terça-feira, 1 de junho de 2010

RN - Entrevista com Fabio Simeon

Publicado por: Redação Cuba Viva 30 mai, 2010


Fabio Simeon González é um cidadão cubano, advogado, ex-vice Cônsul de Cuba na cidade do México e representante de relações internacionais do INSTITUTO CUBANO DE AMIZADE ENTRE OS POVOS – ICAP. Ele está no Brasil participando das várias convenções estaduais preparativas para a XVIII Convenção Nacional de solidariedade a Cuba, em Porto Alegre, de 4 a 6 de junho. Em sua passagem por Natal, Fabio González conversou com a nossa reportagem.

A imprensa tem alardeado aos quatro cantos falsas questões sobre os cinco cubanos presos nos Estados Unidos. Como cidadão cubano você tem toda propriedade para dizer o que de fato ocorre.

Fabio Simeon González – São cinco heróis cubanos, cinco companheiros nossos que estão presos em cárceres norteamericanos, acusados injustamente pelo único delito de passar informações sobre elementos concretos de ações terroristas contra nosso país. E por este delito foram condenados a prisão perpétua. É uma tamanha injustiça silenciada pela grande imprensa. Essas pessoas informaram o governo cubano dos atos terroristas a serem cometidos contra Cuba. O governo norte americano, em vez de tomar medidas de controlar o grupo terrorista, prendeu nossos companheiros acusados pela CIA de espionagem. Tentam silenciar e manipular pelo mundo, como muita coisa que se manipula sobre a realidade cubana. Então, tenho o privilégio de ser convidado pelas autoridades do movimento de solidariedade com Cuba, que não vai permitir toda uma campanha dos grandes meios para atacar a realidade cubana.

Cinqüenta e um anos de aniversário da revolução cubana, o que mudou, principalmente na transição do governo de Fidel para Raul?

Fabio – Eu não precisaria uma etapa de mudança com Fidel e Raul, por que a revolução cubana permanentemente está em mudança. As mudanças que seguem neste momento com Raul e seus ministros foram mudanças anunciadas pelo próprio Fidel, em sua maioria. É importante que se coloque que para se manter o brilho da revolução estamos sempre aperfeiçoando o processo. Este aperfeiçoamento nós trabalhamos permanentemente, de acordo com o tempo e a circunstância, procurando que o nosso projeto seja o mais perceptível possível em função de um mundo melhor.


Como andam os índices educacionais de Cuba, já que andaram dizendo que os índices não são as mesmas coisas e que se iguala a países subdesenvolvidos?


Fabio – Isso é parte desse circo, dessa campanha circense. Isso é totalmente absurdo, não procede. Ao contrario, nosso sistema educativo a cada dia se aperfeiçoa mais. Um país capaz de levar ao mundo os seus médicos, os seus profissionais, o seu capital humano, em função de dar essa luz à educação, não pode ser um país que está retrocedendo em seu sistema de educação.


Quando Obama se candidatou disse que ia resolver o problema do bloqueio econômico com Cuba. Como você vê essa questão?


Fabio – O povo de Cuba não tem nem um otimismo ao que Obama queira com relação à essa medida. Por que todos sabem que isso não depende de mudança tão substancial, sobretudo no que se refira à retirada do bloqueio. Isto é parte de um sistema e parte de uma intenção de governo que não basta de Obama..


Sobre o terremoto do Haiti, Cuba teve um importante papel…

Fabio – Esse é outro tema que os meios de comunicação não divulgaram. Os grandes meios de imprensa não reconhecem o mundo de conquistas de um projeto revolucionário. Um projeto que consegue índices saudáveis. Que país do mundo subdesenvolvido tem 78 anos de expectativa de vida? Temos conseguido reduzir a mortalidade infantil a 4,8 para cada mil nascidos vivos, graças ao projeto da revolução.


Fala-se que em Cuba não há liberdade de imprensa. Como tem sido o papel da imprensa cubana?

Fabio – Primeiro de tudo, pensamos que a imprensa tem que ser uma imprensa que responda aos interesses da maioria do povo cubano. Não uma imprensa que tenta distorcer a realidade. Temos um espaço de mídia livre e institucional. Realmente, nós queremos uma imprensa que defenda nosso projeto e que a crítica tenha um sentido construtivo e não uma crítica para deteriorar a imagem da revolução, que foi uma conquista de muitos anos e não abrimos mão disso. Sabemos quanto a imprensa é nociva quanto à formação da nossa juventude, ou até mesmo à nossa sociedade, propagando violência, propagando permanentemente mensagem agressiva. Permanentemente estamos levando mensagem de paz e não crítica por crítica.


E as eleições em Cuba?


Fabio – Muito boa pergunta, por que recentemente tivemos outra eleição parcial, com participação de 95% da população (em Cuba, o voto não é obrigatório). É muito raro um país no mundo onde vote 95% da sua população. Muitas pessoas não entendem que em Cuba não haja um candidato proposto por um partido político. Nossos candidatos são propostos em assembleia popular. Nossas urnas não são cuidadas por militares levando pistolas, levando fuzis, nossas urnas são cuidadas por crianças. Quando termina o processo eleitoral, todo eleitor pode ver a apuração. Não há nenhum segredo. Todo mundo tem o direito de acesso ao local das urnas. Penso que esse sistema é o mais democrático. Quando tenho referência de como é feito o processo eleitoral em outros lugares do mundo eu me sinto orgulhoso do nosso sistema eleitoral.

Quanto à questão econômica, como é que Cuba sobrevive diante de todo esse bombardeio?

Fabio – Isto realmente parece incrível. Primeiro que tudo por que somos um povo heróico. No período especial o comandante do nosso governo nos avisou a que iamos enfrentar. E nos perguntou se estávamos disposto a assumir a responsabilidade. O povo de Cuba assumiu com dignidade, sem se negar. Temos muita muita dificuldade, por que realmente enfrentar o bloqueio não era nada fácil. Nós crescemos afortunadamente com nosso capital humano. Por isso que a crise mundial não nos agarra, por que estamos preparados, prevenidos, por que sabemos como enfrentar. De alguma maneira tiramos uma lição desse período especial.


Em relação a essa campanha internacional de solidariedade com Cuba, em sua opinião, qual tem sido a importância das Casas de Amizade?

Fabio – Extraordinário. Eu te digo que nós somos fortes, e te digo com toda autoridade por que vivo passando por vários estados. Nos tornamos um movimento de solidariedade com Cuba-Brasil mais forte, com mais forças incorporadas de todos os setores políticos. Quando se fala no tema é Cuba há uma convergência da esquerda brasileira e dos amigos de Cuba, a favor de Cuba, tratando de apoiar a Cuba. Se irmanando conosco e superando etapas muito difíceis. Há uma manobra do imperialismo que nesta hora está utilizando mercenários e armando um espetáculo circense para diminuir o apreço que se levanta a favor da revolução cubana. Em todos os estados estão sendo realizadas reuniões, criados documentos e atos de afirmação solidária com a Cuba do povo, com a Cuba de Fidel, com a Cuba de Raul. Todos estes atos convergem nos dias 4, 5 e 6, em Porto Alegre, com todos os amigos de Cuba, na Décima-Oitava Convenção Nacional para denunciar a campanha mediática contra Cuba. Teremos também uma delegação cubana acompanhando o evento. Vamos discutir vários temas, como dar atenção a estudantes estrangeiros que estudam em Cuba; o processo orgânico de como articular melhor o trabalho de solidariedade com Cuba no Brasil. Estamos cumprindo 50 anos de relação entre 2625 Institutos Cubanos de Amizade com os Povos e associações de solidariedade com Cuba em 134 países do mundo.


Fonte:
 http://www.foque.com.br/fabio-entrevista.php


Assista vídeo em:
 http://www.youtube.com/watch?v=i7Hz_2SFRLI&feature=player_embedded#!

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