quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Bengazi: A insurreição colorida desagrega-se / Terrorismo político organizado: O massacre norueguês, o Estado, os media e Israel


por Thierry Meyssan 

Neste princípio do Ramadão, a operação militar da NATO na Líbia afunda-se na mais total confusão, observa Alexis Crow. A analista da Chatham House especializada no estudo da Aliança Atlântica foi um dos primeiros peritos de think tanks ocidentais a tratar publicamente do papel da Al Qaida no seio das "forças rebeldes". Hoje ela é a primeira a dizer com uma franqueza brutal: os dirigentes políticos da Aliança abandonaram seus objectivos de guerra, os oficiais e os oficiosos. Eles não têm uma estratégia alternativa propriamente dita, além da procura de uma saída da crise que lhes permita manter a cabeça alta. Como é evidente, já não é simplesmente o estado-maior francês, mas também Londres, que se inquieta por ver as suas forças atoladas na Líbia sem solução à vista.

A "protecção das populações civis" nunca passou de um slogan desligado da realidade. Mas para a NATO não se trata mais de "mudar o regime em Tripoli", nem mesmo de dividir o país em dois Estados distintos tendo como capitais Tripoli e Bengazi. No máximo, Bruxelas espera obter um estatuto de autonomia para alguns enclaves.

Consciente do desastre político-militar, Washington procura uma saída negociada, fazendo saber que não é porque a NATO perdeu a guerra que ela deve cessar seus bombardeamentos. O tempo jogo em nosso favor, afirmam os emissários estado-unidenses, enquanto o Conselho Nacional de Transição esvazia as contas bancárias da Jamahiriya congeladas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Seja como for, se Washington enganou-se e não conseguir restabelecer a situação é porque não compreende nada do comportamento dos líbios. Intoxicados pela sua própria propaganda, os Estados Unidos acreditavam enfrentar uma ditadura centralizada e vertical e descobrem um sistema horizontal e opaco no qual o poder está pulverizado, inclusive o da autoridade militar. Eles encontram-se em diversas capitais com numerosos emissários cuja representatividade não chegam a medir. E na base de tudo, nada compreendem das reacções de Muamar Kadafi, desconcertante, que está – ele também – persuadido que o tempo joga a seu favor.

A estratégia ocidental era simples: aproveitar da normalização da Líbia e da sua abertura económica para constituir uma classe de golden boys e tecnocratas líbios que acabariam por preferir o American Way of Life ao invés do Livre Verde. Uma vez alcançada a maturidade deste processo, a CIA organizou os acontecimentos de Bengazi e a sua deformação mediática. Os franceses e os britânicos foram postos à frente, com o seu discurso humanitário, tendo em vista uma possível acção no terreno que tivesse necessidade de carne de canhão. O Conselho Nacional de Transição foi criado recuperando membros americanizados da classe dirigente, acrescentando velhos exilados organizados pela CIA desde a queda monarquia mais combatente da Al Qaida enquadrados por uma facção saudita.

Se bem que de aparência heteróclita, esta coligação repousa sobre a história comum dos indivíduos que a compõem. A maior parte tem trabalhado para os Estados desde há muito e mudou várias vezes de pertença política ao sabor das mudanças tácticas que Washington lhes ordenava. Muitos são secretamente membros da confraria dos Irmãos Muçulmanos.

Fiel ao Livre Verde, Muamar Kadafi acentou conscientemente esta fractura de classe anunciando a 22 de Fevereiro a dissolução de vários ministérios e a distribuição do seu orçamento em partes iguais entre todos os cidadãos (ou seja, 21 mil dólares por pessoa). Vendo o "Irmão Guia" retomar seu projecto anarquizante, os privilegiados que se enriqueceram durante a abertura económica tiveram medo. Alguns optaram por fugir para o Ocidente com a sua família e o seu pecúlio, outros acreditaram numa vitória rápida da Aliança Atlântica e alinharam-se com o CNT, esperando governar a Líbia de amanhã.

Para realizar esta insurreição colorida, Washington dispunha de uma única carta: a defecção de um dos companheiros de Muamar Kadafi, o general Abdel Fatah Yunes, ministro do Interior. Foi a sua viragem que tornou possível a transformação desta operação de desestabilização política em aventura militar. Ora, o assassinato do general Yunes pelos seus rivais, em 28 de Julho de 2011, provoca o colapso do "exército rebelde" e revela o carácter artificial do Conselho Nacional de Transição.

Existem hoje mais de 70 grupos armados ditos "rebeldes". Quase todos reconheciam a autoridade de Abdel Fatah Yunes, o qual tentava coordená-los. Desde o anúncio da sua morte, cada um destes grupos retomou a sua autonomia. Alguns, que criaram o seu próprio governo, tentam fazer-se reconhecer por Estados membros da coligação – nomeadamente o Qatar – ao mesmo nível que o CNT. Cada localidade tem o seu senhor da guerra que quer proclamá-la independente. Em poucos dias, a Cirenaica "iraquizou-se". O caos é tamanho que o próprio filho do general Yunes, aquando das suas exéquias, apelou ao retorno de Kadafi e da bandeira verde, único meio segundo ele de restabelecer a segurança das populações.

De imediato, basta escutar as intervenções de Muamar Kadafi para compreender a sua estratégia. Enquanto as ruas de Begazi se esvaziaram, gigantescas manifestações populares são organizadas nos quatro cantos da Tripolitania e do Fezzam para apupar a NATO. O "Grande Irmão" nelas intervém por alto-falantes e diálogo com a multidão. Ele explica que uma trégua rápida seria feita em detrimento da unidade nacional, ao passo que o prosseguimento da guerra dá o tempo para deitar abaixo o poder ilegítimo do CNT e portanto para preservar a integridade territorial da Líbia. O coronel Kadafi, que já alinhou consigo as tribos, entende agora alinhar consigo os indivíduos que ainda apoiam o CNT. Nas suas intervenções áudio apela aos seus concidadãos a que se preparem para libertar as cidades ocupadas. Deverão deslocar-se em multidão, sem armas, para retomar o controle dos bolsões "rebeldes" de maneira não violenta.

Muamar Kadafi, que já venceu politicamente o poder aéreo da NATO, pensa poder vencer também politicamente no terreno os "rebeldes".

Nesta situação inextricável, em que a maior parte dos protagonistas não sabem o que fazer, os reflexos substituem o pensamento. Os partidários do Livro Verde entendem aproveitar a fuga dos tecnocratas para retornar aos fundamentos da Revolução; aqueles que, em torno de Saif el-Islam, acreditavam poder casar o kadafismo e a globalização negociam com seus amigos ocidentais; e a NATO bombardeia mais uma vez os sítios que já havia bombardeado ontem e anteontem.
01/Agosto/2011
O original encontra-se em http://www.voltairenet.org/A-Benghazi-l-insurrection-coloree

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
strada para a guerra por Paul Craig Roberts [*]

               Quando principiou a segunda década do século XXI, a economia estado-unidense não se recuperara da Grande Recessão iniciada em Dezembro de 2007.

O fracasso da recuperação económica verificou-se apesar do maior estímulo fiscal e monetário da história do país. Houve um salvamento bancário de US$700 mil milhões, um programa de estímulo de US$700 mil milhões, um par de milhões de milhões (trillion) de "facilidade quantitativa", isto é, monetização de dívida ou impressão de dinheiro para financiar as despesas do governo. Além disso, o balanço do Federal Reserve expandiu-se em milhões de milhões de dólares quando o Fed comprou títulos hipotecários e derivativos problemáticos no seu esforço para manter o sistema financeiro solvente e em funcionamento. Segundo auditoria do Government Accountability Office do Federal Reserve, divulgada pelo senador Bernie Sanders, o Federal Reservou proporcionou empréstimos secretos a bancos dos EUA e estrangeiros que totalizavam US$16,1 milhões de milhões, uma soma maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA.

Apesar do enorme estímulo fiscal e monetário, a economia permaneceu morta.

Em 2011 o défice das despesas anuais do governo federal foi de 43 por cento do orçamento. Por outras palavras, o governo dos EUA tinha de tomar emprestado, ou o Fed tinha de monetizar, 43 por cento das despesas federais durante o ano fiscal de 2011. Apesar deste estímulo fiscal e monetário sem precedentes, a economia não recuperou.

No fim da primeira década do século XXI, o declínio da economia foi temporariamente suspenso pelos subsídios federais para compras de carros e de casa. O subsídio de habitação de US$8.000 ajudou recém-casados a comprarem as primeiras casas pois o subsídio era uma grande fatia da entrada num mercado habitacional em depressão. O subsídio à compra de carro transferiu procura futura para o presente. Quando estes subsídios expiraram, os aparelhos salva-vidas da economia foram desligados.

Problemas com informação estatística de desemprego, inflação e PIB disfarçaram o agravamento para pior da economia. Ajustamentos sazonais utilizados para aplanar os dados ao longo do ano não foram concebidos para recessão prolongada. Nem tão pouco o modelo "nascimento-morte" utilizado pelo US Bureau of Labor Statistics (BLS) para estimar empregos não relatados de novas companhias que arrancavam e perdas de companhias que abandonaram os negócios. O modelo nascimento-morte foi concebido para uma economia em crescimento e durante épocas baixas super-estima o número de novos empregos criados.

O "efeito substituição" utilizado no índice de preço no consumidor (IPC) subestima a inflação ao assumir que os consumidores substituem alimentos mais baratos por aqueles que sobem de preço. Por exemplo: se o preço de um bife em Nova York sobe, isto não é mostrado no IPC devido à suposição de que as pessoas mudam as suas compras para bife menos caro.

Cozinhando a contabilidade

A medida amplamente utilizada do "núcleo inflacionário" ("core inflation") não inclui alimentos ou energia. O núcleo inflacionário é uma medida útil para aqueles que querem dar uma visão optimista da perspectiva.

Ao subestimar a inflação, o governo pode super-estimar o crescimento do PIB real, criando portanto uma perspectiva fictícia rósea. Analogamente, ao utilizar a medida do emprego conhecida como U.3, o governo subestima o desemprego.

A "manchete" da taxa de desemprego, aquela enfatizada pelos media e a imprensa financeira, fixava-se em 9,2 por cento em Junho de 2011. Mas esta taxa não inclui quaisquer trabalhadores desencorajados. Um trabalhador desencorajado é uma pessoa que cessou de procurar um emprego, porque não há empregos a serem descobertos. Um trabalhador desencorajado não é considerado estar na força de trabalho e não é contado entre os desempregados U.3. O governo federal sabe que isto é falso e tem uma medida U.6 do desemprego que conta os desencorajados a curto prazo. Esta medida, raramente informada pelos media, fixava-se em 16,2 por cento em Junho de 2011.

O estatístico John Williams ( shadowstats.com ) continua a contar também os trabalhadores desencorajados a longo prazo de acordo com o modo como era feito oficialmente em 1080. Em Junho de 2011, esta medida completa da taxa de desemprego nos EUA era de 22,7 por cento.

Por outras palavras, em 2011 entre um quinto e um quarto da força de trabalho dos EUA estava sem emprego.

À medida que 2011 avançava, os Estados Unidos enfrentavam três crises económicas simultâneas. Uma crise decorre da perda de empregos nos EUA, PIB, rendimento do consumidor e base fiscal causada por corporações deslocalizando sua produção destinada ao mercado estado-unidense. Ao invés de fabricarem seus produtos em casa com trabalho americano e proporcionarem empregos aos americanos e receitas fiscais aos estados e localidades, corporações estado-unidenses proporcionam PIB, empregos, rendimento do consumidor e uma base fiscal a países como a China, Índia e Indonésia. Esta prática significa que o estímulo económico foi incapaz de ressuscitar a economia dos EUA pois os americanos não podem ser chamados de volta a empregos que foram exportados.

Outra crise foi a financeira resultante da desregulamentação, fraude e cobiça. A titularização de hipotecas significou que emissores de hipotecas já não tinham qualquer incentivo para averiguar a possibilidade de crédito do tomador do empréstimo, porque os emissores vendiam as hipotecas a terceiros os quais combinavam as hipotecas com outros e vendiam-nas a investidores.

Como as hipotecas foram emitidas à base de comissões (fees), quanto mais hipotecas emitidas, mas alto era o rendimento das comissões. A fim de arrecadar rendimento de comissões, alguns emissores falsificaram relatórios de crédito para tomadores de empréstimos. Com o mercado habitacional em expansão, muitas pessoas fizeram hipotecas a fim de ganhar dinheiro com a revenda das propriedades. Com os preços habitacionais a subirem rapidamente, as entradas e a fiabilidade do crédito tornaram-se preocupações do passado. A crise financeira foi agravada pela capacidade de bancos de investimentos para contornarem exigências de capital e, portanto, alavancarem seu capital incorrendo em enormes dívidas. Quando todas as bolhas estouraram, o castelo de cartas entrou em colapso.

Armagedão económico

A terceira crise foram os défices do orçamento federal de US$1,5 milhão de milhões, os quais eram demasiado grandes para serem financiados sem que o Federal Reserve comprasse novas emissões de dívida do Tesouro. Conhecido como monetização da dívida, o Federal Reserve comprou os Títulos do Tesouro, notas e outros títulos através da criação de uma conta corrente, da qual o Tesouro retiraria para pagar as contas do governo. A expansão da dívida do Tesouro despertou preocupações acerca do valor cambial do dólar e do seu papel como divisa de reserva, e despertou temores de inflação. Os preços do ouro e da prata elevaram quando o dólar declinou em mercados de câmbio estrangeiros.

Qualquer uma destas crises era séria. Todas juntas, implicavam o Armagedão económico.

Não havia caminho óbvio de saída, mas mesmo que alguém pudesse descobri-lo o governo estava focado alhures – em guerras.

Além das operações em curso no Iraque, Afeganistão, Paquistão, Iémen e Somália, os EUA e a NATO começaram operações militares contra a Líbia em 19 de Mrço de 2011. Tal como as guerras existentes, o objectivo real da agressão contra a Líbia não foi reconhecido, mas ficou claro que o objectivo da guerra era expulsar a China dos seus investimentos em petróleo na Líbia oriental. Ao contrário dos protestos árabes anteriores, a rebelião Líbia foi um levantamento armado no qual alguns viram a mão da CIA.

A guerra líbia aumentou o risco, porque embora escondendo-se por trás do véu do protesto árabe, os EUA estavam realmente confrontando a China. Analogamente, no apoio estado-unidense à rebelião armada na Síria, o objectivo de Washington era a base naval russa em Tartus. Derrubando o governo Assad na Síria e instalando ali um regime amistoso para com os EUA poria fim à presença naval russa no Mediterrâneo.

Ocultando seus objectivos por trás dos protestos árabes na Líbia e na Síria que pode ter iniciado, Washington evitou conflitos directos com a China e a Rússia, mas no entanto as duas potências entenderam que Washington estava a atacar os seus interesses. Isto elevou a imprudência das políticas agressivas de Washington ao iniciar confrontação com duas potências nucleares, uma das quais possui poder financeiro sobre os EUA pois é o maior credor estrangeiro da América.

Os investimentos petrolíferos da China em Angola e na Nigéria eram outro dos objectivos. Para conter a penetração económica da China na África, os EUA criaram o American African Command nos últimos anos da primeira década do século XXI. Perturbado pela ascensão da China, os EUA procuraram impedir a China de ter fontes de energia independentes. O grande jogo que no passado sempre levou à guerra está a ser jogado outra vez.

O 11 de Setembro de 2001 proporcionou a Washington uma nova "ameaça" para substituir a ameaça soviética, a qual expirou em 1991. Apesar da ausência da ameaça soviética, o orçamento militar e de segurança foi mantido alto durante uma década. O 11 de Setembro de 2011 injectou crescimento rápido no orçamento militar e de segurança. Uma década mais tarde o orçamento fixava-se em aproximadamente US$1,1 milhão de milhões por ano, ou aproximadamente 70 por cento do défice federal, o qual debilitava o dólar e ameaçava a classificação de crédito do Tesouro dos EUA.

Centrada nas guerras do Médio Oriente, Washington estava a perder a guerra da economia dos EUA.

Quando a expectativa de recuperação económica se evaporou, no decorrer de 2011, a necessidade da guerra tornou-se mais imperiosa.
01/Agosto/2011
[*] Ex-editor do Wall Street Journal e ex-assistente do secretário do Tesouro dos EUA. Seu último livro, HOW THE ECONOMY WAS LOST , foi publicado por CounterPunch/AK Press. Este artigo saiu no número do Verão de 2011 do Trends Journal, publicação do Trends Research Institute de Gerald Celente.

O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/roberts08012011.html


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .


Terrorismo político organizado:
O massacre norueguês, o Estado, os media e Israel
por James Petras [*]

 
"Deixem-nos então combater em conjunto com Israel, com nossos irmãos sionistas contra todos os anti-sionistas, contra todos os marxistas culturais/multicutralistas".
Manifesto de Anders Behring Breivik

"... existem mais duas células na minha organização"...
Ander Behring Breivik sob custódia policial (Reuters 7/25/11)
O atentado à bomba do gabinete do primeiro-ministro norueguês em 22/Julho/2011, Jen Stoltenberg, do Partido Trabalhista, o qual matou oito civis, e o subsequente assassinato político de 68 activistas desarmados da Juventude do Partido Trabalhista na Ilha Utoeya, a apenas 20 minutos de Oslo, pelo militante neo-fascista cristão-sionista, levanta questões fundamentais acerca do crescimento das ligações entre a extrema direita legal, os media "de referência", a política norueguesa, Israel e o terrorismo de extrema direita.

Os mass media e a ascensão do terrorismo de direita:

Os principais jornais de língua inglesa, The New York Times (NYT), o Washington Post (WP), o Wall Street Journal e o Financial Times (FT), bem como o presidente Obama, culparam "extremistas islâmicos", desde os primeiros relatórios policiais dos assassinatos, publicando um série de manchetes incendiárias (e falsa) e reportagens, etiquetando o evento como o "11/Set da Noruega", o qual reflectia a motivação ideológica e justificação mencionada pelo próprio assassino político cristão-sionista, Anders Behring Breivik. Na primeira página do Financial Times (de Londres) de 23-24/Julho, lia-se "Temores do extremismo islâmico: O pior ataque na Europa desde 2005". Obama imediatamente citou o ataque terrorista na Noruega para mais uma vez justificar suas guerras além-mar contra países muçulmanos. O FF, NYT, WP e WSJ activaram seus auto-intitulados "peritos" os quais debateram acerca de quais líderes ou movimentos árabes/islâmicos foram responsáveis – apesar de informações da imprensa norueguesa da "prisão de um homem nórdico em uniforme de polícia".

Evidentemente, os mass media e a elite política dos EUA estavam ansiosos por utilizar o atentado bombista e os assassinatos para justificar guerra imperiais em curso além-mar, ignorando o florescimento de organizações internas de extrema direita e indivíduos violentos que são a consequência da propaganda de ódio oficial islamofóbica.

Quando Anders Breivik, um conhecido extremista neo-fascista, entregou suas armas à polícia norueguesa, sem resistência, e reivindicou o crédito pelo atentado bombista e o massacre, teve início a segunda fase do encobrimento oficial. De imediato ele foi descrito como "um solitário lobo assassino", o qual "actuou sozinho" (BBC, 24/Julho/2011) ou como mentalmente demente, minimizando suas redes políticas, seus mentores ideológicos e compromissos com americanos, europeus e israelenses, que o levaram aos seus actos de terrorismo. Ainda mais ultrajante, os media e responsáveis ignoraram o facto de que este ataque terrorista complexo e com múltiplas fases estava além da capacidade de uma pessoa "demente".

Anders Behring Breivik foi membro de um partido político de extrema-direita, o Partido do Progresso, e colaborador e contribuidor de um sítio web abertamente neo-nazi. Ele frequentemente centrava seu ódio sobre o Partido Trabalhista governante pela sua relativa tolerância de imigrantes. Despreza imigrantes, especialmente muçulmanos, e era um ardente apoiante cristão-sionista repressão e terror israelense contra o povo palestino. Sua acção criminosa foi essencialmente política e integrada numa rede política muito mais vasta.

A elite política e os media fizeram todo o possível para negar o entrecruzamento de ligações entre islamófobos ideológicos "legais", como os sionistas americanos Daniel Pipes, David Horowitz, Robert Spencer e Pamela Geller, o Partido da Liberdade da extrema-direita holandesa dirigido pelo intriguista Geert Wilders e seus homólogos no Partido do Progresso norueguês que se mobiliza contra a "ameaça muçulmana". Os terroristas da "acção directa" tomam inspiração em partidos eleitorais, como o Partido do Progresso, o qual recruta e doutrina activistas, como Behring Breivik, os quais deixam então a "estrada eleitoral" para executarem suas carnificinas sangrentas, permitindo aos promotores do ódio "respeitáveis" condená-lo hipocritamente... após a afronta.

O assassino fascista: Um super-homem solitário viaja mais rápido do que uma bala contra a polícia que se move mais devagar do que uma tartaruga reumática:

O caso do "terrorista lobo solitário" desafia a credibilidade. É um tecido de mentiras utilizadas para encobrir cumplicidade do estado, má conduta da inteligência e a aguda viragem à direita tanto na política interna como externa de países da NATO.

Não há qualquer base para aceitar a afirmação inicial de Breivik de que actuou só devido a várias razões relevantes: Primeiro, o carro bomba, que devastou o centro de Oslo, era uma arma altamente complexa que exigir perícia e coordenação – da espécie disponível para estados ou serviços de inteligência, como o Mossad, o qual se especializa em carros bombas devastadores. Amadores, como Breivik, sem treino em explosivos, habitualmente explodem-se a si próprios ou falta-lhes a qualificação necessária para conectar os dispositivos electrónicos de temporização ou detonadores remotos (como provaram fracassados "sapatos" e "cuecas" dos bombistas da Times Square).

Em segundo lugar, os pormenores de (a) movimentar a bomba, (b) obter (roubando) um veículo, (c) colocar o engenho no sítio estratégico, (d) detonar com êxito e (e) então vestir um elaborado uniforme da polícia especial com um arsenal de centenas de munições e conduzir em outro veículo para a ilha de Utoeya, (f) esperar pacientemente enquanto armado até os dentes por um ferry boat, (g) cruzar-se com outros passageiros no seu uniforme de polícia, (h) acercar-se dos activistas da Juventude Trabalhista e começar o massacre de grande número de jovens desarmados e finalmente (i) liquidar os feridos e caçar aqueles que tentavam esconder-se ou nadar para longe – não é a actividade de um fanático solitário. Mesmo a combinação de um Super-homem, Einstein e um atirados de classe mundial não podiam executar tais tarefas.

Os media e os líderes da NATO devem encarar o público como passivos estúpidos ao esperar que acreditem que Anders Behring Breivik "actuou só". Ele está disposta a aguentar uma sentença de 20 anos de prisão, pois sustenta que a sua acção colectiva é a fagulha que incendiará seus camaradas e promoverá a agenda dos partidos violentos e legais de extrema-direita. Frente a um juiz norueguês, em 25 de Julho, ele declarou publicamente a existência de "mais duas células na minha organização". De acordo com testemunhas na Ilha Utoeya, foram ouvidos tiros de duas armas distintas vindos de diferentes direcções durante o massacre. A política, dizem eles, está a ... "investigar". Não é preciso dizer que a polícia nada encontrou; ao invés disso simularam um "show" para encobrir a sua inacção com a invasão de duas casas longe do massacre e rapidamente libertaram os suspeitos.

Contudo, a mais grave implicação política da acção terrorista é a ostensiva cumplicidade de altos responsáveis da polícia. A polícia levou 90 minutos para chegar a Ilha Utoeya, localizada a menos de 20 milhas [32 km] de Oslo, 12 minutos de helicóptero e 25 a 30 minutos de carro e barco. O atraso permitiu aos assassinos da extrema-direita utilizaram toda a munição, maximizando a mortes de jovens, activistas anti-fascistas, e devastando o movimento trabalhista juvenil. O chefe de polícia, Sveinung Sponheim, deu a mais fraca das desculpas, afirmando "problemas com transporte". Sponheim argumentou que não estava pronto um helicóptero e que "não podiam encontrar um barco" (Associated Press, 24/Julho/2011).

Mas havia um helicóptero disponível. Ele conseguiu voar a Utoeya e filmar a carnificina em curso, e mais da metade dos noruegueses, um povo marítimo há milénios, possui ou tem acesso a um barco. Uma força policial, confrontada com o que o primeiro-ministro chama a "pior atrocidade desde a ocupação nazi", a mover-se ao ritmo de uma tartaruga reumática para resgatar jovens activistas, levanta a suspeita de algum nível de cumplicidade. A questão óbvia que se levanta é o grau em que a ideologia do extremismo de direita – neo-fascismo – penetrou a polícia e as forças de segurança, especialmente os escalões superiores. Este nível de "inactividade" levanta mais questões do que respostas. O que sugere que os sociais-democratas só controlam parte do governo – o legislativo, ao passo que os neo-fascistas influenciam o aparelho de estado.

O facto claro é que a polícia não salvou uma única vida. Quando finalmente chegou, Anders Behring Breivik havia esgotado a sua munição e rendeu-se à polícia. A polícia literalmente não disparou um único tiro; ela nem mesmo teve de caçar ou capturar o assassino. Um cenário quase coreografado: Centenas de feridos, 68 desarmados, activistas pacíficos mortos e o movimento da juventude trabalhista dizimado.

A polícia pode afirma "crime resolvido" enquanto os mass media tagarelam acerca de um "assassino solitário". A extrema-direita tem um "mártir" para mascarar um novo avanço na sua cruzada anti-muçulmana e pró Isarel. (Recorda o celebrado fascista israelense-americano, assassino em massa, Dr. Baruch Goldstein, que massacrou dúzias de palestinos desarmados, homens e rapazes e um pregador, em 1994).

Apenas dois dias antes dos assassínios políticos, o responsável do Movimento da Juventude do Partido Trabalhista, Eskil Pederson, deu uma entrevista ao Dagbladet, o segundo maior tablóide da Noruega, na qual anunciava um "embarco económico unilateral de Israel por parte da Noruega" (Gilad Atzmon, 24/Julho/2011).

O facto que importa é que os militares noruegueses não têm problemas e despachar rapidamente 500 tropas para o Afeganistão, a milhares de quilómetros e proporcionar seis jactos e pilotos da Força Aérea Norueguesa para bombardear e aterrorizar a Líbia. E ainda assim eles não podem encontrar um helicóptero ou um simples barco para transportar a sua polícia algumas centenas de metros para impedir um acto terrorista interno da direita – cujo comportamento assassino estava a ser descrito segundo a segundo pelas jovens vítimas aterrorizadas nos seus telemóveis aos seus pais desesperados.

As raízes imperiais do fascismo interno: Conclusão

Claramente, as decisões da Noruega e outros países escandinavos de participar nas cruzadas imperiais dos EUA contra muçulmanos e especialmente árabes no Médio Oriente excitaram e revigoraram a direita neo-fascista. Eles agora querem "trazer a guerra para casa": querem que a Noruega vá mais além, "expurgar a nação, pela expulsão de muçulmanos. Eles querem "enviar uma mensagem" ao Partido Trabalhista: Ou aceita uma plena agenda neo-fascista a favor de Israel ou aguarda mais massacres, mais fascistas eleitos, mas seguidores de Anders Behring Breivik.

O "Partido do Progresso" é agora o segundo maior partido político na Nourega. Se uma coligação "conservadora" derrotar os trabalhistas, neo-fascistas provavelmente terão assento no governo. Quem sabe, após uns poucos anos de bom comportamento, eles possam encontrar uma desculpa para comutar a sentença do seu ex-camarada ... ou proclamá-lo mentalmente reabilitado e livre.

O que é claramente necessário é a retirada imediata de todas as tropas de guerras imperiais e um combate sistemático, coerente e organizado contra terroristas internos e seus padrinhos intelectuais na América, Israel e Europa. A Juventude Trabalhista deve ir em frente com o seu pedido de que o governo trabalhista, sob o primeiro-ministro Jen Stoltenberg, reconheça a nação da Palestina e implemente um boicote total a bens e serviços de Israel. Uma campanha de educação política nacional e internacional deve ser organizar para revelar as ligações entre fascistas eleitorais respeitáveis e terroristas violentos. Os mártires da Juventude Trabalhista da Ilha de Utoeya deveriam ser guardados no coração e os seus ideais ensinados em todas as escolas. Seus inimigos e apoiantes de extrema-direita, abertos, encobertos ou directamente cúmplices, deveriam ser revelados e condenados. A melhor armas contra o renovado ataque neo-fascista é uma ofensiva política e educacional, assumindo as tradições de combate anti-fascista e anti-Quisling (o notório colaborador nazi da Noruega) dos seus avós. Não é demasiado tarde – se o Partido Trabalhista, os sindicatos noruegueses e a juventude anti-fascista actuarem agora antes do dilúvio do fascismo ressurgente.
31/Julho/2011
The CRG grants permission to cross-post original Global Research articles on community internet sites as long as the text & title are not modified. The source and the author's copyright must be displayed. For publication of Global Research articles in print or other forms including commercial internet sites, contact: publications@globalresearch.ca

O original encontra-se em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25839

Este artigo encontra-se em
http://resistir.info/ .

Nenhum comentário:

Postar um comentário