(Maurício
Tomasoni)
Indo na
“contramão” da “roda da história”, digo que hoje é um dia para se lamentar:
mais uma vitória imperialista. Prenderam e mataram o “sanguinário ditador” líbio,
Muamar Kadaffi, segundo recentes informativos da imprensa e do governo
“rebelde” líbio. Tristes tempos em que rebeldia é sinônimo de subserviência ao
imperialismo, é se vender aos interesses do grande capital que precisa do
petróleo líbio. Tristes tempos em que tudo é pensado e dito de acordo com o que
manda a grande mídia. Tristes tempos de subserviência, de ignorância. Tristes
tempos de se reproduzir, feito papagaio, o que dizem os grandes meios de
comunicação. Tristes tempos de um jornalismo nativo servil, ou melhor
inservível. Tristes tempos de capachos mal pagos, mas que se orgulham de servir
aos senhores da morte e da destruíção. Tristes tempos ...
Mas nestes
tristes tempos temos as nossas alegrias. Continuamos a ver Cuba com todas as
dificuldades construir o seu socialismo. Vemos os povos da América Latina
colocarem abaixo oligarquias centenárias, criando interessantes e
multifacéticos projetos de libertação nacional e de perspectiva socialista. Tivemos
a vitória eleitoral do povo salvadorenho com sua vanguarda – a FMLN (Frente
Farabundo Marti para a Libertação Nacional) impondo uma grande derrota ao
secular domínio imperial norte-americano. Em minha opinião a maior vitória
destes últimos tempos. Tivemos a vitória eleitoral da FSLN (Frente Sandinista
para a Libertação Nacional) na Nicarágua, a qual terá novas eleições no final
deste ano. Vencemos na Bolívia. Estamos construindo um projeto na Venezuela com
todas as suas contradições e contratempos. Seguimos construindo o socialismo no
Vietnam, na Coréia do Norte. Seguimos vendo em outros cantos do mundo processos
políticos contrários aos interesses do imperialismo além dos citados aqui. E
por terem este tipo de direção são demonizados, caluniados e combatidos. A
regra tem que ser a “doce” subserviência ao império. Outros povos pagam ou
poderão pagar caro por defender a soberania e autodeterminação. Sejamos, pois,
vassalos do império norte-americano e europeu ou pagaremos igual está pagando o
povo líbio e o líder da revolução líbia de 1969.
Temos a lamentar
que a Líbia anterior aos bombardeios da OTAN e ao levante das forças
pró-monarquia que governava o país antes de 1969, era o país africano com o
maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). A Líbia era um país com todos os
serviços básicos público e gratuitos – saúde, educação, etc. Inclusive a
própria telefonia era gratuita. As conquistas da revolução Líbia de 1969 são
patrimônio do povo líbio. Com certeza há amplos setores que se levantarão
contra a invasão militar e a presença militar estrangeira no país. Por certo a
Líbia será mais um campo de concentração do imperialismo.
Por certo os
livros de história não poderão registrar este episódio como uma rebelião contra
uma tirania. É uma invasão militar estrangeira e mercenária com contou com
algum apoio popular, principalmente dos setores reacionários de extrema
direita. Basta ver que a bandeira deste movimento era a bandeira da Líbia do
governo monárquico derrubado em 1969.
Há que se
registrar que as concepções político-ideológicas do líder da revolução líbia
tem interessantes aspectos numa mescla de concepção marxista e humanista com
características próprias, com suas marcas próprias.
Este dia
ficará em nossas memórias - na memória daqueles que defendemos o
internacionalismo proletário incondicional, aqueles que não temos fórmulas
prontas - como página negra da história da humanidade a ser virada.
Na memória
daqueles que se dizem de esquerda mas que repetem a mesma ladainha do
imperialismo, e daqueles que promoveram a invasão, bombardeio e saque das
riquezas líbias, este é um momento de júbilo. Mas por curto período.
Quase sempre
levantar uma voz contra os “consensos” plantados pela ideologia dominante soa
como loucura, mas nós devemos levantar a voz e denunciar os reais interesses
que estão por trás desta invasão da Líbia e deposição de Muamar Kadaffi.
Devemos buscar conhecer a história líbia e as concepções políticas desta
revolução de 1969. Devemos respeitar os caminhos definidos pelo povo líbio.
Por último
quero registrar a grandeza de Muamar Kadaffi que resistiu até a morte,
cumprindo a promessa que fez ante o povo líbio. Lutou até a morte com coragem e
valentia. Não foi um “cachorro ladrão e covarde” que fugiu com o rabo entre as
pernas. Há que se prestar homenagem a todos aqueles líbios que lutaram e
entregaram a sua vida por um país livre, que continuaram até o fim lutando
contra uma descomunal força multinacional comandada pela tristemente famosa
OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Um dia a
história vai ser contada pelos povos
VIVA A LÍBIA,
O POVO LÍBIO E MUAMAR KADAFFI!
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