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Aos lutadores e às lutadoras do povo,
Não é demais relatar que a sanha vingativa dos altos escalões da Polícia Militar, sob as
ordens do governador Luiz Henrique da Silveira, já levou à exclusão dos quadros da PM oito
praças. Outras dezenas de companheiros estão sendo julgados por Conselho de Disciplina, e podem
a qualquer momento ser excluídos. Centenas têm sido punidos com diversas penas, entre elas,
detenção e até 30 dias de prisão, mesmo na esfera administrativa. Isso porque os processos vão
ainda entrar na Justiça Militar, quando um juiz togado e cinco juízes militares julgarão aqueles que
realizaram o movimento reivindicatório do final de 2008. Pela experiência histórica, não podemos
esperar sensatez por parte da “Justiça” Militar.
A exclusão de um policial militar é mais que uma demissão, pois esse ato representa uma
mácula inimaginável a quem ingressou na corporação por concurso público, a maioria há mais de
20 anos. A exclusão representa a perda de referência, crises emocionais inimagináveis, desarranjos
familiares, falta de chão onde se firmar para redefinir um horizonte possível de vida. Já tivemos
tentativas de suicídio e muitos estão em tratamento.
Na Justiça comum, não temos tido melhor sorte. Dos oito até então excluídos, apenas um
recebeu liminar favorável ao retorno à profissão. O desembargador o reintegrou duas vezes, mas o
comandante geral da PM, coronel Eliésio Rodrigues, o excluiu três vezes. E ficou por isso mesmo.
Estamos atravessando um mar revolto jamais imaginado. É a maior onda de punições já havida na
Polícia Militar catarinense.
O objetivo da cúpula da PM, da maioria dos oficiais, não é apenas punir alguns, só para
“dar o exemplo”. Estão trabalhando para punir severamente centenas, escolhendo as principais
lideranças em cada região, mesmo quando tecnicamente não teriam motivo nem mesmo pelos
nossos draconianos regulamentos. O objetivo é aniquilar a APRASC e tudo que ela representa em
termos de organização de uma consciência coletiva e autônoma da categoria.
O Estado, em suas diversas instituições, quer o controle absoluto sobre aqueles servidores
cuja missão, na ideologia dominante, é realizar o controle social dos pobres e dos movimentos
populares organizados. Só quem está condicionado a obedecer cegamente é capaz de massacrar seu
próprio irmão. Por isso, não temos encontrado a guarida necessária em nenhuma das instâncias de
poder e em nenhuma das instituições do Estado. Organizar os praças de forma autônoma, e
construir uma consciência de serviço público de segurança em benefício da população, atenta contra
os objetivos pretendidos pela classe dominante e por todos os seus representantes dentro do aparato
do Estado: a defesa da ordem! Internamente, quando os praças reivindicam salário e dignidade, são
acusados de inimigos da ordem. Esse é o dilema que temos atravessado.
Precisamos de apoio! E a forma de nos apoiar é denunciar as arbitrariedades em todos os
espaços possíveis. Nossos algozes diretos são os oficiais que compõe a atual cúpula da PM e o
governador Luiz Henrique. Mas têm também aqueles que poderiam mudar esse quadro, mas
preferem calar, por conveniência política ou por aceitação dos fatos como estão, como se fosse
natural policiais honestos serem presos e excluídos por terem reivindicado. Precisamos sobreviver
porque nossas causas são legítimas e humanitárias, e solidariedade de classe não se deve colocar em
primeiro plano a ideologia ou o grupo político a que se pertence.
No mês de novembro, teremos eleição para a diretoria da APRASC. Se conseguirmos sair
bem desse processo, a luta seguirá, por justiça interna e por uma nova concepção de segurança
pública. Se nos sairmos mal, os praças estarão recolhidos aos fundos dos quartéis, às masmorras, à
loucura, e a segurança pública vai continuar sendo instrumento de repressão. Temos esperança na
vitória, e vamos construí-la com a resistência da nossa gente e com o apoio de todo o povo
consciente da nossa sociedade.
São José, outubro e novembro de 2009.
Sargento Amauri Soares
Candidato a presidente da APRASC
Criada em Goiás associação de solidariedade a Cuba
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*Thaís Falone, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) |
Foto:Vinícius Schmidt Santos *
Por Sturt Silva
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