sexta-feira, 26 de março de 2010

Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba na luta contra a ditadura do cartel da “informação”

O Movimento Paulista de Solidariedade a Cuba vem a público demonstrar a sua indignação com a campanha orquestrada e imposta pela “grande” imprensa brasileira que, reiteradamente, vem desrespeitando os fundamentos básicos do jornalismo, impedindo à grande população o acesso à informação crítica, em relação a tudo o que se refere à Cuba.

Como de costume, a abordagem a fatos, de qualquer natureza, que se desenrolam na Ilha, recebe tratamento discriminatório, com aumento desproporcional das lentes sobre os supostos problemas que lá ocorrem e com absoluto silêncio sobre tudo aquilo que poderia enaltecer a Revolução Cubana. Nunca se faz a devida contextualização, mas, sem qualquer pudor causa-se distorções que impedem o leitor/expectador de formar uma opinião que se aproxime da realidade daquele país.


Depois do suicídio do preso comum Orlando Zapata, com motivações políticas enxertadas, seguiu-se a divulgação da imagem mórbida de Guillermo Fariñas, que, segundo Jean Guy Allard, se trata de um “delinqüente que se pretende jornalista e que, há muitos anos, vive de ‘remessas’ mafiosas”. Fariñas sofre as conseqüências de um corajoso ato de auto-suplício (greve de fome) e faz com que o muito eficiente serviço de saúde cubano lhe dê assistência intensiva. Corajoso, mas não nobre, e, muito menos, justificável. Afinal, esse ato compõe um cenário maior de ofensiva contra a Revolução Cubana, em que se busca forjar heróis para a inglória causa da destruição das conquistas do Estado cubano, seguindo a trilha recente da blogueira Yoani Sanchez, agora secundada por Zapata e por esse jornalista que foi preso por delitos comuns que atentaram contra vidas alheias. Enfim, alguns querem transformar em mártires políticos, a qualquer custo, pessoas reconhecidamente vinculadas à máfia cubana de Miami, que sequer podem ser considerados dissidentes.


Entretanto, mais do que sensibilizar, uma imprensa séria deve promover a investigação e informar sobre o fato, dentro da complexidade no qual ele se insere.


Não somos ingênuos para criar expectativas de “independência” de uma imprensa que é sustentada e controlada por grandes corporações do capital (grupo Globo, grupo Folha, grupo Estadão, grupo Bandeirantes etc). Mas, um mínimo de respeito às regras básicas do jornalismo, mesmo nessas circunstâncias, pode ser factível. Não esperamos que os empresários do lucrativo ramo da (des)informação apóiem o regime cubano, que tem uma democracia particular, baseada na universalização dos direitos humanos fundamentais como meta prioritária, ainda que restrita pelo estado de guerra sob o qual vive há mais de 40 anos.


Vemos coerência no apoio que os latifundiários da (des)informação delegam ao sofrimento e aos ideais do senhor Fariña, porém, mais coerente seria se eles tivessem coragem em assumir integralmente, diante dos seus leitores e expectadores, o projeto que dá suporte à lamentável atitude do jornalista “dissidente” cubano. A sensibilizadora imagem mórbida deveria ser acompanhada por matéria resultante de investigação sobre as ligações de Fariña com a máfia terrorista “cubana” radicada em Miami, alimentada por milhares de dólares doados pelos EUA, para derrubar o regime. Pesquisem e tenham coragem de divulgar os resultados aos seus leitores/expectadores! Esses meios de comunicação ao menos deveriam ter coragem para publicar a versão do outro lado, a dos jornalistas de Cuba e mesmo a do governo! Eles iriam proporcionar raros momentos de reflexão aos seus expectadores/leitores.


Por que será que os senhores não dedicam o mínimo espaço para o brado internacional contra a injustiça absurda que acontece há mais de dez anos em relação aos cinco patriotas anti-terroristas cubanos que se encontram encarcerados, sob torturas constantes, pelo Estado estadunidense? Quantas vezes os leitores/expectadores dessa “imprensa” ouviram falar do caso de Gerardo Hernandez, René González, Ramón Labaniño, Antonio Guerrero e Fernando González?


Por que a imprensa não mostra uma linha sequer sobre a ação humanitária que os cubanos promovem em todo o mundo, praticando, de fato, os direitos humanos? Neste exato momento, o sangue do povo haitiano escorre pelas mãos de milhares de cubanos. Por que a imprensa não revela aos seus consumidores quem são donos dessas mãos: os médicas(os), enfermeiras(os) e agentes de saúde de Cuba, que somam mais que as missões humanitárias da ONU pelo mundo?! Será que podemos falar o mesmo dos militares internacionais que lá estão? Os interesses serão os mesmos? Quem está a trocar sangue por petróleo e controle sobre a soberania alheia?


Acostumados, mas inconformados

Mas, nós, brasileiros, já estamos acostumados (ainda que continuemos indignados) com a cobertura dessa imprensa “livre” para os fatos que ocorrem no interior do nosso país. Também aqui, a incontestável obra humanitária promovida pelo Movimento dos Sem-Terra jamais recebe destaque dessa imprensa “livre”. 99,9% do cotidiano dos assentados e acampados são dedicados à organização para a vida. No entanto, 100% das reportagens dessa imprensa livre induz a pensar que os Sem-Terra não vivem senão em confrontos violentos e, pior, sequer se questiona as raízes dessa violência!


Vejamos, agora mesmo, qual o tipo de cobertura dessa imprensa a respeito da situação que levantou mais de 40 mil professores do estado contra os salários de fome e às medidas abusivas do governo privatizante do Serra. Ou esse evento digno de destaque, onde mais de duas mil mulheres marcham mais de cem quilômetros contra a violência e em prol dos seus direitos básicos! Quanta riqueza a ser divulgada! Qual a cobertura dessa imprensa que prega a “liberdade”? A cobertura feita pela “imprensa livre” é do manto do silêncio, ou da desinformação. A cobertura caolha de quem só enxerga um só lado, o lado dos opressores!


Presos comuns, preso político e direitos humanos

De fato, essa imprensa “livre” está correta ao bradar contra a indistinção entre presos comuns e aqueles presos por questões de ideais. Mas, quando se trata de aspectos de direitos humanos, não pode haver distinção. O direito de preservação da saúde do encarcerado é tão básico quanto o direito de expressão. Nesse sentido, é justo, sim, fazermos referências à violação da prática dos direitos humanos no submundo das prisões brasileiras, onde principalmente negros e pobres formam uma população carcerária que corresponde a quase 5% da população cubana! Essa imprensa livre diz isso aos seus leitores?


Na história da Revolução Cubana jamais foi torturado um prisioneiro. Não houve um único desaparecido. Não houve uma só execução extrajudiciária! O mesmo não se pode falar em relação à nossa população carcerária. Aliás, muitos dos brasileiros sequer tiveram o “direito” básico do encarceramento, pois foram vitimados pela pena de morte com a execução sumária nas mãos das nossas polícias, fato, que, aliás, predomina nas nossas páginas e telas.


Quem entende de ditadura?

Porém, o mais grave é quando vemos essa imprensa “livre” influenciar intelectuais de sólida formação, de quem se espera espírito mais crítico. Do intelectual cobramos um maior rigor no uso dos conceitos. É muito freqüente o uso dos adjetivos “ditador”, ou “ditadura”, sempre que se refere a qualquer dirigente cubano do pós-1959, ou ao regime atual da Ilha. Jamais ocorre isso quando se faz referências aos Estados Unidos, mesmo na era dos Bush, ou da Itália de Berlusconi, ou da França de Sarkozy, ou da Inglaterra de Thatcher, ou da Colômbia de Uribe. Isso se justifica para intelectuais e jornais que não estiveram ao lado de quem experimentou a mão pesada e assassina de uma ditadura nos porões dos DOI-CODIs da vida (ou da morte!), seja no Brasil, na Argentina, no Uruguai ou no Chile. Se não vale a comparação de direitos humanos entre presos comuns e presos políticos, reflitam, os senhores, sobre o uso indiscriminado do termo ditadura para se falar de uma país que pratica o humanismo mundo a fora e que garante condições básicas para um punhado de retidos por atentados contra o Estado, julgados regularmente conforme as leis do seu país, e não se envergonham em usar o mesmo termo para se referirem a governos que praticaram aberta e amplamente a tortura e o assassinato de milhares de homens e mulheres que lutaram e lutam pela igualdade, pela democracia e pela justiça social.


Não se pode esconder os problemas que a difícil construção de uma alternativa econômica e social enfrenta em Cuba. Os problemas são bastante grandes e não requerem lente de aumento para torná-los mais do que são. A menos que os intentos com o uso da lente não sejam, exatamente, a melhor aproximação do objeto, mas a sua distorção, bastando, para isso, um golpe de mão.


Essa é a liberdade que interessa a essa imprensa: a livre atuação do cartel dos grandes conglomerados dessa indústria da (des)informação, sustentada pelos monopólios empresariais da indústria, dos bancos e do comércio.

Para uma visão alternativa sobre esses episódios recentes contra Cuba, sugerimos a consulta às seguintes referências:

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