Jorge Orduna*, serviex@prensa-latina.cu
Quito (Prensa Latina).-
Financiadas por duas dúzias de países industrializados da Europa e América do Norte, dez mil Organizações Não Governamentais (ONG) promovem o desenvolvimento e atividades organizativas das tribos amazônicas há décadas.
Não somente vem contribuindo com motores, centros de saúde e lavanderias; não somente lhes levaram bíblias, chicletes e bonés de beisebol, mas também uma ideia do que é o bom para as comunidades indígenas.
A transferência de bens e serviços do mundo desenvolvido às populações amazônicas vem gerando três resultados previsíveis e inevitáveis.
Estes são: o endividamento moral das comunidades favorecidas, uma crescente fraternização entre os indígenas e os representantes da ONG estrangeiras e uma tendência a cada vez maior a interpretar autodeterminação como secessionismo.
Toda organização indígena amazônica de média importância no cinturão que rodeia o Brasil, da Bolívia até a Colômbia passando por Peru e Equador, é financiada de maneira preponderante por fundos de origem norte-americana ou europeia.
Trata-se de ONG com nomes em línguas nativas que, tão cedo como se mergulha em busca da origem de seus fundos, mostram estar financiadas por escritórios de cooperação da União Europeia, pelos ministérios de cooperação da cada um dos Estados que a integram, ou pelas famosas "big charities" dos Estados Unidos: Ford, Rockefeller, Pewâ.
De tal maneira, um punhado de ministros das potências industriais "fazem" a sociedade civil dos países pobres, e as centenas de ONG assim assistidos terminam não sendo outra coisa que executores da política exterior do Primeiro Mundo para o Terceiro.
Também aparecem como doadores a USAID, expulsa da Bolívia e da Venezuela por atividades mais diretas, ou poderosas organizações ecologistas dirigidas por executivos das mais conhecidas multinacionais: Walt Disney, Pepsico, Walmart, Shell, British Petroleum.
Não é difícil compreender que existem eventuais interesses dos estados doadores pelos recursos sobre os quais se assentam estas comunidades, nem é complexo imaginar a forma com que querem ver resolvido o problema da autodeterminação indígena as grandes potências.
Em troca, sim parece difícil para as direções políticas da América do Sul calibrar o alcance ou a gravidade desta situação e o que significaria para os processos de integração regionais uma balcanização que não responde à livre vontade dos povos, mas a subornos encobertos e interesses criados.
Desde os Gregos da Antiguidade até nossos dias, passando pelos filósofos europeus e os líderes da independência americana da Espanha, todo mundo compreendeu que dependência econômica se traduz em dependência política.
É pela validade prática deste apotegma reconhecido em Oriente e Ocidente que não se pode reverter a dominação utilizando como ferramenta o dinheiro que, em última instância, dela surge.
Sem dúvida, um mundo melhor é possível, mas se tem-se de conseguí-lo com base na ajuda imperial, terá que esperar bastante.
*Pesquisador do tema. Tem publicado os livros "Ecofascismo", Editorial Planeta, 2008, e "ONG, a mentira da ajuda".
arb/jo/prl/bj
Criada em Goiás associação de solidariedade a Cuba
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*Thaís Falone, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) |
Foto:Vinícius Schmidt Santos *
Por Sturt Silva
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