domingo, 17 de janeiro de 2010

Candente litígio sobre Banco Central foi destaque na semana na Argentina

Por Roberto Molina Hernández



Buenos Aires, 16 jan (Prensa Latina)


 As tensões pela remoção do presidente do Banco Central (BCRA), Martín Redrado, por sua recusa de implementar o Fundo do Bicentenário decretado pelo governo, caracterizaram o curso da semana.



A forte investida do chamado núcleo duro da oposição contra a presidenta Cristina Fernández, em particular, e o executivo em geral, serviu de substrato aos monopólios mediáticos para proclamar a plenos pulmões a presença de uma crise política no país.



A afirmação não é gratuita, porque certamente a atitude de Redrado não só de não abandonar o cargo, senão de recorrer à justiça -com sucesso- para sua readmissão, elevou à categoria de política o que deveria ter sido uma decisão administrativa.



O assunto foi bem aproveitado por aqueles que não reconhecem nem sequer um dos atos do executivo, que identificam com a presidenta, para apelar a uma juíza federal e conseguir inclusive o congelamento do mencionado fundo, de seis bilhões 569 milhões de dólares, que deveriam sair das reservas do BCRA para pagar dívidas em vencimento em 2010.



Como atuarão coordenadamente, um juiz estadunidense embargou uma das contas argentinas a favor dos chamados “fundos buitres” [especuladores] que reclamam compensações, um ato que permitiu que Redrado desabotoasse a camisa e proclamasse que a solução desse assunto era tarefa só para ele, com o qual se atava ainda mais à cadeira executiva.



No entanto, sua sorte começou a declinar quando no diretório dessa instituição, de nove membros, a correlação de forças lhe foi desfavorável, seis a três na tomada de decisões importantes, além de uma retirada estratégica da oposição dura ao respaldo quase incondicional que lhe estava proporcionando.



Este panorama continuará na próxima semana, quando a justiça analisará a causa aberta pelo governo contra Redrado por descumprimento do dever de servidor público e todas as demais medidas cautelares e recursos de amparo geradas por este assunto.



Na ordem internacional, a visita do presidente eleito do Uruguai, José Mujica, e seu encontro com a presidenta, na quinta-feira, tem todos os indícios de abrir uma nova etapa nas relações bilaterais, complicadas nos últimos três anos pelo litígio legal sobre uma planta de celulose no país vizinho.



Caracterizado por sua linguagem simples e eloqüente, o ex-militante tupamaro e candidato vencedor do Frente Amplio, declarou que estabeleceu com Fernández uma agenda de temas importantes que comissões negociadoras dos dois países começarão a debater depois de sua tomada de posse em 1º de março próximo.



Energia, gás, navegação fluvial, o tratado sobre o compartilhado rio Uruguai e questões do MERCOSUL serão os pontos principais dessa agenda, que o Uruguai abordará sob a ótica de Mujica de que os governos passam, mas os países ficam porque não podem se mudar e isso obriga a um manejo inteligente das relações, sem ingerências.



Outro tema relevante foi a chegada ao pico do Aconcagua de dois alpinistas argentinos que colocaram uma bandeira exigindo do Teto da América a liberdade dos cinco jovens cubanos presos nos Estados Unidos por lutar contra o terrorismo.



Apesar do fato não ter sido notícia para os monopólios mediáticos do país, circulou pelo mundo como um gesto singular de solidariedade e as redes alternativas nacionais possibilitaram que a população argentina conhecesse a façanha de Santiago Vega, condutor de rádio e televisão, e Alcides Bonavitta, ativista social.



mgt/rmh/cc

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