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Se alguém pensava que cinismo tem limites, esse caso do bombardeio à Líbia mostra que não. E o que mais dá nojo é o representante do império vir anunciar que determinou o ataque à Líbia aqui no território brasileiro, entre gorfadas de champanha com a nossa presidenta, e ex-guerrilheira Dilma
Apesar de não confiar "nenhum pouquinho assim" no império, apesar de nunca ter visto possibilidade de política de esquerda no governo Dilma (e nem no governo Lula) não teve como não ficar espantado com os noticiários do último sábado. Com os dois pés firmes em solo brasileiro, Obama disse aos seus que era para bombardear a Líbia. Pediu licença para os nativos, foi até um espaço reservado, apenas com os jornalistas gringos, e anunciou que tinha determinado o ataque. Em nome da liberdade, é claro.
Não cabe registrar que eles próprios aplaudem o uso de tropas sauditas (ditadura monárquica) para impedir as manifestações populares do Bahrein contra um governo a eles submisso.
A Líbia parece ser o único país do mundo em que o governo não pode usar a força contra opositores em armas. Ou alguém ignora (angelicalmente) que os opositores da Líbia são muito diferentes do opositores do Egito, da Tunísia, do Iemen, do Bahein. Na Líbia, os opositores têm armas sofisticadas, têm tanques de guerra, têm aviões de combate, têm o controle de três bases militares. Será que foi uma manifestação popular que foi lá e em alguns minutos se apoderou de tudo isso? Será que eles fizeram, em barracões improvisados e em algumas horas, todas aquelas armas? Com certeza, não! Eles foram armados pelo imperialismo, eles foram financiados pelos monopólios imperialistas europeus. E eles não são apenas os anônimos manifestantes dos outros países! Eles têm identidade política. Erguem a bandeira da velha monarquia ditatorial.
Os brasileiros que querem ser chamados de esquerda não podem ignorar estes fatos, sob o risco de estarem ajudando o império em sua ardilosa política de dominação criminosa do mundo. E nem se trata de defender Kadhafi, embora seja razoável estar no lado dele e não do lado do imperialismo e de seus monopólios privados.
Pois o governo da Líbia foi proibido de levantar seus aviões contra seus opositores que têm tanques de guerra, aviões de combate e o controle de três bases militares! E quando o governo da Líbia disparou uma bateria anti-aérea (de solo, por óbvio) para derrubar um avião de combate que vinha em sua direção, o imperialismo disse que ele estava descumprindo a decisão da ONU. Aliás, a "zona de exclusão aérea" na Líbia só vale para o governo Kadhafi? Os opositores não precisam respeitar a zona de exclusão aérea? A resolução não vale para todos, apenas para os inimigos do império?
Impedir o governo de atacar os opositores com o argumento de proteger a população civil da Líbia e ao mesmo tempo disparar toneladas de bombas contra a capital do país é alguma coisa que está além de qualquer compreensão razoável. Só mesmo alguém desprovido de cérebro para não perceber que as bombas do imperialismo também podem atingir (e atingem de fato) a população civil.
O governo brasileiro poderia ter se posicionado diferente na ONU, aliás, como os outros países também. Mas, acima de tudo, o governo brasileiro não deveria ceder seu território para declarações de guerras imperialistas. Aliás, o Rio de Janeiro também foi invadido, inclusive militarmente, para os passeios dominicais do porta-voz do imperialismo. Evacuaram todas as áreas da cidade nas imediações dos trajetos do dito cujo. E ainda querem nos convencer que foi uma alegria para o povo, que o povo recebeu com satisfação?!?
Dilma Roussef está se saindo pior que o pior diagnóstico. É lamentável..
Amauri Soares
Criada em Goiás associação de solidariedade a Cuba
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*Thaís Falone, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) |
Foto:Vinícius Schmidt Santos *
Por Sturt Silva
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