Nuria Barbosa León (*)
Havana, (Prensa Latina)
"Jovem tem de ser quem queira ser", segundo um dito popular tradicional cubano mas no atual mundo globalizado esse estribilho deve-se corrigir com "quem possa ser" pois sem garantias estatais fica dif?cil acumular juventude.
Em Cuba, a população maior que seis décadas ultrapassa os dois milhões de habitantes o que representa 17 por cento do total e se estima que para o ano 2030 se atinja 29 por cento.
O dado quiçá possa ser alarmante para qualquer outra sociedade mas a cubana tem garantida uma qualidade de vida superior onde se conjuga: previdência, cultura, educação e socialização respondendo aos Direitos Básicos do Adulto Idoso, referendados na Convenção de Genebra das Nações Unidas, realizada em 1982.
Estatísticas oficiais confirmam que em maio do 2009 habitavam este arquipélago mil 488 pessoas centenárias, pelo que existe uma para cada sete mil 500 habitantes.
As províncias onde residem maior número são Cidade de Havana (258), Santiago de Cuba (184), Granma (145), Villa Clara (132) e Camagüey (123).
Muitos destes criollos caminham sem ajuda de outra pessoa, quase a metade não tem deterioramento cognitivo, todos mostram bom estado nutricional e manifestaram estar satisfeitos com a vida".
Para Rina Caballero do Risco, com 73 anos de idade e residente no município capitalino Praça da Revolução, o segredo da eterna juventude radica em ter acesso à alimentação, água, moradia, vestimenta e atenção de saúde adequada.
Para ela também é importante receber o apoio de suas famílias e da comunidade; bem como a possibilidade de trabalhar ou ter fontes de rendimentos financeiros.
Enquanto para as irmãs de Havana Mirelva e Ada Margarita López de 62 e 79 anos, respectivamente, poder participar na determinação de cessar as atividades trabalhistas, acesso a programas educativos e a possibilidade de viver em meios seguros e adaptáveis a suas preferências e capacidades, são premissas essenciais para manter-se jovens por vida.
Assim fazem questão da importância de poder residir em seu próprio domicílio, permanecer integradas à sociedade, buscar e aproveitar oportunidades de prestar serviço à comunidade e de trabalhar como voluntárias em postos apropriados a seus interesses e capacidades e poder formar movimentos ou associações de pessoas de idade avançada.
Ao idoso cubano é garantido o vínculo familiar e social ainda que esteja internado em um Lar de Idosos, aos quais se somam 14 mil "Círculos de Avôs" onde se promove a prática de exercícios físicos, excursões, atividades culturais e recreativas.
Em Cuba não há locais privados exclusivos para os idosos e os serviços recebidos por este segmento etário são os que podem pagar com seu cheque de pensão.
Se necessitam atenção médica recebem de forma gratuita, igualmente a todos os cubanos, e de igual forma são feitos todos os exames diagnósticos necessários atendendo a sua enfermidade.
Também existem 174 "Casas dos Avôs", criadas para cuidar a pessoas da terceira idade enquanto seus familiares trabalham.
Nessas instituições os idosos permanecem oito horas diárias e recebem uma atenção especializada, de acordo com seu estado de saúde e características pessoais.
Ali fornece-se-lhes café da manhã, almoço e lanches nos horários matutino e vespertino, além de condições para o descanso.
Esses lugares contam com equipes de rádio, televisão, jogos de mesa e outros meios de lazer e neles se realizam também atividades culturais e excursões.
Os usuários são atendidos diretamente por médicos gerais e geriatras ocupados de checar as doenças crônicas e não transmissíveis, que também dão palestras educativas para o cuidado da saúde e da higiene pessoal. Tudo isso pôde ser constatado por Prensa Latina ao visitar a Casa de Avôs "Eterna Juventude" do município Centro Habana onde a trabalhadora social Carmen Elena Quiala Vejerano explicou todo o conteúdo de atividades no centro.
Uma modalidade acolhida pelos de cabelo branco são as mais de 400 "Cátedras Universitárias do Adulto Idoso", com 750 filiais em áreas urbanas e rurais.
Ali dão-se cursos de computação, sexualidade, meio ambiente, temas relativos ao envelhecimento, medicina alternativa, história, convivência familiar, cozinha e cuidados pessoais.
Destes cursos egressaram até o ano 2008 um total de 50 mil cubanos.
A professora Mercedes Torres Hernández, especialista do Centro Nacional de Promoção e Educação para a Saúde, informou a Imprensa Latina que toda a capacitação recebida pelos idosos tem o propósito de contribuir para elevar a qualidade de vida dos sexagenários e suas famílias, na comunidade.
Assim a professora Andrea Iznaga, presidenta da Cátedra do Adulto Maior radicada na Fragua Martiana de Centro Habana, corroborou que se dão vários módulos.
Eles incluem propedêutica e temas como desenvolvimento humano, educação para a saúde, segurança social, cultura geral integral e criatividade, onde os avôs trocam com geriatras, enfermeiras, psicólogos, trabalhadores sociais, historiadores e intelectuais, especificou Iznaga.
Graciela Inés Gutiérrez Rivas, presidenta da Filial Universitária María Cabrales do Conselho Popular de Cayo Hueso, no também município central de Centro Habana, contribuiu com outros detalhes sobre os sete cursos dados em seu centro.
Explicou que em cada um desses módulos se inter-relacionam temas de sexualidade, alimentação, valores, autoestima, e os mais de 90 graduados têm elaborado trabalhos vinculados à família, os mitos e conceitos sobre o envelhecimento, biografias dos mártires da localidade e integração do adulto idoso em seu meio.
Gutiérrez valorizou de muito positivas as jornadas científicas nas sedes universitárias municipais onde foram premiadas conferências dos alunos egressos de sua cátedra.
Um aspecto essencial para a tranquilidade do idoso é a solvência econômica e mais de um milhão 600 mil pensionistas e aposentados têm garantida a proteção estatal em Cuba.
Em 2008 investiu-se cerca de cinco mil 200 milhões de pesos na atenção aos beneficiados do Sistema de Segurança e Assistência Social.
Nesse próprio ano, a pensão mínima aos aposentados e pensionados foi elevada a 200 pesos e a prestação mínima de assistência social subiu a 147 pesos, todo o qual representou ao Estado cubano uma despesa adicional de 810 milhões de pesos, segundo dados oficiais.
Entre os centenários cubanos predomina o sexo feminino, sem hábitos tóxicos como consumo de álcool e fumo, e se preocupam por balançar seu dieta de acordo com suas possibilidades.
Grande parte dos idosos cubanos não praticaram esportes, mas se mantiveram ativos e motivados com algum projeto, indicou a especialista Mercedes Torres Hernández.
A geriatra acrescentou que mais de 90 por cento deles ingerem remédios por estrita necessidade e não ultrapassam a cifra de três medicamentos, de maneira individual.
Satisfaz dizer que Juana Bautista da Candelaria Rodríguez, que habita a 733 quilômetros desta capital, na oriental província cubana de Granma, é atualmente a pessoa com mais idade em nosso país pois completou 124 anos, informou.
Relatou que dela cuidam um geriatra e um médico geral que a visitam semanalmente e diariamente a idosa recebe em sua casa a uma enfermeira especializada em checar seu estado de saúde.
Trabalha-se por promover na população cubana o respeito e cuidado para os idosos, educar aos mais jovens nas normas de condutas onde expressem amor para seus avôs, indicou Torres.
Ajudar, apoiar e fornecer alegrias é quiçá o anseio de uma geração que engendrou à Cuba de hoje, evocou a especialista.
Para os jovens de cabelos sem cor, a sociedade cubana empenha-se em desejar uma longa vida e uma eterna felicidade, apontou.
(*) A autora é jornalista cubana, colaboradora de Prensa Latina.
rr/nbl/bj
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