segunda-feira, 9 de agosto de 2010

EMPRAZAMENTO AO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS

Reflexões do companheiro Fidel



Há vários dias foi publicado um artigo que continha realmente muitos fatos relacionados com o derramamento de petróleo acontecido há 105 días.

O Presidente Obama autorizou essa perfuração confiante na capacidade da tecnologia moderna para a produção de petróleo, que ele desejava possuir em abundância e libertar os Estados Unidos da dependência dos fornecimentos exteriores desse vital produto para a actual civilização. Seu excessivo consumo já tinha suscitado o protesto enérgico dos ambientalistas.

Nem o próprio George W. Bush atreviu-se a dar esse passo devido às amargas experiências sofridas em Alaska com um navio-tanque que transportava petróleo extraído dali.

Teve lugar o acidente na procura do produto desejado desesperadamente na sociedade consumista, que as novas gerações herdaram daquelas que a precederam, com a diferença de que agora tudo marcha à velocidade jamais atingida.

Cientistas e defensores do meio ambiente expusseram teorias relacionadas com catástrofes que aconteceram há centenas de milhões de anos com as chamadas enormes borbulhas de gás metano, que provocaram gigantescos tsunamis que devastaram grande parte do planeta que, com ventos e ondas que atingiram duas vezes a velocidade do som e ondas de1.500 metros de altura, arrasaram 96 por cento das espécies vivas.

Expressavam o temor de que no Golfo do México, que por alguma causa cósmica é a região do planeta onde a rocha cársica afasta-nos da enorme camada de metano, seja perfurada no desespero de procurar petróleo fazendo uso dos modernos equipamentos de tecnologias que hoje existem.

Devido ao derramamento da British Petroleum, as agências de notícias informam que:

“…o governo federal [dos Estados Unidos] advertiu que se mantenham afastados do epicentro das operações sob a ameaça de 40.000 dólares por cada infração e a possibilidade de serem presos por delitos maiores.

“…A EPA [Agência de controle ambiental dos EUA] salientou oficialmente que a Plataforma Nº 1 libera metano, benzeno, sulfeto de hidrogênio e outros gases tóxicos. Os trabalhadores sobre o terreno agora usam meios avançados de proteção que incluem máscaras de gás de última tecnologia fornecidas pelos militares.”

Fatos trascendentais acontecem com inusitada freqüência.

O primeiro e mais imediato é o risco de uma guerra nuclear após o afundamento do sofisticado navio insígnia Cheonan, que segundo o governo da Coréia do Sul foi provocado pelo impacto do torpedo de um submarino construído pelos soviéticos — ambos fabricados há más de 50 anos —, enquanto outras fontes fazem saber a única causa possível e não detectável: uma mina que os serviços de inteligência dos Estados Unidos mandaram colocar no casco do Cheonan. O Governo da República Popular Democrática da Coréia foi culpado imediatamente.

A este extranho acontecimento sumou-se, dias depois, a Resolução 1929 do Conselho de Seguraça das Nações Unidas, ordenando a inspeção dos navios mercantes num prazo não maior de 90 dias.

O segundo, que já está quase produzindo seus efeitos demolidores, tem sido o progressivo avanço da mudaça climática, cujos efeitos são piores ainda, dando lugar à denúncia do documentário “Home” dirigido por Yann Arthus-Bertrand com a participação dos ecologistas mais prestigiosos do mundo; e agora, o derramamento de petróleo no Golfo do México, a poucas milhas de nossa Patria, que gera todo tipo de preocupações.

Em 20 de julho, uma notícia divulgada pela agência de notícias EFE faz referência às declarações do já conhecido almirante Thad Allen, coordenador e responsável pela luta contra o derramamento de petróleo no Golfo do México, quem “expressou que autorizou a British Petroleum, proprietária do furo e responsável pelo derramamento, a que continúe durante 24 horas a mais as provas que realiza para determinar a solidez da estrutura ‘Macondo’ despois de ter sido instalado há 10 días um novo sino de contenção”.

“Segundo os dados oficiais, há perto de 27 000 poços abandonados no leito marinho do Golfo…”

“Quando se completaram 92 dias do acidente na plataforma da BP, a principal preoucpação do Governo dos Estados Unidos é que a estrutura subterrânea do furo tenha sofrido danos e que o petróleo se filtre através das rochas e acabe fluindo em múltiplos pontos do solo marinho.”

É a primeira vez que uma delcaração oficial fala do temor de que o petróleo comece a emanar dos furos que já não são produtivos.

Os leitores interessados pelo tema vão pinçando o sensacionalismo dos dados científicos. Eu sou da opinião que há fatos que não têm explicação satisfatória. Por que o Almirante Allen declarou que “a principal preocupação do Governo é que a estrutura subterrânea do furo tenha sofrido danos e que o petróleo se filtre através das rochas e acabe fluindo em múltiplos pontos do leito marinho”? Por que a British Petroleum declarou que não deve ser culpada pela emanação a 15 quilômetros do furo acidentado?

Haveria de esperar mais 15 días que demoraria a perfuração do poço auxiliar, que tem uma trajetória quase paralela com o que originou o derramamento, a uma distância menor de 5 metros entre eles, segundo a opinião do grupo cubano que analisa o problema. Enquanto isso, devemos esperar como crianças bem educadas.

Se confiam tanto no furo paralelo, por que não foi aplicada antes essa medida? O que é que faremos depois se essa medida fracassar mesmo como aconteceu com as outras todas?

Numa conversa que tive com uma pessoa muito bem informada sobre os permenores do acidente, devido aos interesses de seu país, conheci que produto das características e da situação ao redor do furo, nesse caso lá não existe o risco de emanação do metano.

No dia 23 de julho não foi divulgada notícia alguma sobre o problema.

No dia 24, a agência DPA afirma que “um cientista estadunidense acusou a petroleira britânica BP de subornar especialistas que investigam a maré negra no Golfo do México para demorar a publicação de dados, segundo denunciou a rede televisiva BBC”, mas não relaciona essa imoralidade com qualquer dano na estrutura do fundo marinho e as emanações de petróleo e os níveis inusuais de metano.

Em 26 de julho, os principais meios da imprensa de Londres ­- BBC, Sunday Times, Sunday Telegraph e outros- informaram que “na junta diretiva” da British Petroleum “foi decidida hoje a saída do presidente executivo” -Tony Hayward- “pela ineficiente direção perante o derramamento de petróleo no Golfo do México”.

Por seu lado a Notimex e El Universal, do México, publicam que na British Petroleum “…ainda não foi decido fazer mudanças entre seus executivos, e acrescenta que se prevê uma junta diretiva para esta mesma tarde.”

No dia 27 as agências de notícias informavam que o Presidente-Executivo da BP tinha sido destituido.

Julho 28. Doze cabogramas e 14 países, entre eles os Estados Unidos e vários de seus aliados mais importantes, fizeram declarações embaraçosas devido à divulgação, por parte da organização Wikileaks, de documentos secretos sobre a guerra no Afeganistão. Embora “Barack Obama, admitisse que está ‘preocupado’ pela filtração, [...] assinalou que as informações são antigas e não têm nada novo.”

Foi uma declaração cínica.

“O fundador do WikiLeaks, Julián Assange, disse que os documentos evidenciam os crimes de guerra cometidos pelas forças estadounidenses.”

Foram tão certeiros que comoveram até os alicerces do secreto norte-americano. Fala-se de “mortes civis que não foram divulgadas”. Provocou conflitos entre as partes envolvidas nessas atrocidades.

A respeito dos riscos de gás metano emanando dos furos inativos , silêncio total.

Julio 29. Uma notícia da AFP informa o jamais imaginado: Osama Bin Laden era um homem dos serviços de inteligência dos Estados Unidos: “…Osama Bin Laden aparece nos relatórios secretos publicados por Wikileaks como um agente ativo na zona afegão-paquistanesa.”

Conhecia-se que, na luta dos afegãos contra a ocupação soviética do Afeganistão, Osama cooperou com os Estados Unidos, porém o mundo supunha que em sua luta contra a invasão estrangeira aceitou o apoio dos Estados Unidos e da OTAN como uma necessidade e que, já libertado o país, rejeitava a ingerência estrangeira, criando a organização Al Qaeda para combater os Estados Unidos.

Muitos países, Cuba entre eles, condenam seus métodos terroristas que não excluem a morte de incontáveis vítimas inocentes.

A opinião pública mundial ficou surpreendiada ao conhecer que Al Qaeda foi criada pelo governo desse país.

Foi a justificativa para a guerra contra os talibães no Afeganistão e um dos motivos, entre outros, para a posterior invasão e ocupação do Iraque pelas forças militares dos Estados Unidos. Dois países onde morreram milhares de jovens norte-americanos e grande número deles ficaram mutilados. Entre ambos, mais de cento e cinqüenta mil soldados norte-americanos estão comprometidos por tempo indefinido, e junto deles, os integrantes das unidades da organização belicista OTAN, e outros aliados como a Austrália e a Coréia do Sul.

No dia 29 de julho foi publicada uma fotografia do jovem norte-americano, 22 años, Bradley Manning, analista de inteligência, quem filtrou no sítio Web Wikileaks 240 mil documentos secretos. Ainda não houve pronunciamento a respeito da sua culpabilidade ou inocência. Não poderão fazer nada contra ele. Os integrantes do Wikileaks juramentaram que o mundo conhecerá a verdade.

Datado em 30 de julho, o teólogo brasileiro Frei Betto publicou um artigo intitulado “Grito da terra, clamor dos povos”.

Dois parágrafos expressam a essência do seu conteúdo. “ Os gregos antigos já haviam percebido: Gaia, a Terra, é um organismo vivo. E dela somos frutos, gerados em 13,7 bilhões de anos de evolução. Porém, nos últimos 200 anos, não soubemos cuidar dela e a transformamos em mercadoria, da qual se procura obter o máximo de lucro.

“Hoje, todas as formas de vida no Planeta estão ameaçadas, inclusive a humana (2/3 da população mundial sobrevivem abaixo da linha da pobreza) e a própria Terra. Evitar a antecipação do Apocalipse exige questionar os mitos da modernidade - como mercado, desenvolvimento, Estado uninacional - todos baseados na razão instrumental.”

Por seu lado, nesse mesmo dia a AFP publica: “A República Popular China ‘desaprova as sanções unilaterais’ aplicadas ao Irã pela União Européia, declarou hoje o porta-voz da chancelaria chinesa, Jiang Yu”.

Do mesmo modo, a Rússia protestou com energia a condenação das sanções dessa região estreitamente aliada com os Estados Unidos.

Em 30 de julho, a AFP informa que o Ministro da Defesa do Israel declarou: “As sanções impostas ao Irã pela ONU [...] não farão com que ele cesse suas atividades de enriquecimento de urânio na procura da bomba atômica”.

Em 1º de agosto uma notícia da AFP informa que “Alto chefe militar dos Guardiães da Revolução advertiu hoje aos Estados Unidos contra um eventual ataque contra o Irã.”

“Israel não descartou uma ação militar contra o Irã para deter seu programa nuclear.”

“A comunidade internacional, encabeçada por Washington, intensificou recentemente sua pressão sobre o Irã, acusado de tentar beneficiar-se com a posse da arma nuclear sob um disfarçado programa nuclear civil.”

“As afirmações de Javani precederam uma declaração do chefe do Estado-Maior Conjunto estadunidense, Mike Mullen, quem asseverou no domingo que se prevê um Plano de ataque dos Estados Unidos contra o Irã para impedir que Teerã obtenha a arma nuclear.”

Em 2 de agosto, uma notícia da AFP com conteúdo similar às de outras agências de notícias informou:

“‘Em setembro viajarei para Nova York com o objetivo de participar da Assembléia Geral das Nações Unidas. Estou a disposição para conversar com Obama, face a face, de homem a homem, para falar livremente de questões mundiais diante dos meios de comunicação para encontrar melhor solução’, afirmou Ahmadinejad durante um discurso difundido pela televisão estatal.”

“Porém o presidente Ahmadinejad advirtiu de que o diálogo deverá basear-se no respeito mútuo.

“‘Se pensam que podem agitar uma bengala e dizer que devemos aceitar tudo o que nos dizem, isso não acontecerá’, acrescentou. As potências ocidentais ‘não compreendem que no mundo as coisas mudaram’, acrescentou.”

“‘Vocês apoiam um país que possui centenas de bombas atômicas mas dizem que querem deter o Irã, que pode tê-la eventualmente algum dia…’”

Os iranianos declararam que dispararão cem foguetes contra cada um dos navios dos Estados Unidos e de Israel que bloqueiam o Irão, logo que registrem um mercante iraniano.

De modo que, quando Obama dê a ordem de que seja cumprida a Resolução do Conselho de Segurança, estará decretando o afundamento de todos os navios de guerra norte-americanos naquela zona.

Nenhum Presidente dos Estados Unidos viu-se perante tão dramática decisão. Deveu prevê-lo.

Nesta ocasião dirijo-me pela primeira vez na vida ao Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama:

O senhor deve saber que em suas mãos está a oferecer à humanidade a única possibilidade real de paz. Terá apenas uma oportunidade para fazer uso de suas perrogativas de dar a ordem de disparar.

Possivelmente depois, a partir de esta traumática experiência, sejam encontradas soluções que não nos conduzam mais outra vez a esta apocalíptica situação. Todos em seu país, inclusive seus piores adversários de esquerda ou de direita, com certeza ficarão agradecidos, e também o povo dos Estados Unidos, que não é em absoluto culpável pela situação criada.

Solicito se digne de ouvir esta apelação que em nome do povo de Cuba lhe transmito.

Compreendo que não pode se esperar, nem o senhor daria nunca, uma resposta rápida. Reflexione, consulte seus especialistas, peça a opinião sobre o assunto a seus mais poderosos aliados e adversários internacionais.

Não me interessam honras nem glorias. Faça-o!

O mundo poderá se libertar realmente das armas nucleares e também das convencionais.

A pior variante será a guerra nuclear, que já é virtualmente inevitável.

¡EVÍTE-A!

Fidel Castro Ruz3 de Agosto 3 de 201018h00

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