Por Enrique Torres, enviado especial
Porto Príncipe, 22 fev (Prensa Latina)
O terremoto de 12 de janeiro no Haiti provocou a morte de
mais de 200 mil pessoas, mas também empurrou milhares de famílias por rumos que consideravam
inesperados antes do tremor.
Marié Constance, mãe de quatro meninos e três meninas, durante sua vida transitou muitas vezes
pelas imediações da colina que servia de sede aos escritórios do premiê do Haiti, conhecidas como a
Primatura, nesta capital.
Do outro lado da cerca, abaixo, sabia que era um lugar de difícil acesso para ela, mas desfrutava da
imagem paradisíaca que rodeava a mansão, com sua depurada grama, a imensa fonte azul, as
árvores e a grande escadaria de pedras.
Muito distante estava Constance de imaginar que um terremoto reduziria sua frágil casa a pó, e que
um pequeno trecho daquela resguardada escada da Primatura se converteria por tempo indefinido
em refúgio de sua família.
"Vim quando soube que tinham aberto as portas, e aqui estou com meus pequenos, mas não sei o
que vamos fazer, olhe em que condições vivemos", expressou à Prensa Latina com a mais nova das
meninas nos braços.
Uma pequena tenda é agora sua moradia, com uma parte do muro tendo a escadaria como parede de
fundo. Uns poucos pertences, entre panelas e roupas velhas completam suas propriedades.
Este assentamento, apesar de estar em uma das sedes do Executivo, encara as mesmas penúrias que
os cerca de 600 acampamentos improvisados pelas vítimas do terremoto em diversos pontos da
capital e outras cidades.
Ainda que as condições higiênicas sejam muito melhores que nas praças e parques de Porto
Príncipe, e está à disposição um posto da Cruz Vermelha, a carência de alimentos e água também
afeta os desabrigados.
Todos sentem-se agradecidos ao premiê Jean-Max Bellerive, que ordenou que se abrisse as portas
da Primatura e lhes deu acesso à colina.
O palácio corre risco de desabamento. Suas paredes permanecem com rachaduras, e não seria uma
surpresa que novas réplicas joguem abaixo a edificação, como fez o grande terremoto de sete graus
na escala Richter com o Palácio Nacional.
A residência, coberta por telhas vermelhas e de estilo colonial, permanece escorada.
Seria um verdadeiro ato de suicídio tentar buscar abrigo em seu interior, não obstante, ali
permanece um dispositivo de segurança encarregado de evitar que alguém penetre na mansão,
construída nos anos 40 do século passado.
A colina foi aberta aos desabrigados pouco depois do terremoto, e quase de imediato encheu-se de
armações de nylon com diferentes cores.
Agora está quase coberta por tendas cinzas de listas negras, doadas por alguma organização não
governamental, que protegem um pouco melhor os desabrigados das impertinentes chuvas, mas que
a toda luz não são a solução.
Este fim de semana, o presidente René Préval anunciou que entre as prioridades de seu governo está
a construção de refúgios provisórios para os deslocados.
"Atribuímos a mais alta prioridade encontrar as formas e os meios para permitir que as famílias se
alojem em condições decentes o mais breve possível", disse Préval durante um encontro com a
presidenta chilena, Michele Bachelet.
De acordo com o dignatário, o país está comprometido na mobilização de seus próprios recursos
para enfrentar o problema, mas seus recursos não serão suficientes.
Em dias recentes, a ONU elevou a 1,44 bilhão de dólares o reclamo à comunidade internacional
para ajudar o Haiti, depois de uma solicitação de 575 milhões realizada três dias após a tragédia.
asg/et/es
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