O general-de-exército
Raúl Castro Ruz presidiu a reunião ampliada do Conselho de Ministros
Yaima Puig Meneses e Leticia Martínez Hernández
DURANTE uma reunião ampliada do Conselho de
Ministros, realizada na sexta-feira, 15 de março, o
general-de-exército Raúl Castro Ruz fez um apelo
para continuar fomentando a ordem em todos os
âmbitos da sociedade. E reiterou a necessidade de
continuar trabalhando com disciplina e exigência em
prol do desenvolvimento sustentável.
“Esta não é tarefa dum dia, devemos ser sistemáticos
no enfrentamento aos problemas e impedir que surjam
quando começam a perceber-se os primeiros sintomas,
para que não proliferem impunemente ante nossos
olhos”, destacou o presidente dos Conselhos de
Estado e de Ministros.
Raúl considerou que enquanto maior sejam as
adversidades, maior deve ser o espírito de
resistência e de luta para enfrentá-las com
otimismo, como sempre nos ensinou Fidel. “Não nos
contaminemos com o pessimismo. Se trabalharmos bem,
tudo tem solução”, afirmou Raúl em vários momentos
da reunião, onde se trataram assuntos de muita
importância para o melhor desenvolvimento econômico.
REORDENANDO AS ESTRUTURAS
Como primeiro tema do encontro, o segundo chefe da
Comissão Permanente para a Implementação e
Desenvolvimento, Leonardo Andollo Valdés, explicou
os principais resultados dum estudo sobre a
organização estrutural do Ministério das Relações
Exteriores, como parte do aperfeiçoamento que se vem
implementando nos organismos da Administração
Central do Estado.
“Com as mudanças propostas — disse — haverá uma
definição mais precisa das funções deste organismo,
bem como melhor organização para seu cumprimento, o
que significa maior integração e articulação da
atividade deste Ministério”.
Andollo Valdés também expôs a política desenhada
para as zonas com regulamentações especiais no país,
entendidas como áreas do território nacional onde é
necessário aplicar um tratamento diferenciado, em
função de interesses do meio ambiente,
histórico-culturais, econômicos, da defesa,
segurança e ordem interna.
Neste sentido foram estabelecidas três tipos de
zonas com regulamentações especiais: de alta
significação ambiental e histórico-cultural; de
desenvolvimento econômico, e de interesse para a
defesa, a segurança e a ordem interna.
Com isto se pretende especificar as normativas a
serem aplicadas em cada caso, atendendo ao
desenvolvimento econômico previsto de forma
sustentável.
Mais adiante, o ministro de Indústrias, Salvador
Pardo Cruz, explicou a política desenhada para o
desenvolvimento das indústrias produtoras de
equipamentos de embalagens. Soube-se que a produção
nacional satisfaz somente 36% da procura, o resto
deve ser importado.
Depois do estudo realizado confirmou-se que entre os
principais problemas deste setor estão a elevada
obsolescência tecnológica e o pouco aproveitamento
das capacidades produtivas; os ineficientes
processos de reparação e modernização; a pouca
disponibilidade de moldes, troquéis e matrizes; a
insuficiente reciclagem de embalagens; bem como o
baixo nível de utilização de matérias-primas
recicladas.
A nova proposta, que cumpre a 232ª Diretriz,
aprovada no 6º Congresso do Partido Comunista de
Cuba, pretende acelerar o crescimento dessas
produções sobre bases de concorrência, estabelecendo
mudanças estruturais para eliminar as insuficiências
que hoje existem; e estabelecer padrões para poder
utilizar eficientemente os embalagens.
Acerca deste tema, o general-de-exército considerou
que constitui um assunto estratégico para o país e
historicamente custou milhões à economia.
“Como vamos exportar, como vamos garantir
internamente a transportação das nossas produções se
não temos a embalagem adequada para isso”,
considerou Raúl. E chamou a prestar a devida atenção
a este assunto.
A ECONOMIA NO CENTRO DO DEBATE
Outra das questões examinadas pelo Conselho de
Ministros foram as modificações feitas no Plano da
Economia 2013, nomeadamente no setor das
construções. O vice-presidente do Conselho de
Ministros, Adel Izquierdo Rodríguez, disse que isto
teve como ponto de partida as críticas feitas pelo
presidente cubano, diante da falta de visão integral
no processo de elaboração dos documentos.
O ministro da Economia precisou que “se trata de
criar um plano objetivo e que possa ser cumprido,
levando em conta o que foi atingido em anos
anteriores”. Destacou que, como premissas
fundamentais, se levou em conta que as obras tenham
a preparação técnica assegurada, a conciliação
certificada do construtor, garantia do financiamento
e a possibilidade real de receber importações no
ano.
“Deverá compensar-se, no possível, a redução do
Plano de Obras e seu impacto no PIB, mediante o
incremento das vendas liberadas de materiais da
construção e o acabamento de moradias mediante o
esforço próprio”.
Entre as obras priorizadas destacam as relacionados
com o turismo, a biotecnologia, energias renováveis,
produção de alimentos, de praguicidas biológicos,
bioestimulantes e biofertilizantes, o fornecimento
de água e saneamento das principais cidades,
sistemas de irrigação, sustentabilidade da
eletricidade e das comunicações, além da construção
de casas em Havana e nas províncias de Santiago de
Cuba, Holguín e Guantánamo, afetadas pelo furacão
Sandy, bem como as que ainda existem em vários
territórios do país , por causa de fenômenos
climatológicos anteriores.
A seguir, o presidente do Banco Central de Cuba,
Ernesto Medina Villaveirán, expôs o estado das
contas por pagar e por cobrar existentes no país, ao
concluir o ano 2012, tema que é examinado,
sistematicamente, nas reuniões do Conselho de
Ministros, como exemplo do controle e exigência que
a direção do país tem indicado.
Segundo se conheceu, ao comparar os números
existentes no fechamento de 2011, com respeito ao
mesmo período do ano anterior, foi possível diminuir
as contas por pagar e por cobrar, tanto entre os
organismos da Administração Central do Estado (OACE)
como nos Conselhos da Administração Provincial e no
sistema empresarial.
“Contudo, este é um tema que ainda prejudica a saúde
das finanças do país e exige maior trabalho por
parte dos dirigentes, ato que deve estar acompanhado
dum processo sistemático para eliminar as
indisciplinas que ainda existem”, disse Medina
Villaveirán.
“Existem entidades da OACE, como o Ministério da
Agricultura, por exemplo, onde os resultados não têm
sido satisfatórios, apesar dos esforços realizados
para fortalecer a disciplina financeira. Nisso
repercute, em boa medida, a persistência de
problemas estruturais dentro deste setor da
economia, o que leva a que a situação dos
não-pagamentos se repita e impeça buscar as soluções
mais fatíveis, com vista a ordenar melhor as
finanças, sobretudo num setor tão importante como a
agricultura”, avaliou o presidente do Banco.
Quanto a este tema, o presidente Raúl Castro
considerou que tal como se faz nas relações com o
exterior, é necessário aplicar, no interior da
economia, a máxima de que “qualquer compromisso que
fizermos deve ser cumprido, não podemos pedir
créditos sem possibilidades de pagamento”.
Posteriormente, o ministro do Comércio Exterior e do
Investimento Estrangeiro (Mincex), Rodrigo Malmierca
Díaz, informou acerca das afetações econômicas
ocasionadas ao país, por irregularidades nas
operações do comércio exterior, com o qual se
continua cumprindo o acordo de fazer um exame
sistemático deste tema, nas reuniões do Conselho de
Ministros.
Segundo o ministro desse setor “os danos têm sido
provocados por múltiplos fatores e embora alguns
estejam associados a causas externas, a maioria se
relaciona com deficiências em nosso trabalho e
dificuldades que persistem na base produtiva de bens
e serviços exportáveis ou estão ligados à gestão
comercial, de maneira particular às importações”.
Assinalou que as afetações fundamentais se devem a
problemas na qualidade dos produtos e no transporte,
pois persistem demoras nas operações de carga e
descarga nos portos, bem como na rotação dos
contêineres.
Malmierca reiterou que a responsabilidade é dos
chefes dos organismos da Administração Central do
Estado, das organizações superiores de direção, das
empresas e do Ministério do Comércio Externo, pois é
o organismo reitor.
“Torna-se imprescindível ser severos no
enfrentamento às indisciplinas que ocasionam perdas
milionárias. Para isso é necessário implementar as
medidas correspondentes e submeter à justiça penal
os casos que corresponder”, concluiu.
MINISTÉRIO DO TRANSPORTE: VITAL PARA O
DESENVOLVIMENTO DO PAÍS
O Conselho de Ministros examinou, ainda, o processo
de recuperação e desenvolvimento do sistema
ferroviário, sobre o qual o presidente cubano
considerou que temos avançado, embora ainda
persistam muitas indisciplinas por falta de
exigência. E pôs como exemplo o lixo que se verte
nas estradas e ruas, o desvio das arrecadações, o
roubo de combustível e o apedrejamento dos trens,
por parte de adolescentes, que se repete uma e outra
vez, geralmente nos mesmos lugares.
O ministro do setor, César Arocha Macid, referiu que
o transporte de cargas nos trens se cumpriu-se em
104%, enquanto o de passageiros ficou em 97%,
fundamentalmente por não terem sido importadas as
carruagens previstas no plano. Além disso, foram
reparados 352,6 quilômetros de ferrovias,
representando 104% do plano. Também assinalou que
diminuiu o número de ferrovias com limitações de
velocidade, na linha central.
O ministro do Transporte também expôs a situação
existente na extração e devolução de contêineres,
bem como o pagamento por demoras. Soube-se que a
partir da criação da Operação
Porto-Transporte-Economia Interna (Optei) diminuíram
consideravelmente os custos do país, por demoras na
operação de navios e contêineres (de mais de 37
milhões, em 2005, para pouco mais dum milhão, em
2012).
Contudo, Arocha Macid destacou que os resultados não
nos podem confundir nem levar-nos à complacência,
pois o objetivo é que o país não pague um centavo
por demoras.
Nesse aspecto, foram examinadas as causas que ainda
afetam esta atividade, como a chegada em massa de
contêineres, o descumprimento do plano diário de
extração e as dificuldades com os meios de içagem.
Por outro lado, precisou-se que muitos armazéns
carecem das condições para operar eficientemente os
contêineres, o trabalho se limita aos horários
diurnos e não se trabalha nos domingos nem nos dias
festivos. Além disso, se mantêm insuficiências
organizativas, de planejamento, previsão,
operacionais e de cooperação entre todos os
organismos envolvidos nesta tarefa.
Finalmente, informou-se da implementação de um grupo
de medidas para enfrentar estas adversidades e
garantir a diminuição progressiva do pagamento de
taxas por demoras, sobre o qual se continuará
informando nas próximas reuniões deste tipo.
Ao concluir o Conselho de Ministros, os
participantes assistiram à apresentação da obra Y
sin embargo se mueve (Eppur si muove) por parte
da companhia infantil de teatro La Colmenita,
dirigida por Carlos Cremata.
“Não chega com o sorriso das nossas crianças para
estarmos satisfeitos” — Raúl Castro
Leticia Martínez Hernández e Yaima Puig Meneses
• “SE o único resultado de tudo o que temos feito
fosse o sorriso das nossas crianças, estaríamos
satisfeitos; se houvesse uma única razão para
justificar as lutas que temos travado, durante mais
de cinqüenta anos, essa seria a felicidade de vocês,
somente isso pagaria tanto esforço”, disse Raúl aos
integrantes da companhia infantil de teatro La
Colmenita, depois de assistir, juntamente com a
máxima direção do país, à encenação da obra Y sin
embargo, se mueve (Eppur si muove).
Em diálogo com as crianças, o presidente dos
Conselhos de Estado e de Ministros lembrou que esse
mesmo pensamento o expressou, em 11 de março
passado, nas montanhas do Segundo Front oriental,
quando conheceu Dalia Oris Cabrera. Contou-lhes
acerca da eloquência desta pioneira que, com muito
gracejo, disse quase de cor as palavras que levava
escritas para o ato de comemoração pelo 55º
aniversário deste Front.
“Então, nossos corações se encheram de alegria,
porque antes de chegar a Revolução a essas
montanhas, as crianças morriam de doenças, viviam na
extrema pobreza, eram analfabetas e cobriam-se os
olhos, em sinal de vergonha, quando alguém se
aproximava delas”, evocou. “Por isso, se tivéssemos
que voltar a começar de novo, faríamos”, afirmou
Raúl com evidente emoção.
Raúl rememorou o dia 29 de janeiro de 2011, quando
assistiu, na sala-teatro da antiga capela da Ordem
Terceira, do convento de São Francisco de Assis,
construída em 1713, no centro histórico de Havana, a
obra Abracadabra, e disse, “aprendemos muito,
ficamos empolgados e representou um grande
ensinamento para nós, tal como esta”.
Na manhã desse mesmo dia, quando começou a reunião,
Raúl convidou os ministros, os membros do Conselho
de Estado, do Bureau Político e do secretariado do
Comitê Central para presenciar Y sin embargo se
mueve, obra de teatro que convida a buscar
sempre a verdade, a acreditar nos sonhos, a não
claudicar embora outros teimem nisso, a defender com
valentia nossos pontos de vista, apesar de não
coincidir com os de outros.
“Não é uma simples obra de teatro, faz parte da
nossa preparação política e cultural”, expressou o
presidente cubano quando começou a reunião. Antes de
despedir-se, Raúl disse às crianças: “Vou embora
muito satisfeito, pensando em vocês, em todas as
crianças de Cuba. Sentimos grande admiração pela
obra educativa de Carlos Cremata e dos que trabalham
com ele”. Finalmente, lhes agradeceu e lhes deixou
um beijo e um abraço, em nome de seus companheiros,
com a promessa de voltar a visitá-los.
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