segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Críticas à política dos Estados Unidos sobre golpe em Honduras

.
Tegucigalpa, 14 nov (Prensa Latina)

As críticas ao papel desempenhado pelos Estados Unidos na crise desatada pelo golpe de Estado em Honduras são cada vez mais duras e chegam a acusações de cumplicidade para consolidar o regime de facto.

Inclusive o presidente Manuel Zelaya, derrocado em 28 de junho passado, deixou de lado a linguagem diplomática e acusou ontem à administração de Barack Obama de regressar ao passado de apoio aos golpes militares.

O estadista sustentou reuniões ao longo dos últimos quatro meses com as principais autoridades estadunidenses, que em público afirmaram defender a restituição de Zelaya em seu cargo.

Não obstante, servidores públicos do Departamento de Estado em suas últimas declarações têm posto ênfase na celebração das eleições do próximo dia 29, recusadas pelos setores antigolpistas de Honduras.

Deixaram-nos à metade do rio dizendo agora que sua prioridade são as eleições e não a restituição da democracia, disse Zelaya à emissora costarricense DNA Rádio, em declarações citadas pela imprensa de Honduras.

O presidente Barack Obama ofereceu-nos, em Trinidad e Tobago, a todos os presidentes da América que ele era o futuro, que íamos ver uns Estados Unidos diferente, recordou Zelaya, de acordo com o diário A Tribuna.

Mas hoje -sublinhou- deixou de ser o futuro para ser o passado novamente, o dos golpes de Estado, das eleições impostas, das fraudes eleitorais.

A Frente Nacional contra o golpe de Estado, que lidera a resistência popular contra o governo de facto, em seu último comunicado condenou a tentativa dos Estados Unidos de legitimar a ação militar mediante as eleições.

Denunciamos a atitude cúmplice do governo dos Estados Unidos que manobrou para dilatar a crise e agora mostra sua verdadeira intenção de validar o regime golpista, afirmou no texto.

Aponta que o interesse real de Washington é "assegurar que o seguinte governo seja dócil aos interesses das companhias multinacionais e seu projeto de controle regional".

A Frente, uma aliança dos setores populares e partidos antigolpistas, anunciou que desconhecerá os resultados das eleições, ao as considerar uma farsa para assegurar a continuidade do poder da oligarquia.

Não obstante, esclareceu que não cederá na luta por conseguir a restituição da ordem democrática rompida pelos militares, a reposição de Zelaya e a convocação de uma assembleia nacional constituinte.

ocs/rl/es

Nenhum comentário:

Postar um comentário