sábado, 30 de abril de 2011

1 de Maio ontem e hoje

O Massacre de Chicago
No dia 1º. de maio de 1886 aconteceu uma greve nacional pela jornada de oito horas de trabalho nos Estados Unidos. A greve foi convocada pela Federação dos Grêmios e Sindicatos operários reagindo à situação de salários miseráveis, jornadas insuportáveis e exploração do trabalho infantil que caracterizavam a vida nas fábricas estadunidenses em meados do século 19. As jornadas de trabalho eram superiores a 12 horas diárias. A palavra de ordem do movimento  era: “A partir de hoje, nenhum operário deve trabalhar mais de oito horas por dia. Oito horas de trabalho! Oito horas de repouso! Oito horas de educação!”.
Em Chicago milhares de operários paralisaram os trabalhos e manifestaram-se nas ruas. A violência da polícia em todo o país matou nove operários. No dia 3 de maio, ospinkertons (polícia privada) mataram seis operários e feriram outros cinqüenta em Chicago. No dia 4, no final de uma jornada de protesto, autorizada pelo prefeito de Chicago, a polícia lançou-se sobre os grevistas na praça, abrindo fogo e ferindo duzentos deles.

O alastramento da repressão fez a greve refluir e os meses seguintes foram de terror: estado de sítio, centenas de prisões, toques de recolher, fechamento dos jornais operários, invasões de casas. Oito líderes anarquistas foram presos e condenados num processo rápido e cheio de vícios jurídicos, sem a apresentação de nenhuma prova inconteste.

A dignidade dos líderes operários causou revolta nos jornais patronais e nas autoridades. Os operários assumiram sua ideologia anarquista e a luta pelos direitos dos trabalhadores. No dia 28 de agosto, veio a sentença da justiça burguesa: sete condenados à forca e um a quinze anos de prisão. O governador do Estado comutou para pena perpétua a condenação de pena de morte de dois líderes que haviam pedido clemência. No dia 10 de novembro de 1887, Ling suicidou-se com uma dinamite. Fischer, Parsons, Engel e Spies foram enforcados no dia 11.
O resultado desta luta é que em 1º. de maio de 1890, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a lei de oito horas de jornada. O 1º. de maio passou a ser comemorado pelos trabalhadores em todo o mundo como símbolo de suas lutas pela conquista de oito horas de trabalho diário, regulamentação do trabalho feminino, luta por melhores condições de trabalho nas fábricas, dentre outras. A decisão pela criação do Dia Mundial do Trabalhador ocorreu na reunião da Segunda Internacional, ocorrida em Paris, em 20 de julho de 1889, acordando-se que seria realizada em 1º. de maio de cada ano manifestações para forçar os poderes públicos a reduzirem a jornada legal de trabalho a 8 horas.
No entanto, outras datas de luta coincidem com o 1º. de maio e têm nessa data uma referência. Em 1º. de maio de 1531, os aprendizes de artesãos da cidade de Luca, na Itália, realizam manifestação reivindicando salário mínimo e diminuição da jornada de trabalho. Em 1848, o 1º. de maio marca a data que o operariado inglês consegue a fixação pelo parlamento do limite de dez horas diárias de trabalho para os adultos, após décadas de protestos, assim como está ligada ao que nos Estados Unidos, nos Estados de Nova York e Pensilvânia, se convencionou chamar de moving day, data da celebração de contratos de trabalho.
O Massacre de Chicago não foi um caso isolado. As décadas de passagem para o século XX tiveram batalhas intensas contra o poder da burguesia e cada conquista da classe operária que se seguiu teve atrás de si memoráveis lutas civis, políticas, econômicas, sociais e culturais. Lideranças de trabalhadores sofreram a morte, a tortura, o degredo, as prisões odiosas, a expulsão do país e do trabalho. Através destas lutas se conquistaram os direitos trabalhistas agora ameaçados pela crise capitalista estourada em 2008 no centro do capitalismo, os Estados Unidos da América.

O Primeiro de Maio no Brasil
Segundo José Luiz Del Roio, em seu livro 1º. DE MAIO: Cem Anos de Luta (1886-1986), editado pela Global Editora, no Brasil, as comemorações do Primeiro de Maio datam de 1895, cabendo a cidade de Santos a primazia de ter realizado reunião comemorativa “por iniciativa do Centro Socialista fundado por Silvério Fortes, Sóter Araújo e Carlos Escobar”. Outras reuniões ocorrerão em 1898 em cidades paulistas, principalmente Santos, São Paulo, Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto, realizadas sempre em lugares fechados, apesar de o Rio Grande do Sul ter registro de que em 1887, a União Operária tenha promovido uma apresentação de drama teatral intitulada “O 1º. De Maio”. Segundo o historiador Del Roio o “teatro é muito usado como instrumento de educação política, pois a maior parte dos trabalhadores é analfabeta e, mesmo quando sabe ler, são oriundos de povos de longa tradição apenas oral, tantos os brasileiros, como os italianos, e os ibéricos”.
As comemorações do Primeiro de Maio, contudo, parecem tomar outras feições, incorporando tanto o lado festivo como o combativo, sendo que a ênfase, ora num dos aspectos, ora em outro, se dará muito em conseqüência das circunstâncias em que são promovidas. Outrossim, quando a festa assume o caráter festivo não significa dizer que um conteúdo de combate, de protesto, de conflito, não esteja nele evidenciado; excepto quando a festa se torna um momento de conciliação de classes promovido pelo Estado, por empresários, ou entidades sindicais pelegas. Com o passar do tempo o Primeiro de Maio sai dos recintos fechados e ganha as praças, assumindo ares festivos e combativos com a realização de desfiles, comícios, apresentações artísticas, e acalorados debates entre outras atividades. 

O 1º. de maio de 2011
A continuidade da política econômica conservadora imposta ao Brasil pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), e seguida à risca pelos últimos governos, agravará ainda mais as péssimas condições de vida da classe trabalhadora brasileira. No início de seu governo, a presidenta Dilma anunciou corte de 50 bilhões de reais no orçamento da União, atingindo áreas sociais como a educação, a seguridade social, e o programa Minha Casa Minha Vida. A anunciada suspensão dos concursos públicos prejudicará o atendimento à população em vários setores como educação, saúde, previdência, fiscalização das condições de trabalho, dentre outros.

Ao mesmo tempo, a prioridade do governo continua sendo a manutenção dos altos lucros do setor financeiro, aumentando a taxa de juros que remunera a dívida pública a 12%, a maior do mundo, em aberta contradição com a política dos países desenvolvidos, como EUA e Japão, que para enfrentar a crise capitalista em curso reduziram as taxas de juros.
Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, de toda a Receita Geral da União de 2009 (cerca de R$ 1, 068 trilhão), a saúde e a educação ficaram com 4,64% e 2,88% respectivamente, enquanto que o pagamento da amortização e dos juros da dívida pública (excluindo-se o refinanciamento) abocanhou 35,57%, nada menos que R$ 380 bilhões. Lembre-se aqui, que através da Desvinculação das Receitas da União (DRU) criada por Cardoso e mantida pelos últimos governos, 20% da receita vinculada constitucionalmente à educação e à seguridade social vinha sendo desviada anualmente para o pagamento da dívida aos banqueiros, apesar do propalado e mentiroso discurso governamental de que a previdência (que compõe com a saúde e a assistência social o orçamento da Seguridade Social) é deficitária. Em 2009, atendendo emenda da Senadora Ideli Salvatti, o Congresso Nacional promulgou o fim escalonado da DRU na área da educação: 12,5% em 2009; 5% em 2010 e 0% em 2011. A sangria da seguridade social continua mantida.
Como vemos o controle do capital financeiro sobre o Estado brasileiro é uma das principais causas da degradação do serviço público no país e dos constrangimentos a um desenvolvimento econômico e social voltado para os interesses do povo brasileiro.
Por isto, os protestos e mobilizações em todo o país, iniciados no dia 28 de abril, fazem ecoar o grito dos trabalhadores neste 1º. de maio, por: 
 - Redução e congelamento dos preços;
- Aumento geral dos salários e das aposentadorias;
- Pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários;
- Direitos sociais e trabalhistas;
- Melhores condições de trabalho;
- Valorização dos serviços e dos servidores públicos;
- Transporte público, de qualidade e não aumento das tarifas;
- Reforma Agrária e urbana;
- Moradia digna para os trabalhadores;
- Não ao pagamento da dívida pública;
-Solidariedade internacionalista à luta dos trabalhadores;
- Contra as guerras, pela paz e a autodeterminação dos povos;
- Proteção do meio ambiente.

É hora de reforçar e apoiar a unidade dos movimentos populares, das forças de esquerda e entidades representativas dos trabalhadores, na luta pelos direitos trabalhistas e sociais ameaçados pelo capitalismo; construindo desde já a força social necessária à construção do socialismo.
Mauri Antonio da Silva
Secretário Geral da ADESSC- Associação dos Docentes de Ensino Superior de Santa Catarina. 

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Consenso rumo à criação da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos

CARACAS


 Os ministros das Relações Exteriores de mais de 30 países da América Latina e o Caribe concluíram, em 26 de abril, uma reunião extraordinária para desenhar a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), organismo genuinamente regional, contraposto à desprestigiada Organização dos Estados Americanos (OEA).

Os chanceleres da região aprovaram o documento estrutural da CELAC. Foto: Ismael Batista, enviado especial

Os chanceleres da região aprovaram o documento estrutural da CELAC. Foto: Ismael Batista, enviado especial











O encontro teve lugar nesta capital, sob o patrocínio do presidente venezuelano, Hugo Chávez, quem instou os presentes a permanecerem firmes, sem que nada nem ninguém nos afaste do esforço para conseguir a total independência da região.

Ainda, declarou que este era o evento político "mais importante e transcendental de todos os que já ocorreram nesta América nossa, em cem anos e mais", segundo a Telesul.

Neste encontro, os ministros definiram as normas de procedimento da CELAC e a cláusula democrática do novo organismo. "O objetivo é construir um conjunto de propostas, uma doutrina latino-americana-caribenha que possa contribuir com ideias em um documento central aos chefes de Estado e de governo, que se reunirão em 5 e 6 de julho", explicou o chanceler anfitrião, Nicolás Maduro.

O ministro cubano das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, ressaltou no foro que "os antecedentes sólidos construídos na região permitem que hoje haja consenso essencial rumo à criação da CELAC.

"Esta plenária permite chegar praticamente à conclusão de que estão criadas as condições para que, em 5 e 6 de julho, coincidindo com o bicentenário da independência venezuelana, se produza o nascimento desta organização, genuinamente latino-americana e caribenha", acrescentou.

"Lembrou que quando o líder cubano Fidel Castro Ruz, soube dos pormenores que tinham sido acertados na reunião de Cancun, qualificou este processo como o fato institucional mais importante dos últimos cem anos em nosso hemisfério", disse.
Rodríguez reconheceu, ainda, a maneira em que a Venezuela e o Chile trabalharam, durante meses, para chegar aos resultados que foram atingidos com o encontro desta jornada, segundo a PL.

A seguir, discursaram outros chanceleres, entre eles a colombiana María Ángela Holguín, quem destacou que para seu país a CELAC é muito importante pois, finalmente, a América Latina conseguirá um nível de diálogo e cooperação regional.

De sua parte, o chanceler boliviano, David Choquehuanca, ressaltou que para seu governo é prioritária a construção da Comunidade, pois constitui um espaço de unidade e para debater problemas com a participação de todos. 

Vladimir Ilich Lênin


Um Gigante de seu tempo


A vida e obra de Vladimir Ilich Lênin são, por se próprias, alvo de admiração. Em um dia como hoje que comemoramos o seu 141º aniversário-natalício, os continuadores de suas ideias sentimos o orgulho de qualificá-las de imperecedouras, porque ele foi o fundador de uma nova época: impôs ao século 20 o selo infinito da era da revolução socialista ao quebrar o domínio dos exploradores na atrasada Rússia zarista e criar, com grande heroísmo e sacrifício, o primeiro estado de operários e camponeses na história, fato que precipitou o desenvolvimento acelerado dos movimentos revolucionários e libertadores em todo o planeta.

Num discurso por ocasião do natalício deste revolucionário exemplar, Fidel expressou:
"Lênin é desses casos humanos realmente excepcionais. A simples leitura de sua vida, de sua história e de sua obra, a análise mais objetiva da forma em que se desenvolveu seu pensamento e sua atividade ao longo de sua vida, fazem dele, ante os olhos de todos os humanos, um homem verdadeiramente — repito — excepcional.
Ninguém como ele, foi capaz de interpretar a profundidade e a essência e todo o valor da teoria marxista. Ninguém como ele, foi capaz de interpretar essa teoria e levá-la adiante até suas últimas consequências. Ninguém como ele, foi capaz de desenvolvê-la e enriquecê-la na forma em que ele o fez".

Entre as contribuições substanciais de Lênin ao marxismo e ao progresso da humanidade se destacam sua teoria do imperialismo como a última fase do desenvolvimento capitalista, a criação do Partido de novo tipo, a revolução socialista e a ditadura do proletariado, a relação indissolúvel entre a liberação nacional e a liberação social, os princípios da coexistência pacífica e a teoria sobre as vias de construção do socialismo.

Os inimigos também têm tentado demonizá-lo, mas ninguém poderá negar a dimensão histórica do pensamento e da ação de Vladimir Ilich lênin, um Gigante político de seu tempo.

El terrorista Orlando Bosch muere en la impunidad en Miami

JEAN-GUY ALLARD


Orlando Bosch, el jefe de la CORU terrorista, protegido por los Bush, la FNCA y la CIA, responsable con Luis Posada Carriles de la explosión en pleno vuelo de un avión de Cubana de Aviación, murió en Miami este miércoles, a las 12:05 de la tarde, sin nunca haber pagado por sus crímenes.
Según un comunicado, su muerte se produjo después de "enfrentar una larga y dolorosa enfermedad" que no se especifica. Tenía 84 años.
Bosch nació el 18 de agosto de 1926 en Potrerillo, Cuba, a 250 kilómetros al este de La Habana. Llegó a Estados Unidos el 28 de julio de 1960, con la autorización de quedarse en el país no más de 30 días. Sin embargo, se involucró de inmediato en la guerra sucia orientada desde la Florida contra Cuba por la CIA y no dejará el territorio norteamericano antes de 1972.
Como expresión de sus bárbaros e impunes métodos, por ejemplo, el 16 de septiembre de 1968, Bosch participó en el lanzamiento de un proyectil de bazooka contra la nave polaca Polanica, en pleno puerto de Miami. El 15 de noviembre de 1968, fue condenado a 10 años de cárcel por la Corte Federal del Distrito de South Florida, por varios crímenes y, paralelamente, por haber dirigido amenazas escritas a los entonces Presidente de México, al Jefe de Estado español y al Primer Ministro británico, pretendiendo causar daños a barcos y aeronaves de aquellas naciones por sus relaciones con Cuba.
En 1972, es liberado condicionalmente y abandona el territorio norteamericano, y violando las condiciones de su liberación participa activamente junto a la CIA y la dictadura de Pinochet en la macabra Operación Cóndor.
Más obsesionado que nunca por su "misión" terrorista, Bosch participa en Bonao, República Dominicana, en la creación ordenada por la CIA de la Coordinación de Organizaciones Revolucionarias Unidas (CORU), que reúne varios grupos terroristas de Miami. La fundación tiene lugar el 11 de junio de 1976, en una casa de trabajo secreta de la agencia.
La CORU se convertirá en el grupo terrorista cubanoamericano más devastador de la segunda mitad del siglo pasado, organizando y ejecutando, por cuenta de la CIA y de otras organizaciones ultraderechistas, un sin número de atentados, asesinatos, secuestros en Miami, Nueva York, Venezuela, Panamá, México, Argentina, y hasta en Europa.
El informe del Sustituto del Procurador General Joe D. Whitley, emitido en mayo de 1989, lo declaró enemigo público número uno de los Estados Unidos y le negó al peligroso personaje el asilo solicitado por cerca de una treintena de actos de terrorismo, entre ellos el horroroso crimen de Barbados.
El fiscal norteamericano subrayó entre los hechos violentos: "En octubre de 1976, Bosch fue arrestado en Venezuela en relación con el atentado del 6 de octubre 1976 contra una aeronave civil cubana, que ocasionó la muerte de 73 hombres, mujeres y niños".
Bosch sale de Venezuela bajo la protección de quien había resuelto su "absolución", nada menos que Otto Reich, entonces embajador de Estados Unidos en Caracas. Llegó a EE.UU. desde Venezuela, el 18 de febrero de 1988, sin documentos válidos. A su llegada, fue detenido formalmente bajo un mandato de arresto por su violación de las condiciones de su liberación en 1974, donde se debatió si mantenerlo en detención o expulsarlo del país.
Según el New York Times del 17 de agosto de 1989, la congresista de origen cubano Ileana Ross-Lehtinen y otros políticos norteamericanos de la Florida y de la FNCA, negociaron personalmente con el entonces presidente George Bush padre, la liberación de Bosch. La reunión fue organizada por uno de sus hijos, Jeb Bush, quien se aseguró así el apoyo de la mafia anticubana para su elección como gobernador de la Florida unos años después.
En la conferencia de prensa que siguió a su liberación, Bosch se enseña ya sin arrepentimiento alguno. En abierto desafío, añade el terrorista con su arrogante ironía: "Compraron la cadena, pero no tienen el mono".
Su incitación constante a la guerra terrorista contra Cuba en los medios de comunicación de Miami, incluido el reconocimiento de planes de atentados, y sus expresiones despreciables sobre los muertos en la criminal voladura del avión cubano sobre Barbados, fueron una prueba de esa impunidad que gozó, como la que hoy también disfruta Luis Posada Carriles.


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Morre o terrorista Orlando Bosch

OBITUARIO CON HURRAS




Por Mario Benedetti




Vamos a festejarlo

Vengan todos

Los inocentes

Los damnificados

Los que gritan de noche

Los que sufren de día

Los que sufren el cuerpo

Los que alojan fantasmas

Los que pisan descalzos

Los que blasfeman y arden

Los pobres congelados

Los que quieren a alguien

Los que nunca se olvidan

vamos a festejarlo

vengan todos

el crápula se ha muerto

se acabó el alma negra

el ladrón

el cochino

se acabó para siempre

hurra

que vengan todos

vamos a festejarlo

a no decir

la muerte

siempre lo borra todo

todo lo purifica

cualquier día

la muerte

no borra nada

quedan

siempre las cicatrices

hurra

murió el cretino

vamos a festejarlo

a no llorar de vicio

que lloren sus iguales

y se traguen sus lágrimas

se acabó el monstruo prócer

se acabó para siempre

vamos a festejarlo

a no ponernos tibios

a no creer que éste

es un muerto cualquiera

vamos a festejarlo

a no volvernos flojos

a no olvidar que éste

es un muerto cualquiera

vamos a festejarlo

a no volvernos flojos

a no olvidar que éste

es un muerto de mierda.

Em resposta ao texto: “Vamos cercar de solidariedade os trabalhadores e o povo cubano” publicado pela LIT-QI e pelo PSTU

quarta-feira, 27 de abril de 2011, AF Sturt Silva



[A LIT-QI e sua seção brasileira, PSTU, vem cada vez mais atacando ideologicamente Cuba e seu processo revolucionário. A última foi um lançamento de uma nota “em que pede aos trabalhadores do mundo para solidarizar com o povo cubano”. No site da seção brasileira desta organização trotskista morena é possível encontrar textos de observações sobre Cuba bem ao estilo daqueles elaborados pelos reacionários da revista Veja.



O texto abaixo é uma resposta a esse [dês] serviço que a LIT-QI/PSTU vem fazendo a revolução socialista e as conquistas de autodeterminação dos povos.



Já tínhamos postado aqui, no Blog Solidários, uma reflexão de um militante comunista (simpatizante de Trotski) sobre estes ataques destes esquerdistas. Agora o contra-ataque vem de próprios estudantes brasileiros que estudam em Cuba.



Trata-se de um núcleo de comunistas brasileiros que estão estudando na ilha e que acabou de realizar o seu primeiro encontro nacional.



Eis o texto:]


Quando meias palavras transformam uma meia verdade em mentira



Por Maria Fernanda Araújo e Otávio Marhofer Dutra*



Em resposta ao texto: “Vamos cercar de solidariedade os trabalhadores e o povo cubano” publicado pela LIT-QI e pelo PSTU.



Somos estudantes brasileiros em Cuba, país irmão no qual vivemos há quatro anos, e escrevemos este texto a fim de solidarizar-nos verdadeiramente com nossos hermanos e de contribuir sobre a reflexão quanto ao processo revolucionário cubano.



Confessamos que num primeiro momento a leitura do referido texto causou tamanha indignação, diante de tantos equívocos e disparates sobre uma realidade a qual estamos tendo a incrível oportunidade de vivenciar. No princípio, nos questionamos sobre as reais intenções deste texto. Longe de ser uma análise concreta sobre a realidade cubana, acreditamos que o texto da LIT não supera uma visão superficial, fragmentada e idealista de um complexo processo, impossível de compreender em poucos dias de viagem pelos rincões turísticos do país.



Essa é uma questão fundamental: para realizar qualquer discussão ou análise sobre a Revolução Cubana é necessário antes despir-nos de dogmas e preconceitos, compreendendo-a por si própria em sua diversidade. Os únicos pressupostos pelos quais devemos orientar-nos são que a realidade é dialética, e portanto contraditória e dinâmica, de maneira que toda transformação contém elementos do passado e embriões do futuro; e que é necessário ser radical, ou seja, compreender seus problemas a partir das suas raízes.



Sobre os caminhos históricos desde o triunfo de 1959



Sem a ciência da história ao nosso lado – buscando compreender sua dinâmica e seu movimento, sem cair nas facilidades das dicotomias ou dos atos de fé – podemos realizar análises equivocadas, seja pela ingenuidade, ignorância ou pelo oportunismo. No texto da LIT as falsas dicotomias entre bem ou mal e certo ou errado são tratadas como verdades absolutas e os sentidos comuns são o que há de mais freqüente. Assim cabe a nós fazer uma breve reflexão histórica, em que por razões dos objetivos do texto trataremos de 1959 aos dias de hoje.



Com o triunfo da revolução em primeiro de janeiro de 1959, à medida que avançavam as conquistas do heróico povo cubano, crescia também a contra-ofensiva do império. Ainda em 1961, a CIA financia e organiza o ataque de 1200 mercenários a Playa Girón, cujas tropas foram derrotadas pelo povo combatente. Foi então que para organizar o povo cubano e defender suas conquistas foram criados os Comitês de Defesa da Revolução – CDR, possibilitando a construção do socialismo e da democracia popular em cada bairro.



Em 16 de abril de 61, Fidel declara o caráter socialista da Revolução Cubana e com a vitória de Playa Girón, que cumpre 50 anos este 19 de abril, o governo revolucionário realiza mais expropriações de empresas estratégicas e planificação do Estado. Depois desse, vieram muitos outros ataques, que seguem até os dias de hoje. Como se não bastasse, em 1962 os EUA expulsam Cuba da Organização dos Estados Americanos – OEA, e declaram o bloqueio econômico à ilha socialista, buscando impedir que outros países comercializem ou desenvolvam qualquer tipo de relação com este país. Com o bloqueio genocida, Cuba estreita suas relações com a União Soviética, através de acordos comerciais, militares e de solidariedade.



A partir da vitória de 61, os feitos da revolução cubana seguiram impressionando. Em poucos anos Cuba desenvolve-se como potência científica em diversas áreas, como a medicina e a farmacologia. Torna-se o país com maior expectativa de vida e menor mortalidade infantil das Américas, números comparáveis aos mais desenvolvidos países europeus. Desenvolve-se no âmbito dos esportes e cultural, sendo, por exemplo, o país de todo mundo com o maior percentual de escritores per capita, mostra do nível intelectual alcançado pelo povo durante o socialismo. Nas artes plásticas, na dança, na música, no cinema e no teatro a revolução deixou também sua marca: um povo culto é um povo livre, parafraseando José Martí.



O povo cubano em sua grande maioria, ao contrario do que afirma a LIT, é extremamente crítico e conhecedor da sua história e da história dos outros povos do mundo, atualizado como nenhum outro sobre a conjuntura e os desafios dos processos que vivem os oprimidos em qualquer parte. É, sobretudo, um povo ativo e autônomo, soberano e independente, pouco passível às manipulações e ilusões de falsas verdades.



Pátria é humanidade: o internacionalismo de Cuba



Seguimos utilizando a história como instrumento para compreender outros disparates do texto da LIT, que peca pela ausência de base científica. O texto afirma que “a direção cubana implementou a mesma política que tiveram as direções da URSS, China, Alemanha Oriental etc.: a coexistência pacífica com o imperialismo, ao invés da revolução latino-americana e mundial”. O socialismo cubano, como a história prova, não acabou em si mesmo e muito menos coexistiu pacificamente com os EUA, como brevemente relatamos acima. Os cubanos deixaram marcas de emancipação em diversos países e internacionalizaram sua revolução mais do que qualquer outra. Um país pobre, de pequenas extensões geográficas e bloqueado economicamente por grande parte do mundo, jamais hesitou em solidarizar-se com um povo irmão. Desde a década de 60 aos anos 90 apoiou direta ou indiretamente as tentativas emancipatórias na América Latina, exportando sua experiência de guerrilhas, treinando militantes política e militarmente, ou apoiando financeiramente e com recursos humanos diversas organizações e governos revolucionários. Bolívia, Chile, Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia, Venezuela, El Salvador, Peru, Nicarágua, Guatemala, México são alguns dos exemplos na América Latina. Na África contribuíram com exércitos e profissionais diversos aos esforços de libertação nacional de várias nações, como Angola, Etiópia, Congo, Moçambique (e muitos outros) sendo sua participação fundamental para o fim do regime Apartheid na África do Sul.



Desde o triunfo da revolução já somam centenas de milhares os jovens oriundos de países da periferia do sistema que receberam cursos universitários em Cuba; dezenas de milhões os que foram alfabetizados por cubanos e cubanos; milhões os que voltaram a enxergar através cirurgias de catarata realizadas pelas missões médicas cubanas; dezenas de milhões que receberam atenção médica cubana nas mais diversas áreas, seja em desastres ambientais, epidemiológicos (como recentemente o terremoto e a epidemia de cólera no Haíti) ou para estruturar os sistemas nacionais de saúde e educação. Detalhe, Cuba realiza o que considera um princípio – a solidariedade – sem exigir nada em troca. Pelas proporções dos seus gestos, jamais houve tamanho internacionalismo. Quem diga o contrario ou desconhece profundamente a história ou bem intencionado não está.



Hoje, mesmo enfrentando tantas dificuldades econômicas, Cuba segue sendo vanguarda no que se refere à solidariedade internacional. Um exemplo é que atualmente estudam em Cuba cerca de 50 mil estudantes estrangeiros, dos mais diversos cursos universitárias, sendo a maioria medicina. Além disso, as missões cubanas de solidariedade na área de saúde e educação estão presentes em mais de 70 países. Somente na Venezuela são mais de 35 mil cubanos, entre médicos, profissionais da saúde e educadores.



Outro relevante exemplo do internacionalismo do socialismo cubano é o projeto Escola Latino Americana de Medicina – ELAM, idealizado pelo Comandante Fidel Castro em um momento em que toda a América Central havia sido assolada por três furacões. O projeto ELAM já possui 12 anos de existência, com uma grande quantidade de médicos atuando em toda a América Latina. Atualmente, cerca de 700 brasileiros estudam em Cuba, outros 400 já se formaram, e em sua maioria estão comprometidos em trabalhar para construir um SUS 100% público, estatal, universal, integral e eqüitativo para o povo brasileiro, em que a gestão popular seja o principal instrumento de controle e planificação, a exemplo do que vivenciamos diariamente em Cuba.



A desintegração da URSS e as contradições atuais



Seguindo os caminhos da história chegamos no período de desintegração da URSS e do bloco socialista. Na década de 80 recordamos que os acordos com o campo socialista passaram a responder por 85% do intercambio de mercadorias realizadas por Cuba, aprofundando a dependência econômica. Na década de 90, com a desintegração da URSS e do socialismo no leste europeu, teve inicio uma das épocas mais difíceis da história do aguerrido povo cubano: o período especial.



No primeiro ano após a dissolução do campo socialista do leste europeu e da União Soviética, o produto interno bruto decaiu 33%. A questão energética foi uma das mais prejudicadas, colapsando o transporte e a indústria. Cuba infelizmente possui reservas muito pequenas e de difícil acesso de recursos como o Petróleo ou carvão mineral. Um exemplo do caos energético gerado foram as muitas safras de alimentos que apodreceram no campo, já que sem combustível para o transporte não podiam ser deslocadas às cidades. Faltavam alimentos, remédios e outros produtos essenciais, como de vestuário e higiene. Nesse contexto, o cruel bloqueio imperialista tornou-se ainda mais perverso. Mas para a LIT tudo segue preto ou branco e, ignorando a lógica marxista, simplifica superficialmente as soluções para problemas tão profundos e complexos.



Mesmo com tamanhas dificuldades, em pleno período especial, o povo cubano ratifica sua vontade de seguir construindo o socialismo em plebiscito nacional, com mais de 90% dos votos e uma participação de quase 100% da população, com voto secreto, não obrigatório e universal aos maiores de 16 anos. Talvez, por tão heróica resistência e convicção do rumo escolhido, que Fidel considera o Período Especial “o mais glorioso dos 50 anos da Revolução Cubana”.



O povo cubano viveu anos de profunda escassez e sacrifícios. De fato, a dependência econômica que mantinha do campo socialista era profunda, o que se mostrou um grande equivoco na construção do socialismo em Cuba, talvez o maior que cometeram. As seqüelas da dependência se mostraram mais perversas no período especial, o país entrou em colapso. No entanto, julgar a história desde o futuro é fácil. As autocríticas da direção do Partido Comunista e das organizações de massa do povo cubano foram muitas e periódicas, mas não transformam o passado. Servem principalmente para evitar que erros similares voltem a ocorrer.



O período especial gerou também uma serie de novas contradições cujas soluções são hoje, junto com o desafio de dinamizar a economia, os principais desafios para o avanço do socialismo em Cuba. Para reverter o processo de carência e dependência econômica criaram-se diversas empresas mistas (parcerias entre o Estado – sócio majoritário – e empresas capitalistas), com a finalidade de ampliar a infra-estrutura industrial, aumentar e diversificar a produção de bens de consumo para a população. Para incrementar a arrecadação do Estado, Cuba foi obrigada a abrir-se ao predatório turismo internacional e, para isso, fazer concessões as grandes redes turísticas, que detém o monopólio do turismo na Europa e América do Norte, de onde vem o grande contingente de turistas a Cuba. O povo cubano não teve escolhas, porque infelizmente a história não depende somente dos desejos, e os cubanos sabiam em que barco estavam entrando e os problemas que estavam por surgir. Mas para a LIT a resposta continua simples e se resume na seguinte fórmula: Cuba restaurou a economia de mercado.



Com tais medidas, Cuba pôde evitar a ofensiva da contra-revolução capitalista, como ocorreu nos países do antigo bloco socialista. Admirável é a convicção com que LIT defende essas contra-revoluçoes financiados pelo imperialismo, que deterioram a vida de milhões nesses países, como revoluções sociais. Através do controle do Estado sobre as principais empresas estratégicas, planificação da economia e a manutenção das mais importantes conquistas da revolução nas áreas da saúde, educação, arte e cultura e produção de ciência e tecnologia Cuba pode resistir a tal contra-ofensiva. No entanto, este longo período de dificuldades materiais foi bastante marcante na determinação da consciência social. Um grande contingente de cubanos deixou o país durante os anos do período especial, e problemas como a prostituição, o mercado negro e a corrupção, tornaram-se presentes. As desigualdades internas foram intensificadas, especialmente quanto à valoração do trabalho.



Com o objetivo de proteger a população e garantir o mínimo necessário para que todo cubano pudesse seguir vivendo dignamente foi criada uma economia interna “fictícia”, com desvalorização da moeda e forte subsidio do Estado Cubano aos produtos essenciais. Assim, com o período especial foram criadas duas moedas: o Peso conversível (equivalente ao dólar), utilizado nas transações comerciais internacionais e no turismo; e o peso Cubano (que equivale a 1/24 de peso conversível), utilizado no mercado interno de produtos subsidiados pelo Estado.



Todo trabalhador cubano recebe seu salário em peso cubano, e compra seus alimentos e produtos de primeira necessidade com valores muito abaixo do mercado internacional. O salário mínimo é de cerca 400 pesos cubanos, equivalentes aos 18 dólares relatados no texto da LIT. Mas, o essencial que omitiu é o real poder aquisitivo do peso cubano internamente. Exemplifiquemos. O quilo do arroz e do feijão custam 2 pesos cubanos, equivalente a 15 centavos de real para o cubano. O litro do leite custa menos de 1 peso cubano e é gratuito para as crianças de até 10 anos e idosos com mais de 60. A tarifa de ônibus vale 40 centavos de peso cubano (equivalentes a 3 centavos de real) e o pagamento é opcional. Uma sessão de cinema, teatro ou ballet não passa de 40 centavos de real, ou 5 pesos cubanos, isso quando não são oferecidos os freqüentes descontos aos trabalhadores ou estudantes. Agora façamos as contas: algum cubano “passa fome”?



Contudo, um trabalhador que recebe seus ganhos em Peso conversível (em geral aqueles que trabalham em setores vinculados ao turismo, como um taxista particular, alguém que recebe dinheiro de um familiar no exterior ou que aluga um quarto para estrangeiros), já que esta moeda tem um valor 24 vezes maior que o peso cubano, têm maiores possibilidades de consumo que um exemplar operário, um engenheiro, um médico ou um reconhecido professor universitário. Um problema que já é grande por si só é amplificado pelas informações equivocadas da LIT, quando afirma que “os cubanos que trabalham nas empresas internacionais não têm a proteção do Estado “socialista” cubano. Ao contrário, o trabalhador cubano não recebe o mesmo salário que essas empresas pagam em outras partes do mundo. Os cubanos só ganham os seus miseráveis 18 dólares mensais”. Basta informar-se minimamente para rebater esta falácia.



O Estado Cubano recebe pelo trabalho de qualquer cubano de uma empresa mista um valor próximo à média que recebe um trabalhador com semelhante capacitação em qualquer lugar do mundo. Dependendo da função do trabalhador e de sua preparação técnica repassa cerca de 10% desse salário. Um engenheiro de uma empresa mista com um salário em torno de 3 mil dólares recebe cerca de 300 dólares do Estado, que utiliza os outros 2700 para financiar os gastos sociais. Com 300 dólares um trabalhador cubano tem a possibilidade de viver confortável e dignamente em Cuba.



No entanto contradições como essa têm sido um dos maiores desafios do Estado cubano, do Partido Comunista e das organizações de massa do povo. A fim de avançar na superação delas, o governo revolucionário tem proposto à população uma série de reformas que visam principalmente aumentar a produtividade de setores estratégicos (especialmente àqueles vinculados à alimentação e o desenvolvimento de meios de produção). Uma delas trata da legislação trabalhista e objetiva aumentar a produtividade industrial e a agilidade dos serviços, por meio de incentivos materiais aos trabalhadores mais dedicados e comprometidos com a revolução.



Tal medida vem no sentido de reafirmar o principio socialista de “receber de acordo com seu próprio trabalho e esforço”, rumando assim no sentido de diminuir a burocratização dos serviços e a corrupção, que estagnam a produção. Outra importante medida adotada recentemente é a distribuição das terras ociosas do Estado aos pequenos agricultores e a garantia de condições para produzir, com o objetivo de aproximar Cuba da soberania alimentar, com aumento e diversificação da produção agrícola. Este é um dos grandes desafios de Cuba: manter os trabalhadores na terra.



Tendo em vista a ampla especialização da força de trabalho no país, em virtude do acesso irrestrito à educação, atualmente em Cuba faltam agricultores, trabalhadores técnicos, e sobram especialistas universitários a um ponto que em muitos setores da economia parte significativa da força de trabalho não está vinculada diretamente à produção. Com isso, por resolução do Conselho de Ministros da Assembléia Nacional do Poder Popular, debatida em todas as instâncias da sociedade cubana e movimentos de massa, tem sido realizada a redistribuição, e não a demissão como insiste erroneamente a LIT, dos trabalhadores nos diferentes setores da economia, de maneira que em cada local de trabalho pelo menos 80% dos trabalhadores sejam vinculados diretamente à produção, de maneira a aumentá-la e diminuir a burocracia do estado. Para atender à demanda de trabalhadores que não queiram ser redistribuídos, o Estado cubano aumentou a rede de serviços, ampliando a possibilidade de abertura de pequenos negócios (como cafeterias, restaurantes, cabelereiros, aluguel), assim como a ampliação de vagas em cursos técnicos.



Outro equivoco, por omissão de parte da verdade, é quando diz que “a maioria dos produtos que faziam parte da caderneta de abastecimento foi eliminada, ao mesmo tempo em que se anuncia o fim da própria caderneta”. Isso realmente tem acontecido, no entanto os produtos têm sido redirecionados aos setores sociais mais desfavorecidos. O fim do igualitarismo é uma das metas em curto prazo, já que isso não é um princípio socialista. Se é fato que a sociedade cubana hoje apresenta níveis de desigualdades (em proporções abismalmente distintas de qualquer sociedade capitalista) é dever do Estado socialista buscar um resgate do equilíbrio. Esse é um dos atuais objetivos. A caderneta pode num futuro deixar de ser universal para atender mais e melhor aos que mais precisam. Além disso, o texto da LIT diz que “na maioria das empresas os refeitórios foram fechados”. Ao contrário: os trabalhadores estão recebendo um incremento diário de cerca de 15 pesos cubanos e foram abertos restaurantes nas mesmas empresas que servem refeições de 5 a 15 pesos cubanos, com comidas de melhor qualidade, menos desperdícios e corrupção. O texto da LIT é repleto de meias palavras.



Agora, quando afirmam que “as belas crianças cubanas não tem brinquedos. Não poucos brinquedos. Sem brinquedos. É que os brinquedos são proibidos” parecem estar brincando. Não apenas tem brinquedos, como brincam durante todo o dia, e estão bem alimentadas. Aliás, 100% delas estão nas escolas, que é obrigatória até os 14 anos, em que as aulas iniciam às 8h e terminam às 16h. As crianças recebem alimentação e toda a atenção pedagógica durante esse período e não existe perspectiva alguma de acabar com “o período integral nas escolas”. Nenhuma criança cubana trabalha. Elas apenas estudam e brincam. Se para a LIT os brinquedos tem que ser os caríssimos brinquedos das grandes indústrias capitalistas e do consumismo ou um vídeo game de última geração e não apenas objetos para divertir e incentivar a criação e a imaginação da criança então, e somente assim, poderíamos afirmar que em Cuba as crianças não tem brinquedos.



Democracia em Cuba: o povo no poder



O texto da LIT afirma que em Cuba existe “uma ditadura muito similar às piores e mais sanguinárias ditaduras do mundo”. Uma prova disso deve ser o fato de que Cuba é o país da América Latina com a menor taxa de homicídios do continente e uma das menores do mundo. Ou que é o país do nosso continente com o menor proporção de presos e prisões.



Vejamos, então, como é a estrutura de poder nesta ilha socialista. A estrutura de poder em Cuba inicia desde baixo, desde cada quadra: os CDR’s (Comitês de Defesa da Revolução). Estes têm função de garantir a segurança, a limpeza, a organização e convivência coletiva. O conjunto de CDR’s forma a Circunscrição, formada por cerca de 2 mil cubanos. Cada uma delas realiza Assembléias Comunitárias periódicas para debater desde as questões mais relevantes do bairro até os mais importantes temas da economia nacional. A presença nas assembléias não é obrigatória, mas é difícil chegar numa em que não exista ao menos um representante por família. Inclusive as crianças têm direito a expressão, e o utilizam intensamente. Nessas assembléias se indicam os candidatos do bairro para delegados da Assembléia do Poder Popular Municipal, órgão máximo a nível do município. Por voto livre, universal (aos maiores de 16 anos), secreto e não obrigatório elegem os delegados. Todos os cubanos e cubanas podem se candidatar, desde que maiores de idade. Os candidatos podem anunciar sua própria candidatura nas reuniões públicas realizadas nos seus bairros, ou serem indicados por organizações de massas (estudantes, trabalhadores, mulheres etc.).



O Partido Comunista Cubano não indica nem escolhe candidatos. Depois, os cubanos escolhem os candidatos a delegados da Assembléia Provincial, por indicação das organizações de massas e das Assembléias Municipais e os deputados da Assembléia Nacional, em que os candidatos são indicados pelas mesmas organizações. As eleições para a Assembléia Municipal ocorrem a cada dois anos e meio. Já os pleitos para a Assembléia Provincial e a Assembléia Nacional são realizados a cada cinco anos.



As Assembléias do Poder Popular – APP são a máxima estrutura do poder a nível Municipal, Provincial ou Nacional. Entre seus representantes são divididas as funções executivas do Estado, em que apenas se executam as deliberações da APP. Todos os delegados ou deputados podem ter seu mandato revogado a qualquer momento pela base que representam. Nenhum recebe nem um centavo a mais pelo cargo, recebe o mesmo salário que tinha antes de ocupar a função.



As campanhas eleitorais são feitas por meio de um cartaz padronizado, em que todos os candidatos têm o mesmo espaço para expressar suas idéias e sua biografia. Os cartazes são colocados nos principais locais de movimentação do povo, publicados nos jornais de circulação massiva e divulgados na televisão, com o mesmo tempo e formato gráfico.



O presidente de Cuba não passa de mero executor das deliberações da APP Nacional, não tendo qualquer poder para além dessa. Antes de tudo, como qualquer outro membro da APP Nacional, o presidente de Cuba deve ser eleito deputado. Fidel, nas últimas eleições foi eleito deputado com cerca de 97% do votos em sua província e Raul Castro com 98%. Os dois tiveram iguais condições de apresentar sua candidatura que qualquer outro candidato.



Vale esclarecer que o Partido Comunista Cubano não cumpre nenhuma função de Estado, e todos suas posições, para tornarem-se realidade, devem ser construídas junto ao povo, que pode ou não reconhecer as posições do PCC como as mais acertadas. Caso não exista o convencimento do povo pelo Partido as políticas simplesmente não são aplicadas.



Dessa forma, consideramos que a comparação do nível da democracia cubana com qualquer “democracia” ocidental, deve ser bastante cuidadosa, já que em tais democracias o poder do povo está restrito ao voto, absolutamente manipulado pelos interesses econômicos e pelo monopólio da mídia, em que são os partidos da ordem e as classes dominantes, e não o povo, quem ditam as regras. Já a comparação da democracia cubana com “as piores e mais sanguinárias ditaduras do mundo”, em coro com o discurso de Bush ou Obama, para nós que vivemos há 4 anos nesta ilha e participamos ativamente dos instrumentos democráticos construídos pelo povo cubano, é sem dúvida a maior de todas as mentiras expressadas pela LIT em seu texto.



Acesso à informação



Os ataques imperialistas não cessam, mesmo o texto da LIT afirmando que a convivência é pacífica. O assassino bloqueio segue vigente, mesmo com as sucessivas votações contrárias nas assembléias da ONU, em que apenas 3 nações do mundo se mantêm favoráveis a sua continuidade. Os prejuízos para Cuba são incalculáveis: em apenas 8 horas de bloqueio o governo cubano poderia reparar cerca de 40 creches ou em 1 dia comprar 139 ônibus de transporte urbano. O caso dos cinco heróis cubanos é outro exemplo da desumanidade que impõe o monstro do norte – como definia Simon Bolívar – presos por lutar contra o terrorismo dos EUA.



É parte verdade o que diz o texto da LIT: nenhuma organização cubana votou pela proibição do acesso à internet. Sua restrição – e não sua proibição – é outro exemplo da ação do bloqueio estadunidense em Cuba, pois o monopólio e bloqueio do acesso a sinal de internet desde de satélites ianques, e pelos cabos que passam pelo Caribe fazem com a banda total de internet de Cuba seja menor do que uma Universidade Federal do Brasil, restringindo seu acesso aos trabalhadores em seus locais de trabalho (governo, escolas, hospitais, policlínicas), hotéis, Joven Clubs (espécie de lan house) e a residência de profissionais especializados. Essa situação se espera que melhore logo que o cabo submarino de fibra ótica que está sendo construído através da ALBA desde Venezuela chegue a terras cubanas.



Quanto ao acesso à informação no país, é verdade que o Granma é o órgão de informação oficial do Partido Comunista Cubano, que é distribuído em todo o país. Mas o/a autor(a) do texto esqueceu de informar sobre as outras dezenas de publicações especializadas, políticas, culturais e de lazer publicadas em todo o país, por organizações populares, nas quais as criticas e autocríticas ao processo revolucionário são freqüentes, quase cotidianas. E bem se vê que o/a correspondente da LIT aproveitou bastante sua viagem pelo Caribe e sequer teve um tempinho de assistir à televisão recheada de programas, filmes e documentários nacionais e das maiores redes de televisões do mundo em canal aberto e estatal, sem espaços para propagandas comerciais. Infelizmente, talvez não pôde aproveitar os debates com especialistas cubanos e de outros países sobre a situação no Oriente Médio, ocorridos no programa Mesa Redonda, que diariamente enfoca temas de importância nacional e internacional em horário nobre. Ou assistir na televisão os jornais diários, ou ler algumas das reflexões do companheiro Fidel e de muitos outros intelectuais cubanos sobe o assunto, publicadas tanto no próprio Granma quanto em periódicos internacionais e na internet.



Dessa forma afirmamos categoricamente que a LIT se equivoca quando diz que “o governo e o Partido Comunista Cubano (…) não permitem que chegue, por meio da televisão ou da rádio (ambas controladas pelo governo), qualquer tipo de informação sobre o que as massas estão fazendo nos países árabes”. Para verificar a verdade não é necessário muito esforço, nem estar em Cuba, basta entrar nos inúmeros sites cubanos (inclusive das redes de televisão e rádio) que informam sua própria população e o mundo sobre o processo que vivem os povos árabes.



As estatísticas não mentem



Segundo o texto, o cubano vive no pior dos mundos (…). A partir da revolução, Cuba transformou-se no país mais igualitário da América, mas hoje é exatamente o contrário. Certamente, Cuba tornou-se o país mais igualitário das Américas, e quiçá as contradições surgidas com o período especial possibilitaram o surgimento de algumas diferenças sociais. Contudo, engana-se quem afirma que Cuba perdeu seu status de país mais igualitário da América, e isso percebemos cotidianamente: em Cuba, você jamais verá uma criança pedindo esmola. Pelo contrário, você encontrará inúmeros jovens brasileiros e demais latino-americanos e caribenhos, ex-crianças de rua, sem terra ou sem teto, tendo a possibilidade de estudar medicina, além de outras carreiras como engenharia, agronomia, arte, educação física, pedagogia. Jovens estes originários de países em que o acesso à educação, saúde, moradia e cultura é ainda limitado, mesmo sendo uma das dez maiores economias do mundo, como é o caso do Brasil.



Isso é visível nos dados sócio-econômicos sobre Cuba, publicados e disponíveis em sites de organizações de referência internacional, como a Organização Mundial da Saúde ou da ONU. Nestes 50 anos de Revolução, mesmo diante de condições econômicas diversas, Cuba atinge taxas de Índice de Desenvolvimento Humano e de expectativa de vida invejáveis. O Brasil, por exemplo, que possui o oitavo maior Produto Interno Bruto do Mundo (estimado em US$ 1,995 trilhões em 2007, e um PIB per capita de US$ 10.296), possuía no mesmo ano o 75º IDH do mundo, e tinha uma media de expectativa de via em 72,4 anos (92º no ranking mundial). Enquanto que Cuba, no mesmo período, sendo a 85ª economia (PIB de US$ 51,11 bilhões, e um per capita de US$ 4,5 mil), era o 51º em IDH (o,86) e 37º em expectativa de vida (78,3 anos).



Outro indicador importante, oferecida pela Oficina Nacional de Estadísticas de Cuba, é a progresão da mortalidade infantil e materna nos últimos anos, assim como os de acesso aos serviços de saúde, conforme segue abaixo.





Evolución de los indicadores de salud. Años seleccionados



Indicadores seleccionados 1960 1980 1990 1995 2000

Tasa de mortalidad infantil (por mil nacidos vivos) 42,0 19,6 10,7 9,4 7,2



Tasa de mortalidad en niños menores de 5 años (por mil nacidos vivos) 42,4a 24,3 13,2 12,5 9,1



Índice de niños con bajo peso al nacer (en %) … 9,7 7,6 7,9 6,1



Tasa de mortalidad materna (por 100 000 nacidos vivos) 120,1 52,6 31,6 32,6 34,1



Partos atendidos en instituciones hospitalarias (%) 63,0 98,5 99,8 99,8 99,9



Habitantes por médico … 635 275 193 169









No último ano, Cuba alcançou a cifra de mortalidade infantil de 4,4 para cada mil nascidos vivos. Essa progressão mostra como, mesmo em tão difíceis condições econômicas e de embargo depois de mais de 20 anos do fim da URSS, os indicadores sociais de Cuba continuam melhorando. No mesmo período são diversos os estudos que mostram uma situação completamente distinta nos países do leste europeu em que existiram contra-revoluçoes capitalistas. Os índices de educação e acesso a cultura também estão progressivamente avançando, assim como os indicadores de segurança pública, que ao contrário do mundo se mantém estáveis, com os menores índices de violência do mundo. E como se alcança níveis de IDH e expectativa de vida tão avançados? A resposta é bastante objetiva: oferecendo a sua população possibilidades ao seu pleno desenvolvimento como seres humanos, em condições de igualdade e universalidade de acesso a educação, saúde, cultura, arte e lazer – condições jamais alcançáveis se em Cuba tivesse ocorrido ou ocorrendo a volta do capitalismo.



A solidariedade que o povo cubano necessita: a verdade!



“Mas a paciência dos cubanos parece estar chegando ao fim (…)Mais cedo ou mais tarde, os trabalhadores cubanos vão se rebelar contra essa situação”. Quanto a isso a LIT está certa: é verdade que os cubanos já não tem mais paciência com tantas dificuldades. No entanto se equivoca contra o quê e de que forma vão se rebelar. Os cubanos são profundamente rebeldes. E estão rebelando-se contra tudo que está ruim em sua revolução, interna e externamente. As reformas são urgentes, assim como o fim do bloqueio, pois realmente é difícil um país viver tantos anos com tamanhos entraves. Mas a certeza de que o socialismo é o caminho que o povo cubano defende com todas as suas forças foi comprovada na marcha do dia 16 de abril, pelos milhões de cubanos que marcharam por Havana e por toda Cuba em comemoração aos 50 anos do socialismo em Cuba e da vitória de Playa Girón, e que também abriu o VI Congresso do PCC. Neste dia, militares, trabalhadores e estudantes, por livre vontade e convicção – e não por opressão das armas como ocorriam nas ditaduras mais sanguinolentas de América Latina – caminharam juntos, unidos, em defesa da Revolução, do seu governo revolucionário e do socialismo cubano. É possível que milhões (em um país de não mais de 11 milhões de habitantes) marchem alegres e unidos através de mecanismos de opressão?



Para finalizar, muitos insistem em deturpar o caminho escolhido pelo povo cubano, mas os fatos não escondem a verdade: em 51 anos o socialismo humanizou a sociedade cubana. Cuba é o único país das Américas em que a violência, tão crescente no Brasil, é insignificante. Havana, uma capital com quase 3 milhões de habitantes, é tão tranqüila quanto uma pacata cidade do interior, em que assassinatos e seqüestros ficam restritos aos romances policiais.



Cuba é um país que trabalha cotidianamente para superar a desigualdade de direitos entre os gêneros, para superar o racismo, a discriminação por qualquer orientação sexual e tantas formas de opressão, tão enraizadas em nossas sociedades. Outros não cansam de afirmar que a Revolução Cubana é coisa do passado e que o socialismo morreu junto a URSS. Para esses respondemos que não somente é presente o socialismo em Cuba, mas que vem fortalecendo seus princípios e ideais à medida que avançam os processos revolucionários na América Latina. Contudo, a construção do socialismo não depende somente da vontade das pessoas, mas de condições históricas, objetivas e concretas, cuja complexidade vai para além do que está nos manuais ou nos livros, pois a realidade é antes de tudo, dialética.



Revolução é fazer do extraordinário cotidiano. E isso em Cuba é diário, em cada criança que brinca livremente nas praças do país, sem preocupações com tráfico de drogas, assaltos, ou com o ganha pão diário. Crianças de um país pobre e bloqueado economicamente, mas que mesmo assim sabemos que terão todas as condições de desenvolver-se plenamente como seres humanos. Este, independente dos caminhos que se tomem, é fim principal do que entendemos por socialismo.



Cuba e o socialismo nos permitem seguir sonhando com a utopia de um mundo humano, no mesmo sentido em que dedicaram suas vidas tantos mártires nesses 52 anos de revolução. Por eles e pelas gerações futuras o povo cubano jamais abandonará as trincheiras conquistadas.



17 de abril de 2011 – Havana, Cuba



* Maria Fernanda Araújo e Otávio Marhofer Dutra são estudantes de medicina na Universidade de Ciências Médicas de Havana e militantes da base Paulo Petry do Partido Comunista Brasileiro e da União da Juventude Comunista em Cuba, formada por 16 estudantes.





http://convencao2009.blogspot.com/2011/04/em-resposta-ao-texto-vamos-cercar-de.html

A blogueira embusteira

26 de Abril de 2011 - 12h23

Por Ernesto Pérez Castillo, em CubaDebate

O jornal El País se vê obrigado a reconhecer que a blogueira Yoani Sánchez mentiu.

Um tweet recente de Yoani Sánchez comoveu o mundo: "A empresa hoteleira NH sabe que o hotel Parque Central que administra em Havana discrimina os moradores locais no acesso à Internet"



A reação da NH foi imediata: isso não era mais que um embuste daqueles que a blogueira inventa, pois, a princípio, a rede hoteleira não dispõe de qualquer hotel em Havana, nem em toda a ilha de Cuba, nem em qualquer outra parte do arquipélago cubano.



O diário El Pais tornou isso público em suas páginas. Este disparate da mercenária lembra outra ocorrência, de menos de um ano atrás, quando ela acusou o governo de Cuba de bloquear sua conta no Twitter. Naquela época, ela disse em uma entrevista por telefone à Reuters: "Ficamos sem voz no mundo dos 140 caracteres", e insistiu: "O Twitter deve esclarecer se seu serviço nos censurou a publicação de tweets por sms ou se foi o governo de Cuba que nos bloqueou."



Essa notícia também percorreu o mundo como um gato com o rabo em chamas, com um título original: "Yoani Sánchez denuncia que sua conta do Twitter foi bloqueada", e foi repetida várias vezes até que o vice-ministro cubano da Informação e Comunicações, José Luis Perdomo, disse: "Cuba não está bloqueando o acesso de qualquer cidadão para enviar mensagens para redes sociais online, como o Twitter e o Facebook, e isso é uma calúnia que tem sido levantada contra nosso país".



Logo o próprio Twitter daria razão para Cuba, reconhecendo que o governo da ilha não tinha nada a ver com isso, e assumindo plena responsabilidade pela suspensão temporária do serviço para os usuários cubanos.



O que ninguém pôde ver, em qualquer jornal do mundo, foi uma mínima retificação de Yoani, que nem no momento de sua mentira sobre o Twitter, nem em sua mentira sobre a NH, nunca reconheceu que não tinha sequer uma gota de verdade naquilo que havia dito. E não seria de se esperar outra coisa, porque retificar é para os sábios, algo que Yoani nunca entenderá.



O engraçado é que quando a blogueira, em seus delírios, arremeteu contra os poderosos reais do mundo global, recebeu de volta, rapidamente, a repressão áspera da mídia. No entanto, quando, com a mesma fúria, mente sobre Cuba, ela é premiada, aplaudida e, pontualmente, lhe pagam por página.



De fato, o jornal El País, que agora deixa claro que o ataque de Yoani contra o NH nada mais é além de um disparate desinformado - típico da improvisação de quem diz o que melhor lhe parece, sem consultar fontes ou recolher dados, nem ater-se ao princípio da verdade e nada mais que a verdade-, é o mesmo que a catapultou, ofertando-lhe, em 2008, o Prêmio Ortega y Gaset, nada menos do que na categoria de Jornalismo Digital.

Direitos humanos nos EUA

Granma Internacional Digital


VERSÃO SÓ TEXTO
Havana. Cuba. Ano 14 - Quarta-feira, 27 de Abril de 2011
--------------------------------------------------------------------------------
Uma mentira dita muitas vezes



AILYN MARTÍNS PASTRANA



HÁ vários dias, o companheiro Fidel fez referência em sua reflexão "O Norte revolto e brutal" ao Registro dos Direitos Humanos nos Estados Unidos, em 2009, um relatório apresentado recentemente pela China, como resposta à provocação que significou para a região asiática e para o mundo o relatório anual por países sobre práticas dos direitos humanos, em 2009.



O referido documento reúne os "critérios" e "recomendações" que os EUA fazem ao resto do mundo em matéria de direitos civis. Segundo o Registro apresentado pela nação asiática: "tal e como em anos anteriores, o relatório está repleto de acusações sobre a situação dos direitos humanos em mais de 190 países e regiões do mundo, incluída a China, mas ignora intencionalmente ou quase não menciona a grave situação de seu próprio país".



A China fez uma análise detalhada e exaustiva sobre a verdadeira situação dos cidadãos nos Estados Unidos, com o objetivo de ajudar a que os povos do mundo entendam melhor e exijam ao autoproclamado paladino dos direitos humanos, que enfrente seus próprios assuntos.



O interessante, segundo Fidel, é que Cuba leva 50 anos denunciando esta situação em todos os eventos internacionais em que tem participado.



EXAME PERIÓDICO UNIVERSAL (EPU)



Washington está no banco dos réus. Recentemente, apresentou-se ao Exame Periódico Universal (EPU), escrutínio de caráter obrigatório para todas as nações e que se realiza no seio do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, onde o país examinado deve prestar contas à comunidade internacional sobre seu trabalho em defesa dos direitos humanos.



Segundo o relatório do Grupo de Trabalho deste exame, os Estados Unidos receberam o número esmagador de 228 recomendações, das quais rejeitou 57 — sem dar explicações da maioria.



Um país que se autoproclama paladino da democracia e se atribui o direito de acusar e sancionar outros, rejeitou recomendações que se referem ao respeito à liberdade de expressão, a eliminação de leis discriminatórias, a proteção de emigrantes e povos indígenas, o respeito do direito dos povos à livre determinação, a um entorno saudável, à paz e ao desenvolvimento, à liberdade dos presos políticos, ao compromisso com a ajuda oficial ao desenvolvimento, a proteção dos menores delinquentes, bem como à eliminação da impunidade de conotados terroristas e a compensação de suas vítimas.



Apesar de ser o único país que não assinou a Convenção sobre os Direitos das Crianças; a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher; o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; a Convenção sobre os direitos das pessoas deficientes; o Protocolo Facultativo da Convenção contra a Tortura, a Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas; e outros, a delegação norte-americana responsável por apresentar o relatório assinalou "o grande compromisso do presidente Obama e da secretária de Estado, Hillary Clinton com a participação multilateral, com os direitos humanos e o estado de direito", além de reiterar "seu compromisso de cooperar com o sistema internacional, na divulgação dos mesmos em nível nacional e internacional".



CUBA



O nosso país também participou do debate, fazendo 13 recomendações a Washington, das quais rejeitou seis, enquanto mais seis foram aceitas parcialmente e somente uma foi totalmente aceita.



Segundo a delegação cubana que participou do debate, "os Estados Unidos rejeitaram, sem nenhum pudor, o apelo a eliminar o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba, que constitui uma violação, em massa e flagrante, dos direitos humanos de um povo. Dessa forma, despreza o clamor da comunidade internacional, que há 19 anos exije na Assembleia Geral das Nações Unidas o fim dessa política genocida.



Os Estados Unidos objetaram a solicitação de libertar os Cinco prisioneiros cubanos, injustamente presos em cárceres desse país, e rejeitaram a exortação para pôr fim à impunidade de conotados terroristas sob sua jurisdição, cujos crimes esses Cinco cubanos tentavam prevenir.



Ainda, os EUA rejeitaram o direito do povo cubano à livre determinação; pôr fim à injusta encarcelação dos presos políticos como Leonard Peltier e Mumia Abu-Jamal; julgar Luis Posada Carriles; e pôr fim a suas atividades contra a realização dos direitos do povos à paz, ao desenvolvimento e à livre determinação.



Como era de esperar-se, finalmente o exame do EPU teve um saldo negativo para os Estados Unidos, ao receber uma maioria de críticas, tanto de mais de 40 governos como da sociedade civil, por sua posição cínica e evasiva durante o exame. Washington foi a nação — até o momento — que mais recomendações recebeu sobre temas dos direitos humanos, no seio do EPU, sem que isto fosse publicado pela mídia internacional.



Mais uma vez, o governo dos Estados Unidos deixa clara sua falsa retórica e dupla moral em matéria de divulgação e proteção dos direitos humanos.



..........................................................................................................................................................



Consenso rumo à criação da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos



CARACAS.— Os ministros das Relações Exteriores de mais de 30 países da América Latina e o Caribe concluíram, em 26 de abril, uma reunião extraordinária para desenhar a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), organismo genuinamente regional, contraposto à desprestigiada Organização dos Estados Americanos (OEA).



O encontro teve lugar nesta capital, sob o patrocínio do presidente venezuelano, Hugo Chávez, quem instou os presentes a permanecerem firmes, sem que nada nem ninguém nos afaste do esforço para conseguir a total independência da região.



Ainda, declarou que este era o evento político "mais importante e transcendental de todos os que já ocorreram nesta América nossa, em cem anos e mais", segundo a Telesul.



Neste encontro, os ministros definiram as normas de procedimento da CELAC e a cláusula democrática do novo organismo. "O objetivo é construir um conjunto de propostas, uma doutrina latino-americana-caribenha que possa contribuir com ideias em um documento central aos chefes de Estado e de governo, que se reunirão em 5 e 6 de julho", explicou o chanceler anfitrião, Nicolás Maduro.



O ministro cubano das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez Parrilla, ressaltou no foro que "os antecedentes sólidos construídos na região permitem que hoje haja consenso essencial rumo à criação da CELAC.



"Esta plenária permite chegar praticamente à conclusão de que estão criadas as condições para que, em 5 e 6 de julho, coincidindo com o bicentenário da independência venezuelana, se produza o nascimento desta organização, genuinamente latino-americana e caribenha", acrescentou.



"Lembrou que quando o líder cubano Fidel Castro Ruz, soube dos pormenores que tinham sido acertados na reunião de Cancun, qualificou este processo como o fato institucional mais importante dos últimos cem anos em nosso hemisfério", disse.



Rodríguez reconheceu, ainda, a maneira em que a Venezuela e o Chile trabalharam, durante meses, para chegar aos resultados que foram atingidos com o encontro desta jornada, segundo a PL.



A seguir, discursaram outros chanceleres, entre eles a colombiana María Ángela Holguín, quem destacou que para seu país a CELAC é muito importante pois, finalmente, a América Latina conseguirá um nível de diálogo e cooperação regional.



De sua parte, o chanceler boliviano, David Choquehuanca, ressaltou que para seu governo é prioritária a construção da Comunidade, pois constitui um espaço de unidade e para debater problemas com a participação de todos.



..........................................................................................................................................................



Abusos dos EUA na ilegal base de Guantánamo à descoberta



WASHINGTON, 25 de abril . — Mais de 750 relatórios secretos filtrados por WikiLeaks confirmam os abusos cometidos pelos Estados Unidos no cárcere da ilegal base de Guantánamo, e revelam que 60% dos réus foram levados a essa prisão sem terem nenhum vínculo com a guerra santa.



Os casos da maioria dos prisioneiros — 758 de 779 — são descrevidos em detalhes em memorandos que a Força de Tarefa Conjunta na Baía de Guantánamo enviou ao comando sul dos Estados Unidos em Miami, Flórida.



Ainda há 170 prisioneiros nesse cárcere, onde foi criado um sistema policial e penal sem garantias, e onde somente interessavam duas questões: a informação que obteriam dos presos, embora fossem inocentes, e se podiam ser perigosos num futuro.



Pessoas idosas com demência senil, adolescentes, doentes psiquiátricos graves e professores ou granjeiros sem nenhum vínculo com a guerra santa, foram levados ao cárcere e misturados com terroristas, como os responsáveis pelos acontecimentos de 11-S.



Segundo os relatórios, Abu Zubaydah — suposto detento de alto valor, sequestrado no Paquistão, em março de 2002 e que esteve 4 anos e meio em prisões secretas da CIA — foi submetido em 83 ocasiões à técnica de tortura conhecida como waterboarding (submarino), forma controlada de asfixia por afogamento.



Os 759 arquivos foram revelados simultaneamente pela mídia estadunidense e europeia, entre eles o jornal El País.



O governo dos Estados Unidos lamentou a divulgação e reconheceu que os relatórios foram escritos com informações de 2002 e 2009. (Extraído do El País)



..........................................................................................................................................................



Reflexões de Fidel



O Norte revolto e brutal



ESTAVA lendo materiais e livros em abundância para cumprir minha promessa de continuar a Reflexão de 14 de abril sobre a batalha de Girón, quando dei uma olhada nas notícias frescas de ontem, que são abundantes como todos os dias. É possível acumular montanhas delas em qualquer semana, que vão desde o terremoto no Japão até o triunfo de Ollanta Humala sobre Keiko, filha de Alberto Fujimori, ex-presidente do Peru.



O Peru é grande exportador de prata, cobre, zinco, estanho e outros minérios; possui grandes jazidas de urânio que poderosas multinacionais aspiram a explorar. Do urânio enriquecido saem as mais terríveis armas que a humanidade já conheceu e o combustível das usinas eletronucleares que, apesar das advertências dos ecologistas, estavam sendo construídas a ritmo acelerado nos Estados Unidos, Europa e Japão.



Obviamente, não seria justo culpar o Peru por isto. Os peruanos não criaram o colonialismo, o capitalismo e o imperialismo. Tampouco se pode culpar o povo dos Estados Unidos, que também é vítima do sistema que engendrou ali os políticos mais imprudentes que o planeta já conheceu.



Em 8 de abril último, os senhores do mundo deram à luz seu costumeiro informe anual sobre as violações dos "direitos humanos", que motivou uma aguda análise no site www.Rebelión.org, assinada pelo cubano Manuel E. Yepe, baseado na resposta do Conselho de Estado da China, enumerando fatos que demonstram a desastrosa situação de tais direitos nos Estados Unidos.



"…Os Estados Unidos são o país onde os direitos humanos são mais agredidos, tanto em seu próprio país como em todo o mundo, e são uma das nações que menos garantem a vida, a propriedade e a segurança pessoal de seus habitantes.



"Anualmente, uma em cada cinco pessoas é vítima de um crime, a taxa mais alta do planeta. Segundo dados oficiais, as pessoas com mais de 12 anos sofreram 4,3 milhões de atos violentos.



"A delinquência cresceu alarmantemente nas quatro maiores cidades do país (Filadélfia, Chicago, Los Ângeles e Nova Iorque) e se registraram notáveis aumentos em comparação com o ano anterior em outras megacidades (Saint Louis e Detroit).



"O Supremo Tribunal decidiu que a posse de armas para a defesa pessoal é um direito constitucional que não pode ser ignorado pelos governos estaduais. Noventa milhões dos 300 milhões de habitantes do país possuem 200 milhões de armas de fogo.



"No país, foram registrados 12 mil homicídios causados por armas de fogo, enquanto 47% dos roubos foram cometidos igualmente com o uso de armas desse tipo.



"À sombra da seção de "atividades terroristas" da Patriot Act, são práticas comuns a tortura e a extrema violência, para obter confissões de suspeitos. As condenações injustas se evidenciam em 266 pessoas, 17 delas já no corredor da morte, que foram absolvidas graças a exames de DNA.



"Washington advoga pela liberdade na Internet, para fazer da rede de redes uma importante ferramenta diplomática de pressão e hegemonia, mas impõe estritas limitações no ciberespaço em seu próprio território e trata de estabelecer um cerco legal para lidar com o desafio que representa Wikileaks e seus vazamentos.



"Com uma alta taxa de desemprego, a proporção de cidadãos estadunidenses que vive na pobreza alcançou um nível recorde. Um em cada oito cidadãos participou, no ano passado, dos programas de bônus para alimentos.



"O número de famílias acolhidas em centros para desamparados aumentou 7% e as famílias tiveram que permanecer mais tempo nos centros de acolhimento. Os delitos violentos contra estas famílias sem teto aumentam sem cessar.



"A discriminação racial permeia cada aspecto da vida social. Os grupos minoritários são discriminados em seus empregos, tratados de maneira indigna e não são levados em conta para promoções, benefícios ou processos de seleção de emprego. Um terço dos negros sofreu discriminação em seus lugares de trabalho, embora somente 16% se atrevesse a apresentar queixa.



"A taxa de desemprego entre os brancos é de 16,2%, entre hispânicos e asiáticos de 22% e entre os negros é de 33%. Os afro-americanos e os latinos representam 41% da população carcerária. A taxa de afro-americanos cumprindo prisão perpétua é 11 vezes mais alta que a dos brancos.



"Os 90% das mulheres sofreu discriminação sexual de algum tipo em seu local de trabalho. Vinte milhões de mulheres são vítimas de violação, quase 60 mil presas sofreram agressão sexual ou violência. A quinta parte das estudantes universitárias são agredidas sexualmente e 60% das violações nos campus universitários ocorrem nos dormitórios femininos.



"Nove em cada dez estudantes homossexuais, bissexuais ou transexuais sofrem assédio no centro escolar.



"O Informe dedica um capítulo a recordar as violações dos direitos humanos de que é responsável o governo dos Estados Unidos fora de suas fronteiras. As guerras do Iraque e do Afeganistão, dirigidas pelos EUA, causaram dados exorbitantes de vítimas entre a população civil destes países.



"As ações ‘antiterroristas’ dos EUA incluíram graves escândalos de abuso a prisioneiros, detenções indefinidas sem acusações ou julgamentos em centros de detenção como o de Guantánamo e outros lugares do mundo, criados para interrogar os denominados ‘presos de valor elevado’, onde se aplicam as piores torturas.



"O documento chinês também lembra que os EUA violaram o direito a existir e desenvolver-se da população cubana, sem acatar a vontade mundial expressa pela Assembleia-Geral da ONU, durante 19 anos consecutivos, sobre ‘A necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba’.



"Os EUA não ratificaram convenções internacionais sobre os direitos humanos, como o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher; a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Convenção sobre os Direitos da Criança.



"Os dados apresentados pelo governo chinês demonstram que o funesto histórico dos EUA neste terreno o desqualifica como ‘juiz dos direitos humanos no mundo’. Sua ‘diplomacia dos direitos humanos’ é pura hipocrisia de dois pesos e duas medidas, a serviço de seus interesses imperiais estratégicos. O governo chinês aconselha o governo dos EUA a tomar medidas concretas para melhorar sua própria situação nos direitos humanos, que examine e retifique suas atividades nesse campo e detenha seus atos hegemônicos que consistem em utilizar os direitos humanos para interferir nos assuntos internos de outros países."



O importante desta análise, a nosso juízo, é que se faça tal denúncia em um documento assinado pelo Estado chinês, um país de 1,34 bilhão de cidadãos, que possui 2 trilhões de dólares em suas reservas monetárias, sem cuja cooperação comercial o império afunda. Parecia-me importante que nosso povo conhecesse os dados precisos contidos no documento do Conselho de Estado chinês.



Se Cuba o dissesse, careceria de importância; levamos mais de 50 anos denunciando esses hipócritas.



José Martí tinha dito, há 116 anos, em 1895: "…o caminho que se há-de fechar, e o estamos fechando com nosso sangue, da anexação dos povos de nossa América ao Norte revolto e brutal que os despreza…"



"Vivi dentro do monstro, e conheço suas entranhas".



Fidel Castro Ruz



23 de abril de 2011



19h32



..........................................................................................................................................................



Um Gigante de seu tempo



A vida e obra de Vladimir Ilich Lênin são, por se próprias, alvo de admiração. Em um dia como hoje que comemoramos o seu 141º aniversário-natalício, os continuadores de suas ideias sentimos o orgulho de qualificá-las de imperecedouras, porque ele foi o fundador de uma nova época: impôs ao século 20 o selo infinito da era da revolução socialista ao quebrar o domínio dos exploradores na atrasada Rússia zarista e criar, com grande heroísmo e sacrifício, o primeiro estado de operários e camponeses na história, fato que precipitou o desenvolvimento acelerado dos movimentos revolucionários e libertadores em todo o planeta.



Num discurso por ocasião do natalício deste revolucionário exemplar, Fidel expressou:



"Lênin é desses casos humanos realmente excepcionais. A simples leitura de sua vida, de sua história e de sua obra, a análise mais objetiva da forma em que se desenvolveu seu pensamento e sua atividade ao longo de sua vida, fazem dele, ante os olhos de todos os humanos, um homem verdadeiramente — repito — excepcional.



Ninguém como ele, foi capaz de interpretar a profundidade e a essência e todo o valor da teoria marxista. Ninguém como ele, foi capaz de interpretar essa teoria e levá-la adiante até suas últimas consequências. Ninguém como ele, foi capaz de desenvolvê-la e enriquecê-la na forma em que ele o fez".



Entre as contribuições substanciais de Lênin ao marxismo e ao progresso da humanidade se destacam sua teoria do imperialismo como a última fase do desenvolvimento capitalista, a criação do Partido de novo tipo, a revolução socialista e a ditadura do proletariado, a relação indissolúvel entre a liberação nacional e a liberação social, os princípios da coexistência pacífica e a teoria sobre as vias de construção do socialismo.



Os inimigos também têm tentado demonizá-lo, mas ninguém poderá negar a dimensão histórica do pensamento e da ação de Vladimir Ilich lênin, um Gigante político de seu tempo.



..........................................................................................................................................................



Presidente haitiano condecora Brigada Médica Cubana



Juan Diego Nusa Peñalver, enviado especial



• Porto Príncipe. — O presidente haitiano René Préval, condecorou a Brigada Médica Cubana com a Ordem Nacional de Honra e Mérito, grau de "Grande Oficial", a máxima distinção desta nação caribenha, em reconhecimento a seu trabalho destacado na luta contra a epidemia de cólera, que permitiu salvar inúmeras vidas.



Em cerimônia efetuada num salão do Palácio Presidencial desta capital, o chefe de Estado haitiano entregou o honroso reconhecimento, na presença do ministro haitiano de Saúde Pública e População, Alex Larsen, outros integrantes do governo deste país e representantes de organismos internacionais e de organizações não-governamentais.



Este acontecimento teve lugar por ocasião de ser realizada uma avaliação após seis meses de iniciada a perigosa doença, que contagiou 280.450 pessoas, das quais 4.835 morreram.



O presidente haitiano salientou a atenção particular que nosso comandante-em-chefe presta à luta contra a cólera no Haiti, "tema ao qual Fidel dedicou várias de suas Reflexões", apontou.



Igualmente, elogiou o labor da Brigada Médica Cubana, que no momento mais difícil do enfrentamento à doença teve 1.300 membros nas comunidades mais afastadas.



Por seu lado, o doutor Somarriba López, ao agradecer a outorga da alta condecoração, manifestou que será transmitida a cada um dos cooperadores sanitários cubanos e, especialmente, ao companheiro Fidel.



Até a segunda-feira, dia 18, os médicos cubanos salvaram desta doença da cólera 73.431 haitianos, com uma baixa taxa de letalidade, 0,37 %, enquanto os centros sob sua responsabilidade não noticiaram mortos por 90 dias consecutivos. •



..........................................................................................................................................................



Mensagem de Hu Jintao a Fidel



Beijing, 19 de abril de 2011

Havana



Querido companheiro Fidel Castro Ruz:



Por ocasião do sucesso do encerramento do 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba, em nome do Comitê Central do Partido Comunista da China e no meu próprio, expresso-lhe sincero respeito e uma cordial saudação.



O 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba, que teve lugar no âmbito da celebração do 50º aniversário da proclamação do caráter socialista da Revolução cubana, foi um Congresso que herda o passado e se projeta rumo ao futuro. Durante os 50 anos decorridos, como fundador e promotor da Revolução e construção de Cuba, sem temer das pressões estrangeiras, o senhor tem dirigido o povo cubano para salvaguardar a soberania e dignidade nacional, persistindo firmemente no caminho socialista, colhendo êxitos na construção socialista que têm atraído a atenção de todos. Por tal motivo, o senhor tem ganho não só o respeito e o apoio do povo cubano, mas também a admiração de todos os povos do mundo.



O senhor é um eminente revolucionário, ideólogo, estrategista e estadista. Há 51 anos, num comício que reuniu um milhão de cubanos, realizado na Praça da Revolução em Havana, declarou decididamente o estabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e a República Popular da China, fato que tornou Cuba o primeiro país na América Latina em estabelecer essas relações, abrindo uma nova era nos vínculos sino-cubanos e sino-latino-americanos. O senhor sempre tem lutado a favor da amizade Cuba-China, acompanha de perto o processo de desenvolvimento da China e nos tem oferecido ajuda e apoio fraternos, fazendo importantes contribuições para o constante desenvolvimento da amizade e cooperação entre ambos os Partidos e nações. Hoje em dia, nos satisfaz constatar que a amizade sino-cubana, iniciada e cultivada conjuntamente pelos companheiros Mão Zedong, Deng Xiaoping, Jiang Zemin, o senhor, Raúl e os demais companheiros dirigentes, enraizou profundamente no coração dos nossos povos, iniciando um novo período de desenvolvimento integral.



Atualmente, tanto a China como Cuba estão numa etapa crucial de desenvolvimento. Tenho a certeza de que sob a liderança do companheiro Raúl Castro Ruz, a Revolução e construção socialistas de Cuba atingirão novos sucessos. Desejaria aproveitar a oportunidade para reiterar que qualquer que fossem as mudanças na situação internacional, o Partido e o governo chineses persistiremos na amizade duradoura com Cuba, apoiaremos como sempre ao povo cubano em sua luta justa para salvaguardar a soberania nacional e opor-se à intervenção estrangeira, apoiaremos a Cuba a explorar o caminho de desenvolvimento socialista que corresponda a suas realidades nacionais, continuaremos ajudando ao desenvolvimento sócio-econômico de Cuba dentro do nosso alcance, e fortaleceremos os laços de amizade e cooperação entre os dois Partidos e países.



Desejo-lhe muita felicidade e boa saúde.



Hu Jintao

Secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China





--------------------------------------------------------------------------------



Nota da redação:

Na edição da sexta-feira, o jornal Granma publicará a carta enviada pelo secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China, Hu Jintao, e pelo secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista do Vietnã, Nguyen Phu Trong ao general-de-exército Raúl Castro Ruz •



..........................................................................................................................................................



É preciso que nos concentremos em seguida no cumprimento dos acordos deste Congresso, sob um denominador comum em nossa conduta: ordem, disciplina e exigência.



• Discurso proferido pelo primeiro-secretário do Comitê Central do Partido, Raúl Castro Ruz, no encerramento do 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba, no Palácio dos Congressos, em 19 de abril de 2011



Querido Fidel:



Querida Nemesia:



Queridos companheiras e companheiros:



Estamos chegando ao final do Congresso, depois de intensas jornadas onde os comunistas cubanos debatemos e aprovamos as Diretrizes da Política Econômica e Social do Partido e da Revolução, o Relatório Central e várias resoluções sobre os principais assuntos analisados.



Considero que a maneira mais digna e, ao mesmo tempo, produtiva, de comemorar o 50º aniversário da vitória sobre a invasão mercenária na Baía dos Porcos, um dia como hoje, em 19 de abril de 1961, é precisamente ter efetuado este extraordinário Congresso do Partido, reunião que termina depois de mais de cinco meses do início das discussões das Diretrizes, processo profundamente democrático e transparente, no qual o povo foi o indiscutível protagonista, sob a direção do Partido.



Desejo, em nome dos quase 800 mil militantes comunistas, dos mil delegados ao Congresso, da nova direção de nossa organização e, particularmente, de Fidel Castro Ruz, felicitar todas as cubanas e cubanos por sua participação decisiva no debate e pela indubitável demonstração de apoio à Revolução, sendo para nós um motivo de satisfação e, o mais importante, uma responsabilidade e compromisso superiores para conseguirmos, com o apoio de todos, a atualização do modelo econômico a fim de garantir o caráter irreversível do socialismo em Cuba.



Já expressei no Relatório Central que nenhum de nós pensa que as Diretrizes e as medidas ligadas a elas sejam, de per si, a solução de todos os problemas existentes. Para ter sucesso nesta questão estratégica e em outras, é preciso que nos concentremos em seguida no cumprimento dos acordos deste Congresso, sob um denominador comum em nossa conduta: ordem, disciplina e exigência.



A atualização do modelo econômico não é milagre que vai acontecer do dia para a noite, como alguns pensam. Tal atualização será realizada gradativamente no decurso do quinquênio, pois é um trabalho que se deve fazer pormenorizadamente, de maneira planejada e coordenada, tanto do ponto de vista jurídico quanto da preparação minuciosa de todos os que tenham a ver com sua execução.



Além disso, será necessário desenvolver um intenso trabalho de divulgação na população a respeito de cada medida que adotemos e, ao mesmo tempo, fincar bem os pés na terra e prestar muita atenção para ultrapassar os obstáculos com que nos deparemos e retificar rapidamente os erros que se cometerem em sua aplicação.



Temos certeza de que o principal inimigo que enfrentamos e enfrentaremos são nossas próprias deficiências e que, portanto, uma tarefa de larga envergadura para o futuro da nação não admitirá improvisações nem pressa. Não deixaremos de fazer as mudanças necessárias, como nos indicou Fidel em sua Reflexão de ontem, que faremos ao ritmo que as circunstâncias objetivas exijam e sempre com o apoio e a compreensão da cidadania, sem nunca pormos em risco nossa arma mais poderosa, a unidade da nação em torno à Revolução e seus programas. Sem o mais mínimo afã de chauvinismo, considero que Cuba é um dos poucos países do mundo que têm condições para modificar seu modelo econômico e sair da crise sem sequelas sociais, porque, em primeiro lugar, temos um povo patriótico, que é poderoso pela força que representa sua unidade monolítica, a justeza de sua causa e preparação militar, com elevada instrução e orgulhoso de sua história e raízes revolucionárias.



Avançaremos determinados, apesar do bloqueio norte-americano e das adversas condições predominantes no mercado internacional, expressas, entre outras, nas restrições ao acesso de Cuba a fontes de financiamento e na espiral dos preços do petróleo, que inclui o resto das matérias-primas e os alimentos. Em poucas palavras, tudo que adquirimos no exterior encarece.



Nos primeiros meses de 2011 e segundo dados recentes, o custo adicional das importações do ano já atingem mais de US$ 800 milhões, só pelo aumento dos preços, para adquirir os mesmos volumes previstos, fato que, mal o Congresso acabe, nos obrigará a fazer modificações ao plano aprovado em dezembro do ano passado.



Neste momento, a poupança de recursos de todo o tipo continua sendo uma das fontes principais de receitas do país, pois ainda existem gastos irracionais e muitas maneiras de sermos eficientes que devemos explorar com muito senso comum e sensibilidade política.



Apesar do aceitável comportamento até hoje da entrega de terras improdutivas em usufruto, sob o abrigo do Decreto-Lei 259 de 2008, ainda existem milhares de hectares de terras sem cultivar plantas, das quais se obtêm os frutos de que tanto demanda a população e a economia nacional e que podemos colher em nossos campos para substituir as cada vez mais custosas importações de muitos produtos, que hoje beneficiam fornecedores estrangeiros, em lugar de nossos camponeses.



A primeira coisa que devemos fazer é cumprir o que recentemente aprovamos neste evento e, por isso, não é um acaso a decisão de que o Comitê Central examine em suas reuniões plenárias, pelo menos duas vezes por ano, o cumprimento dos acordos do Congresso, particularmente o andamento da atualização do modelo econômico e a execução do plano da economia.



Nesse sentido, é bom destacar a envergadura da tarefa encomendada à Comissão Permanente do Governo para a Implementação e Desenvolvimento, que dirigirá harmonicamente os esforços e ações dos organismos e entidades nacionais envolvidos na atualização do modelo econômico, com o apoio, particularmente, do Ministério da Economia e Planjamento, que é o Estado-Maior do governo para esta atividade.



Por outro lado, nossos deputados terão mais trabalho pela frente, pois as Diretrizes aprovadas pelo Congresso serão submetidas à análise da Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento), para a ratificação legislativa nos sucessivos períodos de sessões, assim que formos terminando a elaboração das diretrizes legais correspondentes.



Como vocês escutaram, o Congresso resolveu convocar, para 28 de janeiro do ano próximo, data em que se comemora o 159º aniversário natalício de José Martí, a Conferência Nacional, que será na praxe a continuação do 6º Congresso, dedicada a avaliar com realismo e espírito crítico o trabalho do Partido e também precisar as modificações necessárias para este exercer o papel correspondente de força dirigente superior da sociedade e do Estado, em virtude do artigo 5 da Constituição da República.



Da mesma maneira, decidimos conferir a esta Conferência faculdades para atualizar os métodos e estilo de trabalho, estruturas e política de dirigentes, incluindo ampliar e renovar o Comitê Central.



Como se expressa em sua convocatória, a Conferência Nacional será presidida pela determinação de "mudar tudo que dever ser mudado", contida na brilhante definição do conceito Revolução feita por Fidel.



Para ter sucesso, a primeira coisa que temos obrigação de mudar na vida do Partido é a mentalidade que, como barreira psicológica, em minha opinião, é no que mais vamos demorar, pois está sujeita a velhos dogmas e critérios obsoletos. Além disso, será imprescindível retificar erros e criar, com base na racionalidade e firmeza de princípios, uma visão integral de futuro em prol da preservação e desenvolvimento do socialismo nas atuais circunstâncias.



Quanto à política dos dirigentes, com a eleição do novo Comitê Central, do Secretariado e do Bureau Político, apresentados hoje, de manhã, demos o primeiro passo para cumprir o acertado no Congresso, muito especialmente no que diz respeito ao início de um processo gradual de renovação e rejuvenescimento da cadeia de cargos políticos e estatais, ao passo que melhorou consideravelmente a composição racial e de gênero.



O Comitê Central é composto por 115 membros, dos quais, 48 são mulheres, isto é 41,7%, com o qual se triplicou o número atingido no Congresso anterior, que foi de 13,3%. O número de negros e mestiços é de 36, crescendo em 10% sua representação, que agora é de 31,3%.



Este resultado, que repito, é um primeiro passo, não é fruto da improvisação. Há vários meses que o Partido trabalha profundamente nesse sentido visando formar uma candidatura que tivesse em conta a necessidade de alcançar cifras razoáveis de gênero e de raça entre os membros do Comitê Central.



Da gigantesca fonte de formados universitários e especialistas qualificados pela Revolução, foram selecionados seus membros. São filhos da classe operária, surgidos das entranhas mais humildes do povo, com uma vida política ativa nas organizações estudantis, na União dos Jovens Comunistas (UJC) e no Partido; jovens que em sua maioria, têm mais de 10, 15 ou 20 anos de experiência na base, sem deixar de trabalhar nas profissões em que se formaram e quase todos foram propostos pelos grupos de base da organização em que militam como parte do processo de preparação do Congresso.



Cabe a nós acompanhá-los de perto para que continuem sua formação, a fim de prepará-los para que futuramente possam ocupar mais altas responsabilidades.



Na integração dos órgãos superiores do Partido, apesar da saída de 59 membros do Comitê Central, metade de seus membros efetivos, maioria deles com uma excelente folha de serviços prestados à Revolução, ficamos vários veteranos da geração histórica e é lógico que seja assim, como uma das consequências dos erros cometidos nesse âmbito, criticadas pelo Relatório Central, que nos impediu contar hoje com a reserva de substitutos com a bastante experiência para assumir os principais cargos do país.



Por conseguinte, continuaremos tomando providências similares nesta decisiva direção durante a próxima Conferência Nacional do Partido e na vida diária de nossa atividade partidária, governamental e estatal.



Fidel Castro Ruz, fundador e comandante-em-chefe da Revolução Cubana, foi para nós o primeiro exemplo de atitude consequente neste sentido, pois solicitou expressamente não ser incluído na candidatura do Comitê Central.



Fidel é Fidel e não precisa de nenhum cargo para ocupar, para sempre, um lugar de destaque na história, no presente e no futuro da nação cubana. Enquanto tiver forças para fazê-lo, e felizmente está na plenitude de seu pensamento político, como militante do Partido e soldado das ideias, continuará contribuindo para a luta revolucionária e os propósitos mais nobres da Humanidade.



De minha parte, assumo minha última tarefa com a firme convicção e compromisso de honra de que o primeiro secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba tem como missão principal e sentido de sua vida: defender, preservar e continuar aperfeiçoando o socialismo e jamais permitir o retorno do regime capitalista.



No Bureau Político, como poderão observar, vê-se uma adequada proporção de chefes principais das Forças Armadas Revolucionárias (FARs). É lógico que seja assim, o qual fundamento citando as palavras de Fidel Castro no Relatório Central ao 1º Congresso do Partido:



"O Exército Rebelde foi a alma da Revolução. De suas armas vitoriosas emergiu livre, bela, majestosa e invencível a pátria nova...Quando se fundou o Partido... nosso exército, por sua vez, herdeiro do heroísmo e da pureza patriótica do Exército Libertador e continuador vitorioso de suas lutas, depositou em suas mãos as bandeiras da Revolução e foi a partir desse momento e para sempre seu mais fiel, disciplinado, humilde e incomovível seguidor". Fim da citação.



Tenho razões demais para proclamar que as Forças Armadas Revolucionárias, das quais tenho o orgulho de ter sido ministro durante quase 49 anos, jamais renunciarão a cumprir esse papel a serviço da defesa do povo, do Partido, da Revolução e do Socialismo.



No fato de ser membro do Comitê Central, embora até agora tenha sido um reconhecimento à trajetória de luta dos eleitos, o qual foi justo, a partir deste momento deverá predominar o conceito de que, na essência, essa categoria representa uma grande responsabilidade diante do Partido e do povo, pois entre cada congresso, o Comitê Central é o organismo superior de direção partidário e tem, segundo os estatutos, diversas faculdades no controle da aplicação da política traçada e dos programas de desenvolvimento econômico e social do país, bem como na política dos dirigentes, no trabalho ideológico e outros.



Consoantemente com isso, é necessária a constante preparação e superação de seus membros, pois temos por objetivo utilizar ativamente o Comitê Central na materialização dos acordos do Congresso, como fórum para analisar, em conjunto, sem formalismos, os principais temas da vida do Partido e da nação.



Também faremos a mesma coisa no Bureau Político, como lhe cabe, por ser o organismo superior de direção entre as reuniões plenárias do Comitê Central.



O Bureau Político é composto de 15 membros, reduzindo-se em comparação com o anterior — que tinha 24 membros —, cifra que na prática se demonstrou que era excessiva. Agora entraram três novos companheiros: a primeira secretária do Comitê Provincial do Partido em Havana, Mercedes López Acea; o vice-presidente do Conselho de Ministros e chefe da Comissão Permanente do Governo para a Implementação e Desenvolvimento, Marino Murillo Jorge e o recém-eleito ministro de Economia e Planejamento, Adel Yzquierdo Rodríguez.



Estas promoções não são casuais, no primeiro caso é devida à prioridade dada pelo Partido a seu trabalho na capital, de mais de dois milhões de habitantes e, nos demais, tem a ver com a significação estratégica da atualização do modelo econômico e ao desenvolvimento da economia nacional.



Vamos manter a prática útil de reunir de conjunto, cada semana, a Comissão do Bureau Político com o Comitê Executivo do Conselho de Ministros, para examinarmos os assuntos fundamentais da vida nacional, ao passo que continuaremos propiciando a participação mensal nas sessões do Conselho de Ministros, segundo os temas em debate e como convidados, os membros do Bureau Político e do Secretariado do Comitê Central, do Conselho de Estado e da presidência da Assembleia Nacional; os dirigentes da Central dos Trabalhadores de Cuba (CTC), demais organizações de massa e da União dos Jovens Comunistas (UJC), bem como os primeiros secretários dos comitês provinciais do Partido e os presidentes dos Conselhos da Administração Provincial.



Este método demonstrou sua eficácia para transmitir, sem intermediários, informações indispensáveis e orientações aos principais dirigentes do país para o desempenho de suas responsabilidades.



Finalmente, todos nós sabemos da importância histórica para o destino da Revolução a esmagadora derrota da invasão mercenária na Baía dos Porcos, como resultado da firme, incessante e decidida ação dos nossos combatentes que, sob o comando direto do comandante-em-chefe Fidel Castro, que esteve o tempo todo no campo de operações onde se travavam as ações combativas, venceram, em menos de 72 horas, a tentativa do governo dos EUA de criar uma cabeça-de-praia num afastado canto da pátria, para onde pretendiam levar depois, de uma base militar na Florida, um governo fantoche que solicitasse à Organização dos Estados Americanos (OEA) a intervenção militar de forças norte-americanas, situadas em águas muito próximas, acompanhando o contingente mercenário desde sua saída das costas centro-americanas, como já tinham feito na Guatemala, em 1954, sete anos antes, quando derrubaram o governo progressista de Jacobo Arbenz.



Vale a pena repetir nesta ocasião as palavras de Fidel no 15º aniversário da vitória, em 19 de abril de 1976, quando expressou: "A partir de Girón, todos os povos da América foram um pouco mais livres", fim da citação.



Em Girón foi usado, pela primeira vez, em defesa do socialismo em Cuba o armamento fornecido pela União Soviética poucos meses antes, sem apenas tê-lo podido assimilar completamente. É justo, um dia como hoje, reconhecer que, sem a ajuda do povo russo, a Revolução não tivesse podido sobreviver nos primeiros anos diante das crescentes e constantes agressões do imperialismo, por tal motivo, somos eternamente gratos a ele.



Nossa gratidão, um dia como hoje, aos atuais países socialistas por sua cooperação e apoio em todos estes anos de batalhas difíceis e de sacrifícios.



Os povos irmãos do Terceiro Mundo, especialmente os da América Latina e do Caribe, empenhados em transformar a herança de séculos de dominação colonial, sabem que sempre poderão contar com nossa solidariedade e apoio.



Uma calorosa saudação fraternal aos partidos comunistas e demais forças progressistas de todo o planeta, que lutam sem cessar, a partir da firme convicção de que um mundo melhor é possível.



Também desejo expressar o reconhecimento do povo cubano a todos os governos que, ano após ano, reclamam com seu voto e sua voz, nas Nações Unidas, o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos a Cuba.



Finalmente, transmitimos também nosso agradcimento a todos aqueles que, de uma maneira ou outra, tiveram a ver com a organização e provisões deste Congresso.



Creio que não há maneira melhor de comemorar o 50º aniversário do Dia da Vitória na Baía dos Porcos, que encerrar este histórico Congresso do Partido com o simbolismo do poema Elegía de los Zapaticos Blancos, do Indio Naborí, declamado vibrantemente pelo ator Jorge Ryan e as emotivas palavras de Nemesia, a menina carvoeira que viu morrer indefensa sua mãe e os ferimentos causados a sua avó e dois irmãos pela ação assassina de aviões pintados com a bandeira cubana e cujos sapatos brancos, estragados pela metralha inimiga, são expostos no museu Playa Girón, como prova material de que a Revolução se mantém vitoriosa 50 anos depois, prestando honra aos tombados.





Muito obrigado



..........................................................................................................................................................



Comitê Central do Partido eleito no 6º Congresso



Bureau Político



Primeiro-secretário: general-de-exército Raúl Castro Ruz



presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros



Segundo-secretário: José Ramón Machado Ventura



Primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros



Comandante da Revolução Ramiro Valdés Menéndez



Vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros



General-de-corpo-de-exército Abelardo Colomé Ibarra



Ministro do Interior (Segurança)



General-de-corpo-de-exército Julio Casas Regueiro



Ministro das Forças Armadas Revolucionárias



Esteban Lazo Hernández



Vice-presidente do Conselho de Estado



Ricardo Alarcón de Quesada



Presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular



Miguel Díaz-Canel Bermúdez



Ministro do Ensino Superior



general-de-corpo-de-exército Leopoldo Cintra Frías



Vice-ministro primeiro do ministério das Forças Armadas Revolucionárias



General-de-corpo-de-exército Ramón Espinosa Martín



Vice-ministro das Forças Armadas Revolucionárias



General-de-corpo-de-exército Álvaro López Miera



Vice-ministro das Forças Armadas Revolucionárias e chefe do Estado Major General



Salvador Valdés Mesa



Secretário-geral da Central dos Trabalhadores de Cuba



Mercedes López Acea



Primeira-secretária do Comitê Provincial do Partido em Havana



Marino Murillo Jorge



Vice-presidente do Conselho de Ministros



Adel Yzquierdo Rodríguez



ministro de Economia e Planejamento



Secretariado



José Ramón Machado Ventura



Esteban Lazo Hernández



Abelardo Álvarez Gil – chefe do departamento de Política de Quadros do Comitê Central do Partido.



José Ramón Balaguer Cabrera – chefe do departamento das Relações Internacionais do Comitê Central do Partido



Víctor Gaute López – membro do Comitê Central do Partido



Olga Lidia Tapia Iglesias – membro do Comitê Central do Partido



Misael Enamorado Dáger – membro do Comitê Central do Partido



Outros membros:



Misleydi Abad Modey – quadro profissional da União dos Jovens Comunistas em Ciego de Ávila



General-de-divisão Onelio Aguilera Bermúdez – chefe do Exército Oriental das Forças Armadas Revolucionárias



Liudmila Álamo Dueñas – primeira-secretária do Comitê Nacional da União dos Jovens Comunistas



Rolando Alfonso Borges – chefe do Departamento Ideológico do Comitê Central do Partido



Carmen Alfonso Oceguera – auditora fiscal chefa da Auditoria Fiscal Provincial em Matanzas



Celis Álvarez Oliva – diretora municipal de Educação em Holguín



Teresa Amarelle Boué – primeira-secretária do Comitê Provincial do Partido em Las Tunas



General-de-divisão Leonardo Andollo Valdés – segundo chefe do Estado Major General e chefe da Direção das Operações das Forças Armadas Revolucionárias



Regla Angulo Pardo – diretora da Direção Provincial de Saúde Pública em Villa Clara



Mayra Arevich Marín – vice-presidenta nacional da Etecsa para atender a Havana.



Miguel Barnet Lanza – presidente da União Nacional dos Escritores e Artistas de Cuba



General-de-corpo-de-exército Sixto Batista Santana – secretário executivo da Comissão de Defesa e Segurança Nacional do Comitê Central do Partido



Gladys Bejerano Portela – auditora fiscal geral da Auditoria Geral da República de Cuba



Aida Rosa Brown Ramírez – especialista da Empresa de Fornecimentos do Níquel em Moa, Holguín



Lidia Esther Brunet Nodarse – membro profissional do Bureau Executivo do Comitê Provincial do Partido em Cienfuegos



Ana Bueno Guzmán – presidenta da Cooperativa de Produção Agropecuária "Cuba Socialista" em Madruga, Mayabeque



Miguel Mario Cabrera Castellanos – funcionário do Comitê Central do Partido



Julio Camacho Aguilera – diretor do Gabinete de Desenvolvimento Integral da Península Guanahacabibes, em Pinar del Río



Alina Belkis Cárdenas Díaz – funcionária do Partido na Missão Cubana no Haiti



Arairis Cardoso Figueredo – primeira-secretária do Comitê Municipal do Partido em Esmeralda, Camaguey



General-de-divisão José Carrillo Gómez – chefe da Direção Política das Forças Armadas Revolucionárias



Rosa Amalia Castillo Salazar – coordenadora provincial dos Comitês de Defesa da Revolução (CDRs) em Santiago de Cuba



Inés María Chapman Waugh – presidenta do Instituto Nacional dos Recursos Hidráulicos



Faure Chomón Mediavilla – assessor do presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular



Oneida Ciprián Lazaga – especialista na bateria de geradores a partir de óleo combustível em Chambas, Ciego de Ávila



Marcia Cobas Ruiz – vice-ministra do Ministério da Saúde Pública



Gustavo Cobreiro Suárez – reitor da Universidade de Havana



María del Carmen Concepción González – ministra do Ministério da Indústria Alimentar



Jaime Crombet Hernández-Baquero – vice-presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular



Jorge Cuevas Ramos – primeiro-secretário do Comitê Provincial do Partido em Holguín



Yanina de la Nuez Aclich – primeira-secretária do Comitê Municipal do Partido em San José de las Lajas, Mayabeque



Caridad Diego Bello – chefa do gabinete para a Atenção dos Assuntos Religiosos do Comitê Central do Partido



Lázaro Expósito Canto – primeiro-secretário do Comitê Provincial do Partido em Santiago de Cuba



José Ramón Fernández Alvarez – vice-presidente do Comitê Executivo do Conselho de Ministros



Marcia Fernández Andreu – vice-chefa da secretaria do Conselho de Ministros



General-de-divisão Carlos Fernández Gondín – vice-ministro primeiro do ministério do Interior



Yolanda Ferrer Gómez – secretária-geral da Federação das Mulheres Cubanas



Vice-almirante Julio César Gandarilla Bermejo – chefe de direção nas Forças Armadas Revolucionárias



Yamilet García Fernández – primeira-secretária do Comitê Municipal do Partido em Venezuela, Ciego de Ávila



Comandante da Revolução Guillermo García Frias – diretor da Empresa Nacional para a Proteção da Flora e a Fauna



Julio César García Rodríguez – primeiro-secretário do Comitê Provincial do Partido em Camagüey



Yadira Gázquez Camejo – diretora-geral do hospital "Comandante Pinares" em San Cristóbal, Artemisa



Yolexis Guerra Gómez – diretora da Empresa Açucareira "Siboney" em Sibanicú, Camagüey



Jorge Luis Guerrero Almaguer – chefe da Direção de Quadros do Estado e do governo



Ulises Guilarte De Nacimiento – primeiro-secretário do Comitê Provincial do Partido em Artemisa



Armando Hart Dávalos – diretor do Gabinete do Programa Martiano e presidente da Sociedade Cultural "José Martí"



Melba Hernández Rodríguez del Rey – membro do Comitê Central do Partido



Olga Lidia Jones Morrinson – presidenta do Tribunal Provincial Popular em Villa Clara



Annia Ladrón de Guevara Casals – médico especialista no hospital "Juan Manuel Márquez", Havana



Eusebio Leal Spengler – historiador de Havana



Tania León Silveira – presidenta da Assembleia Provincial do Poder Popular em Matanzas



Roberto López Hernández – Funcionário do Comitê Central do Partido



Orlando Lugo Fonte – presidente da Associação Nacional dos Pequenos Agricultores



General-de-divisão Antonio Lussón Batlle – vice-presidente do Conselho de Ministros



Rodrigo Malmierca Díaz – ministro do Comércio Externo e do Investimento Estrangeiro



Ana María Mari Machado – vice-presidenta do Supremo Tribunal Popular



General-de-divisão Rubén Martínez Puente – diretor-geral da União Agropecuária Militar das Forças Armadas Revolucionárias



Zoraida Medina Font – chefa de brigada na Unidade de Móveis para Escritórios, RETOMED, em Santiago de Cuba



Ernesto Medina Villaveirán – presidente do Banco Central de Cuba



General-de-divisão José Julián Milián Pino – vice-ministro do ministério do Interior



José Miyar Barruecos – ministro do ministério da Ciência,Tecnologia e Meio Ambiente



José Ramón Monteagudo Ruiz – primeiro-secretário do Comitê Provincial do Partido em Cienfuegos



general-de-divisão Lucio Morales Abad – chefe do Exército Ocidental das Forças Armadas Revolucionárias



Roberto Morales Ojeda – ministro do Ministério da Saúde Pública



Miosotys Moreno Delgado – vice-diretora de Economia da Direção Provincial de Saúde Pública em Matanzas



Miladys Orraca Castillo – diretora do Centro Provincial de Genética Médica em Pinar del Río



General-de-divisão Ramón Pardo Guerra – chefe do Estado Major Nacional da Defesa Civil



Nayla Patterson Prieto – professora da escola de ensino primário "Invasión a Las Villas" em Guira de Melena, Artemisa



Lina Pedraza Rodríguez – ministra do ministério das Finanças e Preços



Yamila Peña Ojeda – promotora chefa da procuradoria provincial em Havana



Santiago Pérez Castellanos – chefe do Departamento Agroalimentar do Comitê Central do Partido



Sonia Virgen Pérez Mojena – primeira-secretária do Comitê Municipal do Partido em Bayamo, Granma



Elba Rosa Pérez Montoya – chefa do departamento de Ciências do Comitê Central do Partido



General-de-corpo-de-exército Joaquín Quintas Sola – vice-ministro do ministério das Forças Armadas Revolucionárias



Iris Quiñones Rojas – vice-ministra do ministério da Indústria Alimentar



Olga Lidia Ramírez González – primeira-secretária do Comitê Municipal do Partido em Martí, Matanzas



Esperanza Recio Socarrás – diretora provincial do Gabinete Nacional da Administração Tributária em Guantánamo



Amado Ricardo Guerra – secretário do Comitê Executivo do Conselho de Ministros



Jorge Risquet Valdés-Saldaña – membro do Comitê Central do Partido



General-de-divisão Samuel Rodiles Planas – vice-presidente primeiro da Associação de Combatentes da Revolução Cubana



Yudí Rodríguez Hernández – primeira-secretária do Comitê Municipal do Partido em Sagua la Grande, Villa Clara



General-de-divisão Raúl Rodríguez Lovaina – chefe do Exército Central das Forças Armadas Revolucionárias



Luis Alberto Rodríguez López-Calleja – presidente executivo do Grupo de Administração Empresarial das Forças Armadas Revolucionárias



Adolfo Rodríguez Nodals – diretor do Instituto de Pesquisas Fundamentais da Agricultura Tropical



Bruno Rodríguez Parrilla – ministro do ministério das Relações Exteriores



Ramón Romero Pérez – presidente da Cooperativa de Produção Agropecuária "Primer Soviet de América", em Bayamo, Granma



Liz Belkis Rosabal Ponce – diretora do Laboratório de Combustão da Empresa de Engenharia e Projetos da Eletricidade em Cienfuegos



Ulises Rosales del Toro – vice-presidente do Conselho de Ministros



Omar Ruiz Martín – primeiro-secretário do Comitê Provincial do Partido em Matanzas



General-de-divisão Romárico Sotomayor García – chefe da Direção Política do ministério do Interior



Bárbara Tandrón Negrín – reitora da Escola Internacional de Educação Física e Esportes



Jorge Luis Tapia Fonseca – primeiro-secretário do Comitê Provincial do Partido m Ciego de Ávila



Luis Torres Iríbar – primeiro-secretário do Comitê Provincial do Partido em Guantánamo



Alina Vicente Gainza –vice-auditora-geral da Auditoria Geral da República de Cuba



Josefina Vidal Ferreiro – diretora da Direção da América do Norte do ministério das Relações Exteriores



..........................................................................................................................................................



Emotivas palavras de Nemesia



Compatriotas:



Eu sou Nemesia, a dos Sapatinhos Brancos. Cinquenta anos depois, ainda lembro os tristes dias de abril de 1961.



Nosso querido Fidel já se tinha reunido com os carvoeiros no Natal de 1959 e a vida havia começado a melhorar no Pantanal de Zapata.



Vêm a minha memória nomes muito queridos, como o de Célia, minha madrinha inesquecível, e o do Indio Naborí, sempre tão meigo.



Um dia, tudo mudou por causa do ataque dos ianques. Lembro onde eu me encontrava exatamente. Estava na rodovia rumo a Jagüey Grande. Eu ia com minha mãe na traseira de um caminhão, junto com minhas duas avós, meu pai, meu irmão Cruz, o caçula, e também o mais velho. Além disso, minha cunhada, os filhos deles e uma prima...



Nestes 50 anos, todos os dias da minha vida, vejo a mesma cena, como um filme reprisado em minha cabeça. Vejo o avião aproximando-se de nós e minha mãe tentando nos proteger com seus braços e depois a vejo tombar crivada pela metralha do avião dos invasores. Minha avó e meus irmãos foram também feridos.



Eu nunca conseguirei perdoar os que fizeram isso com minha mãe, minha avó e os meus irmãos. Não tenho sede de vingança, mas também não posso esquecer que, com apenas 13 anos de idade, mataram minha felicidade. Minha família conseguiu ir para frente, graças à Revolução.



Meus seis irmãos e eu continuamos a morar no Pantanal de Zapata, onde nasceram meus dois filhos Nery e Felipe. Tenho três netos, para mim, umas belezinhas.



Participo das atividades que posso ir e explico a quem quiser saber que era e que é o Pantanal de Zapata, a fim de que compreendam bem o que afirma um outdoor colocado na entrada do meu município: TUDO QUE AQUI VOCÊ VEJA É OBRA DA REVOLUÇÃO.



Com ela, foi que pude ter meus sapatinhos brancos, frequentar a escola e aprender a ler e a escrever, como outras muitas meninas pobres na Cuba daquele tempo.



Por isso, eu não posso deixar de amar e agradecer à Revolução, a Fidel, a Raúl e ao povo miliciano que me defendeu dos mercenários mandados aqui pelos ianques.



Hoje, que vivo feliz com minha família e com 63 anos, minha maior satisfação é voltar ao mato para sonhar e lembrar minhas raízes.



Foi um presente inesperado o fato de que me convidassem a este histórico Congresso e poder compatilhar meus sentimentos com vocês.



Sempre estarei aqui, pronta para continuar defendendo a liberdade e a justiça em nossa pátria.



Muito obrigada.



..........................................................................................................................................................



O voto da humildade



Alberto Núñez Betancourt



NEM sequer ele esperava ser delegado ao 6º Congresso do Partido que encerrou há pouco. Sem acreditar que merecia honras, considera esse fato uma distinção que lhe fizeram os militantes comunistas de Santiago de Cuba.



O militante Fidel Castro, com modéstia singular, acompanhou de perto cada pormenor do encontro. E por volta do meio-dia da segunda-feira, 18 de abril recebeu, das mãos do ajudante de Raúl Castro, o boletim de voto que continha a lista de membros do Comitê Central. Justamente às 12h57, exerceu seu direito ao voto, para oferecer mais uma lição de disciplina e humildade.



Fê-lo em prol da unidade que sempre defendeu, como princípio básico da Revolução este soldado das ideias, como ele mesmo preferiu chamar-se, a partir do Proclama de 31 de julho de 2006, quando delegou todos os cargos no Partido, no Estado, no governo. Tamanha grandeza dispensa qualquer título ou nome.



E assim frisava Raúl nas palavras finais: "Fidel é Fidel e não precisa de cargo algum para ocupar, para sempre, um lugar de destaque na história, no presente e no futuro da nação cubana".



Com total inteireza, como quem leva bem fundo no peito essa máxima martiana enunciada muitas vezes: "Toda a glória do mundo cabe em um grão de milho", o líder da Revolução irrompeu na sessão final da memorável reunião. A admiração dos presentes em face da virtude e modéstia demonstradas veio logo à tona. Muitos olhos ficaram encharcados pelas lágrimas no salão plenário do Palácio das Convenções, e ainda em inúmeros lares cubanos.



E pareciam não ter fim aqueles aplausos, os mais extensos que escutei na minha vida.