Por Mario Hubert Garrido
La Paz, 4 dez (Prensa Latina)
A apenas 48 horas das eleições gerais na Bolívia, a festa ocorrida na véspera do fechamento nacional da campanha de Evo Morales na combativa cidade de El Alto será recordada por muito tempo.
Deputados do governamental Movimento ao Socialismo (MAS), como Gustavo Torrico, tinham antecipado à Prensa Latina que a festa que resume estes atos por todo o país seria um "paceñazo", sinônimo aqui de forte respaldo popular em uma das localidades de maior convocação do estadista.
Mas a realidade superou as expectativas e concentrações anteriores ficaram pequenas, como a de maio de 2008, em resposta à manobra da oposição que quis levar os três poderes do Estado à cidade de Sucre, em defesa do mal chamado capital plena.
Nesta ocasião, El Alto, onde as pesquisas prognosticam que Morales ganhará com mais de 70 por cento, foi novamente a praça integradora de mais de meio milhão de bolivianos vindos de nove departamentos, para escutar seu líder e o vice-presidente Álvaro García, colega de fórmula de Evo para as eleições do próximo domingo.
Bandeiras do MAS, o símbolo nacional tricolor (vermelho, amarelo e verde) e a andina whipala contribuíram com o colorido para as quase quatro horas de enardecidos discursos e canções
interpretadas por destacados grupos como Llajtamanta e Tupai.
A candidata a primeira senadora em La Paz pelo MAS, a jornalista Ana María Romero de Campero, representante da classe média, chegou a dizer que diante de Morales "tinha que se tirar o chapéu por sua constante luta por semear unidade no país sul-americano".
Se ganhar nas urnas, Romero antecipou políticas públicas para 2010, entre elas a luta contra a extrema pobreza e em defesa dos direitos das mulheres.
Por sua vez, Pedro Montes, máximo dirigente da Central Operária Boliviana, chamou os filiados a votar no domingo pela mudança, um processo que tem um nome apenas: Evo Morales.
Por sua vez, o vice-presidente García recordou que no próximo ano serão eixos programáticos para a industrialização e a construção de um grande Estado de proteção social.
Morales, visivelmente emocionado, explicou que quando em 2005 assumiu a presidência sua aspiração era libertar a Bolívia de iletrados, compromisso que cumpriu no final de 2008.
Reflexionou que para 2010-2015, seu sonho seria integrar a Bolívia entre os nove departamentos e nações vizinhas mediante estradas e aeroportos internacionais.
Também, contar com o novo satélite de telecomunicações, Tupac Katari, um direito humano -disse- que deverá chegar às zonas rurais, aos lugares mais apartados, a todos os bolivianos.
Morales elogiou como protagonista do câmbio a consciência do povo, inspirada em forças naturais, como os gloriosos Illampu, Sabaya e o poderoso Illimani.
A mudança não é de Evo, não é de Alvaro; nem sequer de um partido (MAS), a mudança é do povo, enfatizou.
O dignatário chamou a reflexionar e passar em horas da luta social e sindical à luta eleitoral, em defesa da Revolução democrática e cultural, iniciada por seu governo em janeiro de 2006.
Abreviou suas esperanças em que com o voto do povo soberano, o MAS possa atingir os dois terços na futura Assembleia Legislativa Plurinacional, de 166 membros, para impulsionar normas e medidas como a Lei de Pensões, o Seguro Universal de Saúde e Agrícola; e a instalação das autonomias departamentais regionais e indígenas, entre outras.
Nesse sentido, assegurou que o atual processo revolucionário na Bolívia nunca fracassará por pertencer ao povo e as suas organizações sociais.
A oposição fez seu fechamento de campanha em Santa Cruz, reduto tradicional no oriente boliviano.
Ali, o ex-governador de Cochabamba, Manfred Reyes Villa, do Plano Progresso para Bolívia (PPB) e o empresário Samuel Doria Medina, da Unidade Nacional (UN) encabeçaram concentrações confirmando seu fracasso em criar uma frente única para impedir a reeleição de Morales.
Nesta sexta-feira, ao concluir as campanhas proselitistas, termina também o prazo para difundir pesquisas de intenção de voto, ainda que as últimas dão por certo que o atual presidente de origem aymara será o primeiro, com respaldo entre 52 e 60 por cento.
asg/ga/es
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