PATRIOTA, REVOLUCIONÁRIO E COMUNISTA
Luiz Carlos Prestes foi um dos maiores heróis brasileiros,
tendo como marcas de sua vida a coerência, a honestidade e a fidelidade a
princípios e valores morais. No fim de sua vida, já após o rompimento
com o PCB, costumava dizer a seus camaradas: “o que nos une são a
identidade ideológica e os compromissos morais”. Desapegado a cargos e a
bens materiais, levou sempre uma vida modesta, completamente voltada a
seus ideais. Foi assim quando iniciou aquela que ele mesmo chamava de
Marcha Invicta, e que a História popularizou como a “Coluna Prestes”.
Foi também assim quando recusou de Getúlio Vargas o oferecimento para
participar do movimento de 30. Na época, os tenentes haviam escolhido
Prestes “chefe militar da revolução”, e Getúlio contava com ele para
chegar ao poder. Na ocasião Prestes recusou o cargo argumentando que de
nada adiantaria tomar o poder se não fosse para instalar um outro regime
político e econômico-social. Prestes havia conhecido a fome e a miséria
do povo Brasileiro nas suas andanças com a Coluna e já não se
conformava com a simples mudança dos donos do poder. Após ouvir os
argumentos de Prestes disse a ele Getúlio Vargas: “... o senhor tem a
eloqüência da convicção”. Eloqüência essa que o acompanharia durante
toda sua vida, pois já aí Prestes tinha tido contato com a ideologia
comunista, a ciência do marxismo. E quem adquire essa convicção tem
consciência da necessidade da mudança social, para a sobrevivência mesmo
da Humanidade. Mas talvez o maior gesto de Prestes tenha sido, aos 82
anos de vida e após 37 anos como secretário-geral do PCB, não hesitar em
romper com seu Comitê Central, realizando uma dura e profunda
auto-crítica pública, assumindo suas responsabilidades nos erros do PCB e
propondo uma nova elaboração estratégica para a Revolução Brasileira.
Luiz Carlos Prestes nasceu em Porto Alegre, na casa de
seus pais à Rua Riachuelo, no dia 3 de janeiro de 1898. Filho de Antônio
Pereira Prestes, também militar e ativo republicano na sua juventude, e
de Leocádia Felizardo Prestes, uma mulher avançada e culta. Numa época
em que as mulheres não trabalhavam, Leocádia foi ser professora de uma
escola pública. O próprio Prestes admitia que sua mãe teve grande
influência na sua formação. “Coragem e grande dignidade humana seriam
traços marcantes da personalidade de Leocádia Prestes” (Anita Prestes,
2006). Desde criança Prestes já demonstrava retidão de caráter, coragem e
liderança. Melhor aluno de sua época no Colégio Militar do Rio de
Janeiro, para onde se mudaram em 1904, e na Escola Militar do Realengo,
formou-se engenheiro em 1920, aos 22 anos.
Dois anos depois já era
capitão do exército. Entretanto, sua carreira militar durou pouco,
apenas até 1924. “Participa ativamente da preparação do levante de
5/7/1922 no Rio de Janeiro, do qual não chega a tomar parte diretamente
por se encontrar enfermo com tifo. Após o fracasso do movimento, Prestes
é punido com a transferência para o Rio Grande do Sul, onde deve
inspecionar a construção de quartéis” (Anita Prestes, 2006). Mal sabiam
eles que seria exatamente de lá, a partir do quartel de Santo Ângelo,
que Prestes iniciaria a Marcha da Coluna Invicta...
Prestes Patriota: Coluna Prestes, exemplo aos revolucionários do século XX
Luiz Carlos Prestes se vincula ao Movimento Tenentista por
seu patriotismo. Não aceitava os desmandos da oligarquia e do presidente
Arthur Bernardes. Lutavam por eleições “limpas”, por moralidade na
política e o efetivo cumprimento da Constituição Republicana. Movido por
esse patriotismo, se envolve nos levantes de quartéis que ocorrem no
início da década de 20.
Na madrugada de 28 para 29 de outubro de 1924, levanta-se o 1º Batalhão
Ferroviário de Santo Ângelo, RS, sob o comando do capitão Luiz Carlos
Prestes e do tenente Mario Portela Fagundes. Começa aí a Coluna Prestes.
No mês de novembro de 1924 várias rebeliões são sufocadas no Rio Grande
do Sul, e muitos oficiais tenentistas abandonam a “revolução” no
primeiro revês. Os remanescentes, cerca de 1,5 mil homens, entre
soldados e civis, armados precariamente e quase desprovidos de munição,
comandados por Prestes, acampam em torno de São Luís Gonzaga. O Estado -
Maior governista, em dezembro de 1924, organiza uma força de 14 mil
homens para marchar sobre São Luís Gonzaga com o objetivo de esmagar os
rebeldes. Formaram o que chamaram de “anel de ferro”, com o qual
pretendiam estrangular os rebeldes. Conforme explica Anita (2006): “O
governo adotava a “guerra de posição” – a única tática que os militares
brasileiros conheciam e que, de acordo com o modelo dos combates
travados durante a I Guerra Mundial, consistia em ocupar posições,
abrindo trincheiras e permanecendo na defensiva, à espera do inimigo.
Ou, então, quando as posições inimigas estavam localizadas, definia-se o
objetivo geográfico” para onde se devia marchar, com a meta de cercar o
adversário”. “Prestes, assessorado por Portela, põe então em prática a
“guerra de movimento” - uma espécie de luta de guerrilhas. O rompimento
do cerco de S. Luis pelos rebeldes e a marcha vitoriosa da Coluna
comandada por Prestes em direção ao norte, visando socorrer os
companheiros de São Paulo, cercados pelas tropas do general Rondon,
constituiu a primeira grande vitória da nova tática militar imaginada
por Prestes”. Depois de várias batalhas e feitos heróicos, a Coluna
Gaúcha junta-se à Coluna Paulista, liderada pelos comandantes General
Isidoro Dias Lopes, Major Miguel Costa e Capitão Juarez Távora. O
encontro acontece no Oeste do Paraná.
A liderança de Prestes e o sucesso de suas ações não foram
fruto do acaso. Além do gênio militar dele e de Portela, houve um longo
e paciente trabalho de preparação de quadros. Quando no comando do 1º
BF, durante quase 2 anos, introduziu um novo tipo de instrução militar e
de relacionamento entre comandante e tropa. Prestes aboliu os castigos
corporais, preocupou-se com a qualidade da alimentação de seus
comandados, contratando cozinheiro e padeiro. Mais do que isso,
organizou as atividades e o tempo dos seus subordinados de maneira que
todos pudessem estudar, receber educação física e instrução militar,
além de trabalharem na construção da linha férrea que ligaria Santo
Ângelo a Giruá (RS). Prestes tornou-se professor e criou 3 escolas: uma
para alfabetização e outras duas de primeiro e segundo graus. Cada
soldado analfabeto foi entregue a um alfabetizado, que devia ensiná-lo a
ler. Liquidou-se assim com o analfabetismo na companhia em três meses.
Ao final, fizeram uma festa para entrega de diplomas e todos assinaram
numa bandeira do Brasil, com dedicatória a Prestes. Disse Prestes: “Eu,
estando conspirando, resolvi dar instrução aos soldados.” (Anita
Prestes, 1990).
A Coluna Prestes percorreu 25 mil quilômetros em 2 anos e 3
meses, através de 13 estados brasileiros. A “guerra de movimento” como
chamavam a tática então utilizada para enfrentar um exército regular
mais numeroso e muito melhor aparelhado e armado, foi depois estudada
por muitos outros revolucionários, como Mao Tsé Tung e Che Guevara.
Travando 53 batalhas sem nunca perder alguma, derrotando 18 generais, a
Coluna se tornou conhecida e temida, admirada e idealizada no imaginário
popular por seus feitos heróicos. Num deles, na localidade catarinense
de Maria Preta, a Coluna passou pelo meio das tropas do exército durante
a noite, deixando as tropas lutando entre si até o amanhecer. Por tudo
isso a Coluna era também conhecida como a “Coluna Invicta”.
Durante essa longa marcha Prestes pode conhecer melhor a
realidade brasileira, especialmente dos agricultores pobres do Nordeste.
Até o final de sua vida se compadecia e se emocionava ao falar de
trabalhadores rurais pobres do Nordeste cultivando o solo duro da seca
com facas, trabalhando de joelhos, pois não tinham implementos. Nessa
longa jornada Prestes se deu conta de que já não bastava trocar Arthur
Bernardes, eram necessárias mudanças mais profundas nas estruturas
econômicas e sociais. Nasce o Prestes REVOLUCIONÁRIO.
Prestes Revolucionário
Sem ser vencida, mas também sem perspectivas de vitória pela
falta de adesão popular nas cidades, em 3 de fevereiro de 1927 a Coluna
se interna na Bolívia, de onde muitos revolucionários tomam outros
destinos. Através de Astrogildo Pereira, então secretário-geral do
Partido Comunista no Brasil (PCB), Prestes tomou contato com a
literatura marxista. Enquanto no exílio na Bolívia, e posteriormente na
Argentina e no Uruguai, Prestes deu início ao estudo das obras de K.
Marx, F. Engels e V. Lênin.
Gozando de grande prestígio popular no Brasil, Prestes é
chamado de o “Cavaleiro da Esperança”. Fortemente assediado por Vargas e
outros para aderir ao Movimento da “Revolução de 30”, Prestes acaba
rompendo com o movimento dos tenentes, lançando seu Manifesto de Maio
(1930). O Prestes revolucionário tem agora consciência de que mudanças
de fachada, de uma oligarquia por outra, não resolveria nenhum dos
graves problemas do pais. O estudo do marxismo e a jovem revolução
soviética são fontes de inspiração para uma nova visão de mundo, o
COMUNISMO.
Prestes Comunista
Desde o fim da Coluna, não demorou muito para que Prestes se
desse conta de que os problemas brasileiros eram estruturais, e não se
resolveriam com uma simples troca de governo. Era preciso um novo poder,
um poder socialista.
Conta Anita Prestes (2006): “Às vésperas do movimento
armado de 1930, o Cavaleiro da Esperança tornava público seu famoso
“Manifesto de Maio”... Luiz Carlos Prestes apresentava um programa de
transformações revolucionárias de caráter democrático, antilatifundiário
e antiimperialista... Era uma proposta inspirada diretamente nos
documentos do Partido Comunista do Brasil (PCB) e da Internacional
Comunista (IC), com as quais Prestes mantinha contato desde o início do
seu exílio. O cavaleiro da esperança tornava-se comunista sem ter sido
ainda aceito pelo PCB”.
“Em 1931, Prestes, a convite da Internacional Comunista, parte com a mãe
e as irmãs para a URSS, onde é contratado como engenheiro. Lá Prestes
dedica-se ao estudo do marxismo, mantendo contato com a seção
latino-americana da IC e com dirigentes dos partidos comunistas desse
continente, buscando conhecer melhor a luta dos povos latino-americanos.
só em agosto de 1934, ele é aceito no PCB”.
Movimento de 35
Em 1935 Prestes regressa ao Brasil para se incorporar à luta
da Aliança Nacional Libertadora (ANL) – uma ampla frente única, que se
propunha a lutar contra o imperialismo, o latifúndio e a ameaça
fascista. Em dezembro de 1934 Prestes, em Moscou, é apresentado a Olga
Benário, então com 26 anos e destacada militante da Juventude Comunista,
que faria sua segurança no regresso ao Brasil. Viajam com os codinomes
Antônio e Maria Vilar, disfarçados como um casal de portugueses. Durante
a viagem, de navio, Prestes e Olga se apaixonam. Olga foi o grande amor
da vida Prestes, à qual se referia emocionado ainda aos 90 anos de
vida.
Prestes e Olga chegam ao Brasil em abril de 1935,
desembarcando de um hidroavião em Florianópolis e indo de táxi até São
Paulo. Antes mesmo de chegarem, em 30 de março, Prestes fora aclamado
presidente de honra da ANL, num grande ato público no Rio de Janeiro. O
lema da ANL – “Pão, Terra e Liberdade” – mobilizou grandes contingentes
populares no país. Em menos de 3 meses e meio de vida legal, a ANL
fundou 1,6 mil núcleos em todo o território nacional, atingindo só no
Rio 50 mil inscritos.
“Com o fracasso dos levantes de novembro de 1935,
inicia-se um período de repressão intensa. Prestes é preso em 5 de março
de 1936, juntamente com sua companheira, a comunista alemã Olga Benário
Prestes. Graças a coragem de Olga, que o protegeu com seu próprio
corpo, não conseguiram matá-lo no ato da prisão, conforme as ordens
expedidas pelo então chefe da polícia, o capitão Filinto Muller”. (Anita
Prestes, 2006)
“É condenado a mais de 47 anos de prisão. Sua companheira é
deportada para a Alemanha hitlerista no sétimo mês de gravidez. Após
dar à luz, numa prisão nazista, a sua filha Anita Leocádia, Olga seria
assassinada numa câmara de gás no campo de concentração de Benburg, em
abril de 1942. Prestes permaneceria preso durante 9 anos, a maior parte
do tempo no mais absoluto isolamento”. (Anita Prestes, 2006)
“Em 1943, realiza-se na serra da Mantiqueira uma
conferência que reorganiza o PCB e elege, pela primeira vez, Luiz Carlos
Prestes seu secretário-geral, apesar de este ainda se encontrar preso.”
(Anita Prestes, 2006) Prestes fica preso de 1936 a 1945, a maior parte
do tempo incomunicável e em péssimas condições. Seu advogado, Sobral
Pinto, utiliza a lei de proteção aos animais, promulgada pelo próprio
Vargas em 1934, para defender Prestes – biologicamente um animal – dos
maus tratos a que era submetido na prisão.
Senador Prestes
Em 19 de abril de 1945 Prestes sai da prisão, anistiado, e com
enorme prestígio popular. Integra-se na campanha de massas que levaria à
legalização do PCB, conquistada nas ruas, mas também se empenha na luta
pela “União Nacional”, compreendida pelo PCB como um processo que
deveria contribuir para a efetiva democratização do país. Como conta
Anita Prestes (2006), “Prestes participa da campanha, lançada pelo PCB, a
favor da convocação de uma Assembléia Constituinte livremente eleita e
democrática, que elaborasse uma nova Constituição em substituição à
Constituição de 1937, de corte fascista, decretada pelo Estado Novo.
Durante o ano de 1945, os comunistas lutaram intensamente contra o golpe
de Estado de direita, afinal desfechado em 29/10/1945, com o apoio da
embaixada estadunidense. Apesar do golpe de Estado e da onda repressiva
desencadeada logo a seguir contra Prestes e os comunistas, as eleições
tiveram de ser mantidas e a Assembléia Constituinte convocada.” Prestes
foi o senador mais votado até então na história da República.
Na Constituinte, Prestes e o PCB foram bastante ativos na
defesa dos interesses do povo. Um dos temas principais nos discursos de
Prestes era reforma agrária. Afirmava ele: “Sem uma redistribuição da
propriedade latifundiária, ou em termos mais precisos, sem uma
verdadeira reforma agrária, não é possível debelar grande parte dos
males que nos afligem”. Prestes e o PCB suscitavam grande ódio da
burguesia, dos latifundiários e do aparelho de Estado reacionário.
Assim, em 07 de maio de 1947, o PCB era posto na ilegalidade pela
Justiça Eleitoral. “Em janeiro de 1948, os parlamentares comunistas
tinham seus mandatos cassados pelo Congresso Nacional”. (Anita Prestes,
2006).
“Prestes era forçado a ingressar na clandestinidade, que,
para ele, significaram mais de dez anos de isolamento quase total. A
partir de 1953, passava a ser sua companheira Maria do Carmo Ribeiro,
militante do PCB... Com ela viria a ter 7 filhos.” (Anita Prestes,
2006).
No ano de 1950, Prestes assina o Manifesto do PCB, de 1º
de agosto de 1950, onde se fazia um apelo irrealista à derrubada do
governo, considerado de “traição nacional”, através da “luta armada pela
libertação nacional”, para conquistar um “governo revolucionário”. Após
10 anos de clandestinidade e isolamento da realidade do país e do PCB,
Prestes volta à vida legal com a revogação de sua prisão pela Justiça.
Numa guinada o PCB aprova, no mesmo mês da revogação da prisão de
Prestes e outros comunistas, a Declaração de Março de 1958, onde se
assumia uma postura autocrítica em relação ao Manifesto de 1950. Na
Declaração de 1958 é proposta a luta por um “governo nacionalista e
democrático” através da participação dos comunistas no processo
eleitoral.
Em 1960 os comunistas realizam o 5º Congresso do Partido,
em que são reafirmadas as principais teses presentes na “Declaração de
Março” de 1958. Apesar dos equívocos da estratégia, os comunistas
participam das lutas do movimento operário e democrático a favor das
“reformas de base” e, em particular, da Reforma Agrária, alcançando
importantes vitórias nos anos que se estendem até o golpe militar de
abril de 1964.
O Golpe Militar
“Apesar dos êxitos alcançados pelo movimento operário e
democrático, no início dos anos de 1960, sua mobilização foi
insuficiente para impedir o golpe militar de 1964. Prestes é o primeiro
da lista de cassações dos direitos políticos decretada pelo Ato
Institucional Nº 1, vendo-se obrigado novamente a viver na
clandestinidade ...”
“São anos difíceis, que se seguiram a uma séria derrota de
todas as forças progressistas no Brasil. Prestes enfrenta não apenas as
perseguições movidas pelo regime ditatorial, mas também graves
problemas internos no PCB, quando vários dirigentes do partido e
numerosos militantes abandonam as fileiras partidárias e aderem à luta
armada contra a ditadura. Prestes, à frente do Comitê Central do PCB,
defende a necessidade de formar uma frente única democrática contra o
regime ditatorial, condenando o apelo ao caminho armado, proposta que,
naquele período, não correspondia à real correlação de forças políticas
existentes no país”.
“A perseguição movida pela ditadura contra todas as forças
de “esquerda” e democráticas seria cada vez maior. Em 1971, por decisão
do Comitê Central do PCB, Prestes parte para o exílio.” (Anita Prestes,
2006)
Prestes, com base em trabalhos produzidos por estudiosos
da economia e da sociedade brasileira dos anos de 1970, compreendera que
não havia mais lugar para a conquista de um capitalismo autônomo no
país, conforme a linha estratégica do PCB, aprovada em seus 5º e 6º
Congressos. Neste último Congresso, realizado em 1967, na
clandestinidade, as divergências de Prestes com a maioria do Comitê
Central haviam começado a se explicitar.
Ao perceber que a maioria da direção do PCB não aceitava
rever sua linha estratégica e, ao mesmo tempo, estava presa à defesa de
interesses corporativos menores, enveredando pelo caminho da acomodação e
do abandono da luta pelo socialismo no país, Prestes decide romper com o
Comitê Central”.
“A posterior descaracterização do PCB como partido
revolucionário e sua conhecida desagregação no início dos anos de 1990
mostrariam que Prestes tinha razão ao combater as ilusões então
existentes quanto às possibilidades de regeneração daquela direção do
PCB”. (Anita Prestes, 2006)
A anistia e o regresso à pátria. Os últimos anos
“Em outubro de 1979, com a conquista da anistia, Prestes, após
8 anos de exílio forçado, regressa à Pátria. No aeroporto internacional
do Rio de Janeiro é recebido com grande entusiasmo por mais de 10 mil
pessoas.”
“Em março de 1980, o veterano combatente comunista torna
pública sua “Carta aos Comunistas”, em que oficializa seu rompimento com
a política “oportunista de direita” imposta pela direção do PCB,
denunciando a postura, adotada pelo Comitê Central, de abandono da luta
pelos objetivos revolucionários e socialistas que deveriam nortear o
Partido Comunista. A partir de então, Prestes desenvolve intensa
atividade de esclarecimento e propaganda de seus ideais
revolucionários.” (Anita Prestes, 2006)
Na sua “Carta aos Comunistas”, Prestes lança as bases de
uma estratégia revolucionária que já seria socialista, ao propor uma
Frente antiimperialista, antimonopolista e antilatifundiária. Após o
rompimento com o Comitê Central do PCB, Prestes desenvolve intensa
atividade política. Incansável, encontrou sempre tempo e energia para
falar a jovens e a trabalhadores em todos os cantos do país. Emprestou
seu nome e prestígio para eleger vários candidatos a cargos
legislativos, mas nem todos retribuíram com dignidade revolucionária o
apoio recebido.
Nos anos 80 Prestes foi insistentemente assediado por
grupos e personalidades de esquerda para que liderasse um novo partido
revolucionário. Paciente, explicava que esse partido surgiria das lutas
de nosso povo, dos quadros que daí se forjariam. Dizia também que a
melhor contribuição que um comunista poderia dar para o surgimento desse
partido era o estudo do marxismo, aliado à organização do povo e à luta
de massas.
Em 7 de março de 1990, o Camarada Luiz Carlos Prestes
faleceu no Rio de Janeiro. Seu enterro foi acompanhado por uma
expressiva multidão. Prestes, que segundo Romain Rolland “entrou vivo no
Panteon da História”, agora entrava definitivamente para a História da
Humanidade como um de seus mais destacados personagens. Deixou um legado
de coerência, dedicação à causa, abnegação e humanidade. Ao formular a
essência da estratégia revolucionaria, deixou também um legado de
esperança:
"Eu sou otimista quanto ao futuro do socialismo no Brasil. Já temos uma classe operária numerosa, com um nível de consciência elevado. O que falta é organizá-la. Organizada, a classe operária será uma força invencível, que poderá levar o país ao socialismo. Não posso calcular um prazo que isto aconteça. Depende do surgimento de um partido revolucionário, que tenha uma concepção justa da revolução brasileira, com base na realidade nacional e não na abstração".
(Luiz Carlos Prestes - Lutas e Autocríticas, 1982, p. 216)
Os 100 anos de LCP
No ano de 1998 a Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes
realizou atividades em todo país referente aos 100 anos de LCP. Nessas
atividades adotamos o mote, cunhado por Anita Prestes: patriota,
revolucionário e comunista. Uma exposição fotográfica, montada pela
Profa. Anita Leocádia Prestes percorreu várias cidades brasileiras.
Destacam-se as atividades realizadas em Porto Alegre, com o lançamento
da pedra fundamental do “Memorial Luiz Carlos Prestes” em terreno cedido
pelo poder público municipal, no Rio de Janeiro com atividades na ABI e
na UFRJ, em São Paulo com atividades em Universidades e no Nordeste com
a exposição itinerante em várias cidades.
Para saber mais da biografia de Luiz Carlos Prestes
recomendamos o livro
“Luiz Carlos Prestes – patriota, revolucionário, comunista”, de autoria
da historiadora, professora, e filha de Prestes, Anita Leocádia Prestes.
Cabe aqui lembrar que Anita foi militante do PCB junto com Prestes,
participando inclusive de seu Comitê Central e rompendo junto com
Prestes quando este escreve sua “Carta aos Comunistas” em março de 1980.
Detalhes do livro: Ano de publicação 2006.
ISBN: 85-7743-007-3. Número de páginas: 80.
Preço: R$ 3,00.
O livro pode ser comprado via internet no sítio:
http://www.expressaopopular.com.br
Uma ótima síntese do livro de Anita, e outras informações sobre Luiz Carlos Prestes podem ser encontradas no sítio do Centro Luiz Carlos Prestes de Estudos Sociais: http://www.cenprelcp.com.br/biografia.htm
Sobre a Coluna Prestes: “A Coluna Prestes”, de autoria de Anita Leocádia Prestes, Ed. Paz e Terra, 1990.
ISBN: 85-7743-007-3. Número de páginas: 80.
Preço: R$ 3,00.
O livro pode ser comprado via internet no sítio:
http://www.expressaopopular.com.br
Uma ótima síntese do livro de Anita, e outras informações sobre Luiz Carlos Prestes podem ser encontradas no sítio do Centro Luiz Carlos Prestes de Estudos Sociais: http://www.cenprelcp.com.br/biografia.htm
Sobre a Coluna Prestes: “A Coluna Prestes”, de autoria de Anita Leocádia Prestes, Ed. Paz e Terra, 1990.
CCLCP
Nenhum comentário:
Postar um comentário