terça-feira, 17 de novembro de 2009

Eleições sob golpe militar aprofundarão crise em Honduras

Tegucigalpa, 16 nov (Prensa Latina)

 As eleições do próximo dia 29 em Honduras só conduzirão ao agravamento da crise desatada pelo golpe militar, a julgar pela vasta rejeição popular , às eleições sob o regime de facto.



A este repúdio somou-se, este fim de semana, a decisão do presidente constitucional, Manuel Zelaya, de impugnar o encontro com as urnas, que considera uma manobra antidemocrática para encobrir a ação militar.



Zelaya, derrocado pelos militares no dia 28 de junho, anunciou ontem que não aceitará a esta altura do conflito nenhum acordo para restituir no cargo, quando faltam apenas duas semanas para a votação.



As forças antigolpistas hondurenhas e a maioria dos governos do mundo demandaram a reposição do estadista como única alternativa para conseguir eleições limpas, seguras e transparentes.



As negociações com esse objetivo iniciaram-se pouco depois do golpe, mas prolongaram-se por mais de quatro meses ainda sem resultados, por isso Zelaya as deu por fracassadas no passado dia 5.



O governante constitucional anunciou suas decisões em uma carta enviada na noite do sábado ao presidente estadunidense, Barack Obama, a quem critica pelo apoio às próximas eleições, embora sem a restituição do ex-dirigente.



Na mensagem, Zelaya adverte Obama sobre o caráter ilegal dessas eleições, pois o Estado de facto que vive a nação centro-americana não brinda garantias de igualdade e liberdade na participação cidadã.



Acrescenta que são "uma manobra eleitoral antidemocrática repudiada por grandes setores do povo para encobrir os autores materiais e intelectuais do golpe de Estado".



O estadista recorda a repressão a qual é submetido o povo pelas forças armadas e pela polícia, que deixou um saldo trágico de mais de uma centena de assassinatos e também centenas de feridos.



Sublinha que realizar as eleições nessas condições "será uma vergonha histórica para Honduras e uma infâmia para os povos democráticos da América".



A Frente Nacional contra o golpe de Estado, ampla aliança de forças sociais e políticas, ratificou que desconhecerá os resultados das eleições, aos quais qualifica de farsa para legitimar os golpistas.



Esta Frente, que mantém a resistência contra o regime de facto durante os últimos 142 dias, desenvolve uma ampla campanha de mobilizações populares pacíficas para se opor aos planos do

regime.



Alertou também de uma monumental fraude nas urnas, sob controle das forças armadas desde o passado dia 29 de outubro ao estar a disposição do Tribunal Supremo Eleitoral.



Tanto a Frente como Zelaya ratificaram que continuarão a luta até atingir a restituição da democracia em Honduras.



Estamos firmes, decididos a lutar por nossa democracia sem ocultar a verdade e quando um povo se decide por lutar pacificamente por suas ideias, não há arma, não há exército nem manobra capaz de detê-lo, afirmou Zelaya.



ocs/rl/es

Nenhum comentário:

Postar um comentário