Por Enrique Torres, enviado especial
Porto Príncipe, 16 fev (Prensa Latina)
Muitos sobreviventes do terremoto no Haiti desafiam ainda a
morte nas ruínas desta capital, em busca do sustento necessário para suas famílias.
Embaixo dos escombros de dezenas de shoppings derrubados pelo terremoto do dia 12 de janeiro,
não só permanecem sepultados os cadáveres dos empregados, senão também alimentos e outros
bens, aos quais quadrilhas de saqueadores tratam de chegar a todo custa.
Desde o amanhecer, zonas como o Boulevard de Dessalines se convertem em formigueiros, cada
um tratando de penetrar pelo primeiro orifício que permita passagem de seu corpo e lhe de acesso
ao cobiçado tesouro.
"Aqui podem-se encontrar algumas coisas para comer, este era um armazém que vendia alimentos",
comentou à Prensa Latina o jovem Mackenson, cuja moradia no bairro Martisá ficou totalmente
destruída pelo abalo sísmico.
Com um saco sob o braço, esperançado em depositar nele o que encontrar, o rapaz de 19 anos
confessa que já se importa pouco de morrer aplastado caso o surpreenda alguma réplica durante a
procura entre os escombros.
Seu olhar é de total desalento, o pessimismo diante de um futuro que visualiza tão incerto o
impregna de imprudência, uma qualidade evidentemente necessária aqui para fazer frente à vida.
"O terremoto ocorreu no dia 12 de janeiro, estamos na rua desde esse dia, buscando coisas, comidas
e alguns materiais para poder construir uma pequena casa para viver", expressou o jovem.
Da maneira em que vê o país parece que não vai ter nenhuma mudança, "quando vingar essa
mudança pode ser que já eu esteja morto", disse Mackenson, que antes da catástrofe trabalhava em
uma garagem.
"O posto de gasolina ficou destruído, ali morreu também seu dono", recordou o adolescente, depois
de reiterar que "se salvei a vida durante o terremoto, agora estou em pé, não me importo com nada
mais".
Assegura que sobreviver nas atuais condições não é tarefa fácil, já que quando foram distribuídos
alimentos, muita gente o vende, porque não se distribui como deve ser, para que todos atinjam
ainda que seja uma ração.
Sua família, que por sorte sobreviveu ao terremoto, não recebeu nenhum tipo de ajuda, daí que a
cada manhã ele tenha que sair em caçada para o Boulevard de Dessalines ou outros cantos da
cidade onde se possa tropeçar encontrar algo.
Nas ruínas não só tem encontrado produtos, mas também tem achado muitos corpos sem vida, mas
apesar da morte ver seu rosto tão de perto, isso não amedronta sua batalha pela vida entre os
esqueletos das construções.
Muitas edificações que ficaram em pé, mas estão seriamente afetadas, já levam em sua fachada a
palavra "demolir" em vermelho.
É um verdadeiro risco penetrar em seus corredores, pois a terra aqui não deixou de se sacudir, ainda
que já o faça com menos bravura.
Ontem, segunda-feira, na cidade de Cabo Haitiano, Departamento Norte, três crianças morreram ao
vir abaixo um muro de sua escola.
De acordo com o porta-voz da Cruz Vermelha Pericles Jean-Baptiste, o incidente ocorreu ao redor
do meio dia, ao que parece provocado pelas intensas chuvas que açoitaram a região ou uma réplica
que se registrou na noite do domingo, que seguramente estremeceu edificações que permaneciam
em pé.
tgj/et/es
Criada em Goiás associação de solidariedade a Cuba
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*Thaís Falone, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) |
Foto:Vinícius Schmidt Santos *
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