A exibição no Festival de Cinema de
Veneza, na Itália, do documentário Capitalismo:
uma história de amor, de Michael
Moore, repercutiu com toda a força que
se poderia esperar do engajado diretor de
Tiros em Columbine e Fahrenheit 11.
Sua primeira sessão para a imprensa
no Festival de Veneza, onde concorre ao
Leão de Ouro, teve fila começando mais
de meia hora antes de seu início, empurra-
empurra e dezenas de jornalistas voltando
para trás.
Ao final, o filme foi bastante aplaudido.
Capitalismo: uma história de amor é polêmico
e tem a marca de Moore. Ao seu
final, o diretor simplesmente faz uma profissão
de fé contra o capitalismo – que,
segundo ele, “não pode ser regulado, tem
de ser eliminado e substituído por um sistema
mais justo”.
O foco do filme é a grande crise econômica
que abalou os mercados mundiais
ao final de 2008, provocando a quebra
de instituições financeiras e a falência não
só de empresas, como de pessoas físicas
– milhares delas perderam suas casas, nos
EUA, por não poderem pagar suas hipotecas,
que haviam sido refinanciadas para
adquirir novas casas.
Como de hábito nos filmes de Moore,
a pesquisa é consistente e registra casos
impressionantes, que visam retratar a ganância
dos bancos e o resultado trágico,
segundo ele, de uma desregulamentação
do sistema financeiro. Além de acompanhar
o despejo de alguns inadimplentes
com as hipotecas, Moore denuncia verdadeiros
crimes, como empresas que fazem
apólices de seguro em favor de seus empregados
e beneficiam-se delas, no caso
de sua morte, em prejuízo das famílias dos
mortos. O filme não se furta a indicar
mesmo os nomes de diversas grandes
empresas norte-americanas que usaram
ou ainda usam este expediente.
Michael Moore entrevista padres que
acreditam que o capitalismo é o anti-Cristo,
porque ele falhou em proteger os pobres
e encoraja a ganância. “Essencialmente
temos uma lei que diz que apostar
é ilegal, mas nós permitimos Wall Street
fazer isso e eles jogaram com o dinheiro
das pessoas, levando-o para as áreas mais
loucas de derivativos”, disse Michael
Moore, em Veneza.
“Eles precisam mais do que só regulação.
Nós precisamos nos estruturarmos
de uma maneira diferente para criar
finanças e dinheiro, sustentar empregos,
negócios etc., para manter uma economia
saudável funcionando.”
Uma das sequências mais provocadoras
de Capitalismo: Uma História de Amor
está em seu final, quando o próprio cineasta
percorre diversos bancos em Nova
Iorque com um saco de pano na mão, com
a intenção declarada de “recuperar” dinheiro
subtraído aos contribuintes. Impedido
de fazer esta “coleta”, Moore arranja
então um rolo da fita normalmente usada
pela polícia norte-americana para isolar
cenários de crimes, passando-a pela
porta dessas instituições.
Ao final, o cineasta propõe que cada
uma das pessoas que assistir ao filme também
se rebele, seguindo os exemplos de
trabalhadores que ocuparam indústrias
desativadas ou alguns moradores que
reocuparam suas casas, desobedecendo às
ordens de despejo. Moore diz claramente
que os EUA hoje “não são” o país que o
falecido presidente Franklin Roosevelt
propunha, mas que ele não irá deixá-lo.
Moore repropõe, ao que parece, a boa e
velha desobediência civil.
“O capitalismo é mau e você não pode
regular a maldade. Você deve eliminá-lo
e substituí-lo por algo que é bom para todas
as pessoas”, conclui o documentário.Fonte: Folha de S. Paulo e yahoo.com.br
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