segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Cúpula de Copenhague: a batalha de Ban Ki-Moon

Por Victor M. Carriba



Nações Unidas, 14 dez (Prensa Latina) Sem abandonar uma constante retórica de otimismo, ainda que seguro da impossibilidade de conseguir um acordo legalmente vinculante, o secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, viaja hoje a Copenhague para assistir à cúpula sobre mudança climática.



Antes de embarcar no avião para essa cidade, o máximo responsável pelas Nações Unidas se reunirá aqui com a imprensa credenciada para, segundo se espera, reiterar que o conclave da capital dinamarquesa dará lugar a um acordo político, prévio a um pacto de obrigatório cumprimento em 2010.



Trata-se da nova fórmula empregada pelo dirigente da ONU para sair do fracasso da ideia inicial, cujo propósito era a assinatura de um convênio com compromissos e cotas a cumprir pelos países para reduzir suas emissões de gases contaminantes.



Essa pretensão original fez parte das mais altas prioridades do gerenciamento de Ban Ki-Moon e já não será atingida na capital dinamarquesa, onde agora existe um documento de negociação que evita datas concretas para o nascimento do tratado que substitua o Protocolo de Kyoto de 1997.



De acordo com informes jornalísticos que circulam na sede da ONU, o texto que se discute em Copenhague também não inclui as cifras da assistência que os países industrializados devem fornecer aos subdesenvolvidos para poder se adaptar e cumprir com os imperativos do ansiado acordo.



Até agora, o debate situa esse montante em 10 bilhões de dólares anuais durante três anos.



Alguns dos números colocados sobre a mesa na Dinamarca fixam em 50 por cento a média de redução do lançamento de dióxido de carbono à atmosfera para o ano 2050, com relação aos níveis de 1990.



Mas se algo Ban Ki-Moon garantiu é uma ampla presença de chefes de Estado e governo na reunião da capital dinamarquesa, entre eles Barack Obama (Estados Unidos), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Wen Jibao (China) e Manmohan Singh (Índia), países fundamentais no problema.



Em seus esforços com vistas à conferência, o secretário geral promoveu em setembro passado, nas Nações Unidas, uma reunião sobre a mudança climática com cerca de uma centena de governantes, entre eles o estadunidense.



No entanto, apesar da agitação midiática que rodeou essa reunião, o encontro ficou reduzido a um resumo do tratado, sem acordos e com uma nova expressão de otimismo do titular das Nações Unidas.



Outra ação da mais alta autoridade da ONU foi uma viagem que realizou há um mês a Washington em busca de compromissos e números do maior contaminante do mundo que servissem de tapete vermelho com vistas ao fórum da Dinamarca.



Porém, só conseguiu o oferecimento de um rascunho da legislação que está em discussão atualmente nos Estados Unidos em matéria de mudança climática, ainda que mais tarde a Casa Branca anunciou uma oferta de diminuir suas emissões em 17 por cento até 2020, em comparação com 2005.



Enquanto isso, a China situou sua redução entre 40 e 45 por cento e o Brasil entre 36 e 39 nesse mesmo prazo e igual ponto de referência.



Os especialistas insistem na necessidade de que os países industrializados restrinjam suas emissões entre 25 e 40 por cento até 2020 com relação a 1990 para que o aquecimento global não supere os dois graus centígrados.



Por agora, o chefe da ONU mantém seus difíceis caminhos retóricos e assegura que o fórum da Dinamarca deve produzir um "acordo robusto e global que sirva de base para o tratado sobre o clima".



Nossa meta é contar com um convênio legalmente vinculante quanto antes possível em 2010, mas primeiro temos que conseguir um forte acordo político na cúpula de Copenhague, disse uma semana antes de embarcar hoje para a fria Escandinava.



rc/vc/es

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