?



YS - Seu objetivo era radicalizar-me, para que eu escrevesse textos violentos contra eles. Mas não conseguirão.



SL - Não se pode dizer que a senhora é branda com o governo cubano.



YS -Nunca recorro à violência verbal nem a ataques pessoais. Nunca uso adjetivos incendiários, como "sangrenta repressão", por exemplo. Seu objetivo, então, era radicalizar-me.



SL - No entanto, a senhora é muito dura em relação ao governo de Havana. Em seu blog, a senhora diz: "o barco que faz água a ponto de naufragar". A senhora fala dos "gritos do déspota", de "seres das sombras, que, como vampiros, se alimentam de nossa alegria humana, nos incutem o medo por meio da agressão, da ameaça, da chantagem", e afirma que "naufragaram o processo, o sistema, as expectativas, as ilusões. [É um] naufráfio [total]". São palavras muito fortes.



YS - Talvez, mas o objetivo deles era queimar o fenômeno Yoani Sánchez, demonizar-me. Por isso meu blog permaneceu bloqueado por um bom tempo.



SL - Contudo, é surpreendente que as autoridades cubanas tenham decidido atacá-la fisicamente.



YS - Foi uma torpeza. Não entendo por que me impediram de assistir à passeata, pois não penso como aqueles que reprimem. Não tenho explicação. Talvez eles não quisessem que eu me reunisse com os jovens. Os policiais acreditavam que eu iria provocar um escândalo ou fazer um discurso incendiário.



Voltando ao assunto da detenção, os policiais levaram meus amigos de maneira enérgica e firme, mas sem violência. No momento em que me dei conta de que iriam nos deixar sozinhos com Orlando, com esses três tipos, agarrei-me a uma planta que havia na rua e Claudia agarrou-se a mim pela cintura para impedir a separação, antes de os policiais a levarem.



SL - Para que resistir às forças da ordem uniformizadas e correr o risco de ser acusada disso e cometer um delito? Na França, se resistimos à polícia, corremos o risco de sofrer sanções.



YS - De qualquer modo, eles nos levaram. A policial levou Claudia. As três pessoas nos levaram até o carro e comecei a gritar de novo: "Socorro! Um sequestro!"



SL - Por quê? A senhora sabia que se tratava de policiais à paisana.



YS - Não me mostraram nenhum papel. Então começaram a me bater e me empurraram em direção ao carro. Claudia foi testemunha e relatou isso.



SL - A senhora não acaba de me dizer que a patrulha a havia levado?



YS - Ela viu a cena de longe, enquanto o carro de polícia se afastava. Defendi-me e golpeei como um animal que sente que sua hora chegou. Deram uma volta rápida e tentaram tirar-me o papel da boca.



Agarrei um deles pelos testículos e ele redobrou a violência. Levaram-nos a um bairro bem periférico, La Timba, que fica perto da Praça da Revolução. O homem desceu, abriu a porta e pediu que saíssemos. Eu não quis descer. Eles nos fizeram sair à força com Orlando e foram embora.



Uma senhora chegou e dissemos que havíamos sido sequestrados. Ela nos achou malucos e se foi. O carro voltou, mas não parou. Eles só me jogaram minha bolsa, onde estavam meu celular e minha câmera.



SL - Voltaram para devolver seu celular e sua câmera?



YS - Sim.



SL - Não lhe parece estranho que se preocupassem em voltar? Poderiam ter confiscado seu celular e sua câmera, que são suas ferramentas de trabalho.



YS - Bem, não sei. Tudo durou 25 minutos.



SL - Mas a senhora entende que, enquanto não publicar as fotos, as pessoas duvidarão de sua versão, e isso lançará uma sombra sobre a credibilidade de tudo o que a senhora diz.



YS - Não importa.





A Suíça e o retorno a Cuba



SL - Em 2002, a senhora decidiu emigrar para a Suíça. Dois anos depois, voltou a Cuba. É difícil entender por que a senhora deixou o "paraíso europeu" para regressar ao país que descreve como um inferno. A pergunta é simples: por quê?



YS - É uma ótima pergunta. Primeiro, gosto de nadar contra a corrente. Gosto de organizar minha vida à minha maneira. O absurdo não é ir embora e voltar a Cuba, e sim as leis migratórias cubanas, que estipulam que toda pessoa que passa onze meses no exterior perde seu status de residente permanente.



Em outras condições eu poderia permanecer dois anos no exterior e, com o dinheiro ganho, voltar a Cuba para reformar a casa e fazer outras coisas. Então o surpreendente não é o fato de eu decidir voltar a Cuba, e sim as leis migratórias cubanas.



SL - O mais surpreendente é que, tendo a possibilidade de viver em um dos países mais ricos do mundo, a senhora tenha decidido voltar a seu país, que descreve de modo apocalíptico, apenas dois anos depois de sua saída.



YS - As razões são várias. Primeiro, não pude ir embora com minha família. Somos uma pequena família, mas minha irmã, meus pais e eu somos muito unidos. Meu pai ficou doente em minha ausência e tive medo de que ele morresse sem que eu pudesse vê-lo. Também me sentia culpada por viver melhor do que eles. A cada vez que comprava um par de sapatos, que me conectava à internet, pensava neles. Sentia-me culpada.



SL - Certo, mas, da Suíça, a senhora podia ajudá-los enviando dinheiro.



YS - É verdade, mas há outro motivo. Pensei que, com o que havia aprendido na Suíça, poderia mudar as coisas voltando a Cuba. Há também a saudade das pessoas, dos amigos. Não foi uma decisão pensada, mas não me arrependo.



Tinha vontade de voltar e voltei. É verdade que isso pode parecer pouco comum, mas gosto de fazer coisas incomuns. Criei um blog e as pessoas me perguntaram por que eu fiz isso, mas o blog me satisfaz profissionalmente.



SL - Entendo. No entanto, apesar de todas essas razões, é difícil entender o motivo de seu regresso a Cuba quando no Ocidente se acredita que todos os cubanos querem abandonar o país. É ainda mais surpreendente em seu caso, pois a senhora apresenta seu país, repito, de modo apocalíptico.



YS - Como filóloga, eu discutiria a palavra, pois "apocalíptico" é um termo grandiloquente. Há um aspecto que caracteriza meu blog: a moderação verbal.



SL - Não é sempre assim. A senhora, por exemplo, descreve Cuba como "uma imensa prisão, com muros ideológicos". Os termos são bastantes fortes.



YS - Nunca escrevi isso.



SL - São as palavras de uma entrevista concedida ao canal francês France 24 em 22 de outubro de 2009.



YS - O senhor leu isso em francês ou em espanhol?



SL - Em francês.



YS - Desconfie das traduções, pois eu nunca disse isso. Com frequência me atribuem coisas que eu não disse. Por exemplo, o jornal espanhol ABC me atribuiu palavras que eu nunca havia pronunciado, e protestei. O artigo foi finalmente retirado do site na internet.



SL - Quais eram essas palavras?



YS - "Nos hospitais cubanos, morre mais gente de fome do que de enfermidades." Era uma mentira total. Eu jamais havia dito isso.



SL - Então a imprensa ocidental manipulou o que a senhora disse?



YS - Eu não diria isso.



SL - Se lhe atribuem palavras que a senhora não pronunciou, trata-se de manipulação.



YS - O Granma manipula a realidade mais do que a imprensa ocidental ao afirmar que sou uma criação do grupo midiático Prisa.



SL - Justamente, a senhora não tem a impressão de que a imprensa ocidental a usa porque a senhora preconiza um "capitalismo sui generis" em Cuba?



YS - Não sou responsável pelo que a imprensa faz. Meu blog é uma terapia pessoal, um exorcismo. Tenho a impressão de que sou mais manipulada em meu próprio país do que em outra parte. O senhor sabe que existe uma lei em Cuba, a lei 88, chamada lei da "mordaça", que põe na cadeia as pessoas que fazem o que estamos fazendo.



SL - O que isso quer dizer?



YS - Que nossa conversa pode ser considerada um delito, que pode ser punido com uma pena de até 15 anos de prisão.



SL - Perdoe-me, o fato de eu entrevistá-la pode levá-la para a cadeia?



YS - É claro!



SL - Não tenho a impressão de que isso a preocupe muito, pois a senhora está me concedendo uma entrevista em plena tarde, no saguão de um hotel no centro de Havana Velha.



YS - Não estou preocupada. Esta lei estipula que toda pessoa que denuncie as violações dos direitos humanos em Cuba colabora com as sanções econômicas, pois Washington justifica a imposição das sanções contra Cuba pela violação dos direitos humanos.



SL - Se não me engano, a lei 88 foi aprovada em 1996 para responder à Lei-Helms Burton e sanciona sobretudo as pessoas que colaboram com a aplicação desta legislação em Cuba, por exemplo fornecendo informações a Washington sobre os investidores estrangeiros no país, para que estes sejam perseguidos pelos tribunais norte-americanos. Que eu saiba, ninguém até agora foi condenado por isso.



Falemos de liberdade de expressão. A senhora goza de certa liberdade de tom em seu blog. Está sendo entrevistada em plena tarde em um hotel. Não vê uma contradição entre o fato de afirmar que não há nenhuma liberdade de expressão em Cuba e a realidade de seus escritos e suas atividades, que provam o contrário?



YS - Sim, mas o blog não pode ser acessado desde Cuba, porque está bloqueado.



SL - Posso lhe assegurar que o consultei esta manhã antes da entrevista, no hotel.



YS - É possível, mas ele permanece bloqueado a maior parte do tempo. De todo modo, hoje em dia, mesmo sendo uma pessoa moderada, não posso ter nenhum espaço na imprensa cubana, nem no rádio, nem na televisão.



SL - Mas pode publicar o que tem vontade em seu blog.



YS - Mas não posso publicar uma única palavra na imprensa cubana.



SL - Na França, que é uma democracia, amplos setores da população não têm nenhum espaço nos meios, já que a maioria pertence a grupos econômicos e financeiros privados.



YS - Sim, mas é diferente.



SL - A senhora recebeu ameaças por suas atividades? Alguma vez a ameaçaram com uma pena de prisão pelo que escreve?



YS - Ameaças diretas de pena de prisão, não, mas não me deixam viajar ao exterior. Fui convidada há pouco para um Congresso sobre a língua espanhola no Chile, fiz todos os trâmites, mas não me deixam sair.



SL - Deram-lhe alguma explicação?



YS - Nenhuma, mas quero dizer uma coisa. Para mim, as sanções dos Estados Unidos contra Cuba são uma atrocidade. Trata-se de uma política que fracassou. Afirmei isso muitas vezes, mas não se publica, pois é incômodo o fato de eu ter esta opinião que rompe com o arquétipo do opositor.





As sanções econômicas



SL - Então a senhora se opõe às sanções econômicas.



YS - Absolutamente, e digo isso em todas as entrevistas. Há algumas semanas, enviei uma carta ao Senado dos Estados Unidos pedindo que os cidadãos norte-americanos tivessem permissão para viajar a Cuba. É uma atrocidade impedir que os cidadãos norte-americanos viajem a Cuba, do mesmo modo que o governo cubano me impede de sair de meu país.



SL - O que acha das esperanças suscitadas pela eleição de Obama, que prometeu uma mudança na política para Cuba, mas decepcionou muita gente?



YS - Ele chegou ao poder sem o apoio do lobby fundamentalista de Miami, que defendeu o outro candidato. De minha parte, já me pronunciei contra as sanções.



SL - Este lobby fundamentalista é contra a suspensão das sanções econômicas.



YS - O senhor pode discutir com eles e lhes expor meus argumentos, mas eu não diria que são inimigos da pátria. Não penso assim.



SL - Uma parte deles participou da invasão de seu próprio país em 1961, sob as ordens da CIA. Vários estão envolvidos em atos de terrorismo contra Cuba.



YS - Os cubanos no exílio têm o direito de pensar e decidir. Sou a favor de que eles tenham direito ao voto. Aqui, estigmatizou-se muito o exílio cubano.



SL - O exílio "histórico" ou os que emigraram depois, por razões econômicas?



YS - Na verdade, oponho-me a todos os extremos. Mas essas pessoas que defendem as sanções econômicas não são anticubanas. Considere que elas defendem Cuba segundo seus próprios critérios.



SL - Talvez, mas as sanções econômicas afetam os setores mais vulneráveis da população cubana, e não os dirigentes. Por isso é difícil ser a favor das sanções e, ao mesmo tempo, querer defender o bem-estar dos cubanos.



YS - É a opinião deles. É assim.



SL - Eles não são ingênuos. Sabem que os cubanos sofrem com as sanções.



YS - São simplesmente diferentes. Acreditam que poderão mudar o regime impondo sanções. Em todo caso, creio que o bloqueio tem sido o argumento perfeito para o governo cubano manter a intolerância, o controle e a repressão interna.



SL - As sanções econômicas têm efeitos. Ou a senhora acha que são apenas uma desculpa para Havana?



YS - São uma desculpa que leva à repressão.



SL - Afetam o país de um ponto de vista econômico, para a senhora? Ou é apenas um efeito marginal?



YS - O verdadeiro problema é a falta de produtividade em Cuba. Se amanhã suspendessem as sanções, duvido muito que víssemos os efeitos.



SL - Neste caso, por que os Estados Unidos não suspendem as sanções, tirando assim a desculpa do governo? Assim perceberíamos que as dificuldades econômicas devem-se apenas às políticas internas. Se Washington insiste tanto nas sanções apesar de seu caráter anacrônico, apesar da oposição da imensa maioria da comunidade internacional, 187 países em 2009, apesar da oposição de uma maioria da opinião pública dos Estados Unidos, apesar da oposição do mundo dos negócios, deve ser por algum motivo, não?



YS - Simplesmente porque Obama não é o ditador dos Estados Unidos e não pode eliminar as sanções.



SL - Ele não pode eliminá-las totalmente porque não há um acordo no Congresso, mas pode aliviá-las consideravelmente, o que não fez até agora, já que, salvo a eliminação das sanções impostas por Bush em 2004, quase nada mudou.



YS - Não, não é verdade, pois ele também permitiu que as empresas de telecomunicações norte-americanas fizessem transações com Cuba.





Os prêmios internacionais, o blog e Barack Obama



SL - A senhora terá de admitir que é bem pouco, quando se sabe que Obama prometeu um novo enfoque para Cuba. Voltemos a seu caso pessoal. Como explica esta avalanche de prêmios, assim como seu sucesso internacional?



YS - Não tenho muito a dizer, a não ser expressar minha gratidão. Todo prêmio implica uma dose de subjetividade por parte do jurado. Todo prêmio é discutível. Por exemplo, muitos escritores latino-americanos mereciam o Prêmio Nobel de Literatura mais que Gabriel García Márquez.



SL - A senhora afirma isso porque acredita que ele não tem tanto talento ou por sua posição favorável à Revolução cubana? A senhora não nega seu talento de escritor, ou nega?



YS - É minha opinião, mas não direi que ele obteve o prêmio por esse motivo nem vou acusá-lo de ser um agente do governo sueco.



SL - Ele obteve o prêmio por sua obra literária, enquanto a senhora foi recompensada por suas posições políticas contra o governo. É a impressão que temos.



YS - Falemos do prêmio Ortega y Gasset, do jornal El País, que suscita mais polêmica. Venci na categoria "Internet". Alguns dizem que outros jornalistas não conseguiram, mas sou uma blogueira e sou pioneira neste campo. Considero-me uma personagem da internet. O júri do prêmio Ortega y Gasset é formado por personalidades extremamente prestigiadas e eu não diria que elas se prestaram a uma conspiração contra Cuba.



SL - A senhora não pode negar que o jornal espanhol El Paístem uma linha editorial totalmente hostil a Cuba. E alguns acham que o prêmio, de 15.000 euros, foi uma forma de recompensar seus escritos contra o governo.



YS - As pessoas pensam o que querem. Acredito que meu trabalho foi recompensado. Meu blog tem 10 milhões de visitas por mês. É um furacão.



SL - Como a senhora faz para pagar os gastos com a administração de semelhante tráfego?



YS - Um amigo na Alemanha se encarregava disso, pois o site estava hospedado na Alemanha. Há mais de um ano está hospedado na Espanha, e consegui 18 meses gratuitos graças ao prêmio The Bob's.



SL - E a tradução para 18 línguas?



YS - São amigos e admiradores que o fazem voluntária e gratuitamente.



SL - Muitas pessoas acham difícil acreditar nisso, pois nenhum outro site do mundo, nem mesmo os das mais importantes instituições internacionais, como as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a OCDE, a União Europeia, dispõe de tantas versões de idioma. Nem o site do Departamento de Estado dos EUA, nem o da CIA contam com semelhante variedade.



YS - Digo-lhe a verdade.



SL - O presidente Obama inclusive respondeu a uma entrevista que a senhora fez. Como explica isso?



YS - Em primeiro lugar, quero dizer que não eram perguntas complacentes.



SL - Tampouco podemos afirmar que a senhora foi crítica, já que não pediu que ele suspendesse as sanções econômicas, sobre as quais a senhora diz que "são usadas como justificativa tanto para o descalabro produtivo quanto para reprimir os que pensam diferente". É exatamente o que diz Washington sobre o tema.



O momento de maior atrevimento foi quando a senhora perguntou se ele pensava em invadir Cuba. Como a senhora explica que o presidente Obama tenha dedicado tempo a lhe responder apesar de sua agenda extremamente carregada, com uma crise econômica sem precedentes, a reforma do sistema de saúde, o Iraque, o Afeganistão, as bases militares na Colômbia, o golpe de Estado em Honduras e centenas de pedidos de entrevista dos mais importantes meios do mundo à espera?



YS - Tenho sorte. Quero lhe dizer que também enviei perguntas ao presidente Raúl Castro e ele não me respondeu. Não perco a esperança. Além disso, ele agora tem a vantagem de contar com as respostas de Obama.



SL - Como a senhora chegou até Obama?



YS - Transmiti as perguntas a várias pessoas que vinham me visitar e poderiam ter um contato com ele.



SL - Em sua opinião, Obama respondeu porque a senhora é uma blogueira cubana ou porque se opõe ao governo?



YS - Não creio. Obama respondeu porque fala com os cidadãos.



SL - Ele recebe milhões de solicitações a cada dia. Por que lhe respondeu, se a senhora é uma simples blogueira?



YS - Obama é próximo de minha geração, de meu modo de pensar.



SL - Mas por que a senhora? Existem milhões de blogueiros no mundo. Não acha que foi usada na guerra midiática de Washington contra Havana?



YS - Em minha opinião, ele talvez quisesse responder a alguns pontos, como a invasão de Cuba. Talvez eu tenha lhe dado a oportunidade de se manifestar sobre um tema que ele queria abordar havia muito tempo. A propaganda política nos fala constantemente de uma possível invasão de Cuba.



SL - Mas ocorreu uma, não?



YS - Quando?



SL - Em 1961. E, em 2003, Roger Noriega, subsecretário de Estado para Assuntos Interamericanos, disse que qualquer onda migratória cubana em direção aos Estados Unidos seria considerada uma ameaça à segurança nacional e exigiria uma resposta militar.



YS - É outro assunto. Voltando ao tema da entrevista, creio que ela permitiu esclarecer alguns pontos. Tenho a impressão de que há uma intenção de ambos os lados de não normalizar as relações, de não se entender. Perguntei-lhe quando encontraríamos uma solução.



SL - A seu ver, quem é responsável por este conflito entre os dois países?



YS - É difícil apontar um culpado.



SL - Neste caso específico, são os Estados Unidos que impõem sanções unilaterais a Cuba, e não o contrário.



YS - Sim, mas Cuba confiscou propriedades dos Estados Unidos.



SL - Tenho a impressão de que a senhora faz o papel de advogada de Washington.



YS - Os confiscos ocorreram.



SL - É verdade, mas foram realizados conforme o direito internacional. Cuba também confiscou propriedades da França, Espanha, Itália, Bélgica, Reino Unido, e indenizou estas nações. O único país que recusou as indenizações foram os Estados Unidos.



YS - Cuba também permitiu a instalação de bases militares em seu território e de mísseis de um império distante...



SL - ...Como os Estados Unidos instalaram bases nucleares contra a URSS na Itália e na Turquia.



YS - Os mísseis nucleares podiam alcançar os Estados Unidos.



SL - Assim como os mísseis nucleares norte-americanos podiam alcançar Cuba ou a URSS.



YS - É verdade, mas creio que houve uma escalada no confronto por parte de ambos os países.





Os cinco presos políticos cubanos e a dissidência



SL - Abordemos outro tema. Fala-se muito dos cinco presos políticos cubanos nos Estados Unidos, condenados à prisão perpétua por infiltrar grupelhos de extrema direita na Flórida envolvidos no terrorismo contra Cuba.



YS - Não é um tema que interesse à população. É propaganda política.



SL - Mas qual é seu ponto de vista a respeito?



YS - Tentarei ser o mais neutra possível. São agentes do Ministério do Interior que se infiltraram nos Estados Unidos para coletar informações. O governo de Cuba disse que eles não desempenhavam atividades de espionagem, mas sim que haviam infiltrado grupos cubanos para evitar atos terroristas. Mas o governo cubano sempre afirmou que esses grupos estavam ligados a Washington.



SL - Então os grupos radicais de exilados têm laços com o governo dos Estados Unidos.



YS - É o que diz a propaganda política.



SL - Então não é verdade.



YS - Se é verdade, significa que os cinco realizavam atividades de espionagem.



SL - Neste caso, os Estados Unidos têm de reconhecer que os grupos violentos fazem parte do governo.



YS - É verdade.



SL - A senhora acha que os Cinco devem ser libertados ou merecem a punição?



YS - Creio que valeria a pena revisar os casos, mas em um contexto político mais apaziguado. Não acho que o uso político deste caso seja bom para eles. O governo cubano midiatiza demais este assunto.



SL - Talvez por ser um assunto totalmente censurado pela imprensa ocidental.



YS - Creio que seria bom salvar essas pessoas, que são seres humanos, têm uma família, filhos. Por outro lado, contudo, também há vítimas.



SL - Mas os cinco não cometeram crimes.



YS - Não, mas forneceram informações que causaram a morte de várias pessoas.



SL - A senhora se refere aos acontecimentos de 24 de fevereiro de 1996, quando dois aviões da organização radical Brothers to the Rescue foram derrubados depois de violar várias vezes o espaço aéreo cubano e lançar convocações à rebelião.



YS - Sim.



SL - No entanto, o promotor reconheceu que era impossível provar a culpa de Gerardo Hernández neste caso.



YS - É verdade. Penso que, quando a política se intromete em assuntos de justiça, chegamos a isso.

SL - A senhora acha que se trata de um caso político?

YS - Para o governo cubano, é um caso político.



SL - E para os Estados Unidos?



YS - Penso que existe uma separação dos poderes no país, mas é possível que o ambiente político tenha influenciado os juízes e jurados. Não creio, no entanto, que se trate de um caso político dirigido por Washigton. É difícil ter uma imagem clara deste caso, pois jamais obtivemos uma informação completa a respeito. Mas a prioridade para os cubanos é a libertação dos presos políticos.





O financiamiento dos dissidentes cubanos pelos Estados Unidos



SL - Wayne S. Smith, último embaixador dos Estados Unidos em Cuba, declarou que era "ilegal e imprudente enviar dinheiro aos dissidentes cubanos". Acrescentou que "ninguém deveria dar dinheiro aos dissidentes, muito menos com o objetivo de derrubar o governo cubano".



Ele explica: "Quando os Estados Unidos declaram que seu objetivo é derrubar o governo cubano e depois afirmam que um dos meios para conseguir isso é oferecer fundos aos dissidentes cubanos, estes se encontram de fato na posição de agentes pagos por uma potência estrangeira para derrubar seu próprio governo".



YS - Creio que o financiamento da oposição pelos Estados Unidos tem sido apresentado como uma realidade, o que não é o caso. Conheço vários membros do grupo dos 75 dissidentes presos em 2003 e duvido muito dessa versão. Não tenho provas de que os 75 tenham sido presos por isso. Não acredito nas provas apresentadas nos tribunais cubanos.



SL - Não creio que seja possível ignorar esta realidade.



YS - Por quê?



SL - O próprio governo dos Estados Unidos afirma que financia a oposição interna desde 1959. Basta consultar, além dos arquivos liberados ao público, a seção 1.705 da lei Torricelli, de 1992, a seção 109 da lei Helms-Burton, de 1996, e os dois informes da Comissão de Assistência para uma Cuba Livre, de maio de 2004 e julho de 2006. Todos esses documentos revelam que o presidente dos Estados Unidos financia a oposição interna em Cuba com o objetivo de derrubar o governo de Havana.



YS: Não sei, mas...



SL - Se me permite, vou citar as leis em questão. A seção 1.705 da lei Torricelli estipula que "os Estados Unidos proporcionarão assistência às organizações não-governamentais adequadas para apoiar indivíduos e organizações que promovem uma mudança democrática não violenta em Cuba."



A seção 109 da lei Helms-Burton também é muito clara: "O presidente [dos Estados Unidos] está autorizado a proporcionar assistência e oferecer todo tipo de apoio a indivíduos e organizações não-governamentais independentes para unir os esforços a fim de construir uma democracia em Cuba".



O primeiro informe da Comissão de Assistência para uma Cuba Livre prevê a elaboração de um "sólido programa de apoio que favoreça a sociedade civil cubana". Entre as medidas previstas há um financiamento de 36 milhões de dólares para o "apoio à oposição democrática e ao fortalecimento da sociedade civil emergente".



O segundo informe da Comissão de Assistência para uma Cuba Livre prevê um orçamento de 31 milhões de dólares para financiar ainda mais a oposição interna. Além disso, está previsto para os anos seguintes um financiamento anual de pelo menos 20 milhões de dólares, com o mesmo objetivo, "até que a ditadura deixe de existir".



YS - Quem lhe disse que esse dinheiro chegou às mãos dos dissidentes?



SL - A Seção de Interesses Norte-americanos afirmou em um comunicado: "A política norte-americana, faz muito tempo, é proporcionar assistência humanitária ao povo cubano, especificamente a famílias de presos políticos. Também permitimos que as organizações privadas o façam."



YS - Bem...



SL - Inclusive a Anistia Internacional, que lembra a existência de 58 presos políticos em Cuba, reconhece que eles estão detidos "por ter recebido fundos ou materiais do governo norte-americano para realizar atividades que as autoridades consideram subversivas e prejudiciais para Cuba".



YS - Não sei se...



SL - Por outro lado, os próprios dissidentes admitem receber dinheiro dos Estados Unidos. Laura Pollán, das Damas de Branco, declarou: "Aceitamos a ajuda, o apoio, da ultradireita à esquerda, sem condições". O opositor Vladimiro Roca também confessou que a dissidência cubana é subvencionada por Washington, alegando que a ajuda financeira recebida era "total e completamente lícita". Para o dissidente René Gómez, o apoio econômico por parte dos Estados Unidos "não é algo a esconder ou de que precisemos nos envergonhar".



Inclusive a imprensa ocidental reconhece. A agência France Presse informa que "os dissidentes, por sua parte, reivindicaram e assumiram essas ajudas econômicas". A agência espanhola EFEmenciona os "opositores financiados pelos Estados Unidos". Quanto à agência de notícias britânica Reuters, "o governo norte-americano fornece abertamente um apoio financeiro federal às atividades dos dissidentes, o que Cuba considera um ato ilegal". E eu poderia multiplicar os exemplos.



YS - Tudo isso é culpa do governo cubano, que impede a prosperidade econômica de seus cidadãos, que impõe um racionamento à população. É preciso fazer fila para conseguir produtos. É necessário julgar antes o governo cubano, que levou milhares de pessoas a aceitar a ajuda estrangeira.



SL - O problema é que os dissidentes cometem um delito que a lei cubana e todos os códigos penais do mundo sancionam severamente. Ser financiado por uma potência estrangeira é um grave delito na Franca e no restante do mundo.



YS - Podemos admitir que o financiamento de uma oposição é uma prova de ingerência, mas...



SL - Mas, neste caso, as pessoas que a senhora qualifica de presos políticos não são presos políticos, pois cometeram um delito ao aceitar dinheiro dos Estados Unidos, e a justiça cubana as condenou com base nisso.



YS - Creio que este governo se intrometeu muitas vezes nos assuntos internos de outros países, financiando movimentos rebeldes e a guerrilha. Interveio em Angola e...



SL - Sim, mas se tratava de ajudar os movimentos independentistas contra o colonialismo português e o regime segregacionista da África do Sul. Quando a África do Sul invadiu a Namíbia, Cuba interveio para defender a independência deste país. Nelson Mandela agradeceu publicamente a Cuba e esta foi a razão pela qual fez sua primeira viagem a Havana, e não a Washington ou Paris.



YS - Mas muitos cubanos morreram por isso, longe de sua terra.



SL - Sim, mas foi por uma causa nobre, seja em Angola, no Congo ou na Namíbia. A batalha de Cuito Cuanavale, em 1988, permitiu que se pusesse fim ao apartheid na África do Sul. É o que diz Mandela! Não se sente orgulhosa disso?



YS - Concordo, mas, no fim das contas, incomoda-me mais a ingerência de meu país no exterior. O que faz falta é despenalizar a prosperidade.



SL - Inclusive o fato de se receber dinheiro de uma potência estrangeira?



YS - As pessoas têm de ser economicamente autônomas.





SL - Se entendo bem, a senhora preconiza a privatização de certos setores da economia.



YS - Não gosto do termo "privatizar", pois tem uma conotação pejorativa, mas colocar em mãos privadas, sim.





Conquistas sociais em Cuba?



SL - É uma questão semântica, então. Quais são, para a senhora, as conquistas sociais deste país?



YS - Cada conquista teve um custo enorme. Todas as coisas que podem parecer positivas tiveram um custo em termos de liberdade. Meu filho recebe uma educação muito doutrinária e contam-lhe uma história de Cuba que em nada corresponde à realidade. Preferiria uma educação menos ideológica para meu filho. Por outro lado, ninguém quer ser professor neste país, pois os salários são muito baixos.



SL - Concordo, mas isso não impede que Cuba seja o país com o maior número de professores por habitante do mundo, com salas de 20 alunos no máximo, o que não ocorre na França, por exemplo.



YS - Sim, mas houve um custo, e por isso a educação e a saúde não são verdadeiras conquistas para mim.



SL - Não podemos negar algo reconhecido por todas as instituições internacionais. Em relação à educação, o índice de analfabetismo é de 11,7% na América Latina e 0,2% em Cuba. O índice de escolaridade no ensino primário é de 92% na América Latina e 100% em Cuba, e no ensino secundário é de 52% e 99,7%, respectivamente. São cifras do Departamento de Educação da Unesco.



YS - Certo, mas, em 1959, embora Cuba vivesse em condições difíceis, a situação não era tão ruim. Havia uma vida intelectual florescente, um pensamento político vivo. Na verdade, a maioria das supostas conquistas atuais, apresentadas como resultados do sistema, eram inerentes a nossa idiossincrasia. Essas conquistas existiam antes.



SL - Não é verdade. Vou citar uma fonte acima de qualquer suspeita: um informe do Banco Mundial. É uma citação bastante longa, mas vale a pena.



"Cuba é internacionalmente reconhecida por seus êxitos no campo da educação e da saúde, com um serviço social que supera o da maior parte dos países em desenvolvimento e, em certos setores, comparável ao dos países desenvolvidos. Desde a Revolução cubana de 1959 e do estabelecimento de um governo comunista com partido único, o país criou um sistema de serviços sociais que garante o acesso universal à educação e à saúde, proporcionado pelo Estado. Este modelo permitiu que Cuba alcançasse uma alfabetização universal, a erradicação de certas enfermidades, o acesso geral à água potável e a salubridade pública de base, uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas da região e uma das maiores expectativas de vida. Uma revisão dos indicadores sociais de Cuba revela uma melhora quase contínua desde 1960 até 1980. Vários índices importantes, como a expectativa de vida e a taxa de mortalidade infantil, continuaram melhorando durante a crise econômica do país nos anos 90... Atualmente, o serviço social de Cuba é um dos melhores do mundo em desenvolvimento, como documentam numerosas fontes internacionais, entre elas a Organização Mundial de Saúde, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e outras agências da ONU, e o Banco Mundial. Segundo os índices de desenvolvimento do mundo em 2002, Cuba supera amplamente a América Latina e o Caribe e outros países com renda média nos mais importantes indicadores de educação, saúde e salubridade pública."



Além disso, os números comprovam. Em 1959, a taxa de mortalidade infantil era de 60 por mil. Em 2009, era de 4,8. Trata-se da taxa mais baixa do continente americano do Terceiro Mundo; inclusive mais baixa que a dos Estados Unidos.



YS - Bom, mas...



SL - A expectativa de vida era de 58 anos antes da Revolução. Agora é de quase 80 anos, similar à de muitos países desenvolvidos. Cuba tem hoje 67.000 médicos frente aos 6.000 de 1959. Segundo o diário ingles The Guardian, Cuba tem duas vezes mais médicos que a Inglaterra para uma população quatro vezes menor.



YS - Certo, mas, em termos de liberdade de expressão, houve um recuo em relação ao governo de Batista. O regime era uma ditadura, mas havia uma liberdade de imprensa plural e aberta, programas de rádio de todas as tendências políticas.



SL - Não é verdade. A censura da imprensa também existia. Entre dezembro de 1956 e janeiro de 1959, durante a guerra contra o regime de Batista, a censura foi imposta em 630 de 759 dias. E aos opositores reservava-se um triste destino.



YS - É verdade que havia censura, intimidações e mortos ao final.



SL - Então a senhora não pode dizer que a situação era melhor com Batista, já que os opositores eram assassinados. Já não é o caso hoje. A senhora acha que a data de 1º de janeiro é uma tragédia para a história de Cuba?



YS - Não, de modo algum. Foi um processo que motivou muita esperança, mas traiu a maioria dos cubanos. Fui um momento luminosos para boa parte da população, mas puseram fim a uma ditadura e instauraram outra. Mas não sou tão negativa como alguns.





Luis Posada Carriles, a lei de Ajuste Cubano e a emigração



SL - O que acha de Luis Posada Carriles, ex-agente da CIA responsável por numerosos crimes em Cuba e a quem os Estados Unidos recusam-se a julgar?



YS - É um tema político que não interessa às pessoas. É uma cortina de fumaça.



SL - Interessa, pelo menos, aos parentes das vítimas. Qual é seu ponto de vista a respeito?



YS - Não gosto de ações violentas.



SL - Condena seus atos terroristas?



YS - Condeno todo ato de terrorismo, inclusive os cometidos atualmente no Iraque por uma suposta resistência iraquiana que mata os iraquianos.

SL - Quem mata os iraquianos? Os ataques da resistência ou os bombardeios dos Estados Unidos?



YS - Não sei.



SL - Uma palavra sobre a lei de Ajuste Cubano, que determina que todo cubano que emigra legal o ilegalmente para os Estados Unidos obtém automaticamente o status de residente permanente.



YS - É uma vantagem que os demais países não têm. Mas o fato de os cubanos emigrarem para os Estados Unidos deve-se à situação difícil aqui.



SL - Além disso, os Estados Unidos são o país mais rico do mundo. Muitos europeus também emigram para lá. A senhora reconhece que a lei de Ajuste Cubano é uma formidável ferramenta de incitação à emigração legal e ilegal?



YS - É, efetivamente, um fator de incitação.



SL - A senhora não vê isso como uma ferramenta para desestabilizar a sociedade e o governo?



YS - Neste caso, também podemos dizer que a concessão da cidadania espanhola aos descendentes de espanhóis nascidos em Cuba é um fator de desestabilização.



SL - Não tem nada a ver, pois existem razões históricas e, além disso, a Espanha aplica esta lei a todos os países da América Latina e não só a Cuba, enquanto a lei de Ajuste Cubano é única no mundo.



YS - Mas existem fortes relações. Joga-se beisebol em Cuba como nos Estados Unidos.



SL - Na República Dominicana também, mas não existe uma lei de ajuste dominicano.



YS - Existe, no entanto, uma tradição de aproximação.



SL - Então por que esta lei não foi aprovada antes da Revolução?



YS - Por que os cubanos não queriam deixar seu país. Na época, Cuba era um país de imigração, não de emigração.



SL - É absolutamente falso, já que, nos anos 50, Cuba ocupava o segundo lugar entre os países americanos em termos de emigração rumo aos Estados Unidos, imediatamente atrás do México. Cuba mandava mais emigrantes para os Estados Unidos que toda a América Central e toda a América do Sul juntas, enquanto que atualmente Cuba só ocupa o décimo lugar apesar da lei de Ajuste Cubano e das sanções econômicas.



YS - Talvez, mas não havia essa obsessão de abandonar o país.



SL - As cifras demonstram o contrário. Atualmente, repito, Cuba só ocupa o décimo lugar no continente americano em termos de fluxo migratório para os Estados Unidos. Então a obsessão da qual você me fala é mais forte en nove países do continente pelo menos.



YS - Sim, mas naquela época os cubanos iam e regressavam.





Fonte: Rebelión, reproduzido por Opera Mundi