sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Nota de Condolências



 
A Associação Cultural José Marti de Santa Catarina, com profunda tristeza e consternação, manifesta sua solidariedade ao povo cubano e em especial aos familiares de todas as vítimas do acidente ocorrido ontem com um avião da companhia aérea cubana Aerocaribbean.
 
O avião, um ATR-72, que fazia o voo 883 entre Santiago de Cuba e Havana, caiu na região de Guasimal, na província de Sancti Spiritus, vitimando todas as 68 pessoas a bordo, sendo 40 cubanos (07 tripulantes), 09 argentinos, 07 mexicanos, 03 holandeses, 02 alemães, 02 austríacos, 01 espanhol, 01 francês, 01 italiano, 01 japonês e 01 venezuelano. A primeira suspeita de causa do acidente é a condição do tempo, por conta da tempestade tropical Tomas, que passa pela região oriental cubana.

 
Aproveitamos para reforçar nossa confiança em todos os sistemas de transporte cubanos, bem como na comissão criada pelo governo para investigar a tragédia, lembrando que o último acidente aéreo em Cuba havia ocorrido em março de 2002, quando um avião de menor porte caíra na província central de Villa Clara, vitimando as 16 pessoas a bordo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A SUBLEVAÇÃ NA ONU

Reflexões do companheiro Fidel:

SEGUNDA E ÚLTIMA PARTEl

Quando Bruno concluiu a sua intervenção perto do meio dia no passado 26 de outubro era a vez, segundo a norma estabelecida, das explicações de voto, antes que o projeto fosse submetido à votação.
Falou primeiramente o embaixador dos Estados Unidos Ronald D. Godard, assessor principal da área para Assuntos do Hemisfério Ocidental, chefe da delegação de seu país.
Suas inusitadas palavras tornam desnecessária a análise para demonstrar que as denúncias do Ministro das Relações Exteriores de Cuba eram rigorosamente justas. Suas próprias afirmações bastam para refletir o caráter cínico da política desse país.
“... Os Estados Unidos [...] estão firmemente engajados no apoio ao desejo do povo cubano de determinar livremente o futuro de seu país.
“... Os Estados Unidos [...] têm o direito soberano de decidir suas relações econômicas com outro país. As relações econômicas dos Estados Unidos com Cuba é uma questão bilateral [...] encaminhadas a estimular um clima mais aberto em Cuba e um maior respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais.”
“Não devemos deixar de ter em conta esse fato em um debate cheio de argumentos retóricos do passado e focalizado nas diferenças tácticas, em um debate que nada faz para ajudar o povo cubano.”
“Minha delegação lamenta que a delegação de Cuba continue, ano após ano, qualificando de maneira inapropriada e incorreta as restrições comerciais a Cuba como um ato de genocídio.  [...] Os Estados Unidos não impõem nenhuma restrição à ajuda humanitária a Cuba...”
Em 2009, os Estados Unidos [...] autorizaram 237 milhões de dólares em assistência humanitária privada em forma de presentes com alimentos e outros produtos essenciais, doações humanitárias não agrícolas e doações médicas.”
“No mês de abril de 2009, o Presidente Obama indicou que 'os Estados Unidos procuram um novo começo com Cuba', mas “ainda há um trajeto mais longo que é preciso percorrer para ultrapassar décadas de desconfiança'. [...] iniciamos conversações para restabelecer o serviço postal direto entre os Estados Unidos e Cuba e incrementamos os intercâmbios artísticos e culturais...”
“O Presidente Obama tem declarado publicamente que a libertação dos prisioneiros políticos e as reformas econômicas são positivas para o povo cubano. Os Estados Unidos esperam ver, em breve, o cumprimento dessas promessas, bem como uma maior abertura por parte do governo cubano como mostra de sua vontade de se relacionar construtivamente com seu próprio povo. [...] Os Estados Unidos consideram que não se poderá alcançar uma nova era nas relações Estados Unidos-Cuba até que o povo cubano goze das liberdades políticas e econômicas internacionalmente reconhecidas, que este órgão tanto defendeu e defende em outros países ao redor do mundo."
“Minha delegação votará contra esta resolução.”
Os Estados Unidos acham que é hora de que este órgão envide suas energias para apoiar o povo cubano em sua luta por decidir seu próprio futuro e ir além dos gestos retóricos que representa esta resolução.
“Obrigado, senhor Presidente.”
De imediato, explicou sua intenção de voto a chefe da delegação da Nicarágua, cujo povo conheceu em suas entranhas a guerra suja de Ronald Reagan que tanto sangue custou. Suas palavras foram contundentes.
Produziu-se a votação e 187 países votaram a favor da Resolução: dois votos contra: os Estados Unidos e o Israel, seu inseparável aliado nas ações genocidas; e três abstenções: as Ilhas Marshall, a Micronésia e Palau. Nenhum país dos 192 membros da ONU deixou de participar.
Concluída a votação, a representação da Bélgica, em nome da União Européia, aliada dos Estados Unidos, iniciou a participação das delegações que desejavam explicar seu voto.
Depois usaram da palavra 16 países com destacado protagonismo na política internacional para explicar por que votaram a favor da Resolução, na seguinte ordem: o Uruguai, a Bolívia, a Angola, a Myanmar, o Suriname, a Belarus, São Cristóvão e Neves, o Laos, a Tanzânia, a Líbia, a Síria, o Sudão, o Vietnã, a Nigéria, São Vicente e Granadinas e a República Democrática de Coréia.
Deve-se lembrar que muitos países se abstiveram de falar a pedido de nossa própria delegação, para que o processo de votação não se prolongasse em detrimento do melhor horário para a divulgação do debate, e o esforço esgotante que implicava a participação de um número maior de oradores. Apesar disso, 37 delegações falaram em termos claros e precisos a favor do justo Projeto que, por décimo nona vez, era aprovado pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Nesta ocasião foi o mais dilatado e enérgico debate sobre o delicado e importante tema.
Às 16h17 escutou-se a réplica de Cuba através do Ministro das Relações Exteriores de nosso país.
O essencial que ele disse, embora quase todo o texto fosse essencial foi:
“Senhor Presidente:
“Agradeço muito suas palavras aos treze oradores e às delegações presentes nesta imprevista sessão vespertina.
“Sobre o dito pelos Estados Unidos e a União Européia:
“Esta é a décimo nona ocasião em que a delegação dos Estados Unidos nos repete o mesmo.
“O bloqueio é um ato de guerra econômica e um ato de genocídio.
Será que o Departamento de Estado não fez a sua tarefa, não estudou o assunto?
"No ano passado eu li aqui os artigos das Convenções correspondentes...”
“Hoje aqui já li o famoso Memorando do senhor Mallory.
“Não são 'argumentos ideológicos' do passado. O bloqueio é uma velha placa de gelo que ainda fica da Guerra Fria. O assunto não é a retórica, senão o ato de agressão contra Cuba.
“O objetivo dos Estados Unidos não é ajudar nem apoiar o povo cubano. Sabe-se que o bloqueio provoca privações e sofrimentos. Não provoca mortes porque a Revolução cubana o impede. Como poderia se explicar que as crianças cubanas sejam castigadas como foi descrito aqui? Se houvesse vontade de ajudar ou de apoiar o povo cubano, a única coisa que deveria ser feita é pôr fim ao bloqueio de imediato.
“Por que os norte-americanos não podem visitar Cuba e receber informação de primeira mão? Por que limitam os chamados contatos 'povo a povo'?
“Os pretextos para o bloqueio têm mudado. Primeiramente a suposta pertença ao eixo chinês-soviético, mais tarde a chamada exportação da Revolução para a América Latina, depois a presença das tropas cubanas na África para ajudar a derrotar a apartheid, a preservar a independência de Angola e conseguir a independência da Namíbia.
“Mais tarde, a manipulação dos direitos humanos. Mas, o bloqueio é uma violação brutal dos direitos humanos dos cubanos.
“Estamos dispostos a discutir sobre violações dos direitos humanos. Podemos começar com o tema do campo de concentração de Guantánamo, no qual se tortura e não existe o hábeas corpus. É o reino das 'Comissões Militares', fora do Estado de direito. Poderia a delegação norte-americana explicar o que aconteceu nos campos de Abu Ghraib, Bagram e Nama?
“Os responsáveis foram instruídos de cargos? Foram instruídos de cargos os que nos governos europeus autorizaram os cárceres secretos na Europa e os vôos secretos da CIA com pessoas seqüestradas? O representante da União Européia poderia esclarecer isso?
“Podemos falar sobre Wikileaks. Por que não nos falam algo acerca das atrocidades registradas nos 75 mil documentos sobre crimes no Afeganistão e nos 400 mil sobre o Iraque?
“As mudanças em Cuba são um assunto dos cubanos. Mudaremos tudo o que precise ser mudado visando o bem dos cubanos, mas não pediremos a opinião do governo dos Estados Unidos. Escolhemos livremente o nosso destino. Para tal fizemos uma Revolução. Serão mudanças soberanas, não 'gestos'. Sabemos que para os Estados Unidos a única coisa suficiente seria instaurar em Cuba um governo pro - ianque. Mas, isso não vai acontecer.”
“Querem cooperação entre as nossas universidades? Eliminem as restrições contra os intercâmbios acadêmicos, estudantis, científicos e culturais e permitam estabelecer acordos entre essas instituições.
“Querem cooperação contra o narcotráfico, contra o terrorismo, contra o tráfico de pessoas, contra os desastres naturais e o correio postal? Respondam, pelo menos, às propostas que nós apresentamos há mais de um ano, sem nenhuma condição.”
“Um alto funcionário da USAID confirmou ontem ao jornalista Tracey Eaton que, no último período alocaram 15,6 milhões de dólares para (faço a citação) 'indivíduos no terrenoem Cuba'. Assim eles chamam a seus mercenários.
“Continuam as transmissões ilegais de rádio e televisão.
“Os Cinco antiterroristas cubanos continuam em sua injusta prisão. Recentemente Gerardo Hernández Nordelo foi submetido, sem razão alguma, a confinamento solitário e lhe foi denegado o atendimento médico.
“Terroristas internacionais confessos como Orlando Bosh e Posada Carriles passeiam livremente em Miami e inclusive realizam atividade política lá.”
“O bloqueio é abusivamente extraterritorial e afeta a todos os aqui presentes. Não é um assunto bilateral.
“Senhor Presidente:
“Ao já dito sobre a União Européia tenho pouco que acrescentar.
“Não lhe reconhecemos nenhuma autoridade moral nem política para fazer críticas em matéria de direitos humanos.
“Seria bom que se ocupasse de sua brutal política antiimigrantes, da deportação das minorias, da violenta repressão contra os manifestantes e da crescente exclusão social de seus desempregados e dos setores de menor renda.
“O Parlamento Europeu, com desvergonha e de maneira infame, dedica-se a premiar os agentes pagos pelo governo dos Estados Unidos em Cuba.
“Mas, a União Européia sonha ao pensar que poderá normalizar as relações com Cuba, existindo a chamada Posição Comum.
“Muito obrigado”.
Todos esperávamos a resposta dos Estados Unidos depois da réplica de Bruno. O melhor que fez em sua vida o embaixador e a delegação - que não teve o gesto desdenhoso de abandonar a sala -. foi resistir firmemente aquele vendaval de argumentos irrebatíveis. A réplica de Cuba os deixou paralisados; tive a impressão que eles iam-se desvanecendo até desaparecer da cena.
Nos 50 anos de bloqueio a superpotência não pôde nem poderá derrotar a Revolução cubana. Não me dediquei a contar os votos a favor ou contra a “Resolução”. Pelo contrário, observei o calor e a convicção dos que falaram contra a injusta e arbitrária medida. É um erro pensar que essa medida pode ser mantida indefinidamente. Foi uma sublevação. Os povos estão já cansados das agressões, dos saqueios, dos abusos e dos enganos.
Nunca as delegações exprimiram com mais vigor o seu protesto contra a burla que implica o desprezo à justa condena da comunidade mundial contra um ato de genocídio que se reitera ano após ano. Eles estão cientes de que o mais grave é o saqueio sistemático de seus recursos naturais imposto à maioria dos povos do planeta, a progressiva escassez de alimentos, a destruição do meio ambiente, o crescente número de guerras genocidas contra outros povos, apoiadas em bases militares situadas em mais de 75 países e o crescente perigo de uma conflagração suicida para todos os povos do mundo.
A ONU não pode existir sem a presença dos povos que vêm exigindo o fim do bloqueio. Essa instituição, nascida quando a imensa maioria nem sequer éramos independentes, para que serve sem nós? O que direito temos se não podemos nem sequer exigir o fim do bloqueio imposto contra um pequeno país? De uma forma ou  outra subordinaram-nos aos interesses dos Estados Unidos e da OTAN, organização militar belicista que esbanja mais de um milhão de milhões  de dólares anualmente em guerras e armas, que seriam mais que suficientes para levar o essencial a todos os povos do mundo.
Muitos países do Terceiro Mundo são obrigados a procurar soluções independentemente do que aconteça ao resto; É como marchar sobre uma esteira que se move no sentido inverso a mais velocidade.
Faz falta uma ONU verdadeiramente democrática e não um feudo imperial no qual a imensa maioria dos povos não conta para nada. A ONU, fundada antes de concluir a Segunda Guerra Mundial, já está esgotada. Não permitamos que nos imponham o ridículo papel de reunir-nos outra vez dentro de 12 meses para burlar-se de nós. Façamos sentir nossa demanda e salvemos a vida da nossa espécie antes que seja muito tarde. 
Fidel Castro Ruz
1º de novembro de 2010
17h53

Brigada Sul Americana 2011

Companheiros da solidariedade a Cuba.

A Brigada Sul-Americana de janeiro, 2011. Dedicada ao 50 aniversario da Victoria de Praia Girón. De 23/24 de Janeiro a 6 de fevereiro. Esta com seus prazos chegando ao fim, 16 de novembro (15 é feriado).

Cada estado comprometeu-se em esta data, entregar ao coordenador nacional, tabela completa dos brigadistas com nome completo, email, telefone, sexo, data de nascimento, estado, número de passaporte, data de validade do mesmo, numero de vôo, data de ida e volta. Ex:

Tabela de Dados dos Brigadistas Brasileiros

  Brigada Sul-Americana -2011

Nome e e-mail

Sexo

Nasc

Est

Passaporte

Válido

Ida e

Volta

Voo

Voo

1

Fausto Augusto Mendes Barros. fatogaiaba@yahoo.com.br

031 99469421

M

23/03  1980

MG

CX 463556

24/08  2015

24/1  438

08/02 247

2

 

 

 

 

 

 

 

 

3

 

 

 

 

 

 

 

 

4

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Também a ficha de inscrição de cada brigadista. Por intermédio da mesma, é feito o pedido de entrada ou VISTO a Cuba, exonerando o pagamento (do visto). Ex:

 

 Ficha de inscrição

Brigada Sul-Americana / 2011

 

Entidade :

Nome do brigadista:

Sexo:

Local de nasc:                                                    Data de nasc:

 

Nacionalidade e Cidadania:

Endereço residencial:

Rua,                                           Bairro:                 Cidade:                  Estado:

 

CP:

Fone:                                        Celular:

Email:

Profissão:                                 Local de trabalho:

Número do Passaporte: ...........................Data de Expiração e vencimento: .......................

Data da chegada a Cuba:

Data da saída de Cuba :

Companhia Aérea:

Você participa de algum Movimento Social? (   ) sim (   ) não

Se sim, qual?

 

Motivo pelo qual você quer participar deste evento:

 

 

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

 

Também copias coloridas das principais folhas do passaporte.

Tudo isto em anexo.

Problemas com passaporte será avaliado caso a caso.

Não será aceito em nenhumas hipóteses inscrição sem o número de vôo.

Parabéns pelo excelente Trabalho.  

Abraços

Edison

 

 

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A SUBLEVAÇÃO NA ONU

Reflexões do companheiro Fidel

(PRIMEIRA PARTE)

A reunião da terça-feira passada, 26 de outubro, da Assembléia Geral da ONU, que se supõe seja a máxima autoridade política do planeta, foi convocada com um objetivo tantas vezes repetido que já se torna familiar: “Necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba.”
É o projeto mais discutido, mais aprovado e nunca cumprido na história das Nações Unidas.
Todos sabemos que, se tal imputação fosse feita contra Cuba ou contra qualquer outro país latino-americano ou caribenho e ele fazer ouvidos moucos disso, sobre esse país choveriam críticas. O ato detestável que com tanta clareza e precisão é atribuído aos “Estados Unidos da América”, cujo fim é exigido, é classificado pelo direito internacional de “ato de genocídio”.
Eleva-se já a 19 o número de vezes que, a partir do ano1992, a referida resolução tem sido aprovada pela Assembléia Geral, exigindo o fim dessa abusiva e criminosa ação. Mas, da mesma maneira em que crescia o número de vezes em que a Resolução era reiterada e aprovada, também crescia o número de países que lhe ofereciam o seu apoio e diminuía a cifra daqueles que se abstinham e o minúsculo grupinho que era contra. Na última votação já apenas foram dois os que a rejeitaram e três os que se abstiveram cujos nomes correspondem a pequenos Estados que, na verdade, são dependências coloniais dos Estados Unidos.
Um fato a levar em conta é que no mundo aconteceram grandes mudanças desde a fundação da ONU, quando ainda não tinham cessado os combates da Segunda Guerra Mundial, que custou 50 milhões de vidas e uma enorme destruição. Muitos países que hoje constituem a maioria das Nações Unidas ainda eram colônias das potências européias, que se apoderaram pela força do território da maior parte do mundo e, nalguns continentes, quase de sua totalidade. Centenas de milhões de pessoas, em muitos casos, de civilizações muito mais antigas e de superior cultura, foram submetidas ao coloniagem em razão da superioridade em armas dos agressores.
Cuba não foi uma exceção.
Neste hemisfério, o nosso país foi a última colônia da Espanha devido a suas riquezas em produtos agrícolas escassos e na altura de grande procura , que surgiam das mãos trabalhadoras dos camponeses livres e de centenas de milhares de escravos de origem africana. Quando o resto das colônias da Espanha era já livre nas primeiras décadas do século XIX, esta mantinha com mão de ferro e os métodos mais despóticos sua colônia em Cuba.
Na segunda metade desse século, nossa ilha, na qual a Espanha sonhou ter um baluarte para a reconquista de suas antigas colônias na América do Sul, foi berço de um profundo sentimento nacional e patriótico. O povo cubano iniciou a batalha por sua independência quase 70 anos depois do que as outras das nações irmãs da América Latina, sem outra arma que não fosse a catana com a qual se cortava a cana-de-açúcar e o brio e a rapidez dos cavalos crioulos. Em pouco tempo os patriotas cubanos viraram temíveis soldados.
Trinta anos mais tarde nosso sofrido povo estava a ponto de conseguir seus objetivos históricos na luta heróica contra uma decadente, mas obstinada potência européia. O exército espanhol, apesar do enorme número de soldados que tinha, era já incapaz de manter a posse da ilha, onde apenas controlava as principais  áreas urbanas e estava à beira do colapso.
Foi então quando o pujante império, que nunca ocultou sua intenção de se apoderar de Cuba, interveio naquela guerra, após ter declarado cinicamente que “o povo da ilha de Cuba é e por direito deve ser livre e independente”.
Depois de concluída a guerra, negaram ao nosso país o direito de participar nas negociações de paz. O governo espanhol consumou a traição a Cuba colocando-a nas mãos dos seus interventores.
Os Estados Unidos se apoderaram dos recursos naturais, das melhores terras, do comércio, dos bancos, dos serviços e das principais indústrias do país. Tornaram-nos uma neocolônia. Durante mais de 60 anos suportamos isso, mas viramos independentes e jamais deixaremos de lutar. Com esses antecedentes, os leitores de outros países compreenderão melhor as palavras do nosso chanceler Bruno Rodríguez no dia 26 de outubro deste ano.
O debate começou às 10h00 da manhã.
Primeiramente falaram cinco países em nome do Grupo dos 77, do Movimento dos Países Não-Alinhados, da União Africana, do CARICOM e do MERCOSUL, apoiando todos a Resolução.
Mais tarde intervieram 14 países, entre eles dois que têm mais de um bilhão de habitantes cada um: a China e a Índia, com quase 2 500 milhões entre ambos os dois; outros que têm mais de cem, como a Federação da Rússia, a Indonésia e o México; outros 9 com um reconhecido papel na vida internacional, a saber: a Venezuela, a República Islâmica do Irão, a Argélia, a África do Sul, as Ilhas Salomão, a Zâmbia, a Gâmbia, o Gana e o Barbados; foram 19 intervenções antes de Bruno.
Seu discurso foi lapidário. Citarei muitas vezes parágrafos inteiros de suas palavras. O iniciou fazendo uma referência aos graves perigos de guerra que nos ameaçam e acrescentou:
“Para sobrevivermos, torna-se imprescindível um salto na consciência da Humanidade, só possível mediante a difusão de informação veraz sobre estes temas, que a maioria dos políticos oculta ou ignora, a imprensa não publica e que, para as pessoas, são tão horrorosos que parecem incríveis.”
“...a política dos Estados Unidos contra Cuba não tem sustento ético ou legal algum, credibilidade nem apoio. Assim fica demonstrado com os mais de 180 votos nesta Assembléia Geral das Nações Unidas, que nos últimos anos exigiu que se ponha fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro.”
“O rechaço da América Latina e do Caribe é enérgico e unânime. A Cúpula da Unidade, efetuada em Cancún, em fevereiro de 2010, expressou-o resolutamente. Os líderes da região comunicaram-no diretamente ao atual presidente norte-americano. Pode reafirmar-se que o repúdio expresso ao bloqueio e à Lei Helms-Burton identifica, como poucos temas, o acervo político da região.”
“Visões igualmente inequívocas foram referendadas pelo Movimento dos Países Não-Alinhados, pelas Cúpulas Ibero-americanas, pelas Cúpulas da América Latina e do Caribe com a União Européia, pela União Africana, pelas Cúpulas do Grupo ACP e praticamente por qualquer conjunto de nações que se tenha pronunciado a favor do Direito Internacional e do respeito aos princípios e propósitos da Carta da ONU.”
“É amplo e crescente o consenso na sociedade norte-americana e na emigração cubana nesse país contra o bloqueio e a favor da mudança de política para Cuba. [...] 71% dos estadunidenses advogam pela normalização das relações entre Cuba e os Estados Unidos...”
“As sanções contra Cuba continuam inalteráveis e são aplicadas com toda dureza.”
“No ano 2010, o bloqueio econômico recrudesceu-se e o seu impacto quotidiano continua a ser visível em todos os aspectos da vida em Cuba. Ele tem conseqüências particularmente sérias nos setores tão sensíveis para a população como a saúde e a alimentação.”
A seguir, enumera uma série de cruéis medidas que afetam sensivelmente às crianças com delicados problemas de saúde, que o Governo dos Estados Unidos não poderia desmentir.
Depois expressa:
“As multas dos Departamentos do Tesouro e Justiça contra entidades de seu país e da Europa, neste último ano, por transações feitas com Cuba, entre outros Estados, ultrapassam no seu conjunto os US$ 800 milhões.”
Continua informando:
“A confiscação de uma transferência de mais de 107 mil euros, pertencente à companhia Cubana de Aviação e realizada por meio do Banco Popular Espanhol de Madri a Moscou, foi um verdadeiro roubo.”
A seguir, nosso Ministro das Relações Exteriores exprime algo muito importante sobre os efeitos do grosseiro crime contra a economia de Cuba devido à tendência de mencionar cifras históricas sobre o montante em dólares do valor de um bem móvel ou imóvel, um empréstimo, uma dívida o qualquer outra coisa que seja medível em dólares norte-americanos, sem levar em conta o valor constantemente decrescente do dólar nas últimas quatro décadas. Como exemplo cito um refrigerante arqui-conhecido: Coca Cola – sem cobrar nada pela publicidade. Há 40 anos custava 5 centavos, hoje o seu preço oscila em qualquer país entre 150 e 200 centavos de dólar.
Bruno exprime:
“O prejuízo econômico direto provocado ao povo cubano, em conseqüência da aplicação do bloqueio, ultrapassa, nestes cinqüenta anos, US$ 751 bilhões, no valor atual dessa moeda.”
Quer dizer, não comete o erro de usar a cifra das perdas que significou o bloqueio anualmente, como se o valor dos dólares fosse igual a cada ano. Em conseqüência desta estafa mundial que significou a suspensão unilateral, por Nixon, do respaldo em ouro dessa moeda, a uma taxa de 36 dólares por onça Troy, unida às emissões de dólares sem nenhum limite, o poder de compra dessa moeda diminui extraordinariamente. O Ministério das Relações Exteriores solicitou a um grupo de peritos do Ministério da Economia que fizessem uma avaliação e o resultado foi o prejuízo econômico provocado pelo bloqueio contra Cuba ao longo destes 50 anos, exprimidos no atual valor dessa moeda.
“No passado 2 de setembro” – disse na sua intervenção – “o próprio  presidente Obama ratificou as sanções contra Cuba, arguindo o pretenso "interesse nacional" dos Estados Unidos. Contudo, todo mundo sabe que a Casa Branca continua prestando a maior atenção aos "interesses especiais", bem financiados, de uma exígua minoria que tornou a política contra Cuba um negócio bem lucrativo.” 
“Recentemente, em 19 de outubro passado, o presidente Obama qualificou segundo várias agências de notícias, de insuficientes os processos que, no seu entender, têm lugar em Cuba e condicionou qualquer novo passo à realização das mudanças internas que gostariam de ver em nosso país.”
“O presidente se engana ao pensar que tem direito de se intrometer e de qualificar os processos que hoje têm lugar em Cuba. É pena que esteja tão mal informado e assessorado.”
“As mudanças que hoje empreendemos são devidas à vontade dos cubanos e às decisões soberanas de nosso povo. [...] Não têm por objetivo fazer a vontade do governo dos Estados Unidos, até hoje, sempre contrário aos interesses do povo cubano.”
“Para a superpotência, tudo que não leve ao estabelecimento de um regime que se subordine a seus interesses será insuficiente, mas isso não vai acontecer, pois muitas gerações de cubanos dedicaram e dedicam o melhor de suas vidas à defesa da soberania e da independência de Cuba.”
“Ao contrário, este governo continua com a prática arbitrária de colocar Cuba nas espúrias listas, inclusive, na dos Estados que, pretensamente, financiam o terrorismo internacional, feita pelo Departamento de Estado para qualificar o comportamento de outras nações. Este país não tem autoridade moral para fazer tais listagens - que deveria encabeçar - nem existe uma só razão para incluir Cuba em nenhuma delas.”
“O governo norte-americano mantém também em injusta prisão os Cinco cubanos lutadores antiterroristas há mais de doze anos em seus cárceres, cuja causa concitou a mais ampla solidariedade da comunidade internacional.”
“Cuba, que foi e é vítima do terrorismo de Estado, exige deste governo o fim da dupla moral e da impunidade de que gozam em seu território os autores confessos de atos terroristas, perpetrados ao abrigo da política anti-cubana desse país...”
Nesse ponto, Bruno desferiu um duro golpe na delegação dos Estados Unidos com o famoso memorando do subsecretário assistente de Estado, Lester Mallory, revelado dezenas de anos mais tarde, que mostra o repugnante cinismo da política dos Estados Unidos.
"A maioria dos cubanos apóia Castro (...) Não existe uma oposição política efetiva (...) O único meio possível para fazer-lhe perder apoio interno (ao governo) é provocar o descontentamento e o desânimo, mediante a insatisfação econômica e a penúria (...) É preciso utilizar imediatamente todos os meios possíveis para enfraquecer a vida econômica (...) negando a Cuba dinheiro e fornecimentos com o fim de reduzir os salários nominais e reais, visando provocar fome, desespero e a derrubada do governo."
“Apesar da perseguição econômica constituir o obstáculo principal para o desenvolvimento do país e para a elevação do nível de vida do povo, Cuba mostra resultados incontestáveis na eliminação da pobreza e da fome, na saúde e na educação, que são de referência mundial...”
“Cuba pôde declarar aqui, há umas semanas, um elevado e excepcional cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Estes resultados, conseguidos por Cuba, ainda são uma utopia para boa parte dos habitantes do planeta.”
“Cuba nunca deixará de denunciar o bloqueio e de exigir o direito legítimo de seu povo de viver e trabalhar em prol de seu desenvolvimento socioeconômico em pé de igualdade, cooperando com as demais nações, sem bloqueio econômico, nem pressões externas.”“Cuba agradece à comunidade internacional a firme solidariedade ao nosso povo, certa de que algum dia existirá justiça e não será mais necessária esta resolução.”“Muito obrigado”.
Disse para concluir a sua primeira intervenção.
Continuará amanhã.
Fidel Castro Ruz
31 de outubro de 2010
17h13