Buenos Aires, 10 jan (Prensa Latina)
Setores da oposição política, as corporações econômicas e os meios queriam e querem que o governo caia e alguns dirigentes o disseram em público, denunciou o ex-presidente Néstor Kirchner.
Em uma extensa entrevista com o jornalista e escritor Horacio Verbitsky, publicada hoje no jornal Página/12, o ex-presidente e esposo da presidenta Cristina Fernández faz uma ampla análise de sua administração (maio 2003-dezembro 2007) e a atual, com opiniões sobre acertos e erros e reflexões sobre as ações opositoras.
Neste sentido, citou as políticas introduzidas desde então em matéria de direitos humanos, como a nulidade das leis de Obediência Devida e Ponto Final, derrogação da anistia aos militares julgados por crimes de lesa humanidade e o reinicio dos julgamentos aos criminosos durante a última ditadura (1976-83).
Também se referiu à eleição de uma Corte Suprema independente, o pagamento da dívida, o aumento salarial e das aposentadorias, a nova lei de meios, a distribuição familiar por filhos, o plano Argentina Trabalha para aumentar o emprego e o recente decreto para estabelecer o Fundo do Bicentenário para o Desendividamento e a Estabilidade.
"Este projeto político é atacado bem mais pelos acertos que pelos erros", disse, para opinar que as conquistam impulsionaram muitos a se juntarem só para tentar reverter os avanços, pois não mostraram nem idéias nem projetos.
"A Cristina (Fernández) terá que enfrentar um núcleo duro fechado e desestabilizador, que se opõe à política de direitos humanos, mais os setores monopólicos mediáticos, aos que se soma uma oposição política que destruiu a Argentina duas vezes e não contribui com idéias para a construção a partir do caos que eles criaram", sentenciou Kirchner.
Pelo contrário, disse, essas forças só tentam aprofundar qualquer contradição para agravar tudo e esse é o panorama que o governo tem hoje que lidar e será o centro do debate futuro na Argentina.
Nesse contexto, expressou a necessidade de que o Partido Justicialista (PJ) siga evoluindo "para se transformar no centro de identidade da transformação, o qual requer amplitude para convocar todos os setores que nesta etapa estejam pela de consolidar".
"O que a história não perdoaria ao PJ, mas também não aos setores progressistas não justicialistas- asseverou o ex-presidente -, é que por vedetismo permitissem a restauração conservadora", em referência às épocas mais escuras dos regimes de fato e a volta ao poder real da elite econômica e social.
Em matéria de projetos de governo para 2010 e o futuro, ele propôs a consolidação de um modelo produtivo, competitivo e inclusivo, com forte consolidação tecnológica, de investigação, de inovação e de autonomia na globalização, bem como o aprofundamento da igualdade de direitos civis.
tgj/rmh/cc
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