segunda-feira, 18 de junho de 2012

Greve na UFG demonstra limites do Sindicalismo de Estado


 
Os professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) entraram em greve na semana passada. Segundo Lucinéia Scremin, do Comando Local e delegada da UFG para o Comando Nacional de greve “entramos em greve na UFG num processo bastante difícil. A ADUFG, sindicato base do PROIFES  chamou  para o dia 6 de junho uma assembleia que reuniu cerca de 500 professores, contudo a diretoria abandonou a assembleia”. A diretoria do sindicato insistiu para que os não filiados deixassem os assentos do auditório para os filiados e isto acabou provocando um tumulto, pois os sindicalizados insistiram para que a assembleia continuasse. Mesmo assim, a presidente deu por encerrada a assembleia abandonando o recinto com a aparelhagem de som. Diante da situação, vários professores subiram no palco para coordenar a assembleia. “Poucos professores se retiraram e continuamos com a assembleia, deflagrando a greve e tirando um comando local de greve e delegado para o comando nacional”, acrescenta Lucinéia.
Alexandre Santos, delegado da cidade de Goiás Velho ao Comando Nacional, relatou que “houve dificuldades em construir a greve, pois a ADUFG não reconheceu a assembleia que ela abandonou, dificultando a atuação do comando”. Mesmo assim, cerca de 50% dos docentes da UFG paralisaram, realizando outra assembleia no dia 13 de Junho que foi um sucesso de participação democrática, sem a presença da ADUFG.
Buscando deslegitimar a greve declarada no dia 6 e sem reconhecer o Comando Local, a ADUFG chamou um plebiscito, para o mesmo dia da assembleia do dia 13. Contrariando as expectativas do sindicato, o plebiscito disse “sim” à greve, e a UFG avançou na paralização, contando hoje com praticamente todas as unidades paradas e com algumas parcialmente, mas em vias de parar.
Este processo que hora ocorre na UFG é ilustrativo. Trata-se de um momento interno da luta de classes onde o “sindicalismo oficial”, atrelado ao Estado, não pode mais manter o controle do movimento que passa por cima de sua direção e impulsiona a luta a favor dos interesses da classe trabalhadora e em defesa da educação pública. O Sindicalismo de Estado tem servido aos interesses da classe dominante a mais de oitenta anos no Brasil e pretende assegurar o controle governamental sobre os trabalhadores.
O que vem ocorrendo na UFG não é um exemplo isolado. É momento de reverter as recentes tentativas de enfraquecimento do ANDES-SN, entidade histórica que se manteve firme na luta contra a mercantilização da educação superior nos momentos mais difíceis. É hora de fortalecer esta entidade e avançar na luta por outro projeto de universidade, além das necessárias conquistas imediatas para a categoria.
É necessário vislumbrar o rompimento da universidade brasileira com o bloco de poder dominante formado pelos monopólios, pelo imperialismo e pelo latifúndio, que tem direcionado a produção de conhecimento para longe das necessidades do povo brasileiro. Uma universidade crítica, que produza ciência e tecnologia para as necessidades humanas, radicalmente democrática e que se popularize na sua forma e no seu conteúdo é uma necessidade histórica diante da crise civilizatória que vivemos. Fortalecer a greve nacional e avançar na luta por uma Universidade Popular!

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