O passado 15 de novembro, na cidade de Bogotá, se criou A
Ruta Social Comum pela Paz da Colômbia. É uma iniciativa ampla das
organizações sociais e populares, que tem como bandeira lutar em um
processo permanente, gradual e crescente de mobilização, como
participação cidadão, na construção da Paz com Justiça Social para
configure uma Colômbia Nova.
Em Brasil organizações colombianas e
brasileiras também se somam a estas iniciativas com o Fórum pela Paz em
Colômbia, que acontecerá nos dias 24, 25 e 26 de maio na cidade de Porto
Alegre.
Por: Hernan Camacho.
A Ruta Social Comum pela Paz na Colômbia
realizou com sucesso seu primeiro Fórum pela paz, na emblemática praça
de Bolivar, na capital colombiana, no dia 15 de novembro. A Ruta é uma
iniciativa de convergência, unidade e articulação dos processos sociais e
políticos que incentivam a saída política para o conflito colombiano e
convida a que seja permitida a Vaz do povo nas conversações entre os
insurgentes das FARC-EP e do governo da Colômbia, na cidade da Havana,
Cuba. O evento teve a participação de trezentas pessoas e organizações
sociais que pretendem não ser somente um bastião de apoio ao processo de
paz, mas contribuir com a anelada construção da paz com justiça social.
Uma urna de paz serviu para colocar as
propostas e iniciativas dos participantes do encontro que serão levadas
para Havana como símbolo de apoio ao processo de diálogo, mas também
para as delegações que estão sentadas na mesa entendam que a cidadania
deve ser levada em conta. “A paz é um processo vivo que se faz todos os
dias a partir do povo e para o povo”, explicou um dos participantes do
encontro.
A paz não é viável nem legitima, nem
duradouro se não se garante a participação popular. Esse foi a concussão
mais importante do Fórum, no que participaram estudantes, camponeses,
vítimas de crimes de Estado, trabalhadores, jovens e jornalistas, com o
objetivo de avançar nos primeiros passos do que se há nomeado a paz com
justiça social. As necessidades, as problemáticas e as aspirações de
cada um dos setores que participaram no primeiro Fórum fazem pensar que a
paz esta além do simples abandono das armas e acima de qualquer
dinâmica de conversação entre as FARC-EP e o governo de Santos.
O movimento político e social Marcha
Patriótica, o Congresso dos Povos, a Coalizão de movimentos e
organizações sociais de Colômbia – COMOSOC, o Movimento de Vítimas de
Crimes de Estado, Redepaz e a Mesa Ecumênica pela Paz, entre outras
organizações, foram os que convocaram o encontro. A este respeito,
Andrés Gil, porta-voz da Marcha Patriótica, catalogou o Fórum como outra
semente mais para a paz, como uma “paz cheia de conteúdo e ideias do
movimento popular. Aqui estamos os mais afetados pela guerra e o modelo
econômico. Nossas experiências nos mostra que essa mesa de conversações
(do governo e as FARC-EP) é frágil. Não apostamos à ideia de uma
paz-pronta”. O que se quer é que a Ruta seja o motor de encontros,
conversações e mobilizações constantes de paz, discussões sobre os cinco
pontos da agenda (dos diálogos do governo colombiano e as FARC-EP) e
poder decidir sobre eles.
De fato, o primeiro ponto da discussão
com o que começou a rodada de conversações entre as delegações
instaladas em Cuba (governo e FARC-EP), é o agrário. Daí que sejam as
organizações camponesas do país, as mais interessadas das discussões e
por isso, é também, a necessidade urgente de que elas posam assistir à
mesa de diálogos com propostas como a lei alternativa de desenvolvimento
rural. “Quando falamos de paz, falamos de mudanças na distribuição
social da riqueza, de mudanças na distribuição da terra e do
território”, ressaltaram os camponeses participantes.
Mulheres pela Paz também se somaram à
Ruta e reivindicaram o papel que elas têm na construção de um novo país.
“A paz real constrói-se com a voz da mulher, com olhar de mulher, com
pensamento de mulher e é a partir daí que nos negamos rotundamente a que
essa paz seja exclusivamente a solução do conflito bélico. Não, essa
paz deve possibilitar novas estruturas sociais que tirem o país da
miséria”, afirmou Deisy Aparicio.
Porta-vozes da Mesa Amplia Nacional
Estudantil – MANE, somaram-se ao esforço da paz com justiça social. A
mobilização social contra a reforma estudantil do governo de Juan Manuel
Santos, no ano passado, mostrou ser a fórmula na tarefa da
democratização da educação. “Estamos comprometidos com a solução
política e com a erradicação das causas do conflito que afligem o país
há mais de meio século. A MANE luta por transformar o modelo de educação
da Colômbia e é essa uma das causas do conflito”, apontou Álvaro
Forero.
Analistas políticos têm afirmado que a
participação cidadã na mesa de diálogo de paz entre a insurgência e o
governo, não tem nenhum sentido. A Ruta respondeu a esses analistas de
forma enfática com sua declaração, fruto do encontro. “Não estamos
exigindo um assento na mesa de diálogo iniciada na Havana entre o Estado
e as FARC-EP, nem no eventual processo que se comece com o Exército de
Libertação Nacional – ELN. Estamos exigindo uma participação rela e com
capacidade de decidir, porque somos as vítimas das nocivas políticas que
governo após governo tem imposto ao povo colombiano em beneficio do
grande capital nacional e internacional. Portanto, é inevitável que
discutamos qual é o modelo econômico para a paz, não aceitamos que o
governo defina que esse não é um tema de diálogo”.
A Ruta e seus participantes respaldam
outras iniciativas de paz que se estão criando no país. O encontro
Internacional de Paz o quatro e cinco de dezembro, o Fórum Ecumênico
para a Paz, o Congresso Nacional para a Paz, e o Fórum pela Paz na
Colômbia em Porto Alegre – Brasil no próximo ano; as Constituintes
regionais que serão lançadas o sete de dezembro e se estenderão aos
departamentos (estados da Colômbia), municípios, vilas, populações
rurais, bairros, favelas e demais setores, são uma mostra das vozes
cidadãos que querem ser parte do processo de paz.
“Avançaremos até níveis mais amplos de
unidade convocando a um grande Movimento Social pela Paz, que articule e
mobilize amplos setores sociais e políticos e especialmente ao povo
colombiano. Concentraremos nossas forças e convocatórias em torno de um
processo permanente, gradual e crescente de mobilização unificada pela
paz. Neste propósito convocamos ao povo colombiano para expressar-se nas
ruas, em todos os cantos do país, em grandes mobilizações para o 2013, o
ano da luta pela paz e solução política”, conclui a declaração do Fórum
que marca uma direção, a paz com justiça social e participação popular.
* O artigo original em espanhol: La urna de los cambios. In: www.marchapatriotica.org. Traduzido por Agenda Colômbia-Brasil.
Agenda Colômbia – Brasil
A Solidariedade É dos Povos!!!
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