quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Representante de OPS/OMS reconhece avanços sanitários de Cuba

Havana, 18 nov (Prensa Latina) Lea Guido López, representante em Cuba de OPS/OMS, reconheceu os destacados resultados que ostenta a ilha em saúde, educação e bem-estar social.


Durante o Fórum Global para a Pesquisa em Saúde 2009, realizado nesta capital, a especialista manifestou que a nação possui políticas de previdência de alta qualidade.

O país tem sido exemplo de como fazer melhor as coisas, não só no campo tecnológico, também no das ideias e estratégias, assegurou a doutora Guido.

Explicou que os alvos do futuro do Foro se centram precisamente no sonho da atenção primária generalizada, terreno no qual Cuba tem uma grande experiência.

Por outro lado, lembrou dos desafios que enfrenta o país, com uma população que atinge uma expectativa de vida cada vez mais elevada e os problemas sanitários que disto se derivam, cuidados custosos e intensos.

O Foro Global foi inaugurado no Palácio de Convenções da Habana na passada segunda-feira 16 de novembro e se desenvolverá até o próximo dia 20. No mesmo participam mais de 800 delegados de 80 nações.

Financiamento em saúde, como maximizar os investimentos, utilidade das associações para o desenvolvimento de produtos e a cooperação em temas de previdência entre os países do Sul, protagonizaram os debates de terça-feira do encontro.

lgo/vm/bj

Governo dos EUA gasta incorretamente bilhões de dólares

Washington, 18 nov (Prensa Latina) O governo federal estadunidense gastou no atual período fiscal 98 bilhões de dólares no que a Casa Branca qualificou como pagamentos incorretos, confirmaram hoje fontes de imprensa.


De acordo com Peter Orszag, diretor do Burô de Orçamento do Escritório Oval, tais cifras negativas representam um aumento significativo de 37,5 por cento sobre os 72 bilhões de 2008.

O presidente Barack Obama, agora numa viagem pela Ásia, certificará em próximos dias uma ordem executiva para combater o problema, precisou Orszag.

Uma grande percentagem dos chamados pagamentos indevidos foram consequência de fraudes, reembolsos mau dirigidos, ou resultado de contas errôneas relacionadas com o seguro do Medicare.

O assessor de Obama absteve-se de explicar aos repórteres que quantidade de dinheiro se perdeu como consequência de remessas equívocas vinculadas ao pacote de estímulo econômico por 787 bilhões de dólares aprovado em fevereiro último.

Segundo Orszag, a medida do governante democrata buscará maior transparência administrativa, uma contabilidade pormenorizada, e a otimização do programa de despesas em Washington D.C.

A rede CNN explicou que durante 2009 um total de 99 agências e programas federais receberam um montante de 1,98 bilhões de dólares, com mais de um cinco por cento em pagamentos incorretos.

lgo/jvj/bj

Obama e a incontrolável China

Luis Melian


Beijing, 18 nov (Prensa Latina) O presidente Barack Obama deixa como uma das frases para recordar de sua viagem pela Ásia a ideia de que Estados Unidos não deseja conter a China.

Reflete essa mensagem uma mudança de política ou o reconhecimento do avanço do gigante asiático na arena internacional?.

Pronunciou-o quando chegou a Japão e depois em Shanghai, e não porque se deixasse de escutar, todo o contrário, é muito possível que apareça em muitos titulares.

Mais que uma mudança de política, a expressão equivale ao que Obama não pode dizer abertamente.

Quiçá esse seja seu grande mérito, reconhecer de modo que China já não é a nação de outros tempos e sobretudo, que para quanto se queira fazer neste mundo, se lhe deve ter presente.

O presidente norte-americano sabe melhor que ninguém alguns fatos demostrativos dos avanços e força deste gigante agora bem lembrado.

China é o maior credor dos Estados Unidos, com mais de 800 bilhões de dólares em bônus do tesouro, e reservas em divisas estimadas em dois bilhões de dólares.

Essa posição deve-se em boa medida a um crescimento econômico superior ao 10 por cento nos últimos 20 anos, válido para que se lhe qualifique de principal motor da economia mundial.

Mais atualidade. Esta nação fechará no ano com uma expansão de seu produto interno bruto de oito por cento, alguns a preveem maior, apesar da crise global.

Até o próprio Obama admite que a associação com a China foi decisiva nos esforços de seu governo para tirar àquele país da pior recessão em muitos anos, segundo explicou em ocasião de sua visita a Beijing.

Se tudo isso é no campo econômico, a presença chinesa na arena internacional também não é segunda de ninguém: crescentes relações com América Latina, Area de Livre Comércio com a Associação de Nações do Sudeste Asiático no próximo ano e um recente Fórum de Cooperação Econômica com Africa ao qual participaram estadistas de quase todos os países desse continente.

No campo social, deve recordar-se que no 2008 China deslocou os Estados Unidos do ranking olímpico, com 51 títulos, enquanto a luta contra a pobreza, ainda um problema, avança.

Só no caso das minorias étnicas este país reduziu a cifra de pobres de 40 milhões em 1985 para 7.7 milhões no fechamento de 2008.

Quiçá todo isso explique outras frases de Obama: Reunimos-nos aqui quando as relações entre Estados Unidos e China nunca foram tão importantes para nosso futuro coletivo.

Os principais desafios do Século XXI, desde a mudança climática e a recuperação econômica, incidem em nossas duas nações e nenhuma poderá vencer sozinha.

Se alguma vez Obama previu o futuro, pode dizer-se que esta vez o fez de maneira muito objetiva.

"Não acho que o sucesso de um país deve se conseguir a custa de outro, por isso Estados Unidos dá as boas-vindas a China como um membro exitoso, forte e próspero da comunidade de nações", afirmou.

Queira-se ou não, e Obama ao que parece assim o vê, é melhor ter a China como aliada do que tentar contê-la.

lgo/lam/bj

Amanhece Cabul sitiada por posse de presidente afegão

Cabul, 18 nov (Prensa Latina) Como uma fortaleza sitiada amanheceu hoje esta capital em previsão de atentados insurgentes durante a cerimônia de assunção do presidente Hamid Karzai, sob pressões dos Estados Unidos e a União Europeia contrários à corrupção no Afeganistão.


Uma consulta popular difundida pela ONG britânica Oxfam revelou que as ações que desenvolvem os rebeldes afegãos contra as tropas ocupantes são vistas como menos importantes que a debilidade e a corrupção do governo.

De acordo com fontes oficiais, o executivo afegão e os chefes dos Estados Unidos, a OTAN e da ISAF montaram um gigantesco sistema de operações de segurança devido ao grande número de soldados e polícia e despregados cerca dos objetivos cidadãos considerados sensíveis.

Além da proteção do palácio presidencial, onde se realizará a investidura manhã, as autoridades civis e militares protegem cuidadosamente o aeroporto internacional, onde estão proibidos os voos e os veículos só transitarão com uma autorização.

Ordenou-se também o fechamento dos colégios e escritórios públicos.

Nenhum dos meios informativos de imprensa terá acesso ao palácio presidencial, mas só a um lugar especial no interior do edifício da televisão estatal afegã.

O departamento de Segurança afegão comunicado que os rebeldes tentarão criar problemas para impedir o desenvolvimento da cerimônia, pelo qual solicitaram a cooperação dos cidadãos para garantir uma maior segurança.

A comissão do Ministério do Interior que preside a cerimônia instou aos habitantes de Cabul que evitem andar sem meta nas ruas, onde será um dia de festa.

Os insurretos afegãos lançaram repetidos atentados, pese à presença a mais de 110 mil militares norte-americanos e da Força de Assistência à Segurança (ISAF), baixo o comando da OTAN.

lgo/mne/bj

Sobem para 840 militares dos EUA mortos no Afeganistão

Cabul, 18 nov (Prensa Latina)

 A morte de um soldado dos Estados Unidos pela explosão de uma bomba elevou para 840 o número de mortos dessa nacionalidade desde que invadiram e ocuparam o Afeganistão em 7 de outubro do 2001.


Também, essa perda de vida elevou para 472 o número de militares estrangeiros, entre eles 291 estadunidenses, mortos desde janeiro de 2009, segundo estimados do Portal Site icasualties.org.

De acordo com porta-vozes da Força Internacional de Assistência à Segurança (ISAF), sob comando da OTAN, o soldado do Pentágono morreu ontem quando seu veículo detonou o explodiu no conflituoso território sul afegão.

Outro comunicado da ISAF informou que um soldado dinamarquês ferido em uma explosão no Afeganistão faleceu em um Hospital de Copenhague.

O militar, de 22 anos, foi ferido gravemente por uma bomba em 31 de outubro quando patrulhava nos arredores da base de Barazkai, na província sul de Helmand.

Essa versão indica que o militar foi levado para o hospital da base militar de Camp Bastion, de onde se transportou para a Dinamarca.

Com sua morte sobem para 28 a cifra de soldados dinamarqueses mortos em combate no Afeganistão desde 2002. Dinamarca mantém um contingente de uns 700 militares que ocupam em sua maioria a província de Helmand, limítrofe com Paquistão.

A ISAF informou também que durante uma operação militar na província de Paktika foram mortos 23 supostos insurgentes afegãos.

O fato ocorreu na cidade de Barman, fronteiriça com a zona tribal paquistanesa de Waziristán.

asag/mne/bj

Reflexões do companheiro Fidel: A REVOLUÇÃO BOLIVARIANA E A PAZ

Conheço bem Chávez; ninguém como ele seria mais renuente a derramar o sangue entre venezuelanos e colombianos, dois povos tão irmãos como os cubanos que moram no leste, no centro e no extremo oeste de nossa Ilha. Não tenho outra forma de exprimir o grau de irmandade que existe entre venezuelanos e colombianos.







A caluniosa imputação ianque de que Chávez planeja uma guerra contra a vizinha Colômbia levou a um influente órgão de imprensa colombiano a publicar no passado domingo, 15 de novembro, sob o título de “Tambores da guerra”, um desdenhoso e injurioso editorial contra o Presidente venezuelano, onde se afirma entre outras coisas que “a Colômbia deve tomar com toda seriedade a que constitui a mais grave ameaça a sua segurança em mais de sete décadas, pois esta provém de um Presidente que, além disso, é de formação militar...”







“A razão – continua – é que cada vez são maiores as possibilidades de uma provocação que pode ir desde um incidente fronteiriço até um ataque contra instalações civis ou militares na Colômbia."







Mais adiante o editorial acrescenta como algo provável “...que Hugo Chávez intensifique seus ataques contra os `esquálidos’ – alcunha com o qual identifica seus opositores – e tente de tirar do poder municipal ou regional a quem o contradiz. Já o fez com o prefeito de Caracas...e agora quer tenta-lo com os governadores dos estados fronteiriços com a Colômbia, que recusam submeter-se a sua autoridade... Um confronto com forças colombianas ou a acusação de que elementos paramilitares planejam ações no território venezuelano pode ser o pretexto que precisa o regime chavista para suspender as garantias constitucionais."







Tais palavras só servem para justificar os planos agressivos dos Estados Unidos e a vulgar traição contra sua Pátria da oligarquia e a contra-revolução na Venezuela.







Coincidindo com a publicação desse editorial, o líder bolivariano tinha escrito seu artigo semanal “As linhas de Chávez”, no qual julga a impudica concessão de sete bases militares aos Estados Unidos em solo da Colômbia, um território que tem 2 050 quilômetros de fronteira com a Venezuela.







Nesse artigo, o Presidente da República Bolivariana, explicou com coragem e lucidez sua posição.







“... eu o disse nesta sexta-feira no ato pela paz e contra as bases militares dos Estados Unidos em solo colombiano: sou obrigado a fazer um apelo a todos e todas a nos preparar para defender a Pátria de Bolívar, a Pátria de nossos filhos. De não faze-lo, estaria cometendo um ato de alta traição...Nossa Pátria é hoje livre e a defenderemos com a vida. A Venezuela nunca mais será colônia de ninguém: nunca mais estará de joelhos perante o invasor ou qualquer império... o gravíssimo e transcendente problema que acontece na Colômbia não pode deixar de ter sido apreciado pelos governos latino-americanos.







Mais adiante acrescenta conceitos importantes: “... todo o arsenal bélico ianque, contemplado no acordo, responde ao conceito de operações extraterritoriais...torna o território colombiano num gigantesco enclave militar ianque..., a maior ameaça contra a paz e a segurança da região da América do Sul e de toda Nossa América."







“O acordo...impede que a Colômbia possa oferecer garantias de segurança e de respeito a ninguém: nem sequer aos colombianos e às colombianas. Não pode oferecê-las um país que deixou de ser soberano e que é instrumento da nova coloniagem” que avistou nosso Libertador.”







Chávez é um verdadeiro revolucionário, pensador profundo, sincero, corajoso e incansável trabalhador. Não chegou ao poder mediante um golpe de Estado. Sublevou-se contra a repressão e o genocídio dos governos neoliberais que entregaram os enormes recursos naturais de seu país aos Estados Unidos. Sofreu prisão, alcançou sua maturidade e desenvolveu suas idéias. Não chegou ao poder através das armas apesar de sua origem militar.







Possui o grande mérito de ter iniciado o difícil caminho de uma Revolução social profunda partindo da denominada democracia representativa e a mais absoluta liberdade de expressão, quando os mais poderosos recursos midiáticos do pais estavam e estão nas mãos da oligarquia e ao serviço dos interesses do império.







Em só 11 anos, a Venezuela conseguiu os mais altos avanços educacionais e sociais alcançados por um país no mundo, apesar do golpe de Estado e dos planos de desestabilização e descrédito impostos pelos Estados Unidos.







O império não decretou um bloqueio econômico contra a Venezuela –como o fez com Cuba- após o fracasso de seus golpes sofisticados contra o povo venezuelano, porque teria bloqueado a si mesmo dada a sua dependência energética do exterior, mas não renunciou a seu objetivo de destruir o processo bolivariano e a seu generoso apoio com recursos petroleiros aos países do Caribe e da América Central, suas amplas relações de intercâmbio com a América do Sul, a China, a Rússia e numerosos Estados da Ásia, da África e da Europa. A Revolução Bolivariana goza de simpatias em amplos setores de todos os continentes. Dói especialmente ao império suas relações com Cuba, depois de um bloqueio criminoso contra o nosso país que já dura meio século. A Venezuela de Bolívar e a Cuba de Martí, através da ALBA, promovem novas formas de relações e intercâmbios sobre bases racionais e justas.







A Revolução Bolivariana tem sido especialmente generosa com os países do Caribe em momentos extremadamente graves de crise energética.







Na nova etapa em que vivemos a Revolução na Venezuela encara problemas totalmente novos que não existiam quando, há quase exatamente 50 anos, triunfou em Cuba nossa Revolução.







O tráfico de drogas, o crime organizado, a violência social e o paramilitarismo apenas existiam. Nos Estados Unidos ainda não tinha surgido o enorme mercado atual de drogas que o capitalismo e a sociedade de consumo criaram nesse país. Para a Revolução, em Cuba não significou um grande problema combater o tráfico de drogas e impedir a sua introdução na produção e no consumo das mesmas.







Para o México, a América Central e a América do Sul estes flagelos significam hoje uma crescente tragédia que é longe de ter sido ultrapassada. Ao intercâmbio desigual, o protecionismo e o saqueio de seus recursos naturais, somaram-se o tráfico de drogas e a violência do crime organizado que o subdesenvolvimento, a pobreza, o desemprego e o gigantesco mercado de drogas dos Estados Unidos criaram nas sociedades latino-americanas. A incapacidade desse país imperial e rico para impedir o tráfico e o consumo de drogas originou em muitas partes da América Latina o cultivo de plantas cujos valores como matéria-prima para as drogas ultrapassava muitas vezes o valor do resto dos produtos agrícolas, criando gravíssimos problemas sociais e políticos.







Os paramilitares da Colômbia constituem hoje a primeira tropa de choque do imperialismo para combater a Revolução Bolivariana.







Por sua origem militar, precisamente, Chávez sabe que a luta contra o narcotráfico é um pretexto vulgar dos Estados Unidos para justificar um acordo militar que responde totalmente à conceição estratégica dos Estados Unidos ao finalizar a Guerra Fria, para estender seu domínio do mundo.







As bases aéreas, os meios, os direitos operativos e a impunidade total dada por Colômbia a militares e civis ianques no seu território, não têm nada a ver com o combate ao cultivo, à produção e ao tráfico de drogas. Este constitui hoje um problema mundial; estende-se já não apenas pelos países da América do Sul, senão também começa a se estender para a África e para outras áreas. Reina já no Afeganistão, apesar da presença maciça das tropas ianques.







A droga não deve ser um pretexto para estabelecer bases, invadir países e levar a violência, a guerra e o saqueio aos países do Terceiro Mundo. É o pior ambiente para semear virtudes cidadãs e levar educação, saúde e desenvolvimento a outros povos.







Enganam-se os que acham que dividindo colombianos e venezuelanos terão sucesso em seus planos contra-revolucionários. Muitos dos melhores e mais humildes trabalhadores na Venezuela são colombianos e a Revolução lhes deu educação, saúde, emprego, direito à cidadania e outros benefícios para eles e seus entes mais queridos. Juntos, venezuelanos e colombianos defenderão a grande Pátria do Libertador da América; juntos lutarão pela liberdade e pela paz.







Os milhares de médicos, educadores e outros cooperantes cubanos que cumprem seus deveres internacionalistas na Venezuela estarão junto deles!











Fidel Castro Ruz



18 de novembro de 2009



14h23.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

10º Aniversário da Escola Latino-Americana de Medicina

Criadores de um mundo mais humano



(...) Permitam-me sonhar. Acontece que, depois de meio século de luta, tenho certeza absoluta de que ninguém poderá falar dos sonhos de Cuba, como disse Calderón de la Barca, "toda a vida é sonho e os sonhos, sonhos são". — Fidel, na primeira formatura da Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), em 2005.





Há dez anos, uma antiga instalação militar — a Academia Naval Granma — graças à solidariedade de um pequeno país criminalmente acossado e bloqueado por um Golias dos nossos tempos, foi convertida numa universidade médica latino-americana, com o propósito de que milhares de jovens privados tornassem realidade seus sonhos, para depois promover saúde, prevenir, sarar e salvar a milhares de seus próprios irmãos necessitados.



Para palpar literalmente aquele histórico acontecimento, falei então com Nora Karina, da Guatemala, com Lesver Miguel, da Nicarágua, com Nelson Menocal, de Honduras, e muito mais daquele grande grupo de jovens da nossa América que começavam a caminhar para o futuro.



Impressionou-me muito o relato de uma jovem miúda, comunicativa, Igni Estrada Moncada, memória viva da pobreza, que podia ter muitas similitudes com a de muitos jovens que estudam gratuitamente na Escola Latino-Americana de Medicina, e que recebeu seu diploma de doutora, segundo consta na Secretaria Geral da Universidade, n a primeira formatura da ELAM, em 2005.



Igni, lembro que dizia, gostava da chuva, mas, paradoxalmente, sofria quando a escutava cair, porque a poucos metros da sua casa, no município de Ilopango, em El Salvador, inúmeras pessoas moravam em casas de lâminas, e "então, penso que as crianças estão se molhando dentro de suas casas, ficam doentes, e as pessoas que mais precisam são as que recebem menos atendimento de saúde".



Y perguntava-se: Que médico dos que moram em Colonia Escalón (uma zona próxima onde vivem pessoas abastadas) vai atender a uma comunidade onde existe tanta pobreza?...



"Eu vim a Cuba, respondendo a sua solidariedade, para me preparar e servir a quem precisar de atendimento, sem diferença de nenhum gênero".



Às vezes, ela tinha medo, refletia, de que a visão humana e social que sentia tão profundamente pudesse ser desviada de seus caminhos, se tivesse, inclusive, a possibilidade de se formar num país capitalista, "e fiquei impregnada da filosofia, como eu vi, de a gente leva uma criança doente, e se não tiver dinheiro para pagar, não é simplesmente atendida e isso me aconteceu com um irmãozinho quando tinha um dia de nascido".



Estudando este curso humano em Cuba, concluía, sei que não vou mudar destas ideias, porque estou rodeada de médicos que pensam o mesmo: que como médicos devemos estar onde o povo nos precisar.



O processo de seleção dos estudantes para matricular na ELAM realiza-se nos países donde procedem, respondendo fundamentalmente à sugestão de Cuba de que sejam jovens com vocação pela medicina e de escassas ou nenhuma possibilidade de formação neste curso universitário em seus países.



O surgimento de um idéia

No coração da Cidade de Havana, dirigindo em direção ao oeste da capital pela Quinta Avenida, comunica-se com a estrada Panamericana. A uns 25 quilômetros, no limite mesmo das províncias de Havana e Cidade de Havana, encontra-se a ELAM, que se destaca por sua estrutura e bucólica alocação e, também, no âmbito acadêmico pela integração dos componentes docente, de pesquisa e assistencial no processo de ensino e aprendizagem.



A ideia de um Programa Integral de Saúde (de ajuda médica gratuita para a região e outros continentes), e uma Escola Latino-Americana de Medicina (como a parte sustentável dessa ajuda), nasceu em 1998, depois do açoite de dois furacões pelo Caribe e pela América Central, deixando um saldo de um número impressionante de óbitos e consideráveis estragos materiais.



Em 15 de novembro de 1999, por ocasião da 4ª Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, em Havana, Fidel teve a seu cargo a inauguração oficial do projeto ELAM, "como simples símbolo do que nós, juntos, podemos alcançar", e que pretende ser, disse, uma modesta contribuição de Cuba para a unidade e integração dos povos que aqui representamos.



Expressou que na ELAM não se ministram disciplinas de caráter político, como se faz com os jovens cubanos em todos nossos centros universitários. Aprenderão a história do nosso hemisfério, particularmente, a da América Latina e do Caribe (...) Cada um tem liberdade de professar sua religião, seja qual for. E assinalou: O mais importante é a sagração ao mais nobre e humano dos ofícios: salvar vidas e preservar saúde. Mais que médicos, serão guardas zelosos do mais prezado do ser humano; apostolos e criadores de um mundo mais humano.



"Médicos dispostos para trabalharem onde for preciso, nos mais remotos cantos do mundo, onde outros não estão dispostos a ir. Esse é o médico que vai se formar nesta Escola".



O exemplo de vocês, jovens queridos que já estudam nesta escola — indicou Fidel — despertará consciências e vai ser seguido pelos profissionais que, em número elevado e com ótima qualidade, têm formado as universidades da América Latina. Salvar milhões de vidas, prestar serviços de saúde seguros e ótimos aos 511 milhões de habitantes da América Latina e o Caribe, só pode ser tarefa de centenas de milhares de médicos que, na sua maioria, já estão tecnicamente preparados para isso.



Formação acadêmica

A vice-reitora docente da ELAM, dra Midalys Castilla Martínez, disse que os princípios de formação da Escola são os mesmos que se aplicam aos estudantes cubanos, com o mesmo plano de estudo e rigor. Neste âmbito acadêmico, a integração dos componentes docente, investigativo e assistencial no processo de ensino e aprendizagem favorece a preparação integral que estes jovens devem atingir na sua formação.



Outro objetivo essencial deste programa está associado aos valores que devem caracterizar o profissional da medicina: o humanismo, a solidariedade, a ética profissional e o internacionalismo, elementos fundamentais de seu trabalho que os torna seres humanos capazes de ajudarem às transformações sociais e comunitárias, expressas em melhores indicadores de saúde, qualidade de vida e bem-estar, meta principal do projeto ELAM como contribuição para uma maior equidade social.



O modelo pedagógico de formação destes médicos estabelece o vínculo direto dos estudantes com o lugar onde trabalharão como profissionais. Desde o primeiro ano, dos seis que dura o curso, e no período de férias, estes jovens se inserem nas comunidades mais afastadas dos seus países para realizar trabalhos de promoção e prevenção.



Esta vinculação vai-se aprofundando e diversificando à medida que os estudantes adiantam no curso.



Como exemplo desta integração no âmbito da pesquisa e assistencial, realiza-se atualmente uma pesquisa clínico-pedagógica para conhecer transtornos nas funções renais dos habitantes de uma comunidade afastada de El Salvador, com a participação de estudantes e graduados da ELAM, junto com especialistas do Instituto de Nefrologia do Ministério da Saúde Pública de Cuba e dessa nação centro-americana.



Para concluir os estudos estes jovens devem fazer um exame estatal nacional, que corrobora legalmente sua preparação como médicos profissionais, segundo as normas estabelecidas pelo sistema de Ensino Superior cubano que lhes possibilita enfrentar os processos de reconhecimento e credenciamento do diploma nos seus países de origem.



A vice-reitora docente reconhece que a heterogeneidade dos estudantes da ELAM, quanto à procedência e diversidade cultural, é um desafio para os professores da Escola, como também um importante fator na formação integral do estudante.



Nestes dez anos de existência, o projeto ELAM demonstra fortaleza e consolidação ao eliminar literalmente as fronteiras entre os nossos países, na marcha iniciada para conseguir a unidade e a integração.



Do ideário de Fidel

(Trechos do discurso de inauguração, em 15 de novembro de 1999)





Fidel junto aos primeiros líderes estudantis da Escola, Luther Castillo (Honduras), à esquerda, Carlos Flores (Guatemala), e o reitor da ELAM, o professor Juan D. Carrizo.



Nos setores com mais carência de médicos na América Latina e no Caribe morrem a cada ano mais de um milhão de pessoas, delas 500 mil são crianças, por doenças previsíveis e curáveis. Dezenas de milhões de latino-americanos não têm acesso aos serviços de saúde. Isto acontece inclusive num país tão rico como os Estados Unidos. As pessoas que vão morrer não podem esperar.



(Por ocasião da primeira formatura de 1.610 médicos da ELAM, em 20 de agosto de 2005)



Há quase sete anos, esta formatura era um sonho. Hoje é uma prova da capacidade dos seres humanos para conseguirem as mais elevadas metas, e um prêmio para os que cremos que um mundo melhor está ao nosso alcance.



Formar um médico nos Estados Unidos, como é sabido, custa não menos de US$300 mil. De fato, Cuba está formando neste momento mais de 12 mil médicos para o Terceiro Mundo, com o qual faz uma contribuição para o bem-estar desses países, cujo valor atinge mais de US$3 bilhões. Se formar ou contribuir para a formação de 100 mil médicos de outros países em dez anos, a contribuição seria de US$30 bilhões, apesar de Cuba ser um país pequeno do Terceiro Mundo, bloqueado economicamente pelos Estados Unidos.





OPINIÕES DE ESTUDANTES DA ELAM



Por que estudo Medicina?



ARGENTINA

"Porque em nossos países precisamos de médicos para as pessoas que, devido às desigualdades sociais, não têm acesso à saúde. Além disso, porque é uma profissão que me aproxima, dia após dia, da realidade dos mais pobres, e creio que ‘a cabeça pensa onde os pés pisam. A medicina nos oferece as ferramentas para poder mudar o injusto sistema atual.’" — Alejandro Sosa Cueto.



BOLÍVIA

"Porque gosto da profissão e isso me possibilita ajudar muitas pessoas que realmente o necessitam, prevenir doenças e mortes originadas especialmente por falta de atendimento médico, tão necessário para milhões de pessoas em nosso continente." — Erika Paola Quintanilla Muñoz.



CHILE (MAPUCHE)

"Vejo a medicina como ferramenta e o médico, como agente de mudança. Atualmente, em Cuba, essa convicção se multiplica a cada dia. Este curso foi o meu amor à primeira vista e é tão humanista como nenhum outro e tão perfeito como para saber, com certeza, que um mundo melhor é possível. Estudo medicina por amor, porque esse é o caminho." — Alihuen Antileo García.



EQUADOR

"Para ajudar as pessoas que precisem melhorar seu estado de saúde, fazendo parte do exército de batas brancas que querem saúde para todos, e que seu maior estímulo é o bem-estar dos outros e não a acumulação de recursos econômicos." — Flavio Efraín Pozo Vargas.



ESTADOS UNIDOS

"No meu país não existe justiça no tocante aos seguros médicos nem ao acesso aos serviços de saúde de quase 700 milhões de cidadãos. Qual outro curso poderia ter escolhido se do que mais gosto é da ciência e fico feliz quando ajudo o próximo? No exercício da medicina é possível chegar ao coração de cada ser humano." — Ian Fabian.



PARAGUAI

"Para ajudar a minha comunidade que o necessita e para que haja uma América mais solidária, seguindo o exemplo dos cubanos." — Jessica Eloísa Gómez Benítez.



Dados interessantes

Desde 2005, quando da primeira formatura da Escola Latino-Americana de Medicina, graduaram-se 7.256 médicos de 45 países e de ao redor de 84 povos originários. Em 2005, 1.496; em 2006, 1.419; em 2007, 1.545; em 2008, 1.500; em 2009, 1.296… Os três países que acumulam até hoje o maior número de formados são Honduras com 569, a Guatemala, 556 e o Haiti, 543… Mais de 2 mil graduados estudam atualmente especialidades médicas como parte da educação de pós-graduação, inseridos em nosso sistema nacional de saúde… Quanto à procedência social, são mormente operários, seguidos de camponeses e intelectuais… As religiões predominantes no alunado são a católica e a evangélica… A universidade médica latino-americana é integrada por 28 edificações numa área de mais de um milhão de metros quadrados, onde os estudantes recebem o curso pré-médico e os dois primeiros anos do curso de medicina (as ciências básicas). Depois, os alunos realizam o "ciclo clínico" nas 13 universidades médicas com que conta Cuba… O claustro geral de professores é de mais de 12 mil… Nos dez anos de existência, a ELAM foi visitada por 44 presidentes, oito vice-presidentes, 14 primeiros-ministros, 105 ministros e mais 148 personalidades.

Granma

Bolívia assegura venda de gás ao Brasil até 2050

La Paz, 16 nov (Prensa Latina)

A venda de gás natural boliviano ao Brasil está garantida até 2050, assegurou o ministro de Minas e Energia, Oscar Coca, ressalta hoje o jornal Cambio.




O jornal, que cita declarações de Coca à televisão estatal, informa que na atualidade, Bolívia tem um contrato de compra venda de gás a Brasil para o envio diário de até 30 milhões de metros cúbicos em um período de 20 anos. Este acordo estabelece uma entrega mínima de 24 milhões de metros cúbicos diários de gás boliviano e um máximo de 30 milhões.



A diminuição da demanda abaixo do nível mínimo gerou repercussões em diferentes âmbitos do setor petroleiro.



Neste contexto, Coca explicou que os volumes de exportação ao mercado brasileiro são flutuantes e as variações obedecem a eventos cíclicos.



Nesse sentido citou que há duas semanas os envios atingiam cerca de 21 milhões de metros cúbicos por dia; em troca, na semana anterior a demanda aumentou para 27 milhões, bem perto dos 30 milhões de metros cúbicos, que é o topo que estabelece o contrato de compra venda.



Coca referiu-se à declaração de Maria das Graças Foster, de Petrobras, que disse que o ideal seria receber gás boliviano até o 2050, e também recordou a versão do embaixador do Brasil em La Paz, Frederico Cezar de Araujo.



"Não o dissemos nós, disse a própria autoridade do setor de energia no Congresso Mundial do Gás (na Argentina), e também o reafirmou o embaixador em La Paz, de que Brasil vai continuar comprando gás da Bolívia até o ano 2050", acrescentou.



Segundo a autoridade, Brasil é um país muito grande, com uma economia em constante crescimento, portanto, a energia que eles demandem sempre vai ser pouca, disse.



A Bolívia também bombeia ao redor de cinco milhões de metros cúbicos de gás diários com destino à cidade brasileira de Cuiabá.



lma/ga/bj

Equador debate anteprojeto Lei de Liberdade e Igualdade Religiosa

Quito, 16 nov (Prensa Latina) O Ministério equatoriano de Governo, Polícia e Cultos inicia hoje uma rodada de mesas de trabalho, na cidade de Guayaquil, em busca de um maior consenso no anteprojeto de Lei de Liberdade e Igualdade Religiosa.




Estes debates são organizados pela Subsecretaria de Assessoria Jurídica desta pasta e têm o propósito de conseguir um novo regulamento que regule às organizações religiosas, cuja essência será a igualdade de direitos e deveres.



Para isso contam com a participação das diferentes organizações religiosas praticantes do país, das quais as radicadas na província Guayas foram convocadas para esta segunda-feira no Auditório da Universidade Espírito Santo, da cidade portuária de Guayaquil.



A moderação destes debates estará a cargo do Governador do Guayas, Roberto Couro, e do subsecretario de Assessoria Jurídica do Ministério de Governo, Ramiro Rivadeneira.



Este é o segundo encontro provincial, onde os debates se desenvolvem com a intenção de expor as realidades da cada uma das organizações religiosas, chegar a acordos e elaborar um marco legal agregador.



A primeira convocação realizou-se em Quito, e participaram mais de 120 participantes, representantes de pelo menos 10 igrejas de diferente credo existentes na província Pichincha, onde está a capital.



Depois de Guayas, os debates continuarão nas cidades de Cuenca e Riobamba, e aspira-se a contar com um projeto depurado antes do fim de ano, data em que a proposta será enviada à Assembleia Nacional para seu conhecimento e aprovação.



lma/prl/bj

Venezuela elege os 772 delegados ao Congresso socialista

Randy Saborit Mora



Caracas, 16 nov (Prensa Latina) Milhões de militantes elegeram a 772 delegados ao Congresso extraordinário do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV) a iniciar-se no próximo sábado, informou hoje o diretor de Organização, Jorge Rodríguez.



Durante um passe ao vivo do Hotel Alba Caracas transmitido por Venezuelana de Televisão, Rodríguez leu os nomes dos quase oito centenas de selecionados em 335 municípios do país.



Segundo expressou o diretor, a jornada eleitoral deste domingo decorreu sem um só incidente.



No conclave, que concluirá em 13 de dezembro, se definirá os estatutos e documentos programáticos do maior agrupamento partidário na história do país (mais de sete milhões de militantes).



A eleição de base celebrada pelo PSUV neste domingo "é um golpe para os partidos de oposição", manifestou no dia anterior Vanessa Davies, integrante da Direção Nacional desse agrupamento e coordenadora da Comissão de Comunicação e Propaganda.



De acordo com Davies, o papel de alguns meios de comunicação social, que ssumiram o papel de partidos políticos de oposição e por isso apostam na desinformação.



Estas eleições incidirão na construção do poder popular, bem como na defesa da soberania nacional, em um momento em que o imperialismo estadunidense ameaça a estabilidade democrática do país, explicou.



Por sua vez o diretor nacional de Mobilização e Eventos do PSUV, Darío Vivas, destacou que nestas eleições "são os militantes os que constroem a democracia pois todo o que vamos fazer em função da organização do partido lho estamos consultando às bases".



Enquanto, o vice-presidente socialista para os estados andinos, Freddy Bernal, destacou que "hoje é um dia para a democracia, para a felicidade, contrário ao que propõe a oposição que, enquanto o país está em perigo de agressões, continua chamando à divisão, ao confronto, porque eles estão por trás de quotas de poder".



No referido evento além de definir-se a linha ideológica da organização encabeçada pelo presidente Hugo Chávez se definirá a estrutura interna do partido, prévio em três anos das eleições nacionais nesta nação.



Dentro dos desafios do PSUV em 2010 estão garantir pelo menos dois terços da Assembleia Nacional (Parlamento) e em 2012 impulsionar um novo mandato de Chávez nas eleições presidenciais.



Na opinião do mandatário, atingir em 2010 pelo menos dois terços do Parlamento requererá um esforço marcado de todos seus seguidores.



lma/rsm/bj

Bolívia criará agência de inteligência nacional

Bolívia criará agência de inteligência nacional




La Paz, 16 nov (Prensa Latina) O chefe do Exército boliviano, general Ramiro de la Fuente, adiantou que a instituição revisa o sistema de inteligência para somar à iniciativa governamental de criar uma agência estatal desta natureza, destaca hoje o jornal Cambio.



Segundo o alto oficial, o estudo da doutrina com que conta a Escola Militar de Inteligência do Exército (EMIE) permitirá apoiar na reestruturação de uma nova técnica de acordo com o processo de transformações que impulsiona o presidente Evo Morales, desde janeiro de 2006.



Nesse sentido, de la Fuente adiantou que o Executivo instruiu a criação da Agência Central de Inteligência do Estado (ACIE) para a defesa dos recursos naturais e a luta contra o crime organizado.



A ACIE terá a finalidade de concentrar informação tanto das Forças Armadas como da Polícia Boliviana para velar pelos interesses nacionais.



A autoridade militar adiantou que existe uma política de aproximação aos sistemas de inteligência de outros exércitos com a finalidade de fazer frente às ameaças comuns.



A nova Agência deverá proteger os recursos naturais, a luta contra o crime internacional organizado, para planificar o que é o Estado em um novo palco e com uma nova Constituição Política.



lgo/ga/dcp

Crescentes mostras de respaldo a Evo Morales

Por Mario Hubert Garrido




Cochabamba, Bolívia, 16 nov (Prensa Latina) A pouco menos de um mês para as eleições gerais na Bolívia as mostras hoje de respaldo à reeleição do presidente Evo Morales são crescentes.



As concentrações populares ontem nos municípios de Capinota, Morochata e Quillacollo (Cochabamba) são apenas uma mostra do esperado triunfo nas urnas, ainda que o próprio dignatário sugere não desmaiar na explicação ao povo da importância desses sufrágios para consolidar a mudança iniciada em janeiro de 2006.



De acordo com o dignatário, a chamada Revolução democrática e cultural no país andino é vista como exemplo para outras nações do mundo para promover o desenvolvimento econômico e social dos povos.



A "Bolívia é conhecida no mundo pelo processo que se desenvolveu depois da nacionalização dos hidrocarbonetos e a preservação dos recursos naturais que no passado somente serviam para

enriquecer as grandes multinacionais ou os políticos de turno", remarcou em Quillacollo.



Também, outras nações admiram a inclusão de todos os bolivianos a seus direitos constitucionais, agregou.



Morales afirmou que o processo de mudança não é de propriedade de Evo Morales nem do Movimento ao Socialismo (MAS), senão do povo, daí a importância de consolidar nas urnas no próximo dia 6 de dezembro.



Assim mesmo, explicou a importância de ganhar a maioria na futura Assembleia Legislativa Plurinacional, nome que adotará o Congresso em 2010.



Reiterou que nestes quase quatro anos que está na Presidência tem enfrentado o problema provocado por uma bancada parlamentar opositora que, do Senado, tem impedido a aprovação de leis necessárias para o povo, como as do Seguro Universal de Saúde e de luta contra a corrupção.



Sublinhou que, ademais, a Bolívia tem incorporado o povo ao poder através de um governo que tem a missão de servir aos cidadãos e não se servir do poder como fizeram os anteriores mandatos

neoliberais.



lgo/ga/es

China defende maior cooperação entre Ásia e Europa

Beijing, 16 nov (Prensa Latina) O vice-presidente da China, Xi Jinping, defendeu hoje uma maior cooperação entre Ásia e Europa como via para fazer frente à crise econômica global.




Entre outros setores nos quais se devem fortalecer os vínculos mencionou o energético, incluída a poupança, a energia limpa e a renovável, para conseguir um desenvolvimento sustentável na região.



Xi falou no Terceiro Fórum Econômico Ásia-Europa que ocorre em Xi´an, capital da província chinesa de Shaanxi, de acordo com informes da imprensa.



Também chamou a ampliar os investimentos, desenvolver os mercados e facilitar o livre comércio.



Esta reunião de dois dias se centra na busca de soluções para enfrentar a crise mediante a cooperação também em áreas como as finanças.



A ela assistem representantes de mais de 60 países e territórios, incluídos membros e observadores da Organização de Cooperação de Shanghai, a ONU e executivos empresariais.



O fórum, com sede permanente nessa cidade, realizou sua primeira edição em 2005.



lma/Lam/es

Nicarágua: avança brigada cubana em estudo sobre deficiência

Managua, 16 nov (Prensa Latina)

 A brigada cubana "Todos com Voz" iniciará hoje a quarta e última etapa do estudo sobre deficiência que executa no departamento nicaraguense de Matagalpa, anunciou Miladys Orraca, coordenadora do grupo.



Os especialistas cubanos começam a etapa final depois de um árduo trabalho no norte e sul da região, eminentemente montanhosa, onde o meio de transporte fundamental é o cavalo ou o burro,

ainda que muitos dias caminharam subindo e baixando lombos, assinalou Orraca.



Nesta zona, os trabalhadores da saúde da maior das Antillas, junto ao pessoal de apoio nicaraguense, realizaram já o estudo exitoso de mais de quatro mil pessoas com deficiência, fundamentalmente física motora e intelectual, informou a doutora caribenha no meio de episódios

sobre as dificuldades enfrentadas.



No entanto, um antídoto diante das carências e das dificuldades é a solidariedade e o amor com que os recebe a população nicaraguense, inclusive alguns pacientes nunca tinham recebido atenção médica, agregou.



Este povo é muito solidário, sustentou a médica cubana. Da mesma forma que conosco os camponeses nicaraguenses compartilham o pouco que têm com muito amor e solidariedade, algo, disse, que nos reconforta e estimula.



Após concluir a primeira etapa da investigação no departamento de Masaya, a uns 25 quilômetros desta capital, onde nasceu o general Augusto César Sandino, a brigada se transferiu para Matagalpa, no norte, berço do fundador da Frente Sandinista, o comandante Carlos Fonseca Amador.



Em Masaya foram estudadas 4.862 pessoas com deficiência até o passado 28 de outubro e a maioria dos municípios resolveu os casos críticos neste setor, o mais esquecido da sociedade, a julgamento do ministro de Saúde da Nicarágua, Guillermo González.



Até a data, a brigada cubana atendeu mais de 26 mil pessoas, às quais lhes foi dado tratamento médico.



A equipe multidisciplinar, da qual também fazem parte geneticistas, ortopedistas, fisioterapeutas e outros especialistas, faz um trabalho integral, pontualizou Orraca.



Quando concluirmos no final do mês a quarta etapa neste departamento, nos transferiremos para Chinandega, berço do comandante Germán "O Danto" Pomares, todo um símbolo na luta dos nicaraguenses contra a ditadura somocista, indicou a especialista.



Os médicos cubanos executarão seu estudo em todo o território nicaraguense e simultaneamente irão realizando outros trabalhos de saúde como a prevenção e o combate da dengue, e facilitarão também medicamentos à população para combater suas doenças.



ocs/lb/es

Eleições sob golpe militar aprofundarão crise em Honduras

Tegucigalpa, 16 nov (Prensa Latina)

 As eleições do próximo dia 29 em Honduras só conduzirão ao agravamento da crise desatada pelo golpe militar, a julgar pela vasta rejeição popular , às eleições sob o regime de facto.



A este repúdio somou-se, este fim de semana, a decisão do presidente constitucional, Manuel Zelaya, de impugnar o encontro com as urnas, que considera uma manobra antidemocrática para encobrir a ação militar.



Zelaya, derrocado pelos militares no dia 28 de junho, anunciou ontem que não aceitará a esta altura do conflito nenhum acordo para restituir no cargo, quando faltam apenas duas semanas para a votação.



As forças antigolpistas hondurenhas e a maioria dos governos do mundo demandaram a reposição do estadista como única alternativa para conseguir eleições limpas, seguras e transparentes.



As negociações com esse objetivo iniciaram-se pouco depois do golpe, mas prolongaram-se por mais de quatro meses ainda sem resultados, por isso Zelaya as deu por fracassadas no passado dia 5.



O governante constitucional anunciou suas decisões em uma carta enviada na noite do sábado ao presidente estadunidense, Barack Obama, a quem critica pelo apoio às próximas eleições, embora sem a restituição do ex-dirigente.



Na mensagem, Zelaya adverte Obama sobre o caráter ilegal dessas eleições, pois o Estado de facto que vive a nação centro-americana não brinda garantias de igualdade e liberdade na participação cidadã.



Acrescenta que são "uma manobra eleitoral antidemocrática repudiada por grandes setores do povo para encobrir os autores materiais e intelectuais do golpe de Estado".



O estadista recorda a repressão a qual é submetido o povo pelas forças armadas e pela polícia, que deixou um saldo trágico de mais de uma centena de assassinatos e também centenas de feridos.



Sublinha que realizar as eleições nessas condições "será uma vergonha histórica para Honduras e uma infâmia para os povos democráticos da América".



A Frente Nacional contra o golpe de Estado, ampla aliança de forças sociais e políticas, ratificou que desconhecerá os resultados das eleições, aos quais qualifica de farsa para legitimar os golpistas.



Esta Frente, que mantém a resistência contra o regime de facto durante os últimos 142 dias, desenvolve uma ampla campanha de mobilizações populares pacíficas para se opor aos planos do

regime.



Alertou também de uma monumental fraude nas urnas, sob controle das forças armadas desde o passado dia 29 de outubro ao estar a disposição do Tribunal Supremo Eleitoral.



Tanto a Frente como Zelaya ratificaram que continuarão a luta até atingir a restituição da democracia em Honduras.



Estamos firmes, decididos a lutar por nossa democracia sem ocultar a verdade e quando um povo se decide por lutar pacificamente por suas ideias, não há arma, não há exército nem manobra capaz de detê-lo, afirmou Zelaya.



ocs/rl/es

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Eduardo Galeano: Presença dos EUA ofende dignidade e inteligência da AL

Entrevista




Na Avenida Amazonas, em Quito, a poucos passos do hotel onde se hospedava, encontramos - como qualquer transeunte na noite do domingo, 9 de agosto - Eduardo Galeano, que havia chegado à capital equatoriana para assistir, como convidado especial, ao ato de posse do presidente Rafael Correa, cerimônia realizada em 10 de agosto. O paramos e nos identificamos para solicitar uma entrevista, à qual ele aceitou com gosto.



Por Fernando Arellano Ortiz



"Agora não pode ser, mas nos vejamos amanhã, depois da posse de Correa", nos disse o autor de "As veias abertas da América Latina" e de "Espelhos".



Como sempre, Galeano respondeu às perguntas com ironia e não pouco humor, é por isso que suas reflexões saem do comum. Como um latino-americanista, o escritor uruguaio faz uma análise peculiar da realidade sócio-política em nosso hemisfério. Confira abaixo e comente.



"Tempo aberto de esperança"



Após 200 anos de emancipação na América Latina, pode-se falar de uma reconfiguração do sujeito político na região, levando em conta os avanços políticos que se traduzem em governos progressistas e de esquerda em vários países latino-americanos?



Galeano - Sim, há um tempo aberto de esperança, uma espécie de renascimento que é digno de comemoração em países que não terminaram de se tornar independentes, apenas começaram um pouquinho (a conquistar sua independência). A independência é uma tarefa pendente para quase toda a América Latina.



Com toda a erupção social que tem ocorrido no hemisfério, pode-se assinalar que há uma ênfase da identidade cultural da América Latina?



Galeano - Sim, eu creio que sim e isso passa, certamente, pelas reformas constitucionais. Me ofendeu a inteligência, além de outras coisas que eu senti, o horror do golpe de Estado em Honduras, que invocou como causa o pecado cometido por um presidente que quis consultar o povo sobre a possibilidade de reformar a Constituição, porque o que queria Zelaya era consultar sobre a consulta, nem sequer era uma reforma direta.

Supondo que fosse uma reforma constitucional, que seja bem-vinda, porque as constituições não são eternas e para que os países possam ser plenamente realizados têm que reformá-las. E eu me pergunto: o que aconteceria aos Estados Unidos se seus habitantes continuassem obedecendo à sua primeira Constituição? A primeira Constituição dos Estados Unidos afirmava que um negro equivalia a três quintos de uma pessoa. Obama não poderia ser presidente porque nenhum país pode ter um governante que seja três quintos de uma pessoa.



Você reivindica a figura do presidente Barack Obama por sua condição racial, mas o fato de ele manter ou expandir a presença norte-americana mediante bases militares na América Latina - como está acontecendo agora na Colômbia, com a instalação de sete plataformas de controle e espionagem - não desmente as verdadeiras intenções deste governante do Partido Democrático, e simplesmente segue ao pé da letra os planos expansionistas e de ameaça de uma potência hegemônica como os EUA?



Galeano - O que acontece é que Obama até agora não definiu muito bem o que quer fazer em relação à América Latina, às nossas relações - tradicionalmente duvidosas -, ou a outras questões. Em algumas áreas, há um desejo de mudança expresso, por exemplo, no que tem a ver com o sistema de saúde que é escandaloso nos Estados Unidos. Você quebra a perna e paga até o fim dos dias uma dívida por esse acidente. Mas, em outras áreas não. Ele continua a falar de "nossa líderança", "nosso estilo de vida", em uma linguagem muito semelhante à de seus anteriores.

A mim me parece muito positivo que um país tão racista quanto aquele - e com episódios de racismo colossais, descomunais e escandalosos, ocorridos há 15 minutos em termos histórico s- tenha um presidente seminegro. Em 1942, ou seja, a meio século, o Pentágono proibiu as transfusões de sangue negro e o diretor da Cruz Vermelha se demitiu ou foi dispensado porque se recusou a aceitar a ordem, dizendo que todo o sangue era vermelho e era absurdo falar de sangue negro. E ele era negro, foi um grande cientista, que tornou possível a aplicação do plasma em escala universal, Charles Drew.

Então um país que fez um disparate como proibir o sangue negro ter Obama presidente é um avanço. Mas, por outro lado, até agora não vejo nenhuma mudança substancial, aí está por exemplo a forma como seu governo enfrentou a crise financeira. Pobrezinho, eu não queria estar em seu lugar, porém a verdade é que terminaram recompensando os especuladores, os piratas de Wall Strett que são muito mais perigosos que os da Somália, porque estes assaltam nada mais que barquinhos na costa, ao passo que os da Bolsa de Nova York assaltam o mundo.

Eles foram recompensados; eu queria começar uma campanha, ao princípio, comovido pela crise dos banqueiros, com o slogan: "adote um banqueiro", mas abandonei essa ideia porque vi que o Estado assumiu essa tarefa. (Risos).

E o mesmo com a América Latina, como que não tem ainda muito claro o que fazer. Eles têm mais de um século, nos Estados Unidos, dedicados à fabricação de ditaduras militares na América Latina. Então, na hora de defender uma democracia como no caso de Honduras, ante um claríssimo golpe de Estado, vacilam, têm respostas ambíguas, não sabem o que fazer, porque eles não têm prática, lhes falta experiência, estão há mais de um século trabalhando na direção oposta.

Então compreendo que a tarefa não é fácil. No caso de bases militares na Colômbia não só ofende a dignidade coletiva da América Latina, mas também a inteligência de qualquer um. Porque se dizer que sua função será o de combate à droga, por favor, até quando!?

Quase toda a heroína consumida no mundo vem do Afeganistão, quase toda, dados oficiais das Nações Unidas que qualquer pessoa pode ver na internet. E o Afeganistão é um país ocupado pelos Estados Unidos e, como se sabe, os países ocupantes têm a responsabilidade pelo que acontece nos países ocupados, por conseguinte, têm algo a ver com este narcotráfico em uma escala universal e são dignos herdeiros da rainha Vitória que era traficante de drogas.



"Não se pode ser tão hipócrita"



A rainha britânica introduzido por todos os meios, no século XIX, o na China, através de comerciantes da Inglaterra e Estados Unidos...



Galeano - Sim, a famosa rainha Vitória da Inglaterra impôs o ópio na China mais ao largo de duas guerras de 30 anos, matando uma quantidade imensa de chineses, porque o império chinês se recusou a aceitar essa substância dentro de suas fronteiras. E o ópio é o pai da heroína e da morfina, exatamente. Então aos chineses custou tudo, porque a China era uma grande potência que poderiam ter competido com a Inglaterra no início da revolução industrial, era a oficina do mundo, e a guerra do ópio os arrasou, os transformou em uma bagunça. Daí entraram os japoneses em quinze minutos.

Victoria era uma rainha narcotraficante e os Estados Unidos que tanto usam a droga como um álibi para justificar suas invasões militares, porque é isso, são dignos herdeiros desta feia tradição. Acho que é hora de despertarmos um pouquinho, porque não se pode ser tão hipócrita. Se vão ser hipócritas, que o sejam com mais cuidado. Na América Latina temos bons professores de hipocrisia, se querem podemos em um acordo de ajuda tecnológica mútua fornecer alguns hipócritas próprios.

Há exatamente nove anos, você disse em uma entrevista em Bogotá, concedida a este repórter, a seguinte frase: "Deus salve o a Colômbia do Plano Colômbia." Qual é agora a sua reflexão sobre este país andino que enfrenta um governo autoritário entregue aos interesses dos Estados Unidos, com uma alarmante situação de violação dos direitos humanos e um conflito interno que segue sangrando?

Além de problemas extremamente sérios que foram se intensificando ao longo do tempo. Eu não sei, te digo, não sou alguém para dar conselhos para a Colômbia ou aos colombianos, eu sempre fui contra esse mau hábito de alguns que se sentem capazes de dizer o que cada país deve fazer. Eu nunca cometi esse pecado imperdoável e eu não vou cometer agora com a Colômbia. Só pode-se dizer que espero que os colombianos encontrem o seu caminho, oxalá o encontrem. Ninguém pode impor de fora, nem pela esquerda nem pela direita, nem pelo centro, ou qualquer coisa. Serão os colombianos que vão encontrá-lo.

E eu posso dizer que dou testemunho. Se há um tribunal mundial que vá julgar a Colômbianpelo que se diz da Colômbia - que é violenta, narcotraficante, condenada à violência perpétua -, eu vou dar o testemunho de que não, de que este é um país carinhoso, alegre e que merece melhor destino.



Reivindicando a memória de Raul Sendic



Muitos anos atrás, mesmo há quatro décadas, havia um personagem eme Montevidéu, que se reuniu com um jovem artista chamado Eduardo Hughes Galeano com a finalidade de dar idéias para o desenvolvimento de suas caricaturas, chamado Raúl Sendic, o inspirados da Frente Ampla no Uruguai ...



Galeano - E líder guerrilheiro dos Tupamaros, embora na época ainda não fosse. É verdade, quando eu era criança, quase quatorze anos, e comecei a desenhar caricaturas, ele ficava olhando e me dava idéias, era um homem bem mais velho que eu, com alguma experiência, e ainda não era o que mais tarde se tornou: o fundador, organizador e líder dos Tupamaros.

Eu me lembro que ele disse a Dom Emilio Frugoni que era então o chefe do Partido Socialista e editor do semanário onde eu publicava caricaturas de início: "Este vai ser ou presidente ou um grande delinquente." Foi uma boa profecia e acabei sendo um grande delinquente..." (risos).

O fato de hoje a Frente Ampla governar o Uruguai e um ex-guerrilheiro como Pepe Mujica ter uma chance de ganhar a eleição presidencial é uma reivindicação à memória de Sendic?

Sim, e de todos aqueles que participaram de uma luta de muito tempo para quebrar o monopólio de dois, o bipólio exercido pelo Partido Colorado e o Partido Nacional durante a maior parte da vida independente do país. A Frente Ampla irrompeu há muito pouco no cenário político nacional e me parece muito positivo que esteja governando agora, apesar de que eu não concordo com tudo o que faz e acho que não faz tudo o que deveria.

Mas isso não tem nada a fazer, porque afinal a vitória da Frente Ampla também foi uma vitória da diversidade política que eu acredito que é o fundamento da democracia. Na frente coexistem vários partidos e movimentos diferentes, unidos por uma causa comum, naturalmente, mas com suas diversidades e diferenças, e eu as reclamar, para mim isso é fundamental.



O que representa para você como Uruguai o fato de que um líder emblemático da esquerda, como Pepe Mujica, ex-guerrilheiro tupamaro, tenha amplas oportunidades para chegar à presidência do seu país?



Galeano - Tem alguma chance, não vai ser fácil, vamos ver o que acontece, mas eu acho que é um processo de recuperação. As pessoas se reconhecem em Pepe Mujica porque ele é radicalmente diferente de nossos políticos tradicionais, em sua linguagem, mesmo em seu aspecto e tudo, embora ele tenha tentado se vestir como um fino cavalheiro não vão bem, e ele exprime muito bem uma necessidade e uma vontade popular de mudança. Eu acho que seria bom se ele chegasse à Presidência, vamos ver se isso acontece ou não.

Em qualquer caso, o drama do Uruguai como o do Equador, é claro - um país no qual estamos falando agora - é que está sangrando sua população jovem. Ou seja, a nossa é uma pátria peregrina; Em seu discurso de posse, o presidente Rafael Correa falou dos exílados da pobreza e a verdade é que há uma enorme quantidade de uruguaios, muito mais do que eles dizem, porque não são oficiais os números, mas não inferior a 700 mil, 800 mil uruguaios em uma população pequeníssima - porque no Uruguai somos 3 milhões e meio -, é então uma quantidade enorme de pessoas fora.



Todos ou quase todos, jovens. Então ficaram os velhos ou as pessoas que já cumpriram esta etapa da vida, na qual se quer que tudo mude, para se resignar a não mudar nada ou que se mude muito pouca coisa.

Depois de seus famosos livros "As Veias Abertas da América Latina", publicado em 1970, e "Espelhos", publicado em 2008 - que contam as histórias de infâmia, o primeiro sobre nosso continente e o outro sobre a maior parte do mundo - há espaço para continuar acreditando na utopia?

"Espelhos" o que faz é recuperar a história universal em todas as suas dimensões, seus horrores, mas também em suas festas, é muito diferente de "As Veias Abertas da América Latina", que foi o começo de um caminho. As "Veias Abertas" é um ensaio sobre economia política, escrito em uma linguagem não muito tradicional no gênero, por isso ele perdeu o concurso da Casa das Américas, porque o júri não o considerou seriamente.

Foi um momento em que a esquerda só acreditava que o sério era o chato, e como o livro não era chato, não era sério, mas é um livro muito concentrado na história econômica e política e nas barbaridades que essa história significava para nós, como nos deformou, estrangulou.

Em vez disso, "Espelhos" tentar acolher todo o mundo, as noites e os dias, as luzes e as sombras, são todas histórias incrivelmente breves, e também há uma diferença de estilo. As Veias Abertas tem uma estrutura tradicional, e a partir daí eu tentei encontrar uma linguagem minha, própria, que é a do relato curto, pecinhas coloridas para armar grandes mosaicos, um estilo como a dos muralistas, e cada história é uma pequena pedrinha que incorpora uma cor, e um dos últimos relatos de "Espelhos" evoca uma memória da minha infância e é verdadeiro.

É que quando eu era pequeno eu pensava que tudo que estava perdido na terra ia parar na lua, estava convencida disso e fiquei surpreso quando chegaram os astronautas na lua, porque não encontraram nem promessas quebradas, nem ilusões perdidas, esperanças frustradas, e então eu me perguntava: se não estão na lua, onde estão? Será que estão aqui na terra, nos esperando?

Campanha eleitoral e caso terrorismo em semana boliviana

Por Mario Hubert Garrido

La Paz, 14 nov (Prensa Latina) A marcha da campanha eleitoral frente às eleições gerais do próximo dia 6 de dezembro e a apresentação de um relatório sobre terrorismo marcaram a semana noticiosa que conclui hoje na Bolívia.

O presidente Evo Morales destacou em seus constantes encontros com setores sociais que os eixos de seu programa de governo, em caso de ser reeleito, serão a consciência social e a vontade política para impulsionar programas em benefício de toda a população.

A julgamento do dignatário essa é a única via para sair adiante, que parte da recuperação dos recursos naturais.

A respeito do processo de mudança que impulsiona o Executivo desde janeiro de 2006, afirmou que as pesquisas outorgam uma maior intenção de voto a favor dessas transformações.

Os atos proselitistas do governamental Movimento ao Socialismo (MAS) viram-se esfriar na cidade oriental de Santa Cruz, quando na última quinta-feira grupos violentos de universitários atacaram com pedras uma concentração na central vizinha a Germán Bush.

Para a candidata a senadora na futura Assembleia Legislativa Plurinacional, Gabriela Montaño, essas são expressões de intolerância da oposição e acusou o partido Plano Progresso para Bolívia do ex-governador cochabambino Manfred Reyes, de incitar os distúrbios.

Por outra parte, nesta semana a comissão de deputados, investigadora da célula terrorista neutralizada em abril último em Santa Cruz, apresentou um relatório no qual se acusa o governador Rubén Costa e o ex-presidente do comitê cívico Branko Marinkovic, como membros do grupo que financiava os extremistas.

Segundo o parlamentar César Navarro, do governamental Movimento ao Socialismo (MAS), estas autoridades integravam o chamado grupo A Torre, que organizou e financiou os mercenários, liderados pelo boliviano-croata Eduardo Rosza Flores, abatido em uma operação policial.

Na semana, com a chegada a Sucre do fogo dos Jogos Esportivos Bolivarianos incentivaram-se os preparativos para a cerimônia inaugural da XVI edição dessa competição neste sábado.

As delegações de atletas da Bolívia, Equador, Colômbia, Venezuela, Peru e Panamá afirmaram estar prontas para medir forças até o próximo dia 26 de novembro nas cidades de Sucre e nas subsedes de Tarija Cochabamba e Santa Cruz.

Também, a Bolívia viu-se açoitada nesta semana pelos embates da mudança climática, sobretudo pela seca em zonas do altiplano.

Nesse sentido, o governo enviou as primeiras 10 cisternas de água potável e 100 toneladas de alimentos a regiões do Chaco, prejudicadas pela carência de água.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) mostrou um plano de ajuda humanitária para mais de seis mil famílias bolivianas afetadas pela falta de água, associada ao fenômeno climático El Niño.

Enquanto o Executivo declarou que o abastecimento interno de energia elétrica está assegurado na Bolívia apesar da seca que afeta ao menos quatro regiões do país.

Atualmente, 48 municípios nos departamentos de La Paz, Tarija (sul), Santa Cruz (este) e Chuquisaca (sudeste) sofrem pela seca, por isso o governo ativou o Centro Operativo de Emergências (COE) para atender os danos causados por este evento.

Durante a semana que conclui, a Bolívia foi palco também da marcha da missão solidária Moto Méndez, um estudo científico a pessoas com vários tipos de deficiência, com a participação de médicos da Bolívia, Cuba e Venezuela.

A investigação começou pelas localidades de Plano Três Mil (Santa Cruz) e Orinoca (Oruro), e a cidade do Alto, mas a partir de janeiro de 2010 se estenderá a todo o país.

ocs/ga/es

Críticas à política dos Estados Unidos sobre golpe em Honduras

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Tegucigalpa, 14 nov (Prensa Latina)

As críticas ao papel desempenhado pelos Estados Unidos na crise desatada pelo golpe de Estado em Honduras são cada vez mais duras e chegam a acusações de cumplicidade para consolidar o regime de facto.

Inclusive o presidente Manuel Zelaya, derrocado em 28 de junho passado, deixou de lado a linguagem diplomática e acusou ontem à administração de Barack Obama de regressar ao passado de apoio aos golpes militares.

O estadista sustentou reuniões ao longo dos últimos quatro meses com as principais autoridades estadunidenses, que em público afirmaram defender a restituição de Zelaya em seu cargo.

Não obstante, servidores públicos do Departamento de Estado em suas últimas declarações têm posto ênfase na celebração das eleições do próximo dia 29, recusadas pelos setores antigolpistas de Honduras.

Deixaram-nos à metade do rio dizendo agora que sua prioridade são as eleições e não a restituição da democracia, disse Zelaya à emissora costarricense DNA Rádio, em declarações citadas pela imprensa de Honduras.

O presidente Barack Obama ofereceu-nos, em Trinidad e Tobago, a todos os presidentes da América que ele era o futuro, que íamos ver uns Estados Unidos diferente, recordou Zelaya, de acordo com o diário A Tribuna.

Mas hoje -sublinhou- deixou de ser o futuro para ser o passado novamente, o dos golpes de Estado, das eleições impostas, das fraudes eleitorais.

A Frente Nacional contra o golpe de Estado, que lidera a resistência popular contra o governo de facto, em seu último comunicado condenou a tentativa dos Estados Unidos de legitimar a ação militar mediante as eleições.

Denunciamos a atitude cúmplice do governo dos Estados Unidos que manobrou para dilatar a crise e agora mostra sua verdadeira intenção de validar o regime golpista, afirmou no texto.

Aponta que o interesse real de Washington é "assegurar que o seguinte governo seja dócil aos interesses das companhias multinacionais e seu projeto de controle regional".

A Frente, uma aliança dos setores populares e partidos antigolpistas, anunciou que desconhecerá os resultados das eleições, ao as considerar uma farsa para assegurar a continuidade do poder da oligarquia.

Não obstante, esclareceu que não cederá na luta por conseguir a restituição da ordem democrática rompida pelos militares, a reposição de Zelaya e a convocação de uma assembleia nacional constituinte.

ocs/rl/es

Chávez insiste em chamado à defesa da Venezuela

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Por Randy Saborit Mora

Caracas, 14 nov (Prensa Latina) O presidente venezuelano, Hugo Chávez, insistiu nesta semana no chamado à defesa do país diante da ameaça de guerra que representa a instalação de sete bases estadunidenses na Colômbia.

Numa concentração gigantesca em Caracas, Chávez assegurou ontem que o governo reestrutura as Forças Armadas para garantir a defesa, em que concorda com sua mensagem o povo, no último domingo, de defender a soberania desta nação.

"Nós não vamos agredir ninguém. Nós apenas estamos nos preparando para nos defender, mais nada", assegurou o governante ao intervir na referida manifestação contra os referidos enclaves bélicos.

No passado 8 de novembro indicou que pese às ameaças dos senhores imperialistas e a seus lacaios neste continente, como o governo colombiano, a Venezuela seguirá transitando à Revolução socialista.

O que ocorreu agora entre Colômbia e Estados Unidos é a entrega de um país, o governo colombiano converteu essa nação irmã em uma colônia ianque, afirmou então.

Chávez sublinhou na última terça-feira que a Venezuela está empenhada em buscar a paz e a independência na região, o que considerou que se choca com a decisão colombiana de abrir suas bases militares aos Estados Unidos.

Acusam-me de belicista por chamar os soldados e o povo a estar prontos para defender a pátria, quando na realidade somos vítimas de agressões, apontou o chefe de Estado no Palácio de Miraflores, ao assinar nove convênios com a governadora do estado brasileiro do Pará, Ana Julia Carepa.

O dignatário denunciou ontem que com suas bases na Colômbia, o governo estadunidense pretende atuar com licença para matar quando e onde quiser.

Ao falar ontem na inauguração da V Feira Internacional do Livro da Venezuela, considerou importante que os povos se manifestem contra a ofensiva estadunidense com apoio das oligarquias nacionais.

O líder venezuelano fez estas declarações no contexto em que Bogotá e Washington assinaram em 30 de outubro passado o acordo que permite aos Estados Unidos a instalação das bases militares em solo neogranadino.

De acordo com o documento subscrito, autoriza-se a presença no país vizinho de ao menos 800 militares estadunidenses e 600 civis contratados da administração da potência do norte que terão imunidade e não se submeterão às leis colombianas.

ocs/rsm/es






Começou em Cingapura cúpula anual Ásia-Pacífico

Cingapura, 14 nov (Prensa Latina)

A cúpula do Foro de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), que terá como eixo a crise econômica global, começou hoje nesta capital.

A implementação de uma estratégia coordenada para sair da recessão, a criação de uma área de livre comércio e a luta contra o protecionismo são centro dos debates.

Os líderes participantes assistem com o consenso de que a liberalização do comércio nessa região será um desafio para o grupo, pois seus países membros representam 40,5 por cento da população mundial, 54,2 do Produto Interno Bruto global e 43,7 do comércio internacional.

Proporão que a implementação das estratégias de saída da crise deve levar em conta as circunstâncias específicas da cada membro, para conseguir um crescimento sustentável em longo prazo.

Entre as propostas dos participantes estará a rejeição a qualquer medida, que pretenda retirar precipitadamente o estímulo governamental adotado frente à recessão sobre a base de que os atuais frágeis sinais de recuperação não significam consolidação na economia.

Trata-se de conseguir uma eliminação gradual dos incentivos para evitar outro contexto como o atual, no qual a recuperação é provisória, sobretudo pela situação dos mercados de créditos.

Os titulares reiteraram a necessidade de lutar contra o protecionismo no comércio mundial.

Ressaltaram a importância de evitar os confrontos entre os países industrializados e os emergentes do grupo, pois só provocam estancamento nos acordos e ações.

Como desafios principais do grupo APEC estão o impulso ao crescimento econômico, à confiança empresarial, aos investimentos e à redução do desemprego.

Também se propõe eliminar as diferenças de crescimento econômico entre seus 21 países membros para conseguir um equilíbrio no grupo.

Como elementos desfavoráveis esse bloco tem a frente sim a debilidade do dólar e a inflexibilidade do yuan chinês na conjuntura recessiva atual.

O livre comércio e a integração econômica são os dois grandes objetivos do APEC desde sua fundação em 1989, como fórum multilateral que busca incentivar e assegurar o desenvolvimento econômico, o intercâmbio e a cooperação entre os países da área do Pacífico.

ocs/crc/mfb/es

Começou em Cingapura cúpula anual Ásia-Pacífico

Cingapura, 14 nov (Prensa Latina) A cúpula do Foro de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), que terá como eixo a crise econômica global, começou hoje nesta capital.

A implementação de uma estratégia coordenada para sair da recessão, a criação de uma área de livre comércio e a luta contra o protecionismo são centro dos debates.

Os líderes participantes assistem com o consenso de que a liberalização do comércio nessa região será um desafio para o grupo, pois seus países membros representam 40,5 por cento da população mundial, 54,2 do Produto Interno Bruto global e 43,7 do comércio internacional.

Proporão que a implementação das estratégias de saída da crise deve levar em conta as circunstâncias específicas da cada membro, para conseguir um crescimento sustentável em longo prazo.

Entre as propostas dos participantes estará a rejeição a qualquer medida, que pretenda retirar precipitadamente o estímulo governamental adotado frente à recessão sobre a base de que os atuais frágeis sinais de recuperação não significam consolidação na economia.

Trata-se de conseguir uma eliminação gradual dos incentivos para evitar outro contexto como o atual, no qual a recuperação é provisória, sobretudo pela situação dos mercados de créditos.

Os titulares reiteraram a necessidade de lutar contra o protecionismo no comércio mundial.

Ressaltaram a importância de evitar os confrontos entre os países industrializados e os emergentes do grupo, pois só provocam estancamento nos acordos e ações.

Como desafios principais do grupo APEC estão o impulso ao crescimento econômico, à confiança empresarial, aos investimentos e à redução do desemprego.

Também se propõe eliminar as diferenças de crescimento econômico entre seus 21 países membros para conseguir um equilíbrio no grupo.

Como elementos desfavoráveis esse bloco tem a frente sim a debilidade do dólar e a inflexibilidade do yuan chinês na conjuntura recessiva atual.

O livre comércio e a integração econômica são os dois grandes objetivos do APEC desde sua fundação em 1989, como fórum multilateral que busca incentivar e assegurar o desenvolvimento econômico, o intercâmbio e a cooperação entre os países da área do Pacífico.

ocs/crc/mfb/es