Os professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) entraram em
greve na semana passada. Segundo Lucinéia Scremin, do Comando Local e
delegada da UFG para o Comando Nacional de greve “entramos em greve na
UFG num processo bastante difícil. A ADUFG, sindicato base do PROIFES
chamou para o dia 6 de junho uma assembleia que reuniu cerca de 500
professores, contudo a diretoria abandonou a assembleia”. A diretoria do
sindicato insistiu para que os não filiados deixassem os assentos do
auditório para os filiados e isto acabou provocando um tumulto, pois os
sindicalizados insistiram para que a assembleia continuasse. Mesmo
assim, a presidente deu por encerrada a assembleia abandonando o recinto
com a aparelhagem de som. Diante da situação, vários professores
subiram no palco para coordenar a assembleia. “Poucos professores se
retiraram e continuamos com a assembleia, deflagrando a greve e tirando
um comando local de greve e delegado para o comando nacional”,
acrescenta Lucinéia.
Alexandre Santos, delegado da cidade de Goiás Velho ao Comando
Nacional, relatou que “houve dificuldades em construir a greve, pois a
ADUFG não reconheceu a assembleia que ela abandonou, dificultando a
atuação do comando”. Mesmo assim, cerca de 50% dos docentes da UFG
paralisaram, realizando outra assembleia no dia 13 de Junho que foi um
sucesso de participação democrática, sem a presença da ADUFG.
Buscando deslegitimar a greve declarada no dia 6 e sem reconhecer o
Comando Local, a ADUFG chamou um plebiscito, para o mesmo dia da
assembleia do dia 13. Contrariando as expectativas do sindicato, o
plebiscito disse “sim” à greve, e a UFG avançou na paralização, contando
hoje com praticamente todas as unidades paradas e com algumas
parcialmente, mas em vias de parar.
Este processo que hora ocorre na UFG é ilustrativo. Trata-se de um
momento interno da luta de classes onde o “sindicalismo oficial”,
atrelado ao Estado, não pode mais manter o controle do movimento que
passa por cima de sua direção e impulsiona a luta a favor dos interesses
da classe trabalhadora e em defesa da educação pública. O Sindicalismo
de Estado tem servido aos interesses da classe dominante a mais de
oitenta anos no Brasil e pretende assegurar o controle governamental
sobre os trabalhadores.
O que vem ocorrendo na UFG não é um exemplo isolado. É momento de
reverter as recentes tentativas de enfraquecimento do ANDES-SN, entidade
histórica que se manteve firme na luta contra a mercantilização da
educação superior nos momentos mais difíceis. É hora de fortalecer esta
entidade e avançar na luta por outro projeto de universidade, além das
necessárias conquistas imediatas para a categoria.
É necessário vislumbrar o rompimento da universidade brasileira com o
bloco de poder dominante formado pelos monopólios, pelo imperialismo e
pelo latifúndio, que tem direcionado a produção de conhecimento para
longe das necessidades do povo brasileiro. Uma universidade crítica, que
produza ciência e tecnologia para as necessidades humanas, radicalmente
democrática e que se popularize na sua forma e no seu conteúdo é uma
necessidade histórica diante da crise civilizatória que vivemos.
Fortalecer a greve nacional e avançar na luta por uma Universidade
Popular!

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