sábado, 29 de maio de 2010

SC - Criada Frente Parlamentar

29 mai, 2010
A cerimônia de lançamento aconteceu às 19 horas desta quarta-feira (26) no Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright, na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, e contou com a participação do deputado Sargento Amauri Soares (PDT), proponente da frente, e do cônsul-geral de Cuba no Brasil, Lazaro Mendez Cabrera. O objetivo é estreitar laços de amizade entre catarinenses e cubanos, defender a soberania dos países e estimular as relações comerciais e convênios tecno-científicos, esportivos e culturais, buscando o fim do bloqueio econômico ao país caribenho.


Segundo Soares, a criação da frente visa “resgatar uma dívida com o povo cubano”. Para o parlamentar, ainda existe muita falta de informação acerca de Cuba, algo “construído historicamente pelas escolas, igrejas e meios de dominação ideológicos”. “Dizer que Cuba é mais democrática que os Estados Unidos traz espanto à maioria das pessoas. Precisamos mostrar isso de perto”. Soares mencionou que planeja criar em novembro uma comitiva para visitar o país. “Vamos levar as pessoas para conhecerem de perto aquilo de que tanto ouvem falar mal. Será uma forma de tentar quebrar preconceitos”.


Iniciando seu mandato como cônsul-geral no país, Lazaro Mendez Cabrera disse que deseja ampliar o trabalho de divulgação do que afirmou serem conquistas da Revolução Cubana, principalmente nas áreas da medicina e educação, cujos bons índices seriam reconhecidos por organismos das Nações Unidas. “Se conhece pouco sobre Cuba, devido ao bloqueio econômico e à campanha difamatória a que estamos expostos desde 1959”. Cabrera também explicou ao público presente o funcionamento do sistema eleitoral cubano, a maior fonte de dúvida dos estrangeiros, segundo o diplomata. “Queremos demonstrar que pode haver democracia sem pluripartidarismo”.


Ele citou que no país, com cerca de 8 milhões de eleitores, não há policiamento nas eleições e nem obrigatoriedade de se votar. “Mesmo assim há um alto índice de participação da população nas eleições. Até mesmo os votos brancos não chegam a 5%. Isto se deve ao nosso sistema eleitoral, que está sendo continuamente aperfeiçoado, aumentando-se a participação popular”, completou. Para o diplomata, iniciativas como a Frente de Solidariedade são importantes, por abrirem uma via de comunicação com a sociedade brasileira.


A frente foi constituída a pedido da Associação Cultural José Martí de Santa Catarina (ACJM-SC), a exemplo de outras já existentes em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Tem caráter suprapartidário e deve funcionar por tempo indeterminado.

Entre os deputados que já assinaram o apoio à Frente, estão: Dagomar Carneiro (PDT), Sargento Amauri Soares (PDT), Edison Andrino (PMDB), Genésio Goulart (PMDB), Ana Paula Lima (PT), Pedro Uczai (PT), Décio Góes (PT), Angela Albino (PCdoB), Dirceu Dresch (PT), Darci de Matos (DEM) e Jorginho Mello (PSDB). Segundo Soares, também manifestaram intenção de participar os deputados Silvio Dreveck (PP) e Jailson Lima (PT).


Após o lançamento da Frente, representantes da ACJM-SC convidaram o público a participar da III Convenção de Solidariedade a Cuba, um preparativo para a XVIII Convenção Nacional, que acontecerá entre os dias 4 e 6 de junho, em Porto Alegre. Além de elencar medidas de apoio ao país socialista, o evento pretende colocar em debate temas como a questão do bloqueio comercial, educação, saúde e uma moção de apoio aos cinco cubanos que estão atualmente presos nos Estados Unidos.

Representantes da escola de samba União Ilha da Magia, de Florianópolis, divulgaram que a agremiação finalizou acordo que estabeleceu Cuba como tema do seu desfile em 2011.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Colômbia

46 anos batalhando por uma nova Colômbia

Bogotá, 27 de maio - Lançando uma das mais duras ofensivas deste ano, as FARC-EP comemoram 46 anos de existência e luta insurgente. Em comunicado enviado à redação da ABP Notícias, as FARC evocam as causas que deram origem a seu surgimento, seu compromisso histórico com a paz e com bem-estar para o povo; apresentam o balanço de seu crescimento como força insurgente em contraste com a violenta precipitação de um governo que sob promessa de extermínio, cometeu os mais terríveis crimes contra o povo. Sobre o atual debate eleitoral as FARC-EP afirmam: "(...)está marcado pela intolerância e pela belicidade que impôs a autocracia Uribista".


Viva Bolívar! Viva Manuel!


“Há quarenta e seis anos que a oligarquia mais reacionária, sanguinária, terrorista e submissa à estratégia imperialista dos Estados Unidos na Colômbia, decidiu empurrar a nação ao terrível caminho da guerra, fazendo ouvidos surdos às milhares de vozes que clamavam pelo imperativo do diálogo e das saídas políticas ao invés das agressões militares contra os camponeses de Marquetalia. O poder da violência e do terror foram agitados na colérica e provocadora palavra do senador Álvaro Gómez Hurtado, que nunca foi à guerra ainda que, deslumbrado pelo terror das falanges franquistas na Espanha, preparou o terreno, sobre mentiras, para justificar o novo ciclo de violência como metodologia para arrasar a oposição política.

A demência do poder decretou poucas semanas para arrasar a resistência encabeçada pelo maior e mais firme comandante guerrilheiro de todos os tempos, Manuel Marulanda Vélez e seu nascente Estado Maior com Jacobo Arenas, Isaías Pardo, Hernando Gonzales, Joselo Lozada, Ciro Trujillo, Miguel Pascuas, Fernando Bustos e Jaime Guaracas que, junto aos demais corajosos camponeses que não ultrapassavam 46 vontades, enfrentaram o terror bipartidário representado no excludente pacto da Frente Nacional, que engendrou esta guerra que já dura meio século.

Desde o início da campanha oligárquica e militarista, auspiciada e planejada pelo imperialismo para justificar o terror contra o movimento agrário de Marquetalia e Riochiquito, até o dia que iniciaram a agressão, nossa voz, junto à de muitas organizações e personalidades nacionais e internacionais, vibrou de sensatez propondo saídas incruentas e construtoras de democracia, de desenvolvimento humano, de fortalecimento da produção alimentária, de equilíbrio ambiental, de reconhecimento à cosmovisão das comunidades indígenas e negras e de participação equitativa na produção e distribuição da riqueza. Mas a cegueira do poder da oligarquia criolla e sua postura de joelhos ante as migalhas do amo imperial, desqualificou e silenciou essas vozes. Seu conto tem sido o enriquecimento, a qualquer preço, a base do terror e do roubo.

As FARC-EP, nascemos empurradas pela intolerância, exclusão e perseguição violenta das castas que ostentam o poder e estabelecem os governos; “temos sido vítimas da fúria latifundiária e militar, porque aqui, nesta parte de Colômbia, predominam os interesses dos grandes senhores da terra e os interesses acorrentadores da reação mais retrógrada do país. Por isso nos tocou sofrer na carne e no espírito, todas as bestialidades de um regime podre que brota da dominação dos monopólios financeiros entroncados ao imperialismo.” manifestamos no Programa Agrário. Não inventamos esta guerra, nem fomos a ela como aventura para homologar epopeias redentoras da pobreza; assumimos com dignidade e seriedade o destino político que lhe impôs o abominável poder oligárquico à nação, como destacamos naquela época no Programa Agrário: "somos revolucionários que lutamos por uma mudança de regime. Mas queríamos e lutávamos por essa mudança usando a via menos dolorosa para nosso povo: a via pacífica, a via democrática de massas. Essa via nos foi fechada violentamente com o pretexto fascista oficial de combater supostas 'Repúblicas Independentes' e como somos revolucionários que de uma ou outra maneira jogaremos o papel histórico que nos corresponde, nos tocou buscar a outra via: a via revolucionária armada para a luta pelo poder".

Assim foi que os potentados do terror nos transformaram em combatentes de resistência que a sabedoria do povo tem nutrido neste quase meio século de ação pela dignidade, a paz e a soberania. Crescemos ao calor da batalha político-militar, aferrados ao legado histórico que nos deixaram as comunidades indígenas na resistência contra o invasor espanhol; as lutas contra esse mesmo poder por negros e cimarrões; o levantamento guerrilheiro dos comuneiros com José Antonio Galã, Lorenzo Alcantuz e Manuela Beltrán; os forjadores das mobilizações pela primeira independência do colonianismo Espanhol há duzentos anos com Dom Antonio Nariño; e ao fogo patriótico e soberano que nos irradia o pensamento e o exemplo do libertador Simón Bolívar. Florescemos na experiência dos guerrilheiros dos mil dias, já nos novecentos, contra o “regenerador” Rafael Núñez. Reafirmamos a luta contra a barbárie, agitando como bandeira a memória dos assassinados pelo exército oficial a serviço do imperialismo no massacre das bananeiras no dia 6 de dezembro de 1928 em Ciénaga, estado de Magdalena e na comprometida lembrança com todos os lutadores vitimizados pelo Estado e suas estruturas paralelas para o terror. Mas também crescemos com a crítica, o reconhecimento, o abraço, o amor e a ternura de uma importante multidão de compatriotas que nos alentam com seu próprio sacrifício na luta por transformar o modelo econômico e os costumes políticos implantados.

Nestes 46 anos de árdua luta, crescemos em razões e em nosso compromisso de luta com cada vez mais camponeses sem terra por deslocamento forçado, que já ultrapassam a infame cifra dos 4 milhões de refugiados internos devido ao terror paraestatal; com os milhões de sem teto e com os mais de 20 milhões de pobres que se esforçam para romper o império da desigualdade; com os mais de 20 milhões de desempregados condenados ao “jeitinho”; e compromisso com os milhões de jovens que não têm acesso à educação; com a memória de todas as vítimas do terrorismo de Estado em todos estes anos de terror e que dia a dia clamam justiça, assim como os mais de 2.500 assassinados pela força pública e apresentados baixo o eufemismo de “falsos positivos” neste governo de Uribe Vélez; com as mulheres que tecem esperanças de igualdade ante uma violência que lhes oprime e nega possibilidades de vida digna. Crescemos no fragor do combate e na experiência organizativa ante cada arremetida militarista e ante cada ciclo por desqualificar-nos e exterminar-nos. O Plano Colômbia não tem diminuído nossa fortaleza, nem nossa moral; fracassou ante as inocultáveis razões do levantamento e pelo violento autoritarismo que sustenta a política de segurança desse governo que termina; estatelou-se pela mentira, o crime e a corrupção que constituem sua verdadeira natureza.

A escalada militar imperialista em nossa pátria também fracassará ante a capacidade de luta e resistência da insurgência e a mobilização de nosso povo. A defesa da soberania pátria é um imperativo neste tempo de reverência oligárquica ante os interesses do governo estadunidense.

Nossa disposição a construir caminhos de paz é um compromisso de sempre: pela saída política nos lançamos com seriedade, com ponderação, sem ilusões às maiorias nacionais, sem politicagens, sem malícia em todos os cenários. Assim foi com o governo de Belisario Betancur e Virgilio Barco na Casa Verde, ou em Caracas e Tlaxcala com Cessar Gaviria, ou na última tentativa em Caguan com Andrés Pastrana. Mas a excludente minoria de políticos, empresários, latifundiários e narcotraficantes que ostentam o poder, têm armado carapuças para posicionar seus interesses, só têm procurado abrir espaço para recompor suas estruturas de repressão estatal sob ordens e financiamento do império; como a implementação do fracassado Plano Colômbia para impossibilitar qualquer avanço da paz democrática e impor a linguagem do terror e a chantagem para desqualificar os movimentos de resistência e libertação nacional, bem como desestabilizar a região diante dos ventos de mudança e soberania que acompanham o continente.


O governo que agoniza, prometeu o aniquilamento das FARC-EP, como uma irrefutável estratégia de manipulação mediática da opinião, para manter-se de todas as formas no poder. E com seu extravagante autoritarismo ocultar seus crimes, seus vínculos com o narcotráfico e o paramilitarismo, bem como a corrupção que fervilha por todos os cantos do palácio presidencial. Jamais se apagará da história colombiana este período escuro e letal do fátuo potentado que culmina seu governo com uma profunda crise estrutural e com mais de 100 membros de sua bancada parlamentar comprometidos com a parapolítica, a iídiche-política e a feira dos cartórios. Isso além dos escândalos fraudulentos como Carimagua, Agroingreso Seguro; os decretos de emergência social; as zonas francas para incrementar o patrimônio familiar; as perseguições e grampos ilegais do DAS a opositores, sindicalistas e ativistas de direitos humanos; a perseguição às cortes; as reuniões palacianas com narcotraficantes; a obsessão cega por impor um promotor de bolso; a agressão ao território dos países irmãos violando todas as normas do direito internacional; a ameaça a jornalistas independentes; os “falsos positivos” e a entrega do território nacional para a operação de forças militares de ocupação norte-americanas.


O debate eleitoral que culmina seu primeiro turno neste 30 de maio, está marcado pela intolerância e a pugnacidade que impôs a autocracia Uribista. As propostas, programas e compromissos com a nação têm sido substituídos pelo ataque grotesco e vulgar, pela propaganda obscura em um esforço desmedido por apresentar a um ou outro dos candidatos como uma opção mais reacionária e autoritária que a caracterizada pelo mandatário que sai. Todos se esforçam para demonstrar submissão ante o império, assumindo posições chauvinistas contra os vizinhos e com o joelho no chão frente ao império do norte, como afirmou Gaitán. Ninguém tem proposto debater os temas vitais que mantêm a nação no profundo abismo das desigualdades e do terror. Todos em coro prometem mais despesa militar e mais guerra. É escuro o horizonte que traçam estes aspirantes e por estas razões estamos convocando à abstenção, convencidos que só a força da mobilização de todos os colombianos poderá impor um destino verdadeiro de paz e de justiça que devolva os prisioneiros de guerra a seus lares, que libere os guerrilheiros e os milhares de presos políticos que apodrecem nas prisões do Estado, reconcilie e reconstrua a Colômbia. Só a luta organizada das maiorias levantadas há duzentos anos, para lançar o segundo grito por nossa definitiva independência, devolverá a terra para produção camponesa, resolverá a crise ambiental que gera constantes desastres naturais a mudança de estação e a crise alimentária que mata a nação. E solucionará definitivamente o drama dos refugiados, garantirá o acesso à educação em todos os níveis, à saúde integral, à moradia digna, ao emprego bem remunerado e asseguraria o exercício pleno e integral dos direitos humanos. Só a unidade de todos os revolucionários e democratas da pátria, mobilizados junto às grandes maiorias, nos permitirá tirá-la da horrível noite em que a deixou abatida o Uribismo e eximir a geração do bicentenário.

Neste 46º aniversário, ratificamos nosso compromisso com a pátria grande e o socialismo, com a paz democrática como condição essencial para a reconstrução e reconciliação de todos os colombianos. Com a memória viva de todos os lutadores por uma nova Colômbia, com a força moral do pensamento de Bolívar, Manuel Marulanda Vélez, Jacobo Arenas, Raúl Reis, Iván Rios, e Efraín Guzmán, as FARC-EP dedicamos todos nossos recursos humanos pelo acordo humanitário e a paz da Colômbia.



Compatriotas.



Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP



Publicado por:
 
Círculos Bolivarianos.
REDE PÚBLICA de discussão e debate do MORENA

REVOLUÇÃO

FIDEL - Conceito de Revolução


Publicado por: Redação Cuba Viva 25 mai, 2010



é sentido de momento histórico;

é mudar tudo que deve

ser mudado;

é igualdade e liberdade plenas;

é ser tratado e tratar aos demais

como seres humanos;

é emancipar-nos por nós mesmos

e com nossos próprios esforços;

é desafiar poderosas forças

dominantes dentro e fora

do âmbito social e nacional;

é defender valores nos quais se crê

ao preço de qualquer sacrifício;

é modéstia, desinteresse, altruísmo,

solidariedade e heroísmo;

é lutar com audácia,

inteligência e realismo;

é não mentir jamais

nem violar princípios éticos;

é convicção profunda

de que não existe força no mundo

capaz de esmagar

a força da verdade e as ideias.

REVOLUÇÃO é unidade,

é independência,

é lutar por nossos sonhos de justiça

para Cuba e para o mundo,

que é a base de nosso patriotismo,

nosso socialismo

e nosso internacionalismo.



Fidel Castro Ruz

1º de maio de 2000

quarta-feira, 26 de maio de 2010

III Convenção Estadual de Solidariedade Cuba de SC

O movimento nacional de solidariedade a Cuba realiza, nos próximos

dias 04,05 e 06 de junho, a XVIII Convenção, na cidade de Porto

Alegre/RS.

A Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba é um evento que congrega

todas as organizações e pessoas do país que estão do lado do processo

revolucionário cubano, com suas conquistas sociais e humanitárias. O

objetivo do evento, dentro dos marcos da defesa da soberania e

autodeterminação dos povos, é organizar os trabalhos da solidariedade,

construindo alternativas para contrapor o bloqueio midiático exercido

pelos poderosos meios de comunicação contra a Ilha Caribenha em nosso

país.


Em preparação ao evento nacional, a Associação Cultural José Marti de

Santa Catarina organiza a III Convenção Estadual de Solidariedade a

Cuba, que ocorrerá no próximo dia 26 de maio, às 19 horas, no

Plenarinho, da Assembléia Legistativa de Santa Catarina – ALESC,

quando também será formalizada a Frente Parlamentar Catarinense de

Solidariedade a Cuba, com a presença de representantes do governo

cubano.



Contamos com sua presença.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O IMPÉRIO MANDA, AS COLÔNIAS OBEDECEM

Frei Betto e João Pedro Stédile

Após a Segunda Guerra Mundial, quando as forças aliadas saíram vitoriosas, o governo dos EUA tentou tirar o máximo proveito de sua vitória militar. Articulou a Assembléia das Nações Unidas dirigida por um Conselho de Segurança integrado pelos sete países mais poderosos, com poder de veto sobre as decisões dos demais.

Impôs o dólar como moeda internacional, submeteu a Europa ao Marshall, de subordinação econômica, e instalou mais de 300 bases militares na Europa e na Ásia, cujos governos e mídia jamais levantam a voz contra essa intervenção branca.

O mundo inteiro só não se curvou à Casa Branca porque existia a União Soviética para equilibrar a correlação de forças. Contra ela, os EUA travaram uma guerra sem limites, até derrotá-la política, militar e ideologicamente.

A partir da década de 90, o mundo ficou sob hegemonia total do governo e do capital estadunidenses, que passaram a impor suas decisões a todos os governos e povos, tratados como vassalos coloniais.

Quando tudo parecia calmo no império global, dominado pelo Tio Sam, eis que surgem resistências. Na América Latina, além de Cuba, outros povos elegem governos antiimperialistas. No Oriente Médio, os EUA tiveram que apelar para invasões militares a fim de manter o controle sobre o petróleo, sacrificando milhares de vidas de afegãos, iraquianos, palestinos e paquistaneses.

Nesse contexto surge no Irã um governo decidido a não se submeter aos interesses dos EUA. Dentro de sua política de desenvolvimento nacional, instala usinas nucleares e isso é intolerável para o Império.

A Casa Branca não aceita democracia entre os povos. Que significa todos os países terem direitos iguais. Não aceita a soberania nacional de outros povos. Não admite que cada povo e respectivo governo controlem seus recursos naturais.

Os EUA transferiram tecnologia nuclear para o Paquistão e Israel, que hoje possuem bomba atômica. Mas não toleram o acesso do Irã à tecnologia nuclear, mesmo para fins pacíficos. Por quê? De onde derivam tais poderes imperiais? De alguma convenção internacional? Não, apenas de sua prepotência militar.

Em Israel, há mais de vinte anos, Moshai Vanunu, que trabalhava na usina atômica, preocupado com a insegurança que isso representa para toda a região, denunciou que o governo já tinha a bomba. Resultado: foi sequestrado e condenado à prisão perpetua, comutada para 20 anos, depois de grande pressão internacional. Até hoje vive em prisão domiciliar, proibido de contato com qualquer estrangeiro.

Todos somos contra o armamento militar e bases militares estrangeiras em nossos países. Somos contrários ao uso da energia nuclear, devido aos altos riscos, e ao uso abusivo de tantos recursos econômicos em gastos militares.

O governo do Irã ousa defender sua soberania. O governo usamericano só não invadiu militarmente o Irã porque este tem 60 milhões de habitantes, é uma potência petrolífera e possui um governo nacionalista. As condições são muito diferentes do atoleiro chamado Iraque.

Felizmente, a diplomacia brasileira e de outros governos se envolveu na contenda. Esperamos que sejam respeitados os direitos do Irã, como de qualquer outro país, sem ameaças militares.

Resta-nos torcer para que aumentem as campanhas, em todo mundo, pelo desarmamento militar e nuclear. Oxalá o quanto antes se destinem os recursos de gastos militares para solucionar problemas como a fome, que atinge mais de um bilhão de pessoas.

Os movimentos sociais, ambientalistas, igrejas e entidades internacionais se reuniram recentemente em Cochabamba, numa conferência ecológica mundial, convocada pelo presidente Evo Morales. Decidiu-se preparar um plebiscito mundial, em abril de 2011. As pessoas serão convocadas a refletir e votar se concordam com a existência de bases militares estrangeiras em seus países; com os excessivos gastos militares e que os países do Hemisfério Sul continuem pagando a conta das agressões ao meio ambiente praticadas pelas indústrias poluidoras do Norte.

A luta será longa, mas nessa semana podemos comemorar uma pequena vitória antiimperialista.


Frei Betto é escritor


João Pedro Stédile integra a direção da Via Campesina