segunda-feira, 9 de maio de 2011

Bin Laden dá uma folga ao Obama

Bin Laden dá uma folga ao Obama
  
Imagen activaHavana, (Prensa Latina) A morte do líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, representou uma folga para o presidente Barack Obama, que lhe permite levantar sua popularidade em queda e desviar a atenção da opinião pública estadunidense de outros temas importantes.

  Os últimos meses foram difíceis para o presidente, diante da inflexível oposição dos republicanos aos seus principais programas internos como a reforma sanitária e de imigração, assim como o debate sobre os recortes dos gastos.

A isso se somam as guerras no Iraque e Afeganistão, os ataques à Líbia e a difícil situação econômica nacional, a principal preocupação dos estadunidenses.

Diante de tal situação, o presidente tinha a necessidade de dar um golpe de efeito, que aliviasse as críticas republicanas e levantasse sua popularidade e conseguiu.

À noite e em um discurso transmitido pelas emissoras ABC, CBS, NBC, Telemundo, Univision, Fox News e MSNBC, Obama anunciou a morte do saudita.

Segundo a consultora Nielsen Co. a audiência foi de 56,5 milhões de espectadores, a maior dos recentes aparecimentos do chefe de Estado. A relevação etve seu efeito imediato.

"Seu último índice de aprovação estava em 43 pontos. Nesta segunda-feira é um dia equivalente ao V-E Day (8 de Maio de 1945, Dia da Vitória na Europa, quando a Alemanha Nazista se rendeu)", estimou John Zogby, presidente da empresa de pesquisa de opinião Zogby International.

Depois da morte do terrorista, a popularidade de Obama subiu 11 pontos ao atingir 57 por cento de aprovação, segundo uma pesquisa do jornal The New York Times e da televisora CBS News.

Mas Stephen Wayne, professor da Universidade de Georgetown e especialista em eleições presidenciais, considerou que "o terrorismo não é o tema principal no país, senão a economia".

Se a morte de Bin Laden provoca mais ataques contra os Estados Unidos, isso o porá no centro de atenção para os eleitores e ajudará a Obama a fortificar sua imagem, manifestou.

Ainda que seja difícil medir as consequências que terá nas eleições, sem dúvida nenhuma é um dos momentos mais importantes do governante, considerou o jornal The Washington Post.

Mas depois da euforia inicial começam a aparecer as primeiras críticas e dúvidas sobre o operativo realizado por um comando Seal, as forças especiais da infantaria da Marinha.

A Casa Branca recebeu uma série de questionamentos das tribos indígenas norte-americanas, por usar o nome do legendário apache Gerônimo para batizar a incursão militar no Paquistão.

"Associar um guerreiro nativo com Bin Laden não é um reflexo preciso da história, e menospreza o serviço militar dos nativos", expressou indignado Jefferson Keel, presidente do Congresso Nacional de Indígenas Norte-americanos.

No final do século XIX Gerônimo liderou a luta no atual estado do Novo México contra a colonização de suas terras.

Por sua vez, Jeff Houser, presidente da Tribo Apache da reserva de Fort Sill, enviou uma carta ao Obama exigindo uma desculpa por equiparar um reverenciado guerreiro com um terrorista, o que é "um ato doloroso e ofensivo" para os povos autóctonos.

Paralelamente, na União e no exterior começou um debate sobre a operação, seu custo, a informação de inteligência que desembocou nela, e sobretudo as circunstâncias do tiroteio em uma casa na cidade paquistanesa de Abbottabad.

O mistério, os rumores e as teorias de conspiração emergiram rapidamente diante das declarações desconexas e contraditórias de altos funcionários públicos estadunidenses.

São encontradas muitas lacunas nos comentários dos três funcionários do governo encarregados de narrar os fatos: o diretor da Agência Central de Inteligência, Leon Panetta; o porta-voz da presidência, Jay Carney, e o assessor de Obama em matéria antiterrorista, John Brennan.

A versão oficial de Washington impôs-se rapidamente no mundo, diante da impossibilidade de ser contrastada, pois os sobrevivientes do tiroteio estão detidos no Paquistão sob estritas medidas de segurança.

Morreu de disparos de soldados estadunidenses ou de um guarda-costas para evitar que caísse prisioneiro? Era Bin Laden realmente, e se assim for, porque seu cadáver foi jogado ao mar ao invés de ser apresentado e ter sido sepultado como exige a tradição islâmica?, são algumas perguntas que se faz à imprensa e à opinião pública.

A última informação sobre o tema proviu de meios paquistaneses que citam fontes dos serviços secretos do país, segundo as quais, uma filha de Bin Laden confirmou como os marines assassinaram seu pai e levaram o cadáver.

Por que foi executado? A Casa Branca admitiu que teve possibilidades de apanhá-lo vivo, mas a ordem era de matá-lo, ainda que depois outros membros do governo difundiram a versão de que ele ofereceu resistência".

Também não se sabe quantos disparos Bin Laden recebeu, nem o número de defensores da moradia ou porquê as mulheres e menores presentes não foram detidos para seu interrogatório.

Pouco a pouco saem outros dados, como os revelados pelo The New York Times, que se referiu a uma audiência no Senado que analisou a operação. Segundo o jornal, quando os comandos estadunidenses entraram no quarto, Bin Laden ia tomar um fuzil de assalto e uma pistola, o que contradiz a versão anterior.

Comenta que também foram executados um mensageiro e um filho do líder da Al Qaeda, ainda que nenhum dos dois estavam armados.

Depois de 72 horas de debate, a Sala Oval anunciou que não apresentará as fotos do corpo do saudita por questões de "segurança nacional", o que aumenta o manto de mistério e alimenta a especulação.

Ainda que se desconheçam os pormenores da operação e se multiplicam as teorias, algo fica claro da incursão dos comandos: foi um golpe de efeito de Obama quando recém começa sua campanha reeleitoral.

(*) O autor é jornalista da Redação América do Norte da Prensa Latina.

rr/rob/cc
Modificado el ( sábado, 07 de mayo de 2011 )
 

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