Por Luis Melian (*)
Beijing, (Prensa Latina)
Os avanços econômicos da China quase deixam de ser noticia por serem freqüentes e espantosos, mas ainda estão por eliminar a pobreza, situação que justifica sua condição de país em desenvolvimento, entre outros fatores.
Dos resultados recentes pode-se citar o crescimento do Produto Interno Bruto no ano passado, de 8.7 por cento -superior à meta de oito-, apesar da crise internacional, que também afetou esta nação, sobretudo seu setor exportador.
As estatísticas indicam que em valores, os bens e serviços produzidos nesse período somaram 4,91 bilhões de dólares.
É difícil imaginar tão enorme quantidade de dinheiro e até pode-se considerar como balanço de uma economia altamente desenvolvida e suficiente para viver bem como poucos, mas por se tratar de uma nação com mais de um bilhão e 300 milhões de habitantes e onde a pobreza tem sido um problema histórico em muitas regiões, sua distribuição se faz mais complexa.
Cabe recordar que o mencionado flagelo não tem um só rosto, há vezes em que está reduzido a indicadores de rendimento per capita ou ao mínimo, em valores, que consome uma pessoa diariamente.
Estima-se que neste país 30 milhões de pessoas vivem abaixo da linha da pobreza, ou seja, contam com menos de 1.25 dólares diários.
Viver livre de pobreza equivale a ter acesso a serviços de saúde, educação, emprego, moradia e outros direitos básicos.
Garanti-los na China resulta numa grande dificuldade por fatores como sua enorme população, incluídas 56 etnias, vasto território e diferenças sócio-econômicas herdadas ao longo de sua história.
Apesar disso, os recentes lucros econômicos tornam possíveis balanços como o seguinte: o número de pobres nas regiões habitadas por minorias étnicas reduziu-se de 40 milhões em 1985 a oito milhões no final de 2008.
Mas como a criação de riquezas deve estar acompanhada de sua distribuição, no caso dessa última o desafio encontra-se em como fazer crescer aos de menos recursos, mais ainda quando se observa uma crescente brecha nos rendimentos, sobretudo entre a população rural e urbana e entre a das zonas do Leste e as do Oeste, as mais atrasadas.
O premiê Wen Jiabao assinalou recentemente a necessidade de avançar nesse sentido e advertiu que a distribuição das receitas do país deve aperfeiçoar-se para que todos possam desfrutar do processo de reformas e abertura. Com o anúncio das estatísticas correspondentes a 2009, o tema também animou novos comentários ao se comprovar uma maior diferença no indicador mencionado.
O rendimento per capita disponível à população urbana estimou-se em pouco mais de dois mil e 500 dólares no ano passado, com uma alta de 8.8 por cento. No caso da rural, este se situou em 754 dólares, com um aumento inferior em 0.6 em relação ao outro grupo.
Números mais reais indicam que a proporção foi de 3.33:1, equivalente a dizer que o rendimento média dos que vivem em cidades foi 3.33 vezes superior ao dos camponeses. Em 2008 a taxa fixou-se em 3.31:1.
Ainda que se reconheçam avanços neste sentido, uma análise histórica confirma uma tendência crescente na diferença.
Em 1978 a referida proporção era de 2.56:1. Na época, o rendimento per capita somava 342 yuanes (50 dólares em comparação a hoje) e 134 yuanes, respectivamente.
Depois do início de seu processo de reformas e abertura ao exterior nesse ano, que começou no campo, os rendimentos da população rural cresceram mais rápido e portanto a diferença se reduziu até chegar a 1.82:1 em 1983, ou seja, 564 yuanes frente a 254.
Esta situação registrou um novo capítulo a partir de 1985, quando o crescimento do grupo de menos recursos diminuiu seu ritmo porque o centro do processo de reformas passou às cidades.
Como se trata de um fenômeno cumulativo, uma das tarefas mais urgentes para o governo é adotar políticas que favoreçam um aumento dos rendimentos do setor mais afetado, incluídos os pobres.
Diante do empenho em construir uma sociedade harmoniosa e moderadamente próspera, este problema constitui uma ameaça para a estabilidade, conforme reconhecem os especialistas.
Não só isso, pode estimular também mais migração para as cidades com todo o custo sócio-econômico que isso pode implicar quando o excesso de população é uma realidade comum em boa parte da China.
Calcula-se que 55 por cento dos habitantes deste país residem em zonas rurais, no entanto, lhes corresponde 11.3 por cento da riqueza.
Os trabalhadores migrantes constituem desde faz em uns anos uma avançada desse prognóstico.
Desta situação está consciente o governo e os planos e medidas para reduzir a brecha nos rendimentos, leia-se para reduzir a pobreza e melhorar a vida daqueles atingidos por esse flagelo, existem.
Um deles presta atenção especial às regiões ocidentais, desde 2000, com um programa dirigido a fomentar o desenvolvimento sócio-econômico de 12 territórios, incluídas várias províncias e regiões autônomas, e nos quais se concentram as minorias étnicas do país.
As iniciativas com esse fim incluem políticas preferenciais para os investimentos.
Os efeitos desses planos podem ser vistos nas estatísticas que revelam que nos primeiros nove meses de 2009 essas regiões registraram um crescimento econômico de 12.5 por cento em comparação ao mesmo período precedente, superior em 4.8 à média nacional.
Uma prova recente de quanto se faz para esse fim é o compromisso do governo em realizar maiores esforços com objetivo de promover o desenvolvimento agrícola e elevar os rendimentos dos camponeses e a demanda nas zonas rurais, parte de uma política dirigida a reduzir as diferenças entre o campo e a cidade, incluída a qualidade de vida.
Também no período até 2012 serão destinados um bilhão e 760 milhões de dólares à proteção ambiental no campo, do qual se beneficiarão 100 milhões de pessoas, segundo cifras oficiais.
Estes são só alguns passos no longo caminho que se deve percorrer para fazer crescer aos que mais precisam e assim conseguir a sempre desejada meta da estabilidade social, condição sine qua non para atingir o desenvolvimento em todos os setores.
(*) O autor é corresponsável chefe da Prensa Latina na China.
rr/lam/cc
Criada em Goiás associação de solidariedade a Cuba
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