Luis Melian
Beijing, 14 dez (Prensa Latina) A
União Europeia parece querer salvar a imagem ao anunciar 3,6 bilhões de dólares ao ano no próximo triênio como ajuda para combater o aquecimento global. Na realidade, tanto dinheiro é pouco frente às necessidades. Ainda que a cifra possa parecer grande, esta é mais bem uma gota de água no mar.
Está por ver se devém estímulo no meio das negociações na Cúpula de Copenhague, onde o financiamento figura como um de seus temas mais difíceis caminho às soluções para mitigar os efeitos de um fenômeno com consequências maiores para os pobres.
Esses recursos devem fazer parte de um fundo global de 10 bilhões de dólares ao ano, considerado insuficiente para permitir às nações subdesenvolvidas adaptar ao aquecimento global.
Os potenciais receptores reagiram ao anúncio por meio do enviado sudanês Lumumba Stanislas Dia Pin, que falou em nome do Grupo dos 77 mais China: o financiamento (da UE) não é uma grande soma, disse o diplomata africano, que a qualificou de insignificante.
A essa posição somaram-se denúncias de organizações não governamentais como ActionAid e Oxfam.
Essa última afirmou que para salvar o acordo, os chefes de Estado da União Europeia devem garantir que o dinheiro será novo e aparte dos compromissos já feitos em ajuda para o desenvolvimento.
ActionAid, por sua vez, advertiu que a prova para saber se os fundos são novos deve ser se estes são adicionais ao objetivo de 0,7 por cento que os países ricos assinaram há 39 anos (ajuda ao desenvolvimento). E o anunciado não parece passar essa prova, acrescentou.
Se a pobreza é elemento comum no Sul, de que recursos pode dispor essa parte do mundo “a maior- para enfrentar um problema que só agrava suas penúrias?
Por isso a insistência de muitos em que os fundos para combater o mencionado fenômeno devem se incrementar, sobretudo se se querem reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Estimativas do Banco Mundial situam os montantes necessários em mais de 100 bilhões de dólares anuais e até agora o único que se escuta é a soma de 10 mil, sem nenhuma oferta para o médio e longo prazo.
Cabe recordar que os programas para combater o aquecimento global e mitigar seus efeitos impõem a introdução “mediante transferência e aquisição- de tecnologia para garantir energia limpa, incluído o desenvolvimento daquelas procedentes de fontes renováveis.
Ninguém está melhor preparado que o mundo industrializado para ajudar aos demais nessa tarefa.
No entanto, os ricos escamoteiam fundos que de todas formas regressarão a seus bancos porque como possuem e controlam boa parte da tecnologia para a geração de energia limpa, requerida para uma economia de baixo carbono, é a eles a quem os pobres devem ir a fim da obter.
Como pode um país africano, uma ilha do Pacífico ou do Caribe, inclusive até um Estado em melhor situação que os dois casos anteriores, desenvolver a energia eólica, descontaminar um rio para aproveitar suas águas, impulsionar a reflorestamento e tratar os resíduos de suas indústrias se não acessa à tecnologia necessária?
Se os ricos consideram quando muito o dinheiro anunciado, este é amplamente menor que os desembolsos feitos por governos para salvar às instituições financeiras afetadas pela atual crise global. Então, os recursos apareceram e pareciam sobrar.
Até George Soros, um conhecedor do mundo das finanças, estima que o referido fundo é inadecuado para as mudanças a que devem se submeter os países pobres.
Ainda que recebem o nome de ajuda ou doação, os dólares em questão chegarão “de cumprir-se a promessa- com condições. No caso da União Europeia, estas podem se explicar assim: dou-te um pouco e tens que fazer mais. Em troca do desembolso, os 27 pedem aos subdesenvolvidos que se fixem metas maiores de redução de emissões.
Como? No caso dos últimos, a vontade existe, mas não o financiamento para assumir compromissos superiores.
Fica por ver quanto contribuirão os Estados Unidos e Japão, as economias maiores do mundo, ao mencionado fundo de ajuda. Washington e Tóquio seguramente tomarão a contribuição da UE como um referente.
O enviado especial da Casa Branca à Cúpula de Copenhague, Todd Stern, já deixou claro que não pensam "consertar nem pagar nenhuma dívida" por suas emissões dos últimos 200 anos.
Atingirá o tempo para negociar e encontrar todos os recursos financeiros necessários para assumir os possíveis acordos de Copenhague?
ocs/lam/bj
Criada em Goiás associação de solidariedade a Cuba
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*Thaís Falone, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) |
Foto:Vinícius Schmidt Santos *
Por Sturt Silva
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