quarta-feira, 20 de junho de 2012

CCLCP e JCA se solidarizam à luta dos camponeses paraguaios pela reforma agrária e repudiam a ação do Estado









O Paraguai é um dos países que mais concentra terras no mundo. Grandes latifúndios de soja compõe cada vez mais o cenário do campo naquele país. Como se isso não bastasse – e para o capital nunca basta, porque sua sede de exploração não tem limites nem controle – o processo de grilagem segue ocorrendo com todo o apoio do Estado, enquanto que a verdadeira reforma agrária não é sequer cogitada, nem pelo presidente Lugo, que decepciona cada vez mais fortemente o povo paraguaio.
O crescimento da resistência popular diante deste cenário não instaura nenhum violência, apenas transforma em conflito claro e aberto aquilo que já existia como conflito velado e, por isso mesmo, ainda mais cruel. O episódio de sexta-feira, 15 de junho, foi uma consequência desta situação histórica. Aproximadamente 16 pessoas saíram mortas, além de 80 feridos, do conflito entre camponeses organizados e a polícia. O massacre se deu a 250km de Assunção, na cidade de Curuguaty.
Segundo informes das organizações populares e do Partido Comunista Paraguaio as terras eram fruto de grilagem efetivada no interior do Poder Judiciário, e "pertenciam" ao ex-senador e empresário Blas N. Riquelme. O poder executivo, por sua vez, nomeou – após o massacre – um novo Ministro do Interior, nada mais nada menos do que o antigo membro do "Grupo de Acción Anticomunista" (GAA), Rubén Candia Amarilla. Sua primeira medida já foi a suspensão da possibilidade de diálogo em conflitos análogos, que pipocam por todo o país.
A ausência histórica da reforma agrária no Paraguai só agrava ainda mais a miséria do povo. Desta miséria se nutre o sistema do capital. A luta por reforma agrária em qualquer país da América Latina nos dias de hoje deve estar ligada à luta pelo socialismo, caso contrário seguiremos limitados às mesmas possibilidades ilusórias que o pseudorreformismo de governos como Lugo e Lula/Dilma vêm nos impondo. As amarras que ligam os latifundiários e a burguesia ao imperialismo e o capital monopolista foram seladas de modo que sua ruptura significaria o colapso do sistema.
Enfrentar esta tríade (latifúndio, monopólios e imperialismo), apontando para uma nova alternativa societária, é a tarefa que nos é exigida em nosso tempo. A luta dos camponeses Paraguaios cumpre um papel fundamental nesse enfrentamento. Nos solidarizamos profundamente com essa luta. Fazemos coro aos gritos de repúdio do povo paraguaio à nomeação de Amarilla para Ministro do Interior. Repudiamos qualquer ação de criminalização de movimentos que, longe de serem ilegais, estão tentando reparar uma injustiça histórica.

Convocamos à todos os lutadores a se somar e se manifestar a favor do povo paraguaio e de sua luta tão justa e aguerrida!
Viva o povo paraguaio!

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