Secretariado do Estado Maior Centraldas FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 26 de fevereirode 2012
Cada
vez que as FARC-EP falam de paz,de soluções políticas para o confronto,
da necessidade de conversar para obter uma saída civilizada para os
graves problemas sociais e políticos que originam o conflito armado na
Colômbia, o coro dos apaixonados pela guerra se levanta
inflamado,desqualificando os nossos propósitos de reconciliação. De
imediato, recaem sobre nós as mais perversas intenções, apenas com o
intuito de insistir que a única coisa que nos cabe é o extermínio. Em
geral, esses apaixonados nuncavão à guerra e nem permitem a ida de seus
filhos.
São
quase 48 anos na mesma situação. Cada ofensiva militar redundou num
subsequente fortalecimento nosso, contra o qual voltam a agigantar-se as
investidas, reiniciando o círculo. O fortalecimento militar das FARC de
hoje ocorre sob os narizes daqueles que proclamaram o seu fim e os incita
a proclamarem a necessidade de aumentar ainda mais o terror e a
violência. Da nossa parte, consideramos que não cabe mais a possibilidade
de longas conversações.
Por
isso, queremos comunicar nossa decisão de somar à anunciada libertação
dos seis prisioneiros de guerra, a dos quatro restantes em nosso poder.
Ao agradecer a disposição generosa do governo que preside Dilma Rousseff
(*), que aceitamos sem vacilação, queremos manifestar nossos sentimentos
de admiração para com os familiares dos soldadose policiais em nosso
poder. Jamais perderam a fé em que os seus recobrariam aliberdade, ainda
que em meio ao desprezo e à indiferença dos seguidos governos,comandos
militares e comandos policiais.
Em
atenção a eles, queremos solicitar à senhora Marleny Orjuela, essa
incansável e valente mulher, dirigente da ASFAMIPAZ, que os receba na
data acordada. A tal efeito, anunciamos ao grupo de mulheres do
continente, que trabalham ao lado das Colombianas e Colombianos pela Paz,
que estamos prontos para concretizar o que seja necessário para
agilizar este propósito. A Colômbia inteira e a comunidade internacional
serão testemunhas da determinação demonstrada pelo governo de Juan Manuel
Santos, que já frustrou um final feliz em novembro passado.
Muito
se tem falado acerca das retenções de pessoas, homens ou mulheres da
população civil que, com fins financeiros, nós das FARC efetuamos para
sustentar nossa luta. Com a mesma vontade indicada acima,anunciamos
também que, a partir desta data prescrevemos a prática delas em
nossa atuação revolucionária. A parte pertinente da lei 002, expedida
pelo nosso Pleno do Estado Maior, no ano de 2000, fica, por conseguinte,
revogada. É o momento de começar a esclarecer quem e com quais propósitos
se sequestra hoje na Colômbia.
Sérios
obstáculos se interpõem à concretização de uma paz concertada em nosso
país. A arrogante decisão governamental de aumentar o gasto militar, o
corpo de força e as operações, indica a prolongação indefinida da guerra.
Ela trará consigo mais morte e destruição, mais feridas, mais
prisioneiros de guerra de ambas as partes, mais civis encarcerados
injustamente. Além disso, ela indica a necessidade de recorrer a outras
formas de financiamento ou pressão política de nossa parte. Essa é a hora
do regime pensar seriamente numa saída distinta, que comece ao menos por
um acordo de regularização do confronto e da libertação de
prisioneiros políticos.
Desejamos,
finalmente, expressar nossa satisfação pelos passos que vem sendo dados
para a formação da comissão internacional. Caberá a essa comissão
verificar as denúncias sobre as condições desumanas de reclusão, o
desconhecimento dos direitos humanos e de defesa jurídica que afrontam os
prisioneiros de guerra, os prisioneiros de consciência e os presos
sociais nos cárceres do país. Esperamos que o governo colombiano não tema
e não obstrua este legítimo trabalho humanitário impulsionado pela
comissãode mulheres do continente.
*
Um comando das Forças Armadas brasileiras vai, dentro em breve, resgatar
os reféns na selva, em local indicado pelas FARC,.e entregá-los em
Bogotá.
Tradução:Partido Comunista Brasileiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário