terça-feira, 27 de novembro de 2012

A “RUTA SOCIAL COMUM PELA PAZ” ABRIENDO CAMINHOS PARA A PAZ NA COLOMBIA*


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O passado 15 de novembro, na cidade de Bogotá, se criou A Ruta Social Comum pela Paz da Colômbia. É uma iniciativa ampla das organizações sociais e populares, que tem como bandeira lutar em um processo permanente, gradual e crescente de mobilização, como participação cidadão, na construção da Paz com Justiça Social para configure uma Colômbia Nova.

Em Brasil organizações colombianas e brasileiras também se somam a estas iniciativas com o Fórum pela Paz em Colômbia, que acontecerá nos dias 24, 25 e 26 de maio na cidade de Porto Alegre.

Por: Hernan Camacho.
A Ruta Social Comum pela Paz na Colômbia realizou com sucesso seu primeiro Fórum pela paz, na emblemática praça de Bolivar, na capital colombiana, no dia 15 de novembro. A Ruta é uma iniciativa de convergência, unidade e articulação dos processos sociais e políticos que incentivam a saída política para o conflito colombiano e convida a que seja permitida a Vaz do povo nas conversações entre os insurgentes das FARC-EP e do governo da Colômbia, na cidade da Havana, Cuba. O evento teve a participação de trezentas  pessoas e organizações sociais que pretendem não ser somente um bastião de apoio ao processo de paz, mas contribuir com a anelada construção da paz com justiça social.
Uma urna de paz serviu para colocar as propostas e iniciativas dos participantes do encontro que serão levadas para Havana como símbolo de apoio ao processo de diálogo, mas também para as delegações que estão sentadas na mesa entendam que a cidadania deve ser levada em conta. “A paz é um processo vivo que se faz todos os dias a partir do povo e para o povo”, explicou um dos participantes do encontro.
A paz não é viável nem legitima, nem duradouro se não se garante a participação popular. Esse foi a concussão mais importante do Fórum, no que participaram estudantes, camponeses, vítimas de crimes de Estado, trabalhadores, jovens e jornalistas, com o objetivo de avançar nos primeiros passos do que se há nomeado a paz com justiça social. As necessidades, as problemáticas e as aspirações de cada um dos setores que participaram no primeiro Fórum fazem pensar que a paz esta além do simples abandono das armas e acima de qualquer dinâmica de conversação entre as FARC-EP e o governo de Santos.
O movimento político e social Marcha Patriótica, o Congresso dos Povos, a Coalizão de movimentos e organizações sociais de Colômbia – COMOSOC, o Movimento de Vítimas de Crimes de Estado, Redepaz e a Mesa Ecumênica pela Paz, entre outras organizações, foram os que convocaram o encontro. A este respeito, Andrés Gil, porta-voz da Marcha Patriótica, catalogou o Fórum como outra semente mais para a paz, como uma “paz cheia de conteúdo e ideias do movimento popular. Aqui estamos os mais afetados pela guerra e o modelo econômico. Nossas experiências nos mostra que essa mesa de conversações (do governo e as FARC-EP) é frágil. Não apostamos à ideia de uma paz-pronta”. O que se quer é que a Ruta seja o motor de encontros, conversações e mobilizações constantes de paz, discussões sobre os cinco pontos da agenda (dos diálogos do governo colombiano e as FARC-EP) e poder decidir sobre eles.
De fato, o primeiro ponto da discussão com o que começou a rodada de conversações entre as delegações instaladas em Cuba (governo e FARC-EP), é o agrário. Daí que sejam as organizações camponesas do país, as mais interessadas das discussões e por isso, é também, a necessidade urgente de que elas posam assistir à mesa de diálogos com propostas como a lei alternativa de desenvolvimento rural. “Quando falamos de paz, falamos de mudanças na distribuição social da riqueza, de mudanças na distribuição da terra e do território”, ressaltaram os camponeses participantes.
Mulheres pela Paz também se somaram à Ruta e reivindicaram o papel que elas têm na construção de um novo país. “A paz real constrói-se com a voz da mulher, com olhar de mulher, com pensamento de mulher e é a partir daí que nos negamos rotundamente a que essa paz seja exclusivamente a solução do conflito bélico. Não, essa paz deve possibilitar novas estruturas sociais que tirem o país da miséria”, afirmou Deisy Aparicio.
Porta-vozes da Mesa Amplia Nacional Estudantil – MANE, somaram-se ao esforço da paz com justiça social. A mobilização social contra a reforma estudantil do governo de Juan Manuel Santos, no ano passado, mostrou ser a fórmula na tarefa da democratização da educação. “Estamos comprometidos com a solução política e com a erradicação das causas do conflito que afligem o país há mais de meio século. A MANE luta por transformar o modelo de educação da Colômbia e é essa uma das causas do conflito”, apontou Álvaro Forero.
Analistas políticos têm afirmado que a participação cidadã na mesa de diálogo de paz entre a insurgência e o governo, não tem nenhum sentido. A Ruta respondeu a esses analistas de forma enfática com sua declaração, fruto do encontro. “Não estamos exigindo um assento na mesa de diálogo iniciada na Havana entre o Estado e as FARC-EP, nem no eventual processo que se comece com o Exército de Libertação Nacional – ELN. Estamos exigindo uma participação rela e com capacidade de decidir, porque somos as vítimas das nocivas políticas que governo após governo tem imposto ao povo colombiano em beneficio do grande capital nacional e internacional. Portanto, é inevitável que discutamos qual é o modelo econômico para a paz, não aceitamos que o governo defina que esse não é um tema de diálogo”.
A Ruta e seus participantes respaldam outras iniciativas de paz que se estão criando no país. O encontro Internacional de Paz o quatro e cinco de dezembro, o Fórum Ecumênico para a Paz, o Congresso Nacional para a Paz, e o Fórum pela Paz na Colômbia em Porto Alegre – Brasil no próximo ano; as Constituintes regionais que serão lançadas o sete de dezembro e se estenderão aos departamentos (estados da Colômbia), municípios, vilas, populações rurais, bairros, favelas e demais setores, são uma mostra das vozes cidadãos que querem ser parte do processo de paz.
“Avançaremos até níveis mais amplos de unidade convocando a um grande Movimento Social pela Paz, que articule e mobilize amplos setores sociais e políticos e especialmente ao povo colombiano. Concentraremos nossas forças e convocatórias em torno de um processo permanente, gradual e crescente de mobilização unificada pela paz. Neste propósito convocamos ao povo colombiano para expressar-se nas ruas, em todos os cantos do país, em grandes mobilizações para o 2013, o ano da luta pela paz e solução política”, conclui a declaração do Fórum que marca uma direção, a paz com justiça social e participação popular.
* O artigo original em espanhol: La urna de los cambios. In: www.marchapatriotica.org. Traduzido por Agenda Colômbia-Brasil.
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