Por Elaine Tavares - jornalista
O jornalistas hondurenho Rony Martínez esteve ontem na Faculdade de Jornalismo da Universidade Estácio de Sá, onde o coordenador do curso, Paulo Scarduelli, juntou todos os estudantes para uma aula magna. Com o auditório lotado, Rony falou sobre a experiência da Rádio Globo de Honduras na resistência ao golpe militar levado a cabo no dia 28 de junho de 2009. Contou em detalhes desde o primeiro dia do golpe, quando todas as rádios e televisões locais seguiam transmitindo como se a vida estivesse normal, e apenas a Rádio Globo informava ao povo sobre o que, de fato, se passava no país. “Ficamos no ar apenas dez minutos, e nos cortaram o sinal. Mas nós decidimos continuar transmitindo e junto com os companheiros da técnica improvisamos uma antena. Esta ‘ gambiarra’ permitiu que pelo menos a região central de Tegucigalpa seguisse nos escutando. Além disso, transmitíamos pela internet, informando ao mundo sobre o que se passava em Honduras”.
Para os estudantes que se mantiveram atentos até o final da conversa, a história do jovem jornalista soou como uma inspiração. A maioria deles só ouviu falar de golpe militar através dos pais e nunca vivenciaram uma situação como a que hoje passa Honduras. “Agora a gente entende o que dizem os nossos pais sobre o que aconteceu aqui no Brasil em 64”. Rony Martínez trouxe os detalhes sobre como a pequena equipe de jornalistas da Rádio Globo decidiu enfrentar toda a repressão e apostar naquilo que é a verdade do jornalismo: informar com responsabilidade sobre o que interessa a maioria da população. “Nas outras emissoras vinham falar os bispos, as autoridades, os pastores evangélicos, a dizerem que tudo estava bem, que era só uma substituição constitucional. Mas nós não dourávamos a pílula. O que havia era um golpe militar e nós decidimos dizer a verdade”. Rony descreveu ainda sobre o trabalho de uma jornalista que insistia em ir às coletivas de imprensa do governo golpista e perguntar, a queima-roupa: “como pode o senhor ser chamado de presidente constitucional? Quem foi que o elegeu”. E ela incomodava tanto com suas perguntas certeiras que o então presidente golpista mandou que os guardas a tirassem de dentro do palácio.
Também contou sobre quando eles seguiam transmitindo e informando sobre as manifestações da resistência popular e o exército decidiu invadir e fechar a rádio. “Nós já tínhamos preparado um rota de fuga pela janela. Quem mais sofreu foi o nosso diretor David Romero, porque é um pouco gordinho. Mas a gente conseguiu descer os três andares e nos abrigamos em uma casa. E dali seguimos transmitindo clandestinamente”.
Junto com Rony Martínez o também jornalista hondurenho Ronnie Huete mostrou o trabalho que realizou em Honduras como fotógrafo, trazendo as imagens de uma gente em luta, que nunca se rendeu ao golpe militar.
Nesta quinta, dia 18, os dois jornalistas falam sobre o golpe em Honduras e sobre a experiência da Rádio Globo na Univali, em outro curso de Jornalismo. Na sexta-feira, dia 19, participam do II Encontro de Soberania Comunicacional, no Sindicato dos Bancários, promovido pelo portal Desacato e pela Revista Pobres e Nojentas, junto com o Sindicato dos Jornalistas, que foi a entidade que tornou possível a vinda do jornalista da Rádio Globo. Durante o encontro acontece a pré-estréia do filme “De um golpe, Honduras”, roteirizado pelo jornalista Raul Fitipaldi e dirigido por Aline Razzera Maciel. Como bem lembrou Rony Martínez na coversa com os estudantes é bem assim que eles se sentem no seu pequeno país. “De repente, por conta do golpe, assomou Honduras, um país que não será mais o mesmo. O povo despertou, e sua caminhada rumo a liberdade não se deterá”.
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*Thaís Falone, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) |
Foto:Vinícius Schmidt Santos *
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