sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Em busca do tempo perdido, na Cúpula de Copenhague

Por Fausto Triana, enviado especial



Copenhague, 18 dez (Prensa Latina)


Primeiro foram semanas, depois dias e finalmente horas: acaba-se a Cúpula sobre Mudança Climática e os delegados de 193 países seguem em busca do tempo perdido.



Como Marcel Proust, com a diferença substancial de que não se tratam das madalenas que evocam lembranças, senão do futuro em si mesmo da humanidade a partir do planeta em que vivemos. A Conferência das Partes das Nações Unidas (COP15) é um fracasso.



Com seus olhos mais rasgados que nunca, o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, parecia nervoso quando advertiu ontem à noite a mesma mensagem de sempre: "Os dirigentes têm que atuar. É o momento. Não temos mais tempo a perder".



E sucederam-se as frases de conclusão. "Seria uma catástrofe para todos nós. Não é possível falhar para nenhum de nós", disse o presidente francês, Nicolás Sarkozy.



Copenhague não é um jogo onde poder se guardar cartas na manga. É hora de atuar, o veredito da História não salvará aqueles que não assumem sua responsabilidade, sentenciou por sua vez o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.



Por sua vez, o vice-presidente cubano Esteban Lazo pontualizou: "Isto não é uma obra de caridade, senão, antes de mais nada, uma obrigação moral com o Sul e uma obrigação jurídica resultante dos compromissos assumidos na Convenção".



O governante boliviano, Evo Morales, ao assinalar: "Nosso dever é salvar toda a Humanidade, não apenas a metade dela". Ou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quando ironizou que talvez os ricos queiram ir viver em outro planeta.



Sarkozy e Lula impulsionavam na madrugada de Copenhague um arranjo que permita nos seguintes seis meses um acordo vinculante sobre o aquecimento global, com o qual a cena ficará pronta para a COP16, com sede no México em 2010.



Vários ativistas do Greenpeace foram detidos nas últimas horas ao ingressarem no luxuoso jantar de gala da cúpula no Palácio Christianborg desta capital, onde queriam colocar uma mensagem que finalmente dois deles conseguiram passar.



O diretor executivo do Greenpeace-Espanha, Juan López de Uralde, ingressou na instalação com um acompanhante e entre ambos estenderam o cartaz, antes de serem detidos, com a sentença: "os políticos falam, os líderes atuam".



ocs/ft/es

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