terça-feira, 19 de março de 2013

Ordem também é sinônimo de desenvolvimento


O general-de-exército
Raúl Castro Ruz presidiu a reunião ampliada do Conselho de Ministros

Yaima Puig Meneses e Leticia Martínez Hernández

DURANTE uma reunião ampliada do Conselho de Ministros, realizada na sexta-feira, 15 de março, o general-de-exército Raúl Castro Ruz fez um apelo para continuar fomentando a ordem em todos os âmbitos da sociedade. E reiterou a necessidade de continuar trabalhando com disciplina e exigência em prol do desenvolvimento sustentável.
“Esta não é tarefa dum dia, devemos ser sistemáticos no enfrentamento aos problemas e impedir que surjam quando começam a perceber-se os primeiros sintomas, para que não proliferem impunemente ante nossos olhos”, destacou o presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros.
Raúl considerou que enquanto maior sejam as adversidades, maior deve ser o espírito de resistência e de luta para enfrentá-las com otimismo, como sempre nos ensinou Fidel. “Não nos contaminemos com o pessimismo. Se trabalharmos bem, tudo tem solução”, afirmou Raúl em vários momentos da reunião, onde se trataram assuntos de muita importância para o melhor desenvolvimento econômico.
REORDENANDO AS ESTRUTURAS
Como primeiro tema do encontro, o segundo chefe da Comissão Permanente para a Implementação e Desenvolvimento, Leonardo Andollo Valdés, explicou os principais resultados dum estudo sobre a organização estrutural do Ministério das Relações Exteriores, como parte do aperfeiçoamento que se vem implementando nos organismos da Administração Central do Estado.
“Com as mudanças propostas — disse — haverá uma definição mais precisa das funções deste organismo, bem como melhor organização para seu cumprimento, o que significa maior integração e articulação da atividade deste Ministério”.
Andollo Valdés também expôs a política desenhada para as zonas com regulamentações especiais no país, entendidas como áreas do território nacional onde é necessário aplicar um tratamento diferenciado, em função de interesses do meio ambiente, histórico-culturais, econômicos, da defesa, segurança e ordem interna.
Neste sentido foram estabelecidas três tipos de zonas com regulamentações especiais: de alta significação ambiental e histórico-cultural; de desenvolvimento econômico, e de interesse para a defesa, a segurança e a ordem interna.
Com isto se pretende especificar as normativas a serem aplicadas em cada caso, atendendo ao desenvolvimento econômico previsto de forma sustentável.
Mais adiante, o ministro de Indústrias, Salvador Pardo Cruz, explicou a política desenhada para o desenvolvimento das indústrias produtoras de equipamentos de embalagens. Soube-se que a produção nacional satisfaz somente 36% da procura, o resto deve ser importado.
Depois do estudo realizado confirmou-se que entre os principais problemas deste setor estão a elevada obsolescência tecnológica e o pouco aproveitamento das capacidades produtivas; os ineficientes processos de reparação e modernização; a pouca disponibilidade de moldes, troquéis e matrizes; a insuficiente reciclagem de embalagens; bem como o baixo nível de utilização de matérias-primas recicladas.
A nova proposta, que cumpre a 232ª Diretriz, aprovada no 6º Congresso do Partido Comunista de Cuba, pretende acelerar o crescimento dessas produções sobre bases de concorrência, estabelecendo mudanças estruturais para eliminar as insuficiências que hoje existem; e estabelecer padrões para poder utilizar eficientemente os embalagens.
Acerca deste tema, o general-de-exército considerou que constitui um assunto estratégico para o país e historicamente custou milhões à economia.
“Como vamos exportar, como vamos garantir internamente a transportação das nossas produções se não temos a embalagem adequada para isso”, considerou Raúl. E chamou a prestar a devida atenção a este assunto.
 A ECONOMIA NO CENTRO DO DEBATE
Outra das questões examinadas pelo Conselho de Ministros foram as modificações feitas no Plano da Economia 2013, nomeadamente no setor das construções. O vice-presidente do Conselho de Ministros, Adel Izquierdo Rodríguez, disse que isto teve como ponto de partida as críticas feitas pelo presidente cubano, diante da falta de visão integral no processo de elaboração dos documentos.
O ministro da Economia precisou que “se trata de criar um plano objetivo e que possa ser cumprido, levando em conta o que foi atingido em anos anteriores”. Destacou que, como premissas fundamentais, se levou em conta que as obras tenham a preparação técnica assegurada, a conciliação certificada do construtor, garantia do financiamento e a possibilidade real de receber importações no ano.
“Deverá compensar-se, no possível, a redução do Plano de Obras e seu impacto no PIB, mediante o incremento das vendas liberadas de materiais da construção e o acabamento de moradias mediante o esforço próprio”.
Entre as obras priorizadas destacam as relacionados com o turismo, a biotecnologia, energias renováveis, produção de alimentos, de praguicidas biológicos, bioestimulantes e biofertilizantes, o fornecimento de água e saneamento das principais cidades, sistemas de irrigação, sustentabilidade da eletricidade e das comunicações, além da construção de casas em Havana e nas províncias de Santiago de Cuba, Holguín e Guantánamo, afetadas pelo furacão Sandy, bem como as que ainda existem em vários territórios do país , por causa de fenômenos climatológicos anteriores.
A seguir, o presidente do Banco Central de Cuba, Ernesto Medina Villaveirán, expôs o estado das contas por pagar e por cobrar existentes no país, ao concluir o ano 2012, tema que é examinado, sistematicamente, nas reuniões do Conselho de Ministros, como exemplo do controle e exigência que a direção do país tem indicado.
Segundo se conheceu, ao comparar os números existentes no fechamento de 2011, com respeito ao mesmo período do ano anterior, foi possível diminuir as contas por pagar e por cobrar, tanto entre os organismos da Administração Central do Estado (OACE) como nos Conselhos da Administração Provincial e no sistema empresarial.
“Contudo, este é um tema que ainda prejudica a saúde das finanças do país e exige maior trabalho por parte dos dirigentes, ato que deve estar acompanhado dum processo sistemático para eliminar as indisciplinas que ainda existem”, disse Medina Villaveirán.
“Existem entidades da OACE, como o Ministério da Agricultura, por exemplo, onde os resultados não têm sido satisfatórios, apesar dos esforços realizados para fortalecer a disciplina financeira. Nisso repercute, em boa medida, a persistência de problemas estruturais dentro deste setor da economia, o que leva a que a situação dos não-pagamentos se repita e impeça buscar as soluções mais fatíveis, com vista a ordenar melhor as finanças, sobretudo num setor tão importante como a agricultura”, avaliou o presidente do Banco.
Quanto a este tema, o presidente Raúl Castro considerou que tal como se faz nas relações com o exterior, é necessário aplicar, no interior da economia, a máxima de que “qualquer compromisso que fizermos deve ser cumprido, não podemos pedir créditos sem possibilidades de pagamento”.
Posteriormente, o ministro do Comércio Exterior e do Investimento Estrangeiro (Mincex), Rodrigo Malmierca Díaz, informou acerca das afetações econômicas ocasionadas ao país, por irregularidades nas operações do comércio exterior, com o qual se continua cumprindo o acordo de fazer um exame sistemático deste tema, nas reuniões do Conselho de Ministros.
Segundo o ministro desse setor “os danos têm sido provocados por múltiplos fatores e embora alguns estejam associados a causas externas, a maioria se relaciona com deficiências em nosso trabalho e dificuldades que persistem na base produtiva de bens e serviços exportáveis ou estão ligados à gestão comercial, de maneira particular às importações”.
Assinalou que as afetações fundamentais se devem a problemas na qualidade dos produtos e no transporte, pois persistem demoras nas operações de carga e descarga nos portos, bem como na rotação dos contêineres.
Malmierca reiterou que a responsabilidade é dos chefes dos organismos da Administração Central do Estado, das organizações superiores de direção, das empresas e do Ministério do Comércio Externo, pois é o organismo reitor.
“Torna-se imprescindível ser severos no enfrentamento às indisciplinas que ocasionam perdas milionárias. Para isso é necessário implementar as medidas correspondentes e submeter à justiça penal os casos que corresponder”, concluiu.
MINISTÉRIO DO TRANSPORTE: VITAL PARA O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS
O Conselho de Ministros examinou, ainda, o processo de recuperação e desenvolvimento do sistema ferroviário, sobre o qual o presidente cubano considerou que temos avançado, embora ainda persistam muitas indisciplinas por falta de exigência. E pôs como exemplo o lixo que se verte nas estradas e ruas, o desvio das arrecadações, o roubo de combustível e o apedrejamento dos trens, por parte de adolescentes, que se repete uma e outra vez, geralmente nos mesmos lugares.
O ministro do setor, César Arocha Macid, referiu que o transporte de cargas nos trens se cumpriu-se em 104%, enquanto o de passageiros ficou em 97%, fundamentalmente por não terem sido importadas as carruagens previstas no plano. Além disso, foram reparados 352,6 quilômetros de ferrovias, representando 104% do plano. Também assinalou que diminuiu o número de ferrovias com limitações de velocidade, na linha central.
O ministro do Transporte também expôs a situação existente na extração e devolução de contêineres, bem como o pagamento por demoras. Soube-se que a partir da criação da Operação Porto-Transporte-Economia Interna (Optei) diminuíram consideravelmente os custos do país, por demoras na operação de navios e contêineres (de mais de 37 milhões, em 2005, para pouco mais dum milhão, em 2012).
Contudo, Arocha Macid destacou que os resultados não nos podem confundir nem levar-nos à complacência, pois o objetivo é que o país não pague um centavo por demoras.
Nesse aspecto, foram examinadas as causas que ainda afetam esta atividade, como a chegada em massa de contêineres, o descumprimento do plano diário de extração e as dificuldades com os meios de içagem. Por outro lado, precisou-se que muitos armazéns carecem das condições para operar eficientemente os contêineres, o trabalho se limita aos horários diurnos e não se trabalha nos domingos nem nos dias festivos. Além disso, se mantêm insuficiências organizativas, de planejamento, previsão, operacionais e de cooperação entre todos os organismos envolvidos nesta tarefa.
Finalmente, informou-se da implementação de um grupo de medidas para enfrentar estas adversidades e garantir a diminuição progressiva do pagamento de taxas por demoras, sobre o qual se continuará informando nas próximas reuniões deste tipo.
Ao concluir o Conselho de Ministros, os participantes assistiram à apresentação da obra Y sin embargo se mueve (Eppur si muove) por parte da companhia infantil de teatro La Colmenita, dirigida por Carlos Cremata.
“Não chega com o sorriso das nossas crianças para estarmos satisfeitos” — Raúl Castro
Leticia Martínez Hernández e Yaima Puig Meneses
• “SE o único resultado de tudo o que temos feito fosse o sorriso das nossas crianças, estaríamos satisfeitos; se houvesse uma única razão para justificar as lutas que temos travado, durante mais de cinqüenta anos, essa seria a felicidade de vocês, somente isso pagaria tanto esforço”, disse Raúl aos integrantes da companhia infantil de teatro La Colmenita, depois de assistir, juntamente com a máxima direção do país, à encenação da obra Y sin embargo, se mueve (Eppur si muove).
Em diálogo com as crianças, o presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros lembrou que esse mesmo pensamento o expressou, em 11 de março passado, nas montanhas do Segundo Front oriental, quando conheceu Dalia Oris Cabrera. Contou-lhes acerca da eloquência desta pioneira que, com muito gracejo, disse quase de cor as palavras que levava escritas para o ato de comemoração pelo 55º aniversário deste Front.
“Então, nossos corações se encheram de alegria, porque antes de chegar a Revolução a essas montanhas, as crianças morriam de doenças, viviam na extrema pobreza, eram analfabetas e cobriam-se os olhos, em sinal de vergonha, quando alguém se aproximava delas”, evocou. “Por isso, se tivéssemos que voltar a começar de novo, faríamos”, afirmou Raúl com evidente emoção.
Raúl rememorou o dia 29 de janeiro de 2011, quando assistiu, na sala-teatro da antiga capela da Ordem Terceira, do convento de São Francisco de Assis, construída em 1713, no centro histórico de Havana, a obra Abracadabra, e disse, “aprendemos muito, ficamos empolgados e representou um grande ensinamento para nós, tal como esta”.
Na manhã desse mesmo dia, quando começou a reunião, Raúl convidou os ministros, os membros do Conselho de Estado, do Bureau Político e do secretariado do Comitê Central para presenciar Y sin embargo se mueve, obra de teatro que convida a buscar sempre a verdade, a acreditar nos sonhos, a não claudicar embora outros teimem nisso, a defender com valentia nossos pontos de vista, apesar de não coincidir com os de outros.
“Não é uma simples obra de teatro, faz parte da nossa preparação política e cultural”, expressou o presidente cubano quando começou a reunião. Antes de despedir-se, Raúl disse às crianças: “Vou embora muito satisfeito, pensando em vocês, em todas as crianças de Cuba. Sentimos grande admiração pela obra educativa de Carlos Cremata e dos que trabalham com ele”. Finalmente, lhes agradeceu e lhes deixou um beijo e um abraço, em nome de seus companheiros, com a promessa de voltar a visitá-los.

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