segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Mudança Climática: odioso fracasso desenha-se em Copenhague

Por Fausto Triana



Copenhague, 14 dez (Prensa Latina) A oportunidade perdida, frase lapidária que anteciparia o fracasso da Cúpula sobre Mudança Climática das Nações Unidas, deixou de ser uma possibilidade quando começa a se esgotar o tempo das negociações.



Sobre as costas dos ministros de Meio Ambiente dos 193 países, representados aqui sob a sombra da Conferência das Partes da ONU (COP 15), recairá a difícil responsabilidade de elaborar um documento de consenso.



No entanto, os tropeços nas deliberações dão-se pelas divergências de critérios dos países em via de desenvolvimento e economias emergentes com respeito ao bloco dos ricos, ao qual exigem que assumam seu papel.



Maiores reduções de CO2 e o financiamento com recursos e transferência de tecnologia são as solicitações mais inadiáveis feitas ao grupo dos poderosos, omissos em afirmar com o exemplo.



Nos enfoques midiáticos da imprensa ocidental mostra-se o grande encontro como uma falta de vontade de ceder de todas partes, sem reforçar que os maiores contaminadores do planeta são os integrantes do G7, segundo os especialistas.



Ao redor de 120 chefes de Estado ou Governo animarão o segmento final da runião de Copenhague nos dias 17 e 18 de dezembro, diante do temor de que tudo termine em fotos protocolares, discursos vazios e promessas para um futuro incerto com a natureza.



Com acordos e iniciativas concretas, os países da Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (ALBA) se reunirão aqui de forma paralela à COP 15 em um grande ato com a presença dos presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia).



Será ao anoitecer do dia 17 de dezembro, com a participação dos nove membros da ALBA e justo apenas dias após a cúpula do acordo latino-americano em Havana, Cuba.



As notícias de fôlego inscrevem-se em manifestações de grupos indígenas, o interesse nas posturas dos pequenos estados insulares (AOSIS, por suas siglas em inglês), e projetos da Mãe Terra (Bolívia) e Yasuní ITT (Equador), entre outros.



Nesta semana veremos como se faz história, para bem ou para mal, disse o diretor de política climática de Greenpeace, Martin Kaiser.



Não sei se continuarão jogando póquer com o planeta com declarações grandiloquentes para a opinião pública nacional ou se terão o valor e a visão de esboçar um acordo transcendental em torno do aquecimento da atmosfera, afirmou à imprensa.



Assim e tudo, as notícias mundiais estão cada vez mais na capital dinamarquesa, onde aparecem registradas numerosas personalidades como o Prêmio Nobel e ex-vice-presidente estadunidense Al Gore, o arcebispo sul-africano Desmond Tutu e o próprio Bill Clinton.



O mesmo que a escultural modelo dinamarquesa Helena Christensen, a ex-presidenta irlandesa Mary Robinson e uma série de dignatários com notável ressonância nos meios, como Hugo Chávez, Evo Morales e o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em postos prominentes.



Também, obviamente, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, Barack Obama (Estados Unidos), o premiê chinês, Wei Jiabao, Nicolás Sarkozy (França), Angela Merkel (Alemanha) e o premiê indiano, Manmohan Singh.



"Os países pobres querem garantir importantes reduções de emissões, mas os ricos tentam atrasar as discussões sobre o único mecanismo de que dispomos para isto, o Protocolo de Kyoto", remarcou Oxfam International sobre a postura africana.



As nações em desenvolvimento defendem a manutenção do Protocolo de Kyoto, com uma segunda fase de compromissos a partir de janeiro de 2013, mas alguns como os Estados Unidos preferem elaborar um tratado com bases diferentes.



Nem tudo está perdido, admitiu com dúvidas em suas palavras o carismático chefe do movimento ecologista Greenpeace, o sul-africano Kumi Naidoo.



Para evitar que a COP 15, que entregará a administração ao México, encarregado de promover a COP 16 em 2010, termine na frustração total, o responsável pela ONU para a Mudança Climática, Yvo de Boer, insistiu na perspectiva de um arranjo de imediates.



Referia-se assim à provável adoção de um documento não vinculante, mas com projeções de aplicação em curto prazo e de incidência direta em benefícios para o meio ambiente.



Do lobo um cabelo, se diria.



asg/ft/es

Nenhum comentário:

Postar um comentário