Por Enrique Torres, enviado especial
Porto Príncipe, 19 jan (Prensa Latina)
Apesar do desejo da população haitiana e mundial de sepultar as sequelas do terremoto que hoje faz uma semana que pulverizou esta capital, as estremecedoras cenas subsistem e confirmam a necessidade de uma nobre e pacífica ajuda internacional.
É critério generalizado na sociedade, que em lugar de clamar por onipresentes dispositivos militares, os haitianos sentem falta de maneira urgente de alimentos, água, atenção médica, ajuda técnica de diferentes tipos, e oportunidades de trabalho, entre outros anseios, realidade que contrasta com os acontecimentos que prevalecem na devastada cidade.
Nesta terça-feira, muito cedo, longas filas de cidadãos começaram a aparecer novamente nas principais ruas da cidade, em busca de alternativas para levar um bocado a seus filhos e a outros familiares, que na maioria dos casos passaram a noite à intempérie.
As imediações do aeroporto internacional Toussaint L´Ouverture foram uma vez mais destino para centenas de desabrigados, à espera de que por alguma via chegue as suas mãos parte da carga que continua chagando ao país de diferentes partes do mundo.
Paradoxalmente, a pista do terminal aéreo, em vez de um centro mundial de distribuição de ajuda humanitária, mais bem parece uma base militar dos Estados Unidos em plena disposição combativa, não só pela presença de grandes aviões do comando norte-americano de mobilidade aérea, cuja presença poderia ser justificada por sua capacidade de carga, mas sim pela monumental mobilização de tropas.
"Este país o que precisa são médicos, arquitetos, engenheiros, para que colaborem na reconstrução, não precisamos dos soldados como alguns por aí pensam", comentou à Prensa Latina o doutor Cantón Wilson, médico haitiano que imediatamente após o abalo sísmico dedicou atender às vítimas da catástrofe.
Wilson estudou medicina em Cuba, tinha terminado também na ilha o terceiro ano da especialidade de cirurgia, de férias aqui, estava prestes a viajar para terminar seu quarto ano quando o surpreendeu o movimento telúrico e optou por permanecer -disse- ao lado de seu povo.
Em sua opinião, a condição de país quase sitiado não é a que precisa Haiti, o imperativo é "a solidariedade, a irmandade, a paz", declarou o médico em contraste com a realidade, marcada por um poderoso contingente militar, no qual destacam-se os efetivos que envia o Pentágono, para além da chamada Missão de Estabilização, a cargo de forças da ONU.
Segundo divulgaram meios noticiosos, no dia 15 de janeiro o porta-aviões Carl Vinson chegou à costa de Porto Príncipe com um cartaz de ajuda humanitária, como se os Estados Unidos não dispusesse de outras naves de grande porte para transportar carga de envergadura.
Seus passos foram seguidos por outros navios de guerra, o Underwood e o Normandy, com capacidade para o lançamento de foguetes cruzeiros, inclusive o porta-helicópteros Bataan.
Aproximadamente dois mil efetivos da segunda Divisão de Infanteria da Marinha, com sede em Camp Lejeune, e cerca de três mil da elite 82 Divisão Aerotransportada também viajaram ao Haiti dois dias após o abalo sísmico, ataviados com sua indumentária de combate, que muito pouco ou nada pode fazer para diminuir as consequências humanas e materiais da catástrofe.
Segundo os primeiros cálculos das autoridades haitianas, o terremoto ocasionou a morte de mais de 70 mil pessoas, no entanto não são poucos os que estimam que o saldo de vítimas fatais poderia estar na ordem dos 100 mil.
et/es
Criada em Goiás associação de solidariedade a Cuba
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*Thaís Falone, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) |
Foto:Vinícius Schmidt Santos *
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