sábado, 26 de junho de 2010

EU BEM GOSTARIA ESTAR ENGANADO / FIDEL

REFLEXÕES DO COMPANHEIRO FIDEL



Quando estas linhas sejam publicadas no jornal Granma amanhã sexta-feira, o dia 26 de julho, data em que sempre recordamos com orgulho a honra de ter resistido os embates do império, ficará distante, apesar de que faltam apenas 32 dias.

Os que determinam cada passo do pior inimigo da humanidade ­―o imperialismo dos Estados Unidos, uma mistura de mesquinhos interesses materiais, desprezo e subestimação às demais pessoas que habitam o planeta― calcularam tudo com precisão matemática.

Na reflexão do dia 16 de junho escrevi: “Entre jogo e jogo da Taça Mundial de Futebol, as diabólicas notícias vão sendo colocadas de pouco e pouco, de maneira que ninguém se ocupe delas”.

O famoso evento esportivo tem entrado em seus momentos mais emocionantes. Durante 14 dias, as equipes integradas pelos melhores futebolistas de 32 países têm estado competindo para avançar rumo à fase de oitavos de final; depois virão sucessivamente as fases de quartos de final, semifinais e o final do evento.

O fanatismo esportivo cresce incessantemente, cativando centenas e talvez milhares de milhões de pessoas em todo o planeta.

Contudo, haveria que se perguntar quantos sabem que desde o dia 20 de junho naves militares norte-americanas, incluído o porta-aviões Harry S. Truman, escoltado por um ou mais submarinos nucleares e outros navios de guerra com mísseis e canhões mais potentes do que os velhos couraçados utilizados na última guerra mundial entre 1939 e 1945, navegavam rumo ás costas iranianas através do canal de Suez.

Junto das forças navais ianques avançam barcos militares israelitas, com armamento igualmente sofisticado, para inspecionar toda a embarcação que parta para exportar e importar produtos comerciais que o funcionamento da economia iraniana precisa.

O Conselho de Segurança da ONU, a proposta dos Estados Unidos, com o apoio da Grã-bretanha, a França e Alemanha, aprovaram uma dura resolução que não foi vetada por nenhum dos cinco países que ostentam esse direito.

Outra resolução mais dura foi aprovada por acordo do Senado dos Estados Unidos.

Com posterioridade, uma terceira, ainda mais dura, foi aprovada pelos países da Comunidade Européia. Tudo aconteceu antes de 20 de junho, o que motivou uma viagem urgente do Presidente francês Nicolás Sarkozy à Rússia, segundo notícias, para entrevistar-se com o chefe de Estado desse poderoso país, Dmitri Medvédev, com a esperança de negociar com o Irã e evitar o pior.

Agora se trata de calcular quando as forças navais dos Estados Unidos e do Israel se desdobrarão frente às costas do Irão, para se juntar ali aos porta-aviões e demais navios militares norte-americanos que estão de plantão nessa região.

O pior é que, igual do que os Estados Unidos, Israel, o seu gendarme no Oriente Médio, possui moderníssimos aviões de ataque e sofisticadas armas nucleares fornecidas pelos Estados Unidos, que o tornou a sexta potência nuclear do planeta por seu poder de fogo, entre as oito reconhecidas como tais, que incluem a Índia e o Paquistão.

O Xá da Pérsia fora derrocado pelo Ayatollah Ruhollah Khomeini em 1979 sem empregar uma arma. Os Estados Unidos depois lhe impuseram a guerra àquela nação com a utilização de armas químicas, cujos componentes forneceu ao Iraque junto da informação requerida por suas unidades de combate e que foram empregues por estas contra os Guardiães da Revolução. Cuba sabe disso porque na altura era, como temos explicado outras vezes, Presidente do Movimento de Países Não- Alinhados. Sabemos bem dos estragos que causou em sua população. Mahmud Ahmadineyad, hoje chefe de Estado no Irão, foi chefe do sexto exército dos Guardiães da Revolução e chefe dos Corpos dos Guardiães nas províncias ocidentais do país, que suportaram o peso principal daquela guerra.

Hoje, em 2010, tanto os Estados Unidos quanto Israel, após 31 anos, subestimam o milhão de homens das Forças Armadas do Irão e sua capacidade de combate por terra, e às forças de ar, mar, e terra dos Guardiães da Revolução.

A elas se acrescentam os 20 milhões de homens e mulheres, entre 12 e 60 anos, escolhidos e treinados sistematicamente por suas diversas instituições armadas entre os 70 milhões de pessoas que habitam o país.

O governo dos Estados Unidos elaborou um plano para levar a cabo um movimento político que, apoiando-se no consumismo capitalista, dividisse os iranianos e derrocasse o regime.

Tal esperança já é inócua. Resulta risível pensar que com as naves de guerra estadunidenses, unidas às israelitas, despertem as simpatias de um só cidadão iraniano.

Por minha parte acreditava inicialmente, ao analisar a atual situação, que a contenda começaria pela península da Coréia, e ali estaria o detonante da segunda guerra coreana que, por sua vez, daria lugar de imediato à segunda guerra que os Estados Unidos lhe imporiam ao Irão.

Agora, a realidade muda as coisas em sentido inverso: a do Irão desatará de imediato à da Coréia.

A direção da Coréia do Norte, que foi acusada do afundamento do “Cheonan”, e sabe de sobra que foi afundado por una mina que os serviços de inteligência ianque conseguiram colocar no casco dessa nave, não esperará um segundo em agir logo que no Irão se inicie o ataque.

É muito justo que a torcida do futebol desfrute a seu bel-prazer das competições da Taça do Mundo. Cumpro apenas com o dever de fazer um apelo ao nosso povo, pensando sobretudo em nossa juventude, plena de vida e esperanças, e especialmente em nossas maravilhosas crianças, para que os fatos não nos apanhem por surpresa, absolutamente desprevenidos.

Doe-me pensar em tantos sonhos concebidos pelos seres humanos e as assombrosas criações das que têm sido capazes em apenas uns poucos milhares de anos.

Quando os sonhos mais revolucionários se estão cumprindo e a Pátria se recupera firmemente, eu bem gostaria estar enganado!



Fidel Castro Ruz

24 de junho de 2010

21h34

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Brigada de Luta Contra o Terrorismo Midiático

CUBA


Publicado por: Redação Cuba Viva 24 jun, 2010

Brigada de Luta contra o Terrorismo Midiático.


15 a 28 de Novembro de 2010.

Convocatória.

Estimado Amigo (a):

Antes de tudo receba um abraço fraternal do Instituto Cubano de Amizade com os Povos.


Já faz alguns anos que se observa a ofensiva na internet contra os povos que lutam pela sua liberdade. A Web é o novo cenário desta luta e os primeiros meses deste ano de 2010 colocou em evidência o emprego destas novas tecnologias contra Cuba mediante uma feroz campanha midiática onde prevalecem a mentira, a traição e a desonra.


Cuba não é a única vítima. Todos os povos tem sofrido o acosso e fustigamento midiático. Hoje o combate é ainda mais encarniçado. É necessário fazer frente com mente fria e coração ardente, de forma coordenada e com a caneta em riste.


Por esta razão, nosso Instituto juntamente com outras instituições cubanas e com o apoio de Cubainformación, convoca para a primeira edição da Brigada Mundial de Luta contra o Terrorismo Midiático. Esperamos contar com a presença de amigos e amigas vinculados aos meios de imprensa e à atividade divulgativa pela solidariedade entre os povos.


O programa previsto de 15 a 28 de novembro de 2010, compreende visitas, intercâmbios e conferências relacionadas com o tema dos meios em Cuba, as diretrizes desta batalha e a projeção de acordos para fortalecer a colaboração entre todos los participantes. Os delegados assistirão também ao VI Colóquio pela Liberdade dos Cinco Herois cujo programa concebe uma oficina de trabalho com os meios participantes como uma das sessões de trabalho mais importantes.


A estada inclui 6 noites no Acampamento Internacional “Julio Antonio Mella” (CIJAM), município de Caimito a 45 Km da Cidade de Havana e 6 noites em uma instalação na província de Holguín durante a realização do VI Colóquio peos Cinco. Todo o pacote (alojamento, pensão alimentícia completa e transporte) terá um custo de 310.00 CUC por pax (cerca de R$ 650,00) em apartamentos compartilhados (até para 4 pessoas no CIJAM). As visitas opcionais não estão incluidas no preço do pacote. A estada no CIJAM por noite adicional custará 10.00 CUC por pax.


Muito nos agradará contar com sua participação e experiência nos meios de imprensa de seu país. As inscrições estarão abertas para os interessados até 10 de outubro de 2010. Pedimos que nos mantenham informados de seu horário de voo (data, hora e linha aérea) de chegada e saida para organizarmos sua recepção.

Brigada de Luta contra o Terrorismo Midiático

15 a 28 de Novembro de 2010



Programa


Segunda-feira, 15 de novembro

Chegada dos participantes e alojamento no CIJAM


Terça-feira, 16 de novembro

06:30 AM Transfer a Holguín para participar no VI Colóquio


(com noite de trânsito no ICAP Villa Clara)


Quarta-feira, 17 de novembro


07:00 AM Continuação do transfer a Holguín

01:30 PM Chegada ao Hotel. Alojamento e almoço


03:00 PM Recebimento, reunião de informação e inscrição das delegacioes estrangeiras na EXPO-HOLGUIN



Quinta-feira, 18 de novembro


09:30 AM Abertura do VI Colóquio


10:00 AM Atualização sobre o caso dos Cinco


Encontro com familiares dos Cinco na Expo-Holguín


12:30 PM Almoço na Expo-Holguín

02:30 PM Intercâmbio das delegações estrangeiras por área geográfica



Sexta-feira, 19 de novembro

08:00 AM Trabalho produtivo voluntário em organopônicos e plantio de árvores


12:30 AM Almoço na Expo-Holguín


02:30 PM Encontros dos delegados segundo diferentes setores profissionais


04:30 PM Reunião da Comissão Nacional de Atenção ao Trabalho dos Cinco do ICAP e do Comitê Internacional com representantes das organizaciones de solidariedade e Comitês pelos Cinco presentes ao Colóquio, na Expo-Holguín



Sábado, 20 de novembro


08:00 AM Marcha da Solidariedade


08:30 AM Encontro no Monumento a Che


10:00 AM Sessão Plenária do VI Colóquio


12:30 PM Almoço


02:30 PM Aprovação da Declaração Final e Plano de Ação


03:30 PM Conclusões


08:30 PM Encontro com os Comitê de Defesa da Revolução



Domingo, 21 de novembro

09:00 AM Intercâmbio nos municípios sobre o trabalho pela Libertação dos Cinco

Lugar: todos os municípios da província


09:30 AM Audiência Pública contra o Terrorismo
Lugar: Boca de Samá

08:00 PM Atividade Cultural saudando o 50º aniversário do ICAP


Segunda-feira, 22 de novembro

06:30 AM Regresso a Havana, Acampamento Julio Antonio Mella


(com alojamento de trânsito no ICAP Villa Clara)



Terça-feira, 23 de novembro


08:00 AM Continuação do transfer a Havana (CIJAM)

01:00 PM Recepção no CIJAM: alojamento, almoço e descanso


04:00 PM Inauguração oficial do programa da Brigada pela presidenta do ICAP, cuja intervenção definirá os objetivos e resultados esperados na realização deste projeto

Noite Inauguraçao da Exposição de produtos de comunicação do ICAP



Quarta-feira, 24 de novembro


10:00 AM Conferência MIC-UPEC no CIJAM


12:30 PM Almoço

02:30 PM Visita à UCI


Noite Livre no CIJAM



Quinta-feira, 25 de novembro

08:30 AM Saída para a Cidade de Havana


10:00 AM Encontro sobre a situação e perspectiva das relações bilaterales CUBA-EUA na Casa de Amizade

12:30 PM Almoço na Casa de Amizade


02:30 PM Atualização sobre a economía cubana por jornalista especializado no tema



Noite Livre na cidade



Sexta-feira, 26 de novembro


10:00 AM Conversa sobre a sociedade civil em Cuba, no CIJAM


12:30 PM Almoço


03:00 PM Intercâmbio com a imprensa no CPI


05:30 PM Apresentação do portal www.siempreconcuba.cu e recepção


Noite Livre na cidade

Sábado, 27 de novembro

Manhã Visita e jornada de trabalho em meio de imprensa cubano: Cubadebate e/ou Rádio Habana Cuba


12:30 PM Almoço


Tarde Visita ao ICAIC


Noite Livre na cidade


Opcional Evento cultural (lírico ou ballet)



Domingo, 28 de novembro

Regresso aos seus países.



Preço do pacote por pax : 310. 00 CUC (aprox. R$ 650,00)



INCLUI


• Visitas segundo programa descrito


• Alojamento segundo itinerário


• Refeições segundo programa


• Entradas


• Traslados


• Assistência direta permanente


• DVD Promocional


• Revista Habanera



NÃO INCLUI


• Refeições adicionais


• Voos Domésticos e/ou Internacionais


• Impostos aeroportuários


• Excesso de bagagem

• Bebidas alcoólicas, refrigerantes ou água mineral


• Chamadas telefônicas pessoais locais ou internacionais


• Visitas a outras instituções cubanas que devam ser pagas em divisas


• Atividades opcionais



Notas:

• Devem notificar progressivamente as vendas

• Cada noite extra no CIJAM tem um custo neto de 10.00 CUC por pax não comissionável para as agências


• As atividades opcionais devem ser pagas pelos brigadistas em dinheiro diretamente no CIJAM (lugar do alojamento)

• Este preço do pacote é NETO, não comissionável


informações:

Associação Cultural José Martí de SC

48 30252991 / 99469441

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Cuba em preparativos de Festival Mundial Juvenil

Miércoles, 23 de junio de 2010


23 de junio de 2010, 06:49Beijing, 22 jun (Prensa Latina) Cuba ratificará seu pleno apoio ao XVII Festival Mundial da Juventude e os Estudantes numa próxima reunião preparatoria de cita-a em Coréia Democrática, adiantaram hoje membros da delegação da ilha ao encontro.


Esse é a mensagem que levamos a Pyongyang, precisou em declarações a Imprensa Latina Yoel Do Sol Deita, do departamento de Relações Internacionais da União de Jovens Comunistas (UJC), quem recordou que o respaldo inclui as experiências de seu país como participante nesses foros e organizador de suas edições de 1978 e 1997.


Integrada também pela presidenta da Organização de Pioneiros José Martí e membro do Buró Nacional da UJC, Yamilé Ramos, e sua homóloga da Federação Estudiantil Universitária (FEU), Gladys Gutiérrez, a representação cubana cumpre um trânsito nesta capital, onde será recebida por contrapartes chinesas.


Do Sol explicou que o objectivo desta gira, iniciada em Vietnã, é estrechar as relações com organizações anfitriãs e jovens cubanos que estudam no mencionado país e Chinesa para conhecer sobre seu labor e inquietudes e também lhes informar sobre o Festival que realizar-se-á em Suráfrica em dezembro próximo.


A reunião da capital norcoreana realizar-se-á a partir de amanhã quinta-feira e até o 1 de julho, com a assistência de delegados de outras nações de América, Europa, Africa e Ásia, e de agrupamentos regionais como a Organização Continental Latinoamericana e Caribeña de Estudantes, representada nesta ocasião pela titular da FEU.


O encontro analisará todo quanto se faz com vista ao Festival, incluída a constituição dos comités nacionais preparatorios, e sua promoção a fim de garantir a maior participação possível nesse foro de reconhecido carácter antiimperialista e cuja continuidade Cuba defende, segundo precisou Do Sol.


mb/mgt/lam

terça-feira, 22 de junho de 2010

Cuba eleita vice-presidente do Conselho dos Direitos Humanos

GENEBRA. — Cuba foi eleita, em 21 de junho,

 Vice-presidente do Conselho dos Direitos Humanos (CDH), o órgão principal das Nações Unidas especializado na promoção e na proteção deste tema, noticiou a PL.

Durante uma sessão organizativa anual desta instância, seus membros decidiram por aclamação a eleição do embaixador cubano em Genebra, Rodolfo Reyes Rodríguez, para o cargo, o que foi considerado um reconhecimento ao trabalho da Ilha no setor.

“A eleição de Cuba para este importante cargo é um reconhecimento à exemplar execução e à obra da Revolução cubana a favor dos direitos humanos de seu povo e de todo o mundo”, precisa uma declaração da Embaixada cubana em Genebra.

“É, também, uma clara confirmação do respeito ao desempenho comprometido e ativo de nosso país — membro fundador do CDH — em defesa da verdade e da justiça e a sua liderança na reivindicação das causas mais nobres”, acrescenta.

Precisa a nota que “esta eleição constitui uma rotunda resposta da comunidade internacional à brutal campanha política anticubana na mídia, reforçada nos últimos meses pela reação internacional”.

Reyes, que ocupará a vice-presidência correspondente ao Grupo da América Latina e o Caribe (Grulac), cumprirá seu mandato como membro da Mesa Diretiva do Conselho, até junho de 2011.

O embaixador da Tailândia, Sihasak Phuangketkeow, foi eleito para presidir o órgão no mesmo período. Segundo a prática, cabe aos membros da Mesa conduzir o processo de revisão do CDH, que terá lugar nos próximos 12 meses de trabalho.

“Cuba contribuirá substancialmente para este trabalho, a partir de sua ampla experiência como membro do órgão e da desaparecida Comissão dos Direitos Humanos”, aponta a nota.

Constituição equatoriana proclama o Estado unitário plurinacional

Escrito por Erica Soares
22 de junio de 2010, 10:59Quito, 22 jun (Prensa Latina)

 O presidente da Assembleia Nacional equatoriana, Fernando Cordero, ratificou o compromisso dessa instituição de adotar ações de caráter legislativo tendentes a desenvolver os direitos coletivos das comunas, comunidades, nacionalidades e povos do país.


Cordero destacou que o Parlamento é um espaço democrático que crê profundamente na Constituição, a qual reconhece o Equador como um Estado constitucional de direitos e justiça, democrático, soberano, independente, unitário, intercultural, plurinacional e laico.


O titular do Poder Legislativo formulou esta declaração ao receber ontem uma grande delegação da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) como parte da "Marcha por um Estado Plurinacional", que saiu de Puyo há 11 dias e chegou na segunda-feira a Quito.


O encontro produziu-se no antigo Salão do Senado, onde saudou cordialmente com os presidentes da Conaie, Marlon Santi; e, da Ecuarunari, Delfín Tenesaca, bem como com os congressistas Gerónimo Yantalema e Diana Atamaint.


Ao entregar a proposta dessa organização orientada a construir um estado plurinacional, Santi recordou que a marcha teve como propósito comemorar os 20 anos do primeiro levantamento indígena, de 28 de maio a 11 de junho de 1990.


Explicou que "a proposta exige do governo o respeito aos territórios indígenas, porque assim consta na Constituição e a construção de um verdadeiro estado plurinacional, onde todos os setores possam participar dos debates e da tomada de decisões."


Cordeio manifestou-lhes que nesse contexto se cumprem políticas públicas para fazer realidade este princípio constitucional, ao mesmo tempo que citou a consulta pré-legislativa que há 20 anos não existia e hoje se aspira a incluir na Lei Orgânica para precautelar os direitos coletivos.


Agregou que também se tramita um projeto de lei que busca coordenação entre a justiça indígena e a ordinária, no marco do regulamento constitucional, e anunciou que a proposta da Conaie será distribuída para sua análise entre os 124 congressistas.



lac/prl/es

Raúl recebeu embaixador do Brasil em Cuba

O presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, general-de-exército Raúl Castro Ruz, recebeu o embaixador do Brasil em Cuba, Exmo senhor Bernardo Pericás Neto, por ocasião do término de sua missão em Cuba.
Durante o encontro, o presidente cubano enviou uma saudação ao presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, agradeceu ao diplomata por seu trabalho em nosso país desde março de 2007, e se referiu positivamente ao desenvolvimento das relações entre os dois países.

O embaixador brasileiro esteve acompanhado de sua esposa, Maria Clemência del Carpio de Pericás, Pela parte cubana marcou presença o ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Quem é terrorista na Colômbia?

Semanário VOZ, edição 2542

Por: Carlos A. Lozano Guillén

A senadora Piedad Córdoba (Partido Liberal) questionou em dias passados, em Madri, Espanha, a inconveniência de que a União Européia mantenha na "lista de organizações terroristas" as FARC e o ELN, gurpos insurretos colombianos, de natureza política e militar e partes de um conflito de longas décadas no país. Realmente é inconsequente, se a UE aspira a contribuir para a paz na Colômbia e para a saída política do conflito armado, manter essa decisão claramente imposta pelas pressões dos governos colombiano e norte-americano, sócios da guerra contra o nosso povo.


Apesar de que a inclusão nessa lista das guerrilhas colombianas foi em 2002, posteriormente França e Espanha, acompanhadas da Suiça, que não é membro da União Européia e não considera como terroristas as FARC e o ELN, contribuiram como "países amigos" para a libertação de detidos em razão do conflito armado e na busca do intercâmbio (troca) humanitária de prisioneiros de guerra. Com dois de seus emissários, Noé Sáenz e Jean Pierre Gontard, processados e perseguidos com o pretexto de que seus nomes constam os computadores de Raúl Reyes (assassinado no Equador em 2008).


Muito oportuna a alusão de Piedad Córdoba e, além disso, necessária de ser atendida, porque se existe a disposição da União Européia de contribuir no futuro para a paz da Colômbia diante do fracasso da guerra uribista, tem que adotar decisões que facilitem seu papel neste sentido. O contrário é quase que autoexcluir-se de uma gestão humanitária, própria de um coflito de natureza política e social como o colombiano.


Lembro que quando se adotou a decisão em junho de 2002, encontrava-me na Europa, em um giro, quase que solitário, promovendo a idéia da troca de prisioneiros ou intercâmbio humanitário, no início do primeiro governo de Álvaro Uribe Vélez, que não aceitava qualquer compromisso sobre o tema, muito menos para a paz negociada. Diante de funcionários das chancelarias da Espanha, Suécia, Áustria, França, Itália, Bélgica e do Vaticano, deixei claro que essa decisão não contribuia para o futuro papel dos europeus como facilitadores ou mediadores de paz em nosso país. O que seria, na eventualidade de aproximações entre as partes, quase que indispensável, porque a desconfiança recíproca ia ser um fator de perturbação e obstáculo.


Observei que as chancelarias, pelo menos a maioria delas, tinham a mesma percepção. Mas foi o funcionário espanhol, ainda no governo de José Mária Aznar, que me deu a explicação de fundo: "Não podemos eludir a exigência do irmão maior", me disse. Resta dizer que o "irmão maior" era o governo de George W. Bush, sócio da Espanha e da Grã-Bretanha na agressão terrorista ao povo iraquiano. É parte da hipocrisia destes países em temas fundamentais nos quais prima o interesse de classe. Simplesmente isso.


* Carlos Lozano é membro do Burô Político do Partido Comunista Colombiano e editor do jornal "VOZ".

A Usaid e as "empreiteiras": face da subversão contra Cuba

Jean-Guy Allard

• CONGRESSISTAS federais liberaram, em 7 de junho, uns US$15 milhões para financiar as operações de subversão em Cuba, que se realizam através de firmas empreiteiras da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e de mercenários ligados à máfia cubano-americana.

Segundo a imprensa de Miami, o Departamento de Estado e a Usaid entregarão "nos próximos meses" estas verbas a pessoal remunerado pela Repartição Consular dos Estados Unidos em Havana, por intermédio de "empreiteiros".

O senador George Lemieux, republicano pela Flórida, como porta-voz das organizações que beneficiam do programa norte-americano de anexação da Ilha, declarou: "Estou satisfeito porque o Departamento de Estado liberou finalmente estas importantes verbas".

Há décadas, a Usaid arquiteta planos de ingerência que têm por objetivo a derrubada da Revolução Cubana, através de uma cadeia de ações ilegais, com absoluto menosprezo por sua soberania.

Entre os representantes que louvaram a iniciativa sobressai Mauricio Claver-Carone, diretor do Comitê de Ação Política (PAC) U. S. Cuba Democracy, que financia com milhões de dólares a campanha dos políticos que demonstram sua hostilidade a Cuba.

Entre os membros mais influentes deste grupo lobista está a empresária milionária Remedios "Reme" Díaz Oliver, conhecida por defraudar o serviço federal de impostos. Claver-Carone e seus chefes — vários deles do terrorista Cuba Liberation Council — não deixam de proclamar seu apoio ao bloqueio norte-americano à nação caribenha.

UM "SEGREDO" QUE CONFIRMA A ILEGALIDADE

Os funcionários do Departamento de Estado e da Usaid guardaram o segredo da liberação das verbas para operações ilícitas, mas o pessoal de Lemieux — eleito graças a seus amigos que vivem do negócio "anti-Castro" — admitiu que seu escritório recebeu "verbalmente" o aviso.

Sob o caráter "secreto" das operações do "Plano Cuba", o Departamento de Estado e a Usaid reconheceram que transgridem as leis cubanas e expõem seus agentes ao tratamento pertinente.

Para o povo norte-americano sempre se mantém o mito de que os milhões são destinados à distribuição de computadores, remédios e ajuda a parentes de mercenários presos.

Contudo, as operações mais barulhentas da Usaid correspondem, entre outras coisas, a um plano muito mais amplo de sedição com múltiplas tentativas de fragmentação da sociedade cubana, assessoria estratégica aos chamados "dissidentes", campanhas de deturpação e estabelecimento de redes paralelas de comunicação via satélite concebidas pela CIA, e características de operações de inteligência.

As verbas agora liberadas foram suspensas no início de 2009, após vários escândalos de fraude descobertos pelo Escritório de Auditoria Federal, em que estavam envolvidos figuras muito conhecidas da máfia cubano-americana.

Frank Calzón — ex-terrorista do grupo Abdala — viu-se envolvido num vergonhoso desfalque em 2007, após uma auditoria revelar que o braço direito dele, Felipe Sixto, tinha "feito desaparecer" meio milhão de dólares entregues pela Usaid a sua organização.

Entre os primeiros que se alegraram do reinício da dança dos milhões, encontravam-se mais dois especialistas em desvio de dinheiro: Frank Hernández Trujillo, chefe do Grupo de Apoio aos Dissidentes — que usava os subsídios na compra de lagostas, chocolates, e jogos Nintendo — e Orlando Gutiérrez Boronat, chefe do Diretório Democrático Cubano, veterano não só da US Army, mas também em vigarice.

A imprensa mafiosa da Flórida se abstém de mencionar o fato de que Caleb McCarry, ex-chefe do Plano Bush de anexação de Cuba, subvencionou com US$6,5 milhões do dinheiro da Usaid outra firma "empreiteira": a Criative Associates International, que, dois meses depois de abandonar seu cargo de funcionário, o "contratou".

Também não menciona que Adolfo Franco, ex-diretor da América Latina na Usaid, que encobriu desvios de verbas, não foi até hoje acusado de nada.

O presidente Barack Obama indicou recentemente para este mesmo cargo Mark Feierstein, experto em campanhas políticas com dossiê sulfuroso. Como "gerente de projeto" na Nicarágua na década de 1990, comandou a operação suja realizada pela National Endowment for Democracy (NED), subsidiária da Usaid, para derrubar o governo sandinista. •

"CHUCKY SANTOS" É ACIONISTA DA EMPRESA DE LOGISTICA ELEITORAL COLOMBIANA

Rádio del Sur

DOMINGO, 20 DE JUNHO DE 2010


A denúncia, que vincula o candidato presidencial do partido da U, Juan Manuel Santos, com a empresa Unión Temporal Dispoel, responsável pela logística das eleições na Colômbia, feita pelo senador Gustavo Petro, baseiam-se em um conjunto de documentos cujas copias foram obtidas pela Rádio del Sur nesta quarta-feira.


Petro denunciou que a empresa Unión Temporal Disproel, contratada pela Registradoría Nacional do Estado Civil (autarquia que organiza as eleições na Colômbia) para a distribuição de formulários, kits eleitorais o subsequente recolhimento do material eleitoral das zonas eleitorais, foi constituída por consórcio de empresas relacionadas com Juan Manuel Santos.


Trata-se das empresas Tomas Greg y Sons de Colombia, Thomas Greg y Sons Limited, Tomas Greg Express e Thomas Greg Transportadora de Valores, que desde 2002 até 2006, teve em sua Diretoria o candidato presidencial de Uribe, como pode ser comprovado nos documentos publicados por Rádio del Sur.


O denunciante questionou que a Registradoria tenha contratado uma empresa na qual um dos candidatos a presidente foi parte da sua Diretoria e perguntou a essa autarquia se este era um sinal de transparência para os colombianos.


"A empresa Disproel confecciona as cédulas de testes utilizados no dia da eleição; confecciona os Kits Eleitorais e transporta o conjunto de formularios e cédulas aos municipios e aos locais de votação, incluse recolhem os formularios e as cédulas após a eleição, estas empresas as que cuidam o coração do processo eleitoral, não apenas no primeiro turno, mas também na rodada que está prestes a ocorrer neste domingo", disse Petro.


Para o líder do Pólo Democrático Alternativo há um ato muito "obscuro" na Registradoria, porque “não é transparente que estas empresas sejam justamente as contratadas”.


"Como é que a Registradoria estabelece contrato com empresas em que um dos membros pertence à Diretoria, na minha opinião é uma falta de delicadeza da Registradoria”, afirmou Petro, acrescentando também que, com essas revelações ninguém pode garantir que as próximas eleições sejam transparentes.

ÀS 10:23

Por todo o mundo, se lamenta a morte do grande escritor comunista português José Saramago.

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A literatura universal perde um de seus maiores mestres. De origens camponesas, apesar de ter trabalhado em diversos ofícios antes de se dedicar à escrita, Saramago nos propõe, a partir de seus romances, que reflitamos sobre alguns dos principais dilemas humanos.

Logo naquele que é considerado seu primeiro grande livro, chamado “Levantado do Chão”, nos descreve tão bem a tragédia do camponês do sul de Portugal na luta para ver a terra dividida.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sente profundamente a perda desse grande intelectual. Mas, acima de tudo, sentimos a perda de um amigo e camarada.

Amigo que sempre tivemos por perto na defesa das mesmas bandeiras de Reforma Agrária, igualdade e justiça social, sem nunca esconder a sua posição política.

Amigo do qual recebemos sempre solidariedade. Seja na forma de palavras, seja com ações concretas, como a que teve para conosco quando se somou à exposição e livro de fotografias Terra, juntamente com Sebastião Salgado e Chico Buarque, em 1997. Graças a essa iniciativa, pudemos iniciar a construção de nossa escola nacional.

Ou quando recusou, em agosto de 1999, receber o título de doutor “honoris causa” no Pará, em sinal de protesto contra o andamento do julgamento do massacre de 19 Sem Terra em Eldorado dos Carajás, em 17 de abril de 1996.

Nós, Sem Terra do Brasil, seremos sempre gratos à sua solidariedade. E nossa maior homenagem lhe prestamos por meio da nossa luta por uma vida digna para os trabalhadores rurais do Brasil e do mundo.

E assim como ele seguiremos solidários com todos os povos oprimidos, como do Haiti e da Palestina.

Suas palavras e seu exemplo continuarão sempre a incitar a nossa reflexão e luta, como essas:

O mal é não estarmos organizados, devia haver uma organização em cada prédio, em cada rua, em cada bairro, Um governo, disse a mulher, Uma organização, o corpo também é um sistema organizado, está vivo enquanto se mantém organizado, e a morte não é mais do que o efeito de uma desorganização,… (José Saramago, em "Ensaio Sobre a Cegueira")

Secretaria Nacional do MST

Suspiros lusitanos

Por Ademar Bogo

Da coordenação nacional do MST

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Se um suspiro, leve e lusitano

Zumbir nas almas das nações imensas

É o comunista que para além das crenças

Silenciosamente da vida física se dispensa.

Vai pessoalmente viver a eternidade

E olhar de perto na tez do criador

Que pelas criaturas foi subjugado

E obrigado a justificar o horror.

Irá verificar que as guerras entre os deuses não existem

Pois são apenas conflitos da existência

Que os homens criam e põe-se a conflitar

Pedindo a Deus que tome providências.

E faça sempre o mais forte vitorioso

Abençoado pelas cruéis vitórias

Para deixar nos livros registrados

Os escritos que reflitam a superior memória.

Tudo o que disse são sobre os seus dilemas

Ficam como dizeres formulados

Se não dava nem acreditava em conselhos

É porque queria vê-los por conta experimentados.

Os próprios passos seriam os conselheiros

E os conselheiros caminhantes e aprendizes;

Se os erros deveriam ser experiênciados

Com os acertos formariam matrizes.

Era a crença de um apaixonado

Que a si mesmo o saber se concedeu

Porque acima de todas as verdades

Acreditava que não existe o absoluto ateu.

Por sobre as oliveiras e as corticeiras

Versos e letras irradiarão verdades

A qualquer tempo virarão consciências

E viverás nos povos em forma de saudades.

Assim abrimos o tempo enlutado

Para purgar a dor do prejuízo humano

Se no passado choramos escravizados

Hoje, nossos suspiros também são lusitanos*.

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* Os lusitanos (povos Lusis) constituíram um conjunto de povos ibéricos pré-romanos de origem indo-europeia que habitaram a parte Oeste da Península Ibérica Em 29 a.C., tendo à frente o líder Viriato, resistiram a invasão, através de guerrilhas e emboscadas. Mais tarde foi criada a província romana da Lusitânia nos territórios, que atualmente é Portugal. Por esta razão, os povos que falam línguas que tem como tronco a língua indo-europeia, como português e espanhol, principalmente, somos todos descendentes do povo guerreiro, lusitano. Por isso, choramos a morte do irmão e companheiro José Saramago, falecido em 18 de junho de 2010

Leia prefácio do livro "Terra" escrito por José Saramago

19 de junho de 2010



O massacre de Eldorado dos Carajás completava um ano. Dezenove integrantes do MST haviam sido brutalmente assassinados pela polícia. Em abril de 1997, o fotógrafo Sebastião Salgado, o escritor português José Saramago e o compositor Chico Buarque lançam um livro/cd para relembrar o fato e marcar a importância da luta pelo chão: Terra (Companhia das Letras, 1999).

As fotos de Salgado retratam de forma realista os assentamentos e a vida dos trabalhadores rurais. A introdução, a cargo de Saramago, é dura. Lembra das promessas não-cumpridas do governo brasileiro pela reforma agrária.

Entre as canções de Chico, duas exclusivas: Levantados do Chão (com Milton Nascimento) e Assentamento, que narra o sentimento de um migrante ao perceber que a cidade grande “não mora” mais nele. (informações de Brasil Almanaque da Cultura Popular)

Abaixo, leia o prefácio do livro, escrito por José Saramago

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É difícil defender

só com palavras a vida

(ainda mais quando ela é

esta que vê, severina).

João Cabral de Melo Neto

Oxalá não venha nunca à sublime cabeça de Deus a idéia de viajar um dia a estas paragens para certificar-se de que as pessoas que por aqui mal vivem, e pior vão morrendo, estão a cumprir de modo satisfatório o castigo que por ele foi aplicado, no começo do mundo, ao nosso primeiro pai e à nossa primeira mãe, os quais, pela simples e honesta curiosidade de quererem saber a razão por que tinham sido feitos, foram sentenciados, ela, a parir com esforço e dor, ele, a ganhar o pão da família com o suor do seu rosto, tendo como destino final a mesma terra donde, por um capricho divino, haviam sido tirados, pó que foi pó, e pó tornará a ser. Dos dois criminosos, digamo-lo já, quem veio a suportar a carga pior foi ela e as que depois dela vieram, pois tendo de sofrer e suar tanto para parir, conforme havia sido determinado pela sempre misericordiosa vontade de Deus, tiveram também de suar e sofrer trabalhando ao lado dos seus homens, tiveram também de esforçar-se o mesmo ou mais do que eles, que a vida, durante muitos milénios, não estava para a senhora ficar em casa, de perna estendida, qual rainha das abelhas, sem outra obrigação que a de desovar de tempos a tempos, não fosse ficar o mundo deserto e depois não ter Deus em quem mandar.

Se, porém, o dito Deus, não fazendo caso de recomendações e conselhos, persistisse no propósito de vir até aqui, sem dúvida acabaria por reconhecer como, afinal, é tão pouca coisa ser-se um Deus, quando, apesar dos famosos atributos de omnisciência e omnipotência, mil vezes exaltados em todas as línguas e dialectos, foram cometidos, no projecto da criação da humanidade, tantos e tão grosseiros erros de previsão, como foi aquele, a todas as luzes imperdoável, de apetrechar as pessoas com glândulas sudoríparas, para depois lhes recusar o trabalho que as faria funcionar - as glândulas e as pessoas. Ao pé disto, cabe perguntar se não teria merecido mais prémio que castigo a puríssima inocência que levou a nossa primeira mãe e o nosso primeiro pai a provarem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. A verdade, digam o que disserem autoridades, tanto as teológicas como as outras, civis e militares, é que, propriamente falando, não o chegaram a comer, só o morderam, por isso estamos nós como estamos, sabendo tanto do mal, e do bem tão pouco.

Envergonhar-se e arrepender-se dos erros cometidos é o que se espera de qualquer pessoa bem nascida e de sólida formação moral, e Deus, tendo indiscutivelmente nascido de Si mesmo, está claro que nasceu do melhor que havia no seu tempo. Por estas razões, as de origem e as adquiridas, após ter visto e percebido o que aqui se passa, não teve mais remédio que clamar mea culpa, mea maxima culpa, e reconhecer a excessiva dimensão dos enganos em que tinha caído. É certo que, a seu crédito, e para que isto não seja só um contínuo dizer mal do Criador, subsiste o facto irrespondível de que, quando Deus se decidiu a expulsar do paraíso terreal, por desobediência, o nosso primeiro pai e a nossa primeira mãe, eles, apesar da imprudente falta, iriam ter ao seu dispor a terra toda, para nela suarem e trabalharem à vontade. Contudo, e por desgraça, um outro erro nas previsões divinas não demoraria a manifestar-se, e esse muito mais grave do que tudo quanto até aí havia acontecido.

Foi o caso que estando já a terra assaz povoada de filhos, filhos de filhos e filhos de netos da nossa primeira mãe e do nosso primeiro pai, uns quantos desses, esquecidos de que sendo a morte de todos, a vida também o deveria ser, puseram-se a traçar uns riscos no chão, a espetar umas estacas, a levantar uns muros de pedra, depois do que anunciaram que, a partir desse momento, estava proibida (palavra nova) a entrada nos terrenos que assim ficavam delimitados, sob pena de um castigo, que segundo os tempos e os costumes, poderia vir a ser de morte, ou de prisão, ou de multa, ou novamente de morte. Sem que até hoje se tivesse sabido porquê, e não falta quem afirme que disto não poderão ser atiradas as responsabilidades para as costas de Deus, aqueles nossos antigos parentes que por ali andavam, tendo presenciado a espoliação e escutado o inaudito aviso, não só não protestaram contra o abuso com que fora tornado particular o que até então havia sido de todos, como acreditaram que era essa a irrefragável ordem natural das coisas de que se tinha começado a falar por aquelas alturas. Diziam eles que se o cordeiro veio ao mundo para ser comido pelo lobo, conforme se podia concluir da simples verificação dos factos da vida pastoril, então é porque a natureza quer que haja servos e haja senhores, que estes mandem e aqueles obedeçam, e que tudo quanto assim não for será chamado subversão.

Posto diante de todos estes homens reunidos, de todas estas mulheres, de todas estas crianças (sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra, assim lhes fora mandado), cujo suor não nascia do trabalho que não tinham, mas da agonia insuportável de não o ter, Deus arrependeu-se dos males que havia feito e permitido, a um ponto tal que, num arrebato de contrição, quis mudar o seu nome para um outro mais humano. Falando à multidão, anunciou: “A partir de hoje chamar-me-eis Justiça.” E a multidão respondeu-lhe: “Justiça, já nós a temos, e não nos atende. Disse Deus: “Sendo assim, tomarei o nome de Direito.” E a multidão tornou a responder-lhe: “Direito, já nós o temos, e não nos conhece." E Deus: "Nesse caso, ficarei com o nome de Caridade, que é um nome bonito.” Disse a multidão: “Não necessitamos caridade, o que queremos é uma Justiça que se cumpra e um Direito que nos respeite.” Então, Deus compreendeu que nunca tivera, verdadeiramente, no mundo que julgara ser seu, o lugar de majestade que havia imaginado, que tudo fora, afinal, uma ilusão, que também ele tinha sido vítima de enganos, como aqueles de que se estavam queixando as mulheres, os homens e as crianças, e, humilhado, retirou-se para a eternidade. A penúltima imagem que ainda viu foi a de espingardas apontadas à multidão, o penúltimo som que ainda ouviu foi o dos disparos, mas na última imagem já havia corpos caídos sangrando, e o último som estava cheio de gritos e de lágrimas.



No dia 17 de Abril de 1996, no estado brasileiro do Pará, perto de uma povoação chamada Eldorado dos Carajás (Eldorado: como pode ser sarcástico o destino de certas palavras...), 155 soldados da polícia militarizada, armados de espingardas e metralhadoras, abriram fogo contra uma manifestação de camponeses que bloqueavam a estrada em acção de protesto pelo atraso dos procedimentos legais de expropriação de terras, como parte do esboço ou simulacro de uma suposta reforma agrária na qual, entre avanços mínimos e dramáticos recuos, se gastaram já cinqüenta anos, sem que alguma vez tivesse sido dada suficiente satisfação aos gravíssimos problemas de subsistência (seria mais rigoroso dizer sobrevivência) dos trabalhadores do campo. Naquele dia, no chão de Eldorado dos Carajás ficaram 19 mortos, além de umas quantas dezenas de pessoas feridas. Passados três meses sobre este sangrento acontecimento, a polícia do estado do Pará, arvorando-se a si mesma em juiz numa causa em que, obviamente, só poderia ser a parte acusada, veio a público declarar inocentes de qualquer culpa os seus 155 soldados, alegando que tinham agido em legítima defesa, e, como se isto lhe parecesse pouco, reclamou processamento judicial contra três dos camponeses, por desacato, lesões e detenção ilegal de armas. O arsenal bélico dos manifestantes era constituído por três pistolas, pedras e instrumentos de lavoura mais ou menos manejáveis. Demasiado sabemos que, muito antes da invenção das primeiras armas de fogo, já as pedras, as foices e os chuços haviam sido considerados ilegais nas mãos daqueles que, obrigados pela necessidade a reclamar pão para comer e terra para trabalhar, encontraram pela frente a polícia militarizada do tempo, armada de espadas, lanças e alabardas. Ao contrário do que geralmente se pretende fazer acreditar, não há nada mais fácil de compreender que a história do mundo, que muita gente ilustrada ainda teima em afirmar ser complicada demais para o entendimento rude do povo.

Pelas três horas da madrugada do dia 9 de Agosto de 1995, em Corumbiara, no estado de Rondônia, 600 famílias de camponeses sem terra, que se encontravam acampadas na Fazenda Santa Elina, foram atacadas por tropas da polícia militarizada. Durante o cerco, que durou todo o resto da noite, os camponeses resistiram com espingardas de caça. Quando amanheceu, a polícia, fardada e encapuçada, de cara pintada de preto, e com o apoio de grupos de assassinos profissionais a soldo de um latifundiário da região, invadiu o acampamento. varrendo-o a tiro, derrubando e incendiando as barracas onde os sem-terra viviam. Foram mortos 10 camponeses, entre eles uma menina de 7 anos, atingida pelas costas quando fugia. Dois polícias morreram também na luta.

A superfície do Brasil, incluindo lagos, rios e montanhas, é de 850 milhões de hectares. Mais ou menos metade desta superfície, uns 400 milhões de hectares, é geralmente considerada apropriada ao uso e ao desenvolvimento agrícolas. Ora, actualmente, apenas 60 milhões desses hectares estão a ser utilizados na cultura regular de grãos. O restante, salvo as áreas que têm vindo a ser ocupadas por explorações de pecuária extensiva (que, ao contrário do que um primeiro e apressado exame possa levar a pensar, significam, na realidade, um aproveitamento insuficiente da terra), encontra-se em estado de improdutividade, de abandono. sem fruto.

Povoando dramaticamente esta paisagem e esta realidade social e económica, vagando entre o sonho e o desespero, existem 4 800 000 famílias de rurais sem terras. A terra está ali, diante dos olhos e dos braços, uma imensa metade de um país imenso, mas aquela gente (quantas pessoas ao todo? 15 milhões? mais ainda?) não pode lá entrar para trabalhar, para viver com a dignidade simples que só o trabalho pode conferir, porque os voracíssimos descendentes daqueles homens que primeiro haviam dito: “Esta terra é minha”, e encontraram semelhantes seus bastante ingénuos para acreditar que era suficiente tê-lo dito, esses rodearam a terra de leis que os protegem, de polícias que os guardam, de governos que os representam e defendem, de pistoleiros pagos para matar. Os 19 mortos de Eldorado dos Carajás e os 10 de Corumbiara foram apenas a última gota de sangue do longo calvário que tem sido a perseguição sofrida pelos trabalhadores do campo, uma perseguição contínua, sistemática, desapiedada, que, só entre 1964 e 1995, causou 1 635 vítimas mortais, cobrindo de luto a miséria dos camponeses de todos os estados do Brasil. com mais evidência para Bahia, Maranhão. Mato Grosso, Pará e Pernambuco, que contam, só eles, mais de mil assassinados.

E a Reforma Agrária, a reforma da terra brasileira aproveitável, em laboriosa e acidentada gestação, alternando as esperanças e os desânimos, desde que a Constituição de 1946, na seqüência do movimento de redemocratização que varreu o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial, acolheu o preceito do interesse social como fundamento para a desapropriação de terras? Em que ponto se encontra hoje essa maravilha humanitária que haveria de assombrar o mundo, essa obra de taumaturgos tantas vezes prometida, essa bandeira de eleições, essa negaça de votos, esse engano de desesperados? Sem ir mais longe que as quatro últimas presidências da República, será suficiente relembrar que o presidente José Sarney prometeu assentar 1.400.000 famílias de trabalhadores rurais e que, decorridos os cinco anos do seu mandato, nem sequer 140.000 tinham sido instaladas; será suficiente recordar que o presidente Fernando Collor de Mello fez a promessa de assentar 500.000 famílias, e nem uma só o foi; será suficiente lembrar que o presidente Itamar Franco garantiu que faria assentar 100.000 famílias, e só ficou por 20.000; será suficiente dizer, enfim, que o actual presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, estabeleceu que a Reforma Agrária irá contemplar 280.000 famílias em quatro anos, o que significará, se tão modesto objectivo for cumprido e o mesmo programa se repetir no futuro, que irão ser necessários, segundo uma operação aritmética elementar, setenta anos para assentar os quase 5.000.000 de famílias de trabalhadores rurais que precisam de terra e não a têm, terra que para eles é condição de vida, vida que já não poderá esperar mais. Entretanto, a polícia absolve-se a si mesma e condena aqueles a quem assassinou.



O Cristo do Corcovado desapareceu, levou-o Deus quando se retirou para a eternidade, porque não tinha servido de nada pô-lo ali. Agora, no lugar dele, fala-se em colocar quatro enormes painéis virados às quatro direcções do Brasil e do mundo, e todos, em grandes letras, dizendo o mesmo: UM DIREITO QUE RESPEITE, UMA JUSTIÇA QUE CUMPRA.

JOSÉ SARAMAGO

1997